domingo, 15 de outubro de 2017

PAPA FRANCISCO CANONIZA OS BEATOS PROTOMÁRTIRES BRASILEIROS DE CUNHAÚ E URUAÇU E MAIS TRÊS BEATOS MEXICANOS


OS 30 SANTOS PROTOMÁRTIRES BRASILEIROS 
DE CUNHAÚ E URUAÇU
E OS SANTOS MEXICANOS, DENTRE ELES TRÊS ADOLESCENTES
"PROTOMÁRTIRES MEXICANOS"


"Pela exaltação da fé católica e incremento da fé cristã, declaramos e definimos santos os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e seus 27 companheiros leigos", disse o Papa.



O Papa Francisco canonizou neste domingo, 15 de outubro, de 2017,  os trinta Mártires do Rio Grande do Norte, considerados os protomártires do Brasil.
Título dado pela Igreja Católica aos 30 católicos martirizados, no interior do Rio Grande do Norte. Dois morticínios que aconteceram em 1645, durante as invasões holandesas ao Brasil. O primeiro aconteceu na Capela de Nossa Senhora das Candeias, (Engenho de Cunhaú), no município de Canguaretama; outro em Uruaçu, comunidade do município de São Gonçalo do Amarante.
Foram beatificados pelo Papa João Paulo II em 5 de março de 2000. E no dia 23 de março de 2017 o Papa Francisco autorizou a canonização dos 30 mártires do Rio Grande do Norte.


O MORTICÍNIO ACONTECIDO EM CUNHAÚ

O primeiro engenho construído no Rio Grande do Norte foi palco de uma disputa territorial entre colonos (invasores enviados pela coroa portuguesa) e nativos (indígenas Janduís) , uma das mais trágicas disputas da história do Brasil. No ano de 1645, o estado do Rio Grande do Norte era dominado pelos holandeses.


Jacob Rabbi, era um alemão que chegou ao Rio Grande do Norte por meio de um convite holandês,  casou-se com uma indígena e foi morar junto da tribo dos Janduís seguindo os costumes dos nativos. Chegou ao engenho em 15 de julho de 1645, mas já era conhecido pelos moradores, pois havia passado por lá anteriormente, sempre escoltado pelas tropas dos índios Tapuias, Janduís. 

Os holandeses que eram protestantes calvinistas iniciou uma perseguição aos católicos daquela região e proibiram o culto católico, inclusive nas igrejas. Jacob Rabbi era tido como um homem mal e sem escrúpulos.    

No dia em que aconteceu o morticínio, foi com mais força. Levando consigo os índios tapuias, alguns potiguares e soldados holandeses. Era um Domingo, dia 16 de julho de 1645, como de costume, os fiéis reuniram-se para celebrar a Eucaristia, foram à missa na Igreja de Nossa Senhora das Candeias, mas Jacob Rabbi havia fixado um edital na porta da igreja: após a Missa, haveria ordens do governo holandês. 
O pároco, Padre André de Soveral era responsável pela catequização e disseminação da religiosidade europeia. Começou a Missa e, depois do momento da elevação do Corpo e Sangue de Cristo, as portas da Capela foram fechadas: deu-se início a vingança dos nativos contra os invasores coloniais e clérigos que celebravam a missa. 
Ao verem que seriam mortos pelas tropas, os colonos pediram misericórdia a Jesus "entre mortais ânsias, confessaram-se ao sumo sacerdote pelo perdão por suas culpas", enquanto o Padre André estava tendo o seu coração arrancado do peito pelo jaguar da floresta".

O MORTICÍNIO ACONTECIDO EM URUAÇU

Em 03 de Outubro de 1645, três meses depois do massacre de Cunhaú, aconteceu outro desta vez em Uruaçu, este também a mando de Jacob Rabbi.
Dizem os Cronistas que, logo após o primeiro massacre, o medo se espalhou pela Capitania e por outras capitanias, a população ficou receosa, pois tinha medo de que novos ataques acontecessem, o que não demorou muito. 
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Foram cenas idênticas, apesar de que, neste massacre, as tropas usaram mais crueldade. Depois da elevação, fecharam as portas da igreja e os mataram ferozmente, arrancaram suas línguas para não proferirem orações católicas, braços e pernas foram decepados, crianças foram partidas ao meio, e grande parte dos corpos foi degolada. O Celebrante, Padre Ambrósio Francisco Ferro, mesmo vivo, foi muito torturado. O camponês Mateus Moreira, mesmo arrancado seu coração, exclamou: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento!"

Os 30 novos santos do Brasil são os únicos mortos identificados nos dois massacres que deixaram um saldo de aproximadamente 150 vítimas. Por esse motivo, somente eles foram reconhecidos na cerimônia.
O caso é considerado emblemático, entre outros motivos, porque os massacrados teriam "dado a vida, derramado o sangue, na vivência de sua fé", segundo a Igreja.
Em Cunhaú, 70 teriam sido assassinados em 16 de julho de 1645. O episódio é apontado como retaliação holandesa aos que seguiam a fé católica e se recusavam a migrar para o movimento religioso protestante que difundiam, o calvinismo.
O livro "Beato Mateus Moreira e seus companheiros mártires", escrito pelo Monsenhor Francisco de Assis Pereira a partir de pesquisas históricas e dados que embasaram a beatificação, afirma que os holandeses contaram com a ajuda de indígenas para invadir uma capela da região, fechar as portas e matar quem estivesse dentro, em uma manhã de domingo.
Quase três meses depois desse episódio, em 3 de outubro, outras 80 pessoas também viraram alvos em outro cenário: às margens do rio Uruaçu, foram despidas e assassinadas por não terem se convertido ao protestantismo.

Nem crianças foram poupadas do ataque. Uma delas, com dois meses de vida, foi uma das vítimas, junto com uma irmã e o pai



A BEATIFICAÇÃO - O começo do processo de Beatificação foi aberto em 15 de maio de 1988, por Dom Alair Vilar, nesta ocasião, o Arcebispo nomeou o Monsenhor Francisco de Assis Pereira, como postulador das causas de Beatificação e Canonização. No dia 05 de março de 2000, na presença de cerca de mil brasileiros na praça de São Pedro, o Papa João Paulo II, Beatificou 28 leigos e 2 sacerdotes. Na sua homilia o Santo Padre disse:


"São estes os sentimentos que invadem nossos corações, ao evocar a significativa lembrança da celebração dos quinhentos anos da evangelização no Brasil, que acontece este ano. Naquele imenso País, não foram poucas as dificuldades de implantação do Evangelho. A presença da igreja foi se afirmando lentamente mediante a ação missionária de várias ordens e congregações religiosas e de sacerdotes do clero diocesano. Os mártires, que hoje são beatificados, saíram, no fim do século XVII, das comunidades de Cunhaú e Uruaçu, do Rio Grande do Norte. André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro – presbíteros e 28 companheiros leigos pertencem a esta geração de mártires que regou o solo pátrio, tornando-o fértil para a geração de novos cristãos. Eles são as primícias do trabalho missionário, os protomártires do Brasil. Um deles, Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: Louvado seja o Santíssimo Sacramento".


Atualmente, os mártires são lembrados em duas datas, no dia 16 de julho em Canguaretama, e dia 3 de outubro em São Gonçalo do Amarante. Esta última data é lembrada a caráter estadual: pela lei Nº 8.913/2006 que declara feriado estadual a data.
São lugares de romarias e peregrinações a Capela dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante; o Santuário dos Mártires, no bairro Nossa Senhora de Nazaré em Natal, e a capela de Nossa Senhora das Candeias no antigo engenho de Cunhaú.
Os bem-aventurados mártires foram canonizados pelo Santo Padre o Papa Francisco em 15 de outubro de 2017. 

AS CRIANÇAS MÁRTIRES DE TLAXCALA
(MÉXICO)


Os Filhos dos Mártires de Tlaxcala foram os primeiros leigos católicos americanos que sofreram o martírio em defesa da fé católica em território mexicano. Os nomes dos três filhos foram Cristóbal, Antonio e Juan, que foram os primeiros evangelizados pelos frades franciscanos e dominicanos imediatamente após a conquista, embora não se saiba exatamente a data de nascimento, sabe-se que Cristobal morreu em 1527 e Antonio e John em 1529. Considerados os Protomártires do México e de todo o continente americano; o sacerdote espanhol Faustino Míguez, fundador do Instituto Calasanzio, Filhas da Divina da Divina Pastora, e o Frade Menor Capuchinho italiano Angelo d'Acri.


Entenda o que foi a Guerra Cristera:


A ‘Cristiada’ foi o nome dado à revolução dos católicos mexicanos, também chamada de Guerra Cristera, no México, desatada pela legislação anticlerical de 1926 e pela perseguição contra a Igreja Católica pelo então presidente Plutarco Elías Calles.
As leis proibiram as ordens religiosas, suprimiram a Companhia de Jesus e seus colégios, impuseram a deportação e o encarceramento dos bispos ou sacerdotes que protestassem. Privaram a Igreja dos direitos de propriedade e negaram liberdade civil aos sacerdotes, incluindo o direito a um julgamento com um jurado e o direito a voto. A cristandade mexicana sustentou uma luta de três anos contra os sem-Deus da época. Os laicistas da Reforma impuseram a liberdade para todos os cultos, exceto o católico, submetido ao controle do Estado.
O Papa Pio IX condenou essas medidas, assim como Pio XI expressou sua admiração pelos “cristeros”. Um mês depois, este Pontífice publicou a encíclica “Iniquis afflictisque”, na qual denunciou as agressões sofridas pela Igreja no México: “Já quase não resta liberdade alguma à Igreja [no México], e o exercício do ministério sagrado se vê de tal maneira impedido, que é castigado, como se fosse um delito capital com penas severíssimas”.
O Papa elogiou, com entusiasmo, a “Liga Nacional Defensora de la Libertad Religiosa”, espalhada “por toda a República, na qual seus membros trabalharam, assiduamente, com o fim de ordenar e instruir a todos os católicos para opor aos adversários uma frente única e solidíssima”. Ele se comoveu ante o heroísmo dos católicos mexicanos: “Alguns destes adolescentes, destes jovens – como conter as lágrimas ao pensá-lo – foram lançados à morte com o rosário na mão, ao grito de Viva Cristo Rei! Inenarrável espetáculo que se oferece ao mundo, aos anjos e aos homens”.
López Beltrán, considerando os anos 1926-1929, dá o nome de 39 sacerdotes assassinados, de um diácono e seis religiosos. Guillermo Havers nomeia os 46 sacerdotes diocesanos executados no mesmo período de tempo (“Testigos de Cristo en México, 205-8”). Muitos desses padres pertenciam à arquidiocese de Guadalajara ou à diocese de Colima.
Em 22 de novembro de 1992, João Paulo II beatificou vinte e dois desses sacerdotes diocesanos mártires, destacando que “sua entrega ao Senhor e à Igreja era tão firme que, ainda tendo a possibilidade de se ausentar de suas comunidades durante o conflito armado, decidiram, a exemplo do Bom Pastor, permanecer entre os seus para não privá-los da Eucaristia, da Palavra de Deus e do cuidado pastoral. A Conferência do Episcopado Mexicano, no livro “Viva Cristo Rei!” (México, 1991), dá-nos biografias dos 25 mártires que foram beatificados.
“A solenidade de hoje [Cristo Rei]”, destacada por João Paulo II na cerimônia de beatificação, instituída pelo Papa Pio XI, precisamente quando era mais vigorosa a perseguição religiosa do México, penetrou muito fundo naquelas comunidades eclesiásticas e deu uma força particular a esses mártires, de maneira que, ao morrer, muitos gritavam: ‘Viva Cristo Rei!'”.
A todos se deve acrescentar o nome do padre jesuíta Miguel Agustín Pro Juárez, beatificado pelo Papa João Paulo II em 25 de setembro de 1988. Por ocasião de um atentado contra o presidente Obregón, foram aprisionados e executados os autores do golpe, e, com eles, também eliminados o Padre Pro e seu irmão Humberto, os quais eram inocentes (23-11-1927).
Robert Roya, em “The Catholic Martyrs of The Twentieth Century” (pag.17-18) [Os mártires católicos do século XX] traz um relato impressionante:
“Dos mártires daqueles dias, nenhum chamou tanto a atenção do público, no México e no resto do mundo, como o Jesuíta Miguel Agustín Pro. Este foi morto por um pelotão de fuzilamento em frente das câmeras dos jornais que o governo trouxera para gravar o que esperava ser o constrangedor espetáculo de um padre implorando por misericórdia. Foi uma das primeiras tentativas modernas de usar a mídia para a manipulação da opinião pública com propósitos antirreligiosos. Mas, ao invés de vacilar, Pro demonstrou grande dignidade, pedindo apenas a permissão de rezar antes de morrer. Após alguns minutos de prece, levantou-se, ergueu seus braços em forma de cruz – uma tradicional posição de oração mexicana – e, com voz firme, nem desafiante nem desesperada, entoou, de forma comovente, palavras que, desde então, tornaram-se famosas: ‘Viva Cristo Rei’.
“Longe de ser um triunfo da propaganda para o governo, as fotografias da execução de Pro tornaram-se objeto de devoção católica no México e de constrangimento do governo por todo o mundo. Oficiais tentaram suprimir sua circulação, declarando a mera posse de tais fotos um ato de traição, mas não obtiveram sucesso.”
“Dios mío, ten misericordia de ellos. Dios mío, bendícelos. Señor, tu sabes que soy inocente. Con todo mi corazón perdono a mis enemigos” [Deus meu, tende misericórdia deles. Deus meu, abençoai-lhes. Senhor, tu sabes que sou inocente. Com todo meu coração, perdoo a meus inimigos].
“O pelotão dispara. Ouve-se ainda as últimas palavras de Pro, firmes, devotas: “Viva Cristo Rei!”. Eis o brado dos cristeros. Futuramente, o exército callista cortaria a língua dos mártires para que, ao morrer, não confessassem Cristo”.
“Pro cai, mas não morre. Um soldado aproxima-se dele e lhe dá o último tiro”. Podemos dizer por padre Pro: “Muero, pero Dios no muere!” [Morro, mas Deus não morre!].
(Prof. Felipe Aquino)
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A Guerra dos Cristeros do México (também chamada de “Cristiada”) foi um conflito armado entre os fiéis católicos e o governo do México sobre o direito à liberdade religiosa. A guerra, que começou em 1927 e durou mais de três anos, foi uma resposta às agressivas medidas adotadas pelo presidente Plutarco Elías Calles para erradicar a Igreja do México. Este é o tema do filme “Cristiada”.O México tem uma longa história de perseguição religiosa contra a Igreja, apesar do fato de que a maioria dos mexicanos é católica.
A perseguição religiosa está profundamente enraizada na história do México, desde a morte do Pe. Miguel Hidalgo e, depois, do Pe. José María Morelos, que participaram da Guerra da Independência do México (1820-1821). Nota do editor: ambos os sacerdotes foram excomungados pelo seu papel na insurgência, bem como todo o exército revolucionário. Os mexicanos nunca se esqueceram de que a hierarquia da Igreja esteve contra eles durante a luta pela independência.
Houve uma perseguição religiosa em 1870, semelhante à Guerra dos Cristeros. Durante essa época, a resistência católica contra as políticas do presidente Sebastián Lerdo de Tejada (1872-1876) foi chamada de “Religioneros” ou “Religionarios” (1873-1876).
Houve outra perseguição também, de certa forma, durante a Revolução Mexicana (1910-1917). Nota do editor: a Constituição Mexicana de 1917 incluiu fortes medidas anticlericais (nos artigos 3 e 130), que negavam o reconhecimento legal à Igreja, exigiam que os sacerdotes se registrassem e tivessem suas atividades limitadas, proibiam a educação religiosa, nacionalizavam as propriedades da Igreja e ilegalizavam a celebração de cerimônias religiosas fora das igrejas.
A Guerra dos Cristeros (1926-1929) foi uma resposta ao ataque direto contra a fé católica por parte do presidente Plutarco Calles. A aplicação estrita das regras anticlericais da Constituição Mexicana de 1917 foi conhecida como “Lei Calles”.
O presidente mexicano Plutarco Elías Calles abraçou uma forma radical de ateísmo e socialismo, que o conduziu a adotar medidas drásticas para erradicar o catolicismo do México.
É importante saber que Plutarco Elías Calles cresceu em meio à pobreza e à privação. Foi o filho ilegítimo de um pai alcoolista, que não dispunha de meios para cuidar da sua família e que mais tarde a abandonou. Sua mãe, María de Jesús Campuzano, morreu quando ele tinha apenas dois anos de idade. Quem se encarregou dele foi seu tio, Juan Bautista Calles, de quem tomou o sobrenome. Ateu fervente, Juan Bautista educou seu sobrinho em um ódio fanático contra a Igreja Católica.
Calles quis erradicar o catolicismo e criar uma nova forma de vida. Ele lia muitos livros e artigos de autores baseados na utopia socialista e quis o mesmo para o México. Foi por esta visão que Calles decidiu manter os Estados Unidos e os governos europeus à margem dos interesses petrolíferos do México. Ele quis que seu país estivesse totalmente sob o controle do seu povo e da sua terra.
No começo, os fiéis e a hierarquia adotaram posturas pacíficas em sua resistência à chamada “Lei Calles”.
O movimento cristero foi organizado pela “Liga Nacional de la Defensa de la Libertad Religiosa” ou “Liga Nacional Defensora de la Libertad Religiosa” (LNDLR). A LNDLR foi um grupo de direitos civis e religiosos, estabelecido em 1925.
Houve diversos protestos pacíficos em todo o México, organizados por diferentes grupos. Além disso, coletaram mais de um milhão de assinaturas, que foram apresentadas ao Congresso para pedir a abolição da Lei Calles. Em todo momento, encontraram resistência ou foram ignorados. O último recurso para resistir foi por meio de um boicote econômico, que foi um êxito; no entanto, o governo, vendo o poder que adquiriam e o efeito econômico resultante do boicote, lançou um ataque mais direto contra a Igreja, mediante prisões, intimidações e execuções.
Os bispos mexicanos trabalharam incansavelmente para modificar a Lei Calles. O Papa Pio XI aprovou esta ação. Ao não poder chegar a um acordo com o regime Calles, e com o fim de evitar enfrentamentos e derramamento de sangue, os bispos pediram à Santa Sé autorização para suspender o culto católico em 31 de julho de 1926 – na véspera da entrada em vigor da lei.
Mais tarde, o Papa Pio XI escreveu uma carta encíclica ao clero e aos fiéis do México para encorajá-los e dar-lhes esperança durante esta perseguição. A Santa Sé não podia fazer muito mais que isso. Em 18 de novembro de 1926, o Papa enviou sua carta encíclica Iniquis Afflictisque (sobre a perseguição da Igreja no México), oferecendo orações e estímulo durante este momento difícil.
A resistência armada começou em 1927, em Los Altos (Jalisco) e se difundiu por todo o México, até tornar-se uma verdadeira guerra civil.
Os primeiros levantamentos para defender a liberdade religiosa no México ocorreram nos dias 1º e 2 de janeiro de 1927, no norte do estado de Jalisco (Los Altos). Este acontecimento foi o primeiro que teve êxito em rejeitar as tropas do governo. A vitória estimulou o movimento, razão pela qual houve mais manifestações nesta região.
Um vez vencidas as primeiras batalhas, os Estados ao redor seguiram os mesmos passos; mas foi somente depois de que a Liga Católica contratou o general Enrique Gorostieta que tais levantamentos esporádicos se tornaram claramente um exército cristero.
Neste momento, grande parte do México estava envolvida na Guerra Cristera, exceto alguns Estados nos quais não houve nenhum levantamento, porque não sofreram a perseguição. Estima-se que cerca de 25 mil cristeros perderam a vida durante os três anos de duração desta guerra, e aproximadamente 65 mil soldados do governo.
Nota do editor: a Igreja reconhece um grande número de mártires da Guerra Cristera, incluindo o Beato Miguel Augustín Pro, um jesuíta assassinado em 23 de novembro de 1927, o Beato José Sánchez del Río, um cristero de 15 anos de idade, executado em 10 de fevereiro de 1928, e o Beato Anacleto González Flores, líder da resistência pacífica, morto em 1º de abril de 1927. O Padre Pro foi beatificado em 1988, 25 mártires foram canonizados em 2000 e 13 foram beatificados em 2005 (incluindo González Flores e Sánchez del Río).
O embaixador dos Estados Unidos no México ajudou a negociar uma trégua entre o governo do México e os cristeros, mas isso não acabou com a perseguição dos líderes cristeros nem da Igreja.
O embaixador americano Dwight Morrow foi o meio pelo qual a guerra teve uma trégua. Em uma das diversas reuniões que teve com o presidente Calles, o embaixador ofereceu apoio militar em troca de petróleo, para que a guerra terminasse de uma vez por todas. No final, no entanto, dependeu das habilidades diplomáticas do clero católico e dos leigos para negociar o acordo de paz que acabou com a Cristiada.
Tristemente, a trégua assinada pelo governo mexicano e a Igreja Católica foi, sem dúvida, uma armação para os cristeros. O regime de Calles rompeu rapidamente a promessa de cumprir os compromissos combinados e, durante os três primeiros meses depois da trégua, mais de 500 líderes e 5 mil cristeros foram executados. Morreram mais líderes cristeros durante esse breve período do que durante os três anos de guerra.
O advogado mexicano católico exilado Octavio Elizonde afirmou em uma carta que, a pedido do Vaticano, os cristeros se desarmaram e aceitaram a “trégua” apresentada pelo governo mexicano. Em obediência ao Vaticano, depuseram as armas, e assim foram caçados e executados.
O presidente Calles foi responsável pelo massacre, já que continuou mantendo o controle do governo e determinando o futuro do México até 1934. Depois, Lázaro Cárdenas ganhou a presidência e já não quis ser um fantoche de Calles.
Ninguém é capaz de explicar adequadamente o ódio extremo e irracional de Calles contra a Igreja. Talvez tenha sido uma combinação de cobiça e ideologia jacobina. De qualquer forma, Cárdenas também odiou a Igreja, mas o seu fanatismo foi mais pragmático e os tempos haviam mudado em meados da década de 30.
Nota do editor: de acordo com a investigação do Pe. Brian Van Hove, cerca de 40 sacerdotes foram assassinados no México entre 1926 e 1934. Inclusive em 1935, seis anos depois da “trégua”, cerca de 2.500 sacerdotes se viram obrigados a esconder-se e 6 bispos foram exilados. Em 1926, havia 3 mil sacerdotes no México e, em 1934, restavam apenas 334.
Ainda que as leis anticlericais continuem fazendo parte da Constituição Mexicana, o governo não obriga o seu cumprimento.
Ainda existem alguns artigos “anticlericais” na Constituição Mexicana, mas o governo prometeu não impô-los novamente. Nota do editor: foi somente depois de 1940, quando o católico Manuel Ávila Camacho chegou à presidência, que a imposição das leis anticlericais da Constituição Mexicana deixou de existir.
A relação entre o Estado e a Igreja melhorou há poucos anos. O ex-presidente Vicente Fox (2000 a 2006) e seu sucessor, Felipe Calderón (2006 a 2012), católicos, foram mais indulgentes com a Igreja, até o ponto de restabelecer as relações diplomáticas com o Vaticano.
Mas a perseguição pode acontecer novamente, se as pessoas se esquecerem do passado. A tarefa de defender a nossa liberdade religiosa é um direito dado por Deus e devemos fazê-lo valer cada vez que ela for atacada. Uma frase muito poderosa do filme “Cristiada” define isso perfeitamente: “Não podemos permitir que os ateus tirem a nossa liberdade”.
Dos inúmeros mártires que deram sua vida em defesa da Fé católica, destacam-se  três Jovens que com muita coragem defenderam sua fé e deram suas vidas em testemunho dela: San Cristobal, Santos Antônio e Juan.  
(site: Ateleia.org) 

SAN CRISTOBAL


Ele nasceu em Atlihuetzia , Tlaxcala. Os frades franciscanos sempre o chamavam de diminutivo Cristobalito. A data de seu nascimento é desconhecida, sendo martirizada em 1527 possivelmente em doze ou treze anos. Ele era o filho mais velho do cacique Acxotécatle sua primeira esposa, Tlapaxilotzin. Juntamente com os seus meio irmãos Bernardino, Luis e outro nome desconhecido foi enviado com os frades em cerca de 1524, recém-chegados, os primeiros doze missionários franciscanos do México a evangelizar. Ele foi batizado e instruído por esses frades. Ele foi treinado para converter seu pai e seus servos que ainda praticavam a adoração de seus ídolos antigos e condenavam a embriaguez freqüentemente praticada. Porque o uso de palavras não era suficiente para convencer seu pai, Cristóbal decidiu tomar decisões radicais e procedeu a quebrar os ídolos e derramar o pulque com o qual seu pai ficou intoxicado. Isso irritou os servos e uma segunda esposa de seu pai, mãe de seus meio-irmãos que queriam desaparecer seu enteado para que seu filho mais velho pudesse herdar o pai aconselhou-o a matar Cristóbal. O pai que não aceitou a conversão a que o seu filho o convidou fez com que ele chamasse sua casa do convento e fingisse que era uma festa, trancada com seu filho e condenado a morrer com um clube e depois atirado para uma fogueira por sua madrasta Xochipapalotzin.

SANTOS ANTÔNIO E JUAN


San Antonio era neto de Xicoténcatl, senhor de Tizatlán, portanto, foi o futuro herdeiro do señorío, nasceu entre 1516 e 1517 e foi martirizado em 1529 na mesma idade que Cristóbal entre os doze e treze anos. Enquanto San Juan era um vassalo de Antonio desde que se originou do mesmo lugar e praticamente teve a mesma idade servindo como seu servo pessoal para Antonio. Em 1529, o frade dominicano Bernardino Minaya foi à evangelização do estado do sul de Oaxaca, passando por Tlaxcala, pediu apoio aos frades franciscanos para sua missão solicitando que algumas das crianças educadas pelos franciscanos fossem acompanhadas por ele tão voluntariamente eles decidiram participar de Juan, Antonio e um menino extra que sobreviveu à missão. Fray Bernardino os fez entender os perigos que enfrentariam, porque não seria uma tarefa fácil evangelizar pessoas eminentemente idólatras para que a possibilidade do martírio fosse latente. Mesmo assim, os futuros mártires aceitaram o perigo de sua missão para Oaxaca e, ao passarem por Tepeaca, as crianças foram enviadas sozinhas para Tecali e Cuautinchán, quando chegou lá, Antonio foi a uma casa para pegar ídolos para prosseguir mais tarde para o seu destruição, e John parado na porta; de repente, dois homens chegaram com macanas e derrotaram John que morreu instantaneamente, quando percebeu o que aconteceu, Antonio deixou a casa e repreendeu os homens dizendo-lhes que haviam assassinado um inocente desde que ele foi o único que tomou seus ídolos e o quebrou em sua presença para que os homens irritados matassem a criança também.

BEATIFICAÇÃO

Os filhos martirizados de Tlaxcala foram beatificados em 6 de maio de 1990 na Basílica de Guadalupe durante a segunda visita do Papa João Paulo II ao México . Durante a única visita do Papa Bento XVI ao México, na Plaza de la Paz, na cidade de Guanajuato , em sua mensagem aos filhos do México, o papa propôs como um exemplo de imitação para crianças a figura desses pequenos mártires de Tlaxcala.

A CANONIZAÇÃO

O Papa Francisco  aprovou o decreto para a canonização dos chamados mártires de Tlaxcala, crianças indígenas mexicanas Cristobal, Juan e Antonio mortos em 1527 e 1529, os dois primeiros professando fé cristiana. Em audiência com o cardeal Angelo Amato prefeito para as causas da canononización pronuncia-se "eles não necessitam milagres. Só por serem mortos no nome de Cristo é mais do que suficiente". A  missa  de canonização aconteceu no dia 15 de outubro de 2017.
A cerimônia ocorreu na Praça de São Pedro do Vaticano às 05 horas da manhã horário de Brasília.
Ele também proclamou santos os três "meninos Mártires de Tlaxcala (México)", assassinados entre 1527 e 1529.
Francisco utilizou, como é habitual, a fórmula em latim para proclamar a santidade e pedir que fossem inscritos no Cânon dos Santos (livro dos santos da Igreja).
Durante a cerimônia também aconteceram as canonizações do sacerdote espanhol Faustino Míguez (1831-1925), fundador do Instituto Calasancio Filhas da Divina Pastora e do capuchinho italiano, Angelo d'Acri.

REGISTRA A HISTÓRIA ...
Uma missa de domingo em uma capela, uma celebração em campo aberto às margens de um rio e 150 pessoas brutalmente assassinadas. Dois massacres registrados no Rio Grande do Norte e apontados como símbolos da intolerância religiosa de holandeses que dominavam o Nordeste brasileiro em 1645 renderam ao país, 372 anos depois, 30 novos santos - "os primeiros santos mártires do Brasil".
Os chamados "mártires de Cunhaú e Uruaçu" - nomes de duas localidades da época que hoje correspondem aos municípios potiguares de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante - foram beatificados no ano 2000 pelo Papa João Paulo II e foram canonizados neste domingo pelo Papa Francisco.

Os 30 novos santos são os únicos mortos identificados em dois massacres que deixaram um saldo de aproximadamente 150 vítimas. Por esse motivo, somente eles foram reconhecidos na cerimônia.
O caso é considerado emblemático, entre outros motivos, porque os massacrados teriam "dado a vida, derramado o sangue, na vivência de sua fé", segundo a Igreja.
Em Cunhaú, 70 teriam sido assassinados em 16 de julho de 1645. O episódio é apontado como retaliação holandesa aos que seguiam a fé católica e se recusavam a migrar para o movimento religioso protestante que difundiam, o calvinismo.
O livro "Beato Mateus Moreira e seus companheiros mártires", escrito pelo Monsenhor Francisco de Assis Pereira a partir de pesquisas históricas e dados que embasaram a beatificação, afirma que os holandeses contaram com a ajuda de indígenas para invadir uma capela da região, fechar as portas e matar quem estivesse dentro, em uma manhã de domingo.
Quase três meses depois desse episódio, em 3 de outubro, outras 80 pessoas também viraram alvos em outro cenário: às margens do rio Uruaçú, foram despidas e assassinadas por não terem se convertido ao protestantismo. Nem crianças foram poupadas do ataque. Uma delas, com dois meses de vida, foi uma das vítimas, junto com uma irmã e o pai.
Também parte desse segundo grupo, o camponês Mateus Moreira acabou virando símbolo do martírio porque, no momento de sua morte, teria bradado: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". A louvação seria uma prova incontestável de sua fé, na visão católica. Ele foi morto ao ter o coração arrancado pelas costas.
A presença da igreja católica no Nordeste já era considerada "marcante" nessa época, como descreve o Monsenhor Pereira, postulador da causa da beatificação dos mártires, no livro. "Havia padres seculares (padres pertencentes a dioceses), numerosos conventos de franciscanos, carmelitas, jesuítas e beneditinos. Eram mais de 40 mil católicos", escreve ele.
Os holandeses aportaram na região em 1630. Eles chegaram nesse período a Pernambuco e assumiram o comando político e militar da área - estendendo o domínio posteriormente a outras capitanias, inclusive à do Rio Grande, como era chamado o Rio Grande do Norte.
Os colonizadores teriam perseguido e assassinado adeptos da religião católica que não aceitaram virar calvinistas. Na mesma época em que, por meio da Inquisição, a Igreja Católica ainda perseguia, julgava e punia acusados de heresia.

Adultos, jovens e crianças: quem são os mártires canonizados?

A lista de novos santos inclui um total de 25 homens, entre eles dois padres, e cinco mulheres. Eram 16 adultos, 12 jovens e duas crianças - a mais nova, o bebê de dois meses de idade.

"A identificação dos que serão canonizados não se dá tanto pelos nomes, mas também por identificação de parentesco e de amizade (das vítimas)", ressalta o padre Julio Cesar Souza Cavalcanti, responsável por encaminhar a canonização dos mártires na Arquidiocese de Natal.
A professora aposentada Sônia Nogueira, de 60 anos, estará em Natal, a mais de sete mil quilômetros de distância da cerimônia, mas em vigília e "com o coração cheio de gratidão pelos mártires".
Ela diz que, por intermédio deles, pediu "a graça da cura e da libertação" para o marido, José Robério, que em 2002 começou a enfrentar as consequências de um câncer no cérebro. Fortes dores de cabeça levaram o militar aposentado, hoje com 68 anos, ao diagnóstico.
O caminho trilhado a partir desse ponto foi marcado por "apreensão", mas também pelo que Sônia resume com letras maiúsculas em um texto: "MILAGRE DA SOBREVIDA!"

A frase foi escrita por ela em um relatório que enviou à Igreja Católica no Rio Grande do Norte, em 2016, para contar a história do marido em meio a exames, tratamentos de saúde, cirurgias e momentos de "fé".
Rezar foi a estratégia fundamental, segundo Nogueira, para que Robério resistisse à doença, que raramente possibilita sobrevida de mais de três anos aos pacientes após diagnóstico. No laudo médico que a professora apresentou para embasar cientificamente o que considera um milagre, o neurocirurgião que acompanhou o caso de Robério o coloca no rol de "exceções da medicina", porque ele sobreviveu.
"Já se vão 15 anos e 5 meses desde que soubemos do tumor", diz Sônia, em entrevista à BBC Brasil. Ela não tem dúvidas: "Foi um milagre. A medicina foi só um complemento".

A comprovação de milagres não foi exigida no processo.
Robério e sua mulher estão entre os mais de cinco mil fiéis que já relataram à Arquidiocese de Natal "graças alcançadas" por meio dos "novos santos" do Brasil.

Não foram necessários, porém, milagres para fundamentar a canonização.

"O Papa Francisco, quando decidiu pela canonização com a dispensa do milagre, colocou como um ponto básico (para a aprovação) a antiguidade do martírio e a perpetuidade da devoção do povo aos mártires", explica o padre Julio.
Por meio do chamado processo de equipolência, o papa reconhece a santidade considerando três requisitos: a prova da constância e da antiguidade do culto aos candidatos a santos, o atestado histórico incontestável de sua fé católica e virtudes e a amplitude de sua devoção.
O mesmo processo, em que milagres foram dispensados, foi adotado para a canonização de São José de Anchieta, outro santo do Brasil.

Para Nogueira e Robério, no Rio Grande do Norte, o milagre que os mártires teriam realizado é, porém, inquestionável. "Robério foi bem aventurado no processo, por intercessão deles", justifica a aposentada. "Como um paciente pode chegar a (sobreviver) 15 anos tomando uma medicação que segura outros por no máximo três?".

Com dificuldades para falar e andar sem apoio, após a segunda e última cirurgia que fez, o marido faz coro: "Estava muito doente e os mártires me levantaram".
"Quem não vai ficar bom tendo um santo dentro de casa?", ele questiona, referindo- se ao fato de os novos santos terem origem no estado em que mora.
A canonização deste domingo eleva para 36 a quantidade de santos considerados nacionais. Até agora, só um deles, Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão - santificado em 11 de maio de 2007 - era, porém, brasileiro de nascimento.
Os outros cinco já oficializados, São Roque Gonzales, Santo Afonso Rodrigues, São João de Castilho, Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus e São José de Anchieta, são estrangeiros, mas desenvolveram missões no país. Eles são reconhecidos por milagres.

O presidente brasileiro Michel Temer divulgou uma nota por ocasião da canonização. "A Igreja Católica decidiu canonizar 30 mártires que, no Brasil do século XVII, deram a vida em nome da fé, em nome da devoção. São heróis que já são justamente honrados em nosso querido Rio Grande do Norte. São homens e mulheres que, beatificados por São João Paulo II, tornam-se, agora, os primeiros Santos mártires do Brasil", disse.

Fontes de pesquisa: Sites: G1, Ateleia, Cléofas.



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