terça-feira, 19 de janeiro de 2016

QUARESMA E PÁSCOA - Qual significado da Quarta-feira de Cinzas?


QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Quarta-feira de cinzas. Ela marca o início da quaresma. Quaresma quer dizer quarenta. Esse número tem um significado especial na Sagrada Escritura. Recorda-nos os os 40 dias do dilúvio (Gên7, 17); Os 40 anos que o povo hebreu passou pelo deserto até chegar à Canaã a terra prometida; Os 40 dias que Jesus passou no deserto em preparação para sua vida pública.  

Jesus passou 40 dias no deserto em jejum e oração, se preparando para sua vida pública. Nós fazemos esse "deserto" nos preparando para a Páscoa. 

Qual o significado das cinzas?

No  tempo de Jesus e dos profetas, no Antigo Testamento, quando o povo de Deus, os Israelitas pecavam, em sinal de penitência, eles se vestiam com sacos e cobriam-se de cinzas para lembrar que pecaram e precisavam da misericórdia de Deus. Esse rito não foi criado pela Igreja Católica, mas foi digamos, aproveitado como sinal de que nada somos sem Deus, que fomos formados pelo pó e ao pó voltaremos. E no primeiro dia em que inicia a Quaresma, a Igreja chama o povo cristão à buscar a conversão e a Liturgia das Cinzas nos remete a este mesmo sentido: "Somos pó e ao pó voltaremos". O ritual das cinzas é portanto, um gesto de humildade. Nada somos sem Deus. Necessitamos sempre de sua misericórdia. De coração contrito e humilde a Igreja nos convoca a buscar esta misericórdia de Deus Pai todos os dias, mas sobretudo nesse tempo em especial que é a Quaresma, tempo propício de busca do perdão de Deus e dos irmãos.  


A SIMBOLOGIA DAS CINZAS  



Quando estudamos a Bíblia é muito importante conhecer e entender as práticas típicas da cultura do povo que é mencionado nas passagens. Isso é importante, principalmente porque nossa cultura é bem diferente e, muitos dos aspectos e significados, não são compreensíveis naturalmente para nós. É o caso da expressão “pano de saco e cinza”, que aparece diversas vezes na Bíblia. Para nós essa expressão não parece ter muito significado e parece soar até meio estranha. Mas na cultura judaica era uma expressão carregada de significado. Veja um exemplo: “Quando soube Mordecai tudo quanto se havia passado, rasgou as suas vestes, e se cobriu de pano de saco e de cinza, e, saindo pela cidade, clamou com grande e amargo clamor” (Ester 4.1).



Mas qual o significado dessa expressão na Bíblia?



O que significa pano-de-saco e cinzas? As referências estão no Antigo Testamento. 

Para compreender melhor essas expressões, primeiro precisamos compreender o que era o pano de saco e a cinza. O pano de saco ou “cilício” era um tecido grosseiro e resistente feito de pelos de cabra ou de camelo, utilizado para conter cereais, objetos e alimentos em geral. Esse pano de saco era devidamente cortado e vestido como uma roupa por algumas pessoas em algumas ocasiões que mencionarei abaixo. A cinza era o conhecido pó resultante da queima de alguma coisa.

Esses dois elementos eram utilizados pelos judeus para demonstrar:

(1) que a pessoa ou o povo estavam passando por momentos de grande tristeza: “Disse, pois, Davi a Joabe e a todo o povo que com ele estava: Rasgai as vossas vestes, cingi-vos de panos de saco e ide pranteando diante de Abner. E o rei Davi ia seguindo o féretro.” (2 Samuel 3.31).

(2) que a pessoa ou povo estavam passando por momentos de arrependimento: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza.” (Lucas 10.13)

(3) que a pessoa ou povo estavam passando por momentos de humilhação: “Pus um pano de saco por veste e me tornei objeto de escárnio para eles.” (Salmos 69.11)

Como vimos essa é uma expressão muito significativa ao povo judeu e que diz muito a respeito de seus sentimentos e atitudes.
Pano de saco era um tecido rústico usado em várias aplicações, citado freqüentemente na Bíblia como um tipo de vestimenta. Roupas de pano de saco serviam para comunicar certas emoções ou atitudes às outras pessoas.

Em termos gerais, a roupa de pano de saco mostrava a angústia da pessoa. Mas, angústia e perturbação podem ser resultados de vários fatores e, por isso, observemos alguns motivos mais específicos para o uso desse tecido.

1. Sinal de tristeza e lamentação, especialmente devidas à morte ou às calamidades (Salmo 35:13-14; Isaías 15:1-3; 32:9-12; Ezequiel 27:29-32; Joel 1:8,13; Amós 8:10). Quando Jacó recebeu a notícia (falsa) da morte de José, seu filho predileto, ele "rasgou as suas vestes [outro sinal de angústia], e se cingiu de pano de saco, e lamentou o filho por muitos dias" (Gênesis 37:34). Quando Abner foi morto, Davi ordenou ao povo: “Rasgai as vossas vestes, cingi-vos de panos de saco e ide prateando diante de Abner” (2 Samuel 3:30-32). Quando saiu a ordem do rei da Pérsia autorizando a aniquilação dos judeus, Mordecai “se cobriu de pano de saco e ... clamou com grande e amargo clamor”. Os outros judeus mostraram sua angústia com o mesmo sinal de luto (Ester 4:1-3). Este sinal, às vezes, acompanhava a mensagem triste de profetas (Apocalipse 11:3-6).

2. Evidência de humildade, especialmente de um suplicante (Salmo 30:8,10-11). Ezequias e os outros líderes de Judá se vestiram de pano de saco quando este entrou na presença de Deus para pedir livramento da ameaça assíria (2 Reis 19:1-3,14-19). Ben-Hadade e seus soldados se vestiram de pano de saco e pediram a clemência do rei Acabe de Israel (1 Reis 20:31-32). Daniel disse: “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (9:3).

3. Demonstração de arrependimento (Mateus 11:21; Lucas 10:13). Os ninivitas ouviram as advertências do profeta de Deus e se converteram, cobrindo-se de pano de saco (Jonas 3:5-9). Depois do cativeiro babilônico, os filhos de Israel jejuaram, trouxeram terra sobre si e se vestiram de pano de saco quando chegaram a confessar seus pecados diante do Senhor (Neemias 9:1-4).

Na aliança de Cristo, não achamos ordens exigindo o uso de pano de saco, cinzas, etc., mas ainda devemos mostrar mudanças no nosso comportamento como pessoas transformadas pela palavra do Senhor (Romanos 12:1-2). Isaías advertiu os israelitas do perigo de usar atos externos insinceramente; a verdadeira conversão precisa ser acompanhada de frutos do arrependimento (Isaías 58:1-10; cf. Mateus 3:8).

ESTÁ AÍ O SIGNIFICADO DA SIMBOLOGIA DAS CINZAS. O gesto, a imposição das cinzas são símbolos. Na Igreja existe uma coisa chamada liturgia e ritos sacramentais e nesses ritos são utilizados símbolos, também chamados de sacramentais . Esses símbolos não foram inventados por acaso eles já existiam. Vejamos: O próprio Jesus utilizou vários desses símbolos:

 A lama na cura do cego (Jo9,11) A água do batismo (João Batista o utilizou primeiro e Jesus passou por ele) Na Igreja a água é significa a Água Viva que é Jesus. A Luz e o Sal representa as atitudes coerentes que o cristão deve ser (Mt5, 13-14) A Cruz que é o símbolo do cristianismo e sinal de nossa salvação. O Óleo simbolo da Unção do Espírito Santo. O Pão e o Vinho, a Santa Ceia, depois de consagrados o Corpo e Sangue de Cristo

O próprio Livro do Apocalipse é cheio de símbolos.

E as cinzas simboliza o que nada somos sem Deus, nossa fragilidade, somos pó, e a necessidade de reconhecermos como pecadores e a necessidade de conversão pois sem Deus, sem Jesus não passamo de pó . O Altar simboliza o sacrifício de Cristo na Cruz por nós, no qual, Ele Jesus é o sacerdote, altar e o Cordeiro de Deus. Etc, etc. Tudo, tudo está na bíblia. 



IMPORTANTE SABER

A Quarta-feira de Cinzas não é para quem pula carnaval, quem ficou na orgia durante o período carnavalesco, pecou e quer se reconciliar com Deus, na Igreja Católica, deve buscar o Sacramento da Confissão e procurar não mais pecar. Cinzas não apaga pecado de ninguém.
 SOMENTE DEUS PODE PERDOAR ATRAVÉS DA CONFISSÃO, O SACERDOTE PERDOA-NOS EM NOME DE DEUS PAI, DEUS FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, MEDIANTE UM BOM EXAME DE CONSCIÊNCIA E UMA IMPOSIÇÃO DE UMA PENITÊNCIA.

Lembrando: A cinza é um sacramental, isto é, ela é um sinal, um símbolo, assim como a água benta, o sal bento, a vela benta, o óleo, etc.

Por isso, não é preciso pegar cinza na igreja para levar para casa, porque longe da Liturgia ela nada representa. Tanto faz a cinza que você levar ou aquela que você tirar do borralho do fogão à lenha tem o mesmo sentido. Fora da Liturgia de nada serve. Ok? 

A quarta-feira de Cinzas marca o início da quaresma. Esse período de 40 dias em que a Igreja estabelece para que nós católicos possamos buscar reviver nossas fraquezas, nossas más atitudes diante de Deus. 

Meditar o  amor de Deus por nós, a sua entrega na Cruz  e a sua Ressurreição. Fazer mais penitência, orar e meditar mais, Jejuar mais, buscar reconciliar-se com Deus para que ao longo do ano possamos mudar nossa vida cristã para melhor.

Vamos recordar os Mandamentos da Igreja 2 ao 4: Os Mandamentos 2 e 3 pede que nós católicos façamos pelo menos uma vez no ano uma boa Confissão, e que comunguemos uma vez ao menos pela Páscoa. O Quarto pede que façamos  Jejum e a abstinência de carne. É um sacrifício, uma forma de penitenciarmos de mortificar em nós alguns desejos.

Ao abster-nos da carne e ao Jejuarmos possamos não esquecer daqueles que ao longo do ano todo precisam de nossa ajuda material e espiritual. A abstinência só ganha sentido se ela servir para retirar de nós o orgulho  e o egoísmo pelos bens materiais e ao mesmo tempo nos convida a sermos desprendidos desses bens: o ter, o prazer o poder... a falta de partilha causa muita exclusão, fome miséria, desigualdade social. A abstinência de nada adianta se faltar Deus em nossa vida.


Porque é importante se confessar? A Igreja tem poder de perdoar os pecados?

A resposta é sim. Ela em seu magistério, pelo poder do Espírito Santo, pelo Sacramento da Ordem tem o poder de perdoar os pecados em nome de Jesus e não em seu nome. Nós perdoamos o próximo que nos ofendeu, nos perdoamos também. E mesmo quando fazemos isso, não o fazemos por nós mesmos, mas, por Jesus. 

Confessar é necessário. Muitos diriam: "-eu confesso diretamente com Deus, para que vou dizer meus pecados a um padre, um homem igual a mim?" Não é assim que muitos dizem?. Sim nós podemos pedir perdão de nossos pecados todos os dias e Deus nos perdoa. 

Na verdadeira Igreja de Cristo que é a Igreja Católica, a Ceia do Senhor, não é um teatro. A Eucaristia é o Corpo e Sangue de Cristo que recebemos. É Jesus que se dá em alimento para nosso corpo e nossa alma. E portanto, ao recebê-la devemos estar limpos na alma. Ninguém pode comungar, ou seja, aproximar-se do banquete da Eucaristia de qualquer jeito. Se Jesus quer fazer morada em nosso corpo, se ele quer fazer de nosso corpo sua morada, precisamos limpar nossa alma, nossa vida, para que quando ele chegar esteja tudo em ordem. Você teria coragem de receber um hóspede em sua casa com ela toda bagunçada e cheia de lixo? Você daria uma festa para alguém importante em sua casa com ela toda bagunçada, cheia de lixo e teia de aranhas, mal iluminada? Você vai preparar antes, limpar a casa, o quintal, tirar o lixo, arrumar os comes e bebes, deixar o ambiente agradável e bem cheiroso, arrumar o quarto de hóspede, tudo da melhor maneira possível para receber a pessoa impostante. É assim com nossa vida espiritual. A confissão é o momento de limpar a casa de nosso coração, para receber o maior hóspede, Jesus. É preciso retirar o "lixo" da nossa vida espiritual que é o pecado, preparar o ambiente da nossa vida para receber Jesus.

Veja que São Paulo nos fala sobre o assunto: 1Cr11, 27-29

"Portanto, aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será culpável (em outras traduções aparece a palavra"réu". Será réu...), do Corpo e Sangue do Senhor. Que Cada um examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que como e bebe sem distinguir (sem tomar consciência do que está fazendo) o Corpo do Senhor, (isto é de qualquer maneira, sem entender o que está fazendo, sem se preparar para tal), come e bebe sua própria condenação".  

O que estava acontecendo naquele tempo?
São Paulo chama atenção da Comunidade de Corinto, porque alguns ia para a  Ceia do Senhor totalmente despreparadas, brigados uns com os outros, achando que ali estava acontecendo uma ceia qualquer, e se fartavam, enchiam a barriga, deixando até alguns sem receber a Eucaristia, escandalizando o Corpo e o Sangue de Jesus.

Vamos recordar alguns versículos anteriores para entender: 

(1Cr 11, 18-22)
"...Em primeiro lugar ouço dizer que quando a vossa assembléia se reúne, há desarmonias entre vós ( e em parte eu acredito. É necessário que entre vós haja partidos para que possam manifestar-se virtuosos.) Desse modo, quando vos reunis, já não é para comer a ceia do Senhor, porquanto, mal vos pondes à mesa, cada um se apressa em tomar a sua própria refeição; enquanto uns tem fome outros se fartam. Porventura, não tendes em casa o que comer e o que beber? Ou menosprezais a Igreja de Deus. Quereis envergonhar aqueles que nada tem? Que devo dizer? devo louvar-vos? Nisto não vos louvo... 

São Paulo continua nos versos seguintes explicando o que é a ceia do Senhor, senão a própria presença real de Jesus Eucarístico:
          
(1Cr11, 23-26) ... "O que recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que É entregue por vós"; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, todas as vezes que o bebeis fazeis isto em memória de mim". Assim todas a vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice lembrais da morte do Senhor até que ele venha". 

Na Celebração Eucarística, na Santa Missa acontece dois momentos impostantes o primeiro Jesus se torna presente no pão e no vinho consagrados, e também acontece o memorial da Paixão e Morte do Senhor. É o próprio Jesus que se faz alimento do corpo e da alma e por isso, é extremamente necessário que estejamos preparados para recebê-lo no divino Sacramento. A Santa Missa, a Ceia do Senhor, não é um teatro, uma representação qualquer mas uma realidade. Por isso a necessidade de estarmos bem preparados com o coração e a alma lavados para recebê-lo. Por isso Jesus instituiu o Sacramento da Confissão e deu ao Magistério da Igreja, ou seja, aos Santos Apóstolos, e aos santos padres, os bispos sucessores legítimos dos Apóstolos, o poder de sem seu nome perdoar os pecados. A Igreja existe para isso, para poder aproximar o homem de Deus e uma dessas maneiras dada pelo próprio Cristo é a Confissão. Creio que agora você deve ter entendido porque não existe confissão direta com Deus. Porque a Confissão é um Sacramento da Igreja extremante necessário.       

Jesus instituiu o Sacramento da Confissão para que possamos não só confessar nossos pecados mas um gesto de procura deste Deus misericordioso. O gesto de ir até sacerdote se confessar é um gesto nobre de humildade, de alguém que deseja se reconciliar com Deus. Por isso o ato, o gesto da confissão diretamente com Deus não existe. Quando pecamos a) Ofendemos a Deus b) Ofendemos ao próximo e c) ofendemos a Igreja na pessoa de Jesus que é o seu cabeça. Jesus disse que para participarmos do Altar do Senhor devemos pedir perdão dos nossos pecados não só a Deus Pai mas ao nossos irmãos aos quais ofendemos em primeiro lugar. 

Muitas vezes quando tomamos o desejo de pedir perdão ao nosso irmão, ele já não está mais em nosso convívio. Por isso é tão importante a Confissão que nos leva à pessoa do sacerdote que em nome da Santíssima Trindade e da Igreja nos perdoa. 
Confessamos nossos pecados não ao Padre, mas, a Jesus. É ele nosso advogado. E o padre na sua autoridade sacerdotal ouve-nos em nome de Jesus e dá absolvição. Por isso que o sacerdote não pode se negar a ouvir ninguém em confissão. E como ele representa Jesus o que você diz é inviolável.

Por exemplo: um assassino arrependido vai e confessa ao sacerdote que matou alguém. O sacerdote absolve, dá-lhe uma penitência dentre elas que se entregue às autoridades e que confesse publicamente à Justiça o seu crime. Somente assim a Confissão é válida. E assim tantos outros pecados graves. Mas o sacerdote não pode sair dali e dizer ao delegado que aquela pessoa é um criminoso e matou alguém. A confissão é um direito do cristão. 

Os protestantes não aceitam este Sacramento com a tese de que confessar é apenas com Deus por um único motivo. Eles não tem o Sacramento da Ordem. Não estão ligados à verdadeira Igreja. Por isso inventaram que a confissão não existe. 

Jesus disse: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes dos pecados serão perdoados, a quem os retiverdes serão retidos". (Jo20, 22-23) O sacerdote tem o dever de perdoar sempre, se em alguns casos ele não o fizer será porque o gesto e a intenção do pecador não foi de um sincero arrependimento, ou porque a pessoa omitiu algum pecado, nesse caso a própria Confissão por si só foi inválida. 

O QUE DIZ A IGREJA E  SOBRE A CONFISSÃO? 
"Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).

Sabemos que o batismo é o primeiro grande sacramento do perdão dos pecados. Através do batismo somos inseridos na família de Deus (a Igreja) e temos nossas culpas perdoadas.
Mas se o Cristão que no ato do batismo recebeu a imagem de Cristo, vier a pecar e então manchar esta imagem? Como ele obterá o perdão do pecado se não pode ser rebatizado?
A graça do batismo embora seja regenerativa, não livra a natureza humana de cometer pecados. O batismo é na verdade a porta de entrada para a Graça do Senhor e não a única e exclusiva opção. No combate contra a inclinação para o mal, nem todas as batalhas o homem é vencerá; nem sempre conseguirá evitar a ferida do pecado.
É necessário então que haja uma outra chance para que o batizado possa se reconciliar com Deus e a Santa Igreja.
Foi para este caso que Nosso Senhor instituiu em Sua Igreja, o Sacramento da Confissão.
Objeção dos Protestantes:
Os protestantes afirmam que o perdão dos pecados deve ser pedido diretamente a Deus. Afirmam que a Igreja Católica prega contra o Evangelho porque ensina que os fiéis católicos devem confessar seu pecado ao padre, e que isto seria errado pois o padre é um homem pecador como qualquer outro e como poderia um homem pecador perdoar o pecado de outro pecador?
Se o padre pode batizar porque não pode perdoar pecados? Não é pelo batismo que obtemos o primeiro perdão dos pecados? Se podemos obter o perdão dos pecados quando o padre batiza, por que não podemos obter este mesmo perdão pelo sacramento da penitência (ou confissão)?
Para sermos coerentes, ou deveríamos ser batizados diretamente por Deus ou o padre também pode perdoar pecados.
Por que que a Graça que opera no ato do Batismo não pode operar também no ato do confissão ao sacerdote? Se é o mesmo Jesus quem perdoa o pecado original no Sacramento do batismo não é o mesmo Jesus quem nos perdoa no Sacramento da Confissão? Em ambos os casos não é Jesus pessoalmente quem administra o Sacramento, mas é o sacerdote em nome de Jesus quem perdoa e batiza. 
Qual será o ensinamento que Cristo deixou sobre o perdão dos pecados após o batismo?
Antes, veremos como Ele instituiu a confissão dos pecados na Antiga Aliança.
O perdão dos pecados na Antiga Aliança
Na Antiga Aliança os pecados não eram perdoados com a confissão direta a Deus. O pecado era confessado no Templo perante o sacerdote e o pecador tinha que oferecer um sacrifício especifico para obter o perdão de seu pecado (cf. Lv 4). Esta regra estabelecida por Deus era figura do Sacramento da Confissão. Como Ele mesmo disse, o Senhor não veio abolir a Lei, mas dar o seu correto cumprimento. Cristo vem para realizar aquilo que antes era anunciado em figura. O que Ele fez com a antiga regra de Moisés quanto à confissão e perdão dos pecados?
Veremos agora como a confissão dos pecados deveria ser na Nova e Eterna Aliança.
O perdão dos pecados na Nova e Eterna Aliança
A Igreja foi fundada para que seja o Cristo na terra, isto é, para que opere na terra tudo que Cristo operava, já que Ele deveria ir para o Pai. Como dizia Santo Ambrósio de Milão: "O Senhor quer que seus discípulos tenham um poder imenso: quer que seus pobres servidores realizem em Seu nome tudo o que havia feito quando estava na terra" (Sobre a Penitência, 370 DC).
O Senhor desejou que as coisas que Ele realizava fossem agora realizadas por meio de Sua Igreja.
Por isso Nosso Senhor primeiramente confere aos apóstolos o poder de batizar e  autoridade de pregar o Evangelho, já que sem a fé Nele e sem o batismo ninguém pode se salvar (cf. Mt 16,15-16).
Depois Nosso Redentor confere aos Apóstolos o poder de perdoar pecados: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).
O desejo de Cristo de que o perdão dos pecados deve ser obtido através da Igreja é bem claro. É um grande erro crer que o pecado pode ser confessado diretamente a Deus. Não foi este o desejo de Nosso Senhor.
Da mesma forma que sem Cristo não há perdão, sem a Igreja também não há, já que ela é o Cristo na terra.
Precedentes contra o Sacramento da Confissão
No início do século III, Novato - um sacerdote da Igreja em Roma - ensinava que não haveria mais esperança para aquele que viesse a pecar depois do batismo. Para ele era inútil o poder da Igreja de perdoar pecados. Novato consegue influenciar muitos membros do clero em Roma. Seus ensinamentos provocaram grande turbulência na Igreja Católica em Roma e então um Concílio regional é convocado para tratar da questão. Segundo o historiador da Igreja Primitiva, o Bispo Eusébio de Cesareia, este Concílio "Contava com sessenta bispos  e ainda um número maior de presbíteros e diáconos; nas províncias, os pastores examinaram em particular, conforme cada região, o que importava fazer. Foi tomada uma decisão geral. Fossem considerados fora da comunhão da Igreja, Novato, simultaneamente com os que se rebelaram com ele, e adotaram a opinião anti-fraterna e inteiramente desumana de Novato. Relativamente aos irmãos que haviam caído na infelicidade, era preciso tratá-los e curá-los pelos remédios da penitência" (História Eclesiástica VI, 43,2).
Em normas gerais, a heresia Novaciana negava o perdão dos pecados aos que caíram em pecado após o Batismo. Os sacerdotes novacianos, negavam ministrar o Sacramento da Confissão aos fiéis da Igreja.
Embora o Concílio Regional de Roma tivesse condenado as teses novacianas, além de outros Concílios Regionais na próprio Itália, no Egito e na África, a heresia Novaciana ganhou grande terreno na Igreja Antiga.
Em meados do século IV, o Bispo Ambrósio de Milão (pai espiritual de Santo Agostinho) publica importante obra contra a heresia novaciana intitulada "Sobre a Penitência". A obra reafirmava a ortodoxia da Tradição recebida dos Apóstolos, de que a Igreja não poderia negar o perdão dos pecados aos fiéis e que recebera especial poder de Cristo exatamente para este fim. "Sobre a Penitência" foi definitiva para varrer as teses de Novato do seio da Santa Igreja.
Conclusão
O catecismo da Igreja Católica quanto ao Sacramento da Confissão, é fé antiga do Cristianismo. A Igreja Católica não modificou o Evangelho ( como acusam os homens de má fé ou ignorantes da memória Cristã), ao contrário ensina o Evangelho de sempre, assim como Cristo comunicou aos Apóstolos e estes nos deixaram através da Sagrada Tradição. Vimos que a própria Bíblia dá testemunho de que Cristo deu aos seus apóstolos o poder de perdoar pecados (cf. Jo, 20,22-23).
A tese que nega que a Igreja tenha o poder de perdoar os pecados, sempre foi tida como heresia nos primeiros séculos. Como pode ser agora aceita como fé legítima?
A Verdade é verdade sempre: ontem e hoje. A falta de memória cristã arrasta e tem arrastado muitos a professarem o erro, achando que estão agradando a Deus.
Ficamos aqui com a reflexão de Santo Ambrósio de Milão sobre aqueles que, como os novacianos, negam que a Igreja tenha o poder de perdoar pecados:
"Dizem eles [os hereges novacianos], porém, que prestam reverência ao Senhor, o único a quem reservam o poder de remir os crimes. Pelo contrário, ninguém lhe faz maior injúria do que aqueles que querem anular seus mandamentos, rejeitar o encargo que lhes foi confiado. Pois se o próprio Senhor Jesus diz em seu Evangelho: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jo 20,22-23). Quem é que o honra mais: aquele que obedece a seus mandamentos ou aquele que resiste a eles?"(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,6. 370 DC)
"Que sociedade podem então ter contigo [Jesus] estes que não aceitam as chaves do Reino (cf. Mt 16,19), ao negarem que devem perdoar os pecados?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,32. 370 DC)
"É certamente isto que eles [os novacianos] confessam a seu próprio respeito e com razão; de fato, não podem ter a herança de Pedro aqueles que não tem a cátedra de Pedro, a qual despedaçam com uma ímpia divisão. Contudo, é sem razão que negam também que na Igreja os pecados possam ser perdoados."(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,33. 370 DC)
Você pode aproveitar a confissão para também pedir um conselho, um direcionamento para sua vida. Você pode optar se preferir e marcar com seu Pároco ou Vigário, com seu confessor de preferência para que possa além da Confissão ter uma conversa, um direcionamento. Às vezes no momento da confissão tradicional o sacerdote não tem tempo para uma conversa longa, isso acontece muito nos mutirões de confissão, mas você pode confessar e voltar outro dia e conversar à respeito com o sacerdote. Pense que a confissão é o momento em que vamos em busca do perdão de Deus Pai, mas também em busca da mão amiga que Jesus naquele momento nos oferece.

Como fazer uma boa confissão?

1) Faça previamente um bom exame de consciência. Procure lembrar dos pecados graves. E aqueles que você esqueceu de confessar na última confissão por esquecimento (não por omissão). Recorde os pecados cometidos a Deus quando não cumprimos seus Mandamentos, contra a Igreja, quando não cumpri o que a Igreja estabeleceu como preceito sobretudo quanto aos pecados dos 5 Mandamentos da Igreja. E aqueles que ofendem diretamente ao próximo. Em algumas paróquias até oferecem uma cartilha para ajudar neste momento. É muito importante o exame de consciência porque você vai lavar a sua alma diante de Deus. 
Faça estas perguntas a você mesmo quando fizer seu exame de consciência:

Quando me confessei pela última vez? Foi uma confissão honesta?
Fiz alguma promessa especial a Deus naquela vez? Mantive minha promessa?
Cometi algum pecado grave ou mortal desde minha última confissão?
Segui os Dez Mandamentos, os mandamentos da Igreja?
Já duvidei de minha fé?
Tenho praticado a caridade, evitado a soberba e o egoísmo?

Alguma vez fui irreverente para com este Sacramento, não examinando a minha consciência com o devido cuidado?
Alguma vez deixei de cumprir a penitência que o sacerdote me impôs?
Tenho quaisquer hábitos de pecado grave que deva confessar logo no início (por exemplo, impureza, alcoolismo, etc.)?

Primeiro Mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas. Eu sou o Senhor teu Deus, Não terás deuses estranhos perante Mim (incluindo pecados contra a Fé, Esperança e Caridade).
Descuidei o conhecimento da minha fé, tal como o Catecismo a ensina, tal como o Credo dos Apóstolos, os Dez Mandamentos, os Sete Sacramentos, o Pai Nosso, etc?

Alguma vez duvidei deliberadamente de algum ensinamento da Igreja, ou o neguei?

Tomei parte num ato de culto não católico?

Sou membro de alguma organização religiosa não católica, de alguma sociedade secreta ou de um grupo anti-católico?
Alguma vez li, com consciência do que fazia, alguma literatura herética, blasfema ou anti-católica?

Pratiquei alguma superstição (tal como horóscopos, adivinhação, tábua Ouija, etc.)?

Omiti algum dever ou prática religiosa por respeitos humanos?

Recomendo-me a Deus diariamente?
Tenho rezado fielmente as minhas orações diárias?
Abusei os Sacramentos de alguma maneira?
Recebi-os com irreverência?
Trocei de Deus, de Nossa Senhora, dos Santos, da Igreja, dos Sacramentos, ou de quaisquer coisas santas?
Fui culpado de grande irreverência na igreja, como, por exemplo, em conversas, comportamento ou modo como estava vestido?
Fui indiferente quanto à minha Fé Católica — acreditando que uma pessoa pode salvar-se em qualquer religião, ou que todas as religiões são iguais?

Presumi em qualquer altura que tinha garantida a misericórdia de Deus?

Desesperei da misericórdia de Deus?

Detestei a Deus?

Dei demasiada importância a alguma criatura, atividade, objeto ou opinião?
Segundo Mandamento: Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão.
Jurei pelo nome de Deus falsamente, impensadamente, ou em assuntos triviais e sem importância?
Murmurei ou queixei-me contra Deus (blasfêmia)?

Amaldiçoei-me a mim próprio, ou a outra pessoa ou criatura?

Provoquei alguém à ira, para o fazer praguejar ou blasfemar a Deus?

Quebrei uma promessa feita a Deus?

Terceiro Mandamento: Recorda-te de santificar o Dia de Festas e domingos
Faltei à Missa nos Domingos ou Festas de guarda?

Cheguei atrasado à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saí mais cedo por minha culpa?

Fiz com que outras pessoas faltassem à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saíssem mais cedo, ou chegassem atrasados à Missa?

Estive distraído propositadamente durante a Missa?

Fiz ou mandei fazer trabalho servil desnecessário num Domingo ou Festa de guarda?

Quarto Mandamento: Honra o teu pai e a tua mãe.

Desobedeci aos meus pais, faltei-lhes ao respeito, descuidei-me em ajudá-los nas suas necessidades ou na compilação do seu testamento, ou recusei-me a fazê-lo?
Mostrei irreverência em relação a pessoas em posições de autoridade?

Insultei ou disse mal de sacerdotes ou de outras pessoas consagradas a Deus?

Tive menos reverência para com pessoas de idade?

Tratei mal a minha esposa ou os meus filhos?
Foi desobediente ao meu marido, ou faltei-lhe ao respeito?

Sobre os meus filhos:

Descuidei as suas necessidades materiais?

Não tratei de os fazer batizar cedo? *(Veja-se em baixo.)

Descuidei a sua educação religiosa correta?
Permiti que eles descuidassem os seus deveres religiosos?
Deixei de vigiar as companhias com quem andam?
Deixei de os disciplinar quando necessitassem de tal?
Dei-lhes mau exemplo?

Escandalizei-os, discutindo com o meu cônjuge em frente deles?

Escandalizei-os ao dizer obscenidades na sua frente?

Permiti-lhes que usassem roupa imodesta? Comprei tais roupas para eles?

Neguei-lhes a liberdade de casar ou seguir uma vocação religiosa?
Quinto Mandamento: Não matarás.
Procurei, desejei ou apressei a morte ou o ferimento de alguém?
Alimentei ódio para com alguém?
Oprimi alguém?
Desejei vingar-me?

Provoquei a inimizade entre outras pessoas?

Discuti ou lutei com alguém?

Desejei mal a alguém?

Quis ferir ou maltratar alguém, ou tentei fazê-lo?
Recuso-me a falar com alguém, ou ressentimento de alguém?

Regozijei-me com a desgraça alheia?

Tive ciúmes ou inveja de alguém?

Fiz ou tentei fazer um aborto, ou aconselhei alguém a que o fizesse?
Mutilei o meu corpo desnecessariamente de alguma maneira?

Consenti em pensamentos de suicídio, desejei suicidar-me ou tentar suicidar-me?

Embriaguei-me ou usei drogas ilícitas?

Comi demais, ou não como o suficiente por descuido (isto é, alimentos nutritivos)?

Deixei de corrigir alguém dentro das normas da caridade?
Causei dano à alma de alguém, especialmente crianças, dando escândalo através de mau exemplo?

Fiz mal à minha alma, expondo-a intencionalmente e sem necessidade a tentações, como maus programas de TV, música reprovável, praias, etc.?

Sexto e Nono Mandamentos: Não pecar contra a castidade. Não cometerás adultério. Não cobiçarás a mulher do próximo.

Neguei ao meu cônjuge os seus direitos matrimoniais?

Pratiquei o controlo de natalidade (com pílulas, dispositivos, interrupção)?
Abusei dos meus direitos matrimoniais de algum outro modo?

Cometi adultério ou fornicação (sexo pré-marital)?

Cometi algum pecado impuro contra a natureza (homossexualidade ou lesbianismo, etc.)?

Toquei ou abracei outra pessoa de forma impura?

Pratiquei a troca prolongada de carícias?

Pequei  contra mim próprio (masturbação)?

Consenti em pensamentos impuros, ou tive prazer neles?
Consenti em desejos impuros para com alguém, ou desejei conscientemente ver ou fazer alguma coisa impura?

Entreguei-me conscientemente a prazeres sexuais, completos ou incompletos?

Fui ocasião de pecado para os outros, por usar roupa justa, reveladora ou imodesta?

Fiz alguma coisa, deliberadamente ou por descuido, que provocasse pensamentos ou desejos impuros noutra pessoa?

Li livros indecentes ou vi figuras obscenas?
Vi filmes ou programas de televisão sugestivos, ou pornografia na Internet, ou permiti que os meus filhos os vissem?

Usei linguagem indecente ou contei histórias indecentes?

Ouvi tais histórias de boa vontade?

Gabei-me dos meus pecados, ou deleitei-me em recordar pecados antigos?
Estive com companhias indecentes?

Consenti em olhares impuros?

Deixei de controlar a minha imaginação?

Rezei imediatamente, para afastar maus pensamentos e tentações?

Evitei a preguiça, a gula, a ociosidade, e as ocasiões de impureza?
Fui a bailes imodestos ou peças de teatro indecentes?

Note bem: Não tenha receio de confessar ao sacerdote qualquer pecado impuro que tenha cometido. Não esconda ou tente disfarçá-lo. O sacerdote está ali para o ajudar e perdoar. Nada do que possa dizer o escandalizará; por isso, não tenha medo, por mais envergonhado que esteja.
Sétimo e Décimo Mandamentos: Não roubarás. Não cobiçarás os bens do teu próximo.

Roubei alguma coisa? O quê, ou quanto?

Danifiquei a propriedade dos outros?

Deixei estragar, por negligência, a propriedade dos outros?
Fui negligente na guarda do dinheiro ou bens dos outros?

Fiz batota ou defraudei alguém?

Joguei em excesso?

Recusei-me a pagar alguma dívida, ou descuidei-me no seu pagamento?
Adquiri alguma coisa que sabia ter sido roubada?
Deixei de restituir alguma coisa emprestada?

Lesei o meu patrão, não trabalhando como se esperava de mim?

Fui desonesto com o salário dos meus empregados?

Recusei-me a ajudar alguém que precisasse urgentemente de ajuda, ou descuidei-me a fazê-lo?

Deixei de restituir o que roubei, ou obtive por embuste ou fraude? (Pergunte ao sacerdote como poderá fazer a restituição, ou seja, devolver ao legítimo dono o que lhe tirou).
Tive inveja de alguém, por ter algo que eu não tenho?

Invejei os bens de alguém?

Tenho sido avarento?

Tenho sido cúpido e invejoso, dando demasiada importância aos bens e confortos materiais? O meu coração inclina-se para as posses terrenas ou para os verdadeiros tesouros do Céu?

Oitavo Mandamento: Não levantarás falsos testemunhos contra o teu próximo.

Menti a respeito de alguém (calúnia)?

As minhas mentiras causaram a alguém danos materiais ou espirituais?

Fiz julgamentos temerários a respeito de alguém (isto é, acreditei firmemente, sem provas suficientes, que eram culpados de algum defeito moral ou crime)?
Atingi o bom nome de alguém, revelando faltas autênticas mas ocultas (maledicência)?
Revelei os pecados de outra pessoa?

Fui culpado de fazer intrigas (isto é, de contar alguma coisa desfavorável que alguém disse de outra pessoa, para criar inimizade entre eles)?

Dei crédito ou apoio à divulgação de escândalos sobre o meu próximo?

Jurei falso ou assinei documentos falsos?

Sou crítico ou negativo sem necessidade ou falto à caridade nas minhas conversas?
Lisonjeei outras pessoas?
As obras de Misericórdia espirituais e corporais
Descuidei-me no cumprimento das obras seguintes, quando as circunstâncias mo pediam?

As sete obras de Misericórdia espirituais

Dei bom conselho aos que estavam em pecado?

Ensinei os irmãos menos instruídos?

Aconselhei os que duvidam?
Consolei os tristes?
Suportei com paciência as fraquezas do meu próximo?
Perdoei as injúrias por amor de Deus?

Roguei e a Deus pelos vivos e pelos defuntos?

As sete obras de Misericórdia corporais

Dei de comer a quem tinha fome?

Dei de beber a quem tinha sede?
Vesti os nus?
Visitei e procurei resgatar os cativos do pecado? Deu assistência a eles?

Dei pousada aos peregrinos?

Visitei os doentes?

Enterrei os mortos?

Lembre-se que a nossa Santa Fé Católica nos ensina que … assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé sem obras está morta (Tiago 2: 26).
Nove maneiras de ser cúmplice do pecado de outrem

Alguma vez fiz deliberadamente com que outros pecassem?

Alguma vez cooperei nos pecados de outrem:

Aconselhando?
Mandando?
Consentindo?
Provocando?
Lisonjeando?
Ocultando?
Compartilhando?
Silenciando?
Defendendo o mal feito?

Os quatro pecados que bradam aos Céus

Homicídio voluntário.

O pecado de sodomia ou lesbianismo.

Opressão dos pobres.
Não pagar o salário justo a quem trabalha.
Os Mandamentos da Igreja
Ouvi Missa nos Domingos e Festas de guarda?

Cumpri o jejum e a abstinência nos dias prescritos, e guardei o jejum eucarístico?

Confessei-me pelo menos uma vez no ano?

Recebi a Sagrada Eucaristia pelo menos uma vez por ano?

Contribui, na medida do possível, para as despesas do culto?
As cinco blasfêmias contra o Coração Imaculado de Maria
Blasfemei contra a Imaculada Conceição?
Blasfemei contra a Virgindade Perpétua de Nossa Senhora?

Blasfemei contra a Maternidade Divina de Nossa Senhora?

Deixei de reconhecer a Nossa Senhora como Mãe de todos os homens?

Tentei publicamente semear nos corações das crianças indiferença ou desprezo, ou mesmo ódio, em relação à sua Mãe Imaculada?

Ultrajei-a diretamente nas Suas santas imagens?
Finalmente:
Recebi a Sagrada Comunhão em estado de pecado mortal? (Este é um sacrilégio muito grave).

O exame dos pecados veniais de Santo António Maria Claret

A alma deve evitar todos os pecados veniais, especialmente os que abrem caminho ao pecado grave. Ó minha alma, não chega desejar firmemente antes sofrer a morte do que cometer um pecado grave. É necessário tem uma resolução semelhante em relação ao pecado venial. Quem não encontrar em si esta vontade, não pode sentir-se seguro. Não há nada que nos possa dar uma tal certeza de salvação eterna do que uma preocupação constante em evitar o pecado venial, por insignificante que seja, e um zelo definido e geral, que alcance todas as práticas da vida espiritual — zelo na oração e nas relações com Deus; zelo na mortificação e na negação dos apetites; zelo em obedecer e em renunciar à vontade própria; zelo no amor de Deus e do próximo. Para alcançar este zelo e conservá-lo, devemos querer firmemente evitar sempre os pecados veniais, especialmente os seguintes:

O pecado de dar entrada no coração de qualquer suspeita não razoável ou de opinião injusta a respeito do próximo;
O pecado de iniciar uma conversa sobre os defeitos de outrem, ou de faltar à caridade de qualquer outra maneira, mesmo levemente;

O pecado de omitir, por preguiça, as nossas práticas espirituais, ou de as cumprir com negligência voluntária;

O pecado de manter um afeto desregrado por alguém;

O pecado de ter demasiada estima por si próprio, ou de mostrar satisfação vã por coisas que nos dizem respeito;
O pecado de receber os Santos Sacramentos de forma descuidada, com distrações e outras irreverências, e sem preparação séria;

Impaciência, ressentimento, recusa em aceitar desapontamentos como vindo da Mão de Deus; porque isto coloca obstáculos no caminho dos decretos e disposições da Divina Providência quanto a nós;
O pecado de nos proporcionarmos uma ocasião que possa, mesmo remotamente, manchar uma situação imaculada de santa pureza;
O pecado de esconder propositadamente as nossas más inclinações, fraquezas e mortificações de quem devia saber delas, querendo seguir o caminho da virtude de acordo com os caprichos individuais e não segundo a direção da obediência;
Nota: Fala-se aqui de situações em que encontraremos aconselhamento digno se o procurarmos, mas nós, apesar disso, preferimos seguir as nossas próprias luzes, embora frouxas.
Oração para uma boa confissão:
Meu Deus, por causa dos meus pecados crucifiquei de novo o Vosso Divino Filho e escarneci d'Ele. Por isto sou merecedor da Vossa cólera e expus-me ao fogo do Inferno. E como fui ingrato para convosco, meu Pai do Céu, que me criastes do nada, me redimistes pelo preciosíssimo sangue do Vosso Filho e me santificastes pelos Vossos santos Sacramentos e pelo Espírito Santo! Mas Vós poupastes-me pela Vossa misericórdia, para que eu pudesse fazer esta confissão. Recebei-me, pois, como Vosso filho pródigo e dai-me a graça de uma boa confissão, para que possa recomeçar a amar-Vos de todo o meu coração e de toda a minha alma, e para que possa, a partir de agora, cumprir os Vossos Mandamentos e sofrer com paciência os castigos temporais que possam cair sobre mim. Espero, pela Vossa bondade e poder, obter a vida eterna no Paraíso. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém
Nota final
Lembre-se de confessar os seus pecados com arrependimento sobrenatural, tendo uma resolução firme de não tornar a pecar e de evitar situações que levem ao pecado. Peça ao seu confessor que o ajude a superar alguma dificuldade que tenha em fazer uma boa confissão. Cumpra prontamente a sua penitência.
Ato de Contrição
Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido, e com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita misericórdia. Amém.

2) Esteja realmente arrependido de seus pecados. A ideia da penitência e da confissão é realmente ter se arrependido. Você deve realmente rejeitar o pecado que cometeu e decidir não cometê-lo novamente. Para mostrar a Deus que seu arrependimento é verdadeiro e autêntico, você deve estar arrependido verdadeiramente e recusar-se a ter os mesmos comportamentos novamente.
Isso não significa que você nunca mais poderá ou voltará pecar, nós, humanos, fazemos isso todo dia. Você está simplesmente decidindo a evitar cometer os mesmos pecados; tentar evitar ocasiões que farão com que você peque, isso também demonstra arrependimento. Se você quiser, Deus o ajudará a resistir às tentações, contanto que você tenha a intenção de ser uma pessoa melhor. Para isso  é necessário uma vida de oração. Jesus disse: "Orai para não cairdes em tentação". Pequenos sacrifícios e mortificações também nos ajudam a evitar certos pecados. Quanto mais abrirmos nosso coração para Deus, mais ele nos ajudará. Basta você querer.   

 MANDAMENTOS DA IGREJA
  1 – Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho
Ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor, e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos, em primeiro lugar participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias (Código de Direito Canônico-CDC , cân. 1246-1248) (§2042).
Os Dias Santos – com obrigação de participar da missa, são esses, conforme o Catecismo: “Devem ser guardados [além dos domingos] o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania (domingo no Brasil), da Ascensão (domingo) e do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), de Santa Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro), de sua Imaculada Conceição (8 de dezembro) e Assunção (domingo), de São José (19 de março), dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo (domingo), e por fim, de Todos os Santos (domingo)” (CDC, cân. 1246,1; n. 2043 após nota 252) (§2177).

2 - Confessar-se ao menos uma vez por ano
Assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do Sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo (CDC, cân. 989). É claro que é pouco se confessar uma vez ao ano, seria bom que cada um se confessasse ao menos uma vez por mês, pois fica mais fácil de se recordar dos pecados e de ter a graça para vencê-los.

3 - Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição
(O período pascal vai da Páscoa até festa da Ascensão) e garante um mínimo na recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia cristã (CDC, cân. 920).
Também é muito pouco comungar ao menos uma vez ao ano. A Igreja recomenda (não obriga) a comunhão diária.

4 - Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja
(No Brasil isso deve ser feito na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa). Este jejum consiste em um leve café da manhã, um almoço leve e um lanche também leve à tarde, sem mais nada no meio do dia, nem o cafezinho. Quem desejar, pode fazer um jejum mais rigoroso; o obrigatório é o mínimo. Os que já tem mais de sessenta anos estão dispensados da obrigatoriedade, mas podem fazê-lo se desejarem.

Diz o Catecismo que o jejum "Determina os tempos de ascese e penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração (CDC, cân. 882)".

Sobretudo nesse Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco, possamos buscar esse Jesus Misericordioso e sermos mais misericordiosos também. É tempo de pedir perdão a Deus e o próximo e de sermos perdoados, também de dar o perdão. A quaresma inicia-se na quarta-feira de cinzas e vai até domingo de ramos. Domingo de ramos inicia-se a Semana Santa, que termina no ápice do Domingo de Páscoa.
Desejo a todos uma santa quaresma e uma Feliz Páscoa!



MENSAGEM DO SANTO PADRE O PAPA FRANCISCO SOBRE A QUARESMA
2016
Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014
Terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Boletim da Santa Sé
Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8,9)
Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião da Quaresma, ofereço-vos algumas reflexões com a esperança de que possam servir para o caminho pessoal e comunitário de conversão. Como motivo inspirador tomei a seguinte frase de São Paulo: «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza » (2 Cor 8,9). O Apóstolo escreve aos cristãos de Corinto encorajando-os a serem generosos na ajuda aos fiéis de Jerusalém que passam necessidade. A nós, cristãos de hoje, que nos dizem estas palavras de São Paulo? Que nos diz, hoje, a nós, o convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico?
1. A graça de Cristo
Tais palavras dizem-nos, antes de mais nada, qual é o estilo de Deus. Deus não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza: «sendo rico, Se fez pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fil 2,7; Heb 4,15). A encarnação de Deus é um grande mistério. Mas, a razão de tudo isso é o amor divino: um amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas suas amadas criaturas. A caridade, o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez conosco. Na realidade, Jesus «trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (ConC. ECum. Vat. II, Const. past. Gaudium et Spes, 22).
A finalidade de Jesus Se fazer pobre não foi a pobreza em si mesma, mas – como diz São Paulo – «para vos enriquecer com a sua pobreza». Não se trata dum jogo de palavras, duma frase sensacional. Pelo contrário, é uma síntese da lógica de Deus: a lógica do amor, a lógica da Encarnação e da Cruz. Deus não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica. Não é assim o amor de Cristo! Quando Jesus desce às águas do Jordão e pede a João Batista para O batizar, não o faz porque tem necessidade de penitência, de conversão; mas fá-lo para se colocar no meio do povo necessitado de perdão, no meio de nós pecadores, e carregar sobre Si o peso dos nossos pecados. Este foi o caminho que Ele escolheu para nos consolar, salvar, libertar da nossa miséria. Faz impressão ouvir o Apóstolo dizer que fomos libertados, não por meio da riqueza de Cristo, mas por meio da sua pobreza. E todavia São Paulo conhece bem a «insondável riqueza de Cristo» (Ef 3,8), «herdeiro de todas as coisas» (Heb 1,2).
Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na beira da estrada (cf. Lc 10,25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre e apenas a sua vontade e a sua glória. É rico como o é uma criança que se sente amada e ama os seus pais, não duvidando um momento sequer do seu amor e da sua ternura. A riqueza de Jesus é Ele ser o Filho: a sua relação única com o Pai é a prerrogativa soberana deste Messias pobre. Quando Jesus nos convida a tomar sobre nós o seu «jugo suave» (cf. Mt 11,30), convida-nos a enriquecer-nos com esta sua «rica pobreza» e «pobre riqueza», a partilhar com Ele o seu Espírito filial e fraterno, a tornar-nos filhos no Filho, irmãos no Irmão Primogênito (cf. Rm 8,29).
Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.
2. O nosso testemunho
Poderíamos pensar que este «caminho» da pobreza fora o de Jesus, mas não o nosso: nós, que viemos depois d’Ele, podemos salvar o mundo com meios humanos adequados. Isto não é verdade. Em cada época e lugar, Deus continua a salvar os homens e o mundo por meio da pobreza de Cristo, que Se faz pobre nos Sacramentos, na Palavra e na sua Igreja, que é um povo de pobres. A riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo.
À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança.
Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a água, as condições higiênicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural.
Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo.
O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.
Não menos preocupante é a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado. Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros – frequentemente jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Quantas pessoas perderam o sentido da vida; sem perspectivas de futuro, perderam a esperança! E quantas pessoas se veem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde.
Nestes casos, a miséria moral pode-se justamente chamar um suicídio incipiente. Esta forma de miséria, que é causa também de ruína econômica, anda sempre associada com a miséria espiritual, que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor. Se julgamos não ter necessidade de Deus, que em Cristo nos dá a mão, porque nos consideramos autossuficientes, vamos a caminho da falência. O único que verdadeiramente salva e liberta é Deus.
O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna.
O Senhor convida-nos a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta boa nova, partilhar o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão. Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de amor. Unidos a Ele, podemos corajosamente abrir novas vias de evangelização e promoção humana.
Queridos irmãos e irmãs, possa este tempo de Quaresma encontrar a Igreja inteira pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza.
A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.
Pedimos a graça do Espírito Santo que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6,10). Que Ele sustente estes nossos propósitos e reforce em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia.
Com estes votos, asseguro a minha oração para que cada crente e cada comunidade eclesial percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, e peço-vos que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!
Vaticano, 26 de Dezembro de 2013
Festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir

FRANCISCUS
A PÁSCOA JUDAICA E A PÁSCOA CRISTÃ



Páscoa, significa Passagem. Na Sagrada Escritura vamos encontrar duas referências sobre a Páscoa: A primeira está no Antigo Testamento e a segunda no Novo Testamento.
No Antigo Testamento a Páscoa era celebrada para lembrar e comemorar o dia em que o povo de Deus, os hebreus ou Israelitas, foram libertados da escravidão do Egito. Javé-Deus, assim mandou que seu povo celebrasse a Páscoa (Êx12, 1-34). Não só naquele dia os Israelitas deveriam celebrar a Páscoa, mas perpetuamente conforme o versículo 14; Para que as gerações posteriores não se esquecessem o que fez o Senhor Deus naquele dia em favor dos hebreus. Era dever de todos os israelitas celebrar a Páscoa. Jesus celebrou a Páscoa Judaica com seus pais várias vezes. 
Mas essa Páscoa ganharia um significado muito maior posteriormente. Pois ela era uma prefiguração da verdadeira Páscoa da Nova Aliança.

Jesus veio salvar o povo da Escravidão do pecado. Ele veio nos salvar e fez da sua Páscoa uma Nova Aliança. Isto é, se no Egito o pão sem fermento comido às pressas com ervas amargas, (simbolizando o sofrimento e a amargura da escravidão física do povo de Deus), o cordeiro sem mancha, primogênito, cujo sangue serviria de sinal para que o anjo da morte não os atingisse. Agora na Nova Páscoa ganha um sentido muito mais real e perfeito. Na Nova Aliança, Jesus se torna o Cordeiro, primogênito sem mancha, e o seu sangue derramado na Cruz extinguiu de uma vez por todas a antiga dívida que tínhamos. Jesus nos comprou com seu próprio Sangue e nos libertou da escravidão do pecado. Esse Sangue do Justo "Cordeiro" de Deus nos livraria da morte eterna. Jesus como homem morreu e como Deus ressuscitou. E para coroar essa vitória sobre a morte e a nossa Salvação que celebramos a Páscoa da Nova Aliança. 

A verdadeira Páscoa; agora já não tem sentido para nós celebrar a Páscoa judaica, mas tem sentido muito maior celebrar a Páscoa definitiva. Esse período celebrativo até a comemoração da Páscoa de Jesus, a Liturgia da Igreja chama-a de Tríduo Pascal. 
Que se inicia na Quinta-feira Santa com a Missa da Ceia, o Sábado Santo com a Vigília Pascal, até a proclamação da Páscoa e o Domingo de Páscoa onde celebramos a Vitória de Jesus sobre a morte, ou seja, a Ressurreição.

É interessante que dentro do tríduo Pascal, a Igreja celebra dois momentos importantes: o Primeiro é a celebração da Ceia Pascal de Cristo, com a instituição da Eucaristia. Isto é, Jesus, à partir daquele dia, a cada vez que a Igreja celebrasse o memorial da sua Paixão, com a fração do Pão, Ele se tornaria presente no pão e no vinho consagrados, que se tornariam seu corpo e seu sangue. (Mt26, 26-28) (Lc22, 14-20). Ora, era o primeiro dos pães ázimos (pães sem fermento); vamos recordar o texto em que diz, na Páscoa judaica comeram (por ordem de Deus), pães sem fermento. Jesus utiliza esses mesmos pães para celebrar a sua Páscoa e instituir a Eucaristia. Jesus não quebrou a tradição. Por isso na Eucaristia, até hoje a Igreja não utiliza qualquer pão fermentado. É utilizado a hóstia, que é o mesmo pão ázimo, sem fermento. A única diferença entre a hóstia e o pão ázimo judaico é que a hóstia é confeccionada de maneira diferente, não é assada no forno, por isso ela é branca e é redonda (simbolizando a eternidade de Deus Filho) e o pão ázimo ou pão rabino é a mesma coisa sem fermento. Os dois: o pão rabino e a hóstia continuam sendo o mesmo pão ázimo. E o vinho utilizado para consagração é o vinho canônico, especialmente preparado, sem o álcool da cana-de-açúcar. Ele é puro, feito da própria uva sem levar fermentação química.   

Jesus celebrou a Páscoa judaica com seus apóstolos e depois instituiu a celebração da sua própria Páscoa. Dela Instituiu a Eucaristia. Instituiu o sacerdócio Ministerial da Igreja. 

O segundo momento ainda sublime é a própria ressurreição de Jesus. O Ápice que coroa toda nossa fé cristã. Jesus Glorioso, está Ressuscitado. Venceu a Morte e nos deu vida nova. Com Jesus todos morremos e ressuscitamos para uma nova vida. Pois através dela a morte já não tem poder sobre nós. Por isso, a Páscoa de Jesus também é a nossa Páscoa.

 Nós iniciamos a celebração da Páscoa com a Vigília Pascal, onde celebramos a cerimônia da bênção do fogo, simbolizando Jesus Ressuscitado a Luz de Cristo é a luz que devemos seguir. É acesa uma grande vela, chamada de Círio Pascal, onde nela são cravados os símbolos da realeza de Jesus Ressuscitado, e acesa é proclamada a Luz de Cristo. Luz essa que acompanhará toda a nossa vida. Luz das Nações. Jesus Cristo, Deus Vivo. O Alfa e o Ômega, princípio e fim de todas as coisas. Logo em seguida é proclamada a Páscoa e a Ressurreição de Jesus. A Igreja Canta, entoa o Glória e o Aleluia, que foi deixado de ser cantado durante a quaresma, para ser entoados de forma solene anunciando a alegria da Igreja pela Ressurreição de Jesus, isto é, a sua Páscoa.       

 A Páscoa é a celebração da Ressurreição de Jesus. Vamos recordar de novo: Em que dias nós celebramos a Páscoa? Na sexta-feira Santa? Não! ela começa na Quinta à noite com a Missa da Ceia do Senhor, no Sábado (dia de recolhimento) e se estende pelo Domingo de Páscoa, é o que na Liturgia da Igreja chamamos de tríduo pascal. E nos domingos seguintes com as Oitavas da Páscoa, 50 dias antes da Festa de Pentecostes. Conforme descreve os Atos dos Apóstolos.
De modo geral todos os cristãos celebram a Páscoa.

A Sexta-feira Santa, faz parte da Semana Santa, mas não do Tríduo Pascal, neste dia nós recordamos a Paixão de Cristo, sua morte, sua entrega por nós na Cruz. Nesse dia não há missa, apenas uma Liturgia própria em que celebramos a Paixão de Cristo. Momento de agradecer a Deus e a Jesus pelo seu Sacrifício por nós pecadores. É um dia santo de guarda para os Católicos. Mas não é o dia mais importante. Nós não adoramos um Cristo morto e sim Jesus Ressuscitado e presente na Igreja. O dia mais importante da Igreja é o Domingo de Páscoa dia em que Jesus ressuscitou.

Agora pensemos: Que sentido tem celebrarmos o Natal com todas suas pompas e não participar e celebrar a Páscoa do Senhor que foi a única coisa que Ele pediu? Jesus nunca pediu que celebrássemos seu aniversário, mas pediu que celebrássemos a sua Páscoa. Que por consequência é a nossa Páscoa também. Como disse São Paulo: "Se Cristo não tivesse ressuscitado vã seria nossa fé!" .....  Em outra passagem ele diz: "Se morremos com Cristo, com ele ressuscitaremos!"
Recordemos no Evangelho de Lucas, (Lc22, 15.18s) Jesus disse: "Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa..." e pediu: "fazei isto em memória de mim". 

Quanta inversão de valores não é mesmo? 
Recordemos aqui a parábola do Grande Banquete: Lc14, 15-24Jesus nos convida para o Banquete da vida eterna, quantos se recusam? Inventam desculpas... Será que é justo deixar Jesus esperando a ponto d'Ele ter que convidar os de fora? Ahhh que cristãos somos?

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

ANO DA MISERICÓRDIA - Na plenitude do tempo, Deus mandou seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo o seu amor". Gl 4, 4

Papa Francisco

"Deus permanecerá para sempre na história da humanidade como Aquele que está presente. Aquele que é próximo, providente e misericordioso."    

Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré. O Pai rico em misericórdia (Ef2,4), depois de ter revelado o seu nome a Moisés como Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e fidelidade (Ex34,6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos momentos da história, a sua natureza divina.

Na plenitude do tempo (Gl4,4), quando tudo estava pronto segundo seu plano de salvação, mandou o seu filho, nascido na virgem Maria para nos revelar, de modo definitivo, o seu amor. Quem o vê, vê o pai (Cf.: Jo 14, 9). Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus.

Precisamos sempre contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição para nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque abre nosso coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.

Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia para tornarmos, em nós mesmos, sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes.

A Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. A esposa de Cristo assume o comportamento do Filho de Deus, que vai ao encontro de todos sem excluir ninguém. No nosso tempo, em que a Igreja está comprometida na Nova Evangelização, o tema da misericórdia  exige ser reproposto com novo entusiasmo e uma ação pastoral renovada. É determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia. A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar para o Pai, devem irradiar misericórdia.

A primeira verdade da Igreja é o amor à Cristo. E, deste amor que vai até o perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos - em suma, onde houver cristãos -, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia.

É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina.
A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos.

Não podemos escapar às palavras do Senhor, com base nas quais seremos julgados: Se dermos de comer a quem tem fome, e de beber a quem tem sede. Se acolhermos o estrangeiro e vestirmos que está nu; se reservamos nosso tempo para visitar quem está doente e preso (Cf. Mt 25, 31-45). Em cada um destes mais pequeninos, está presente o próprio Cristo. A sua carne torna-se novo e visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga..., a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós.

Neste ano jubilar, que a Igreja se faça eco da Palavra de Deus que ressoa convincente, como uma palavra e um gesto de perdão, de apoio, de ajuda e de amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e perdoar.
Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar:

"Lembra-te, Senhor da tua misericórdia e do teu amor pois eles existem desde sempre"(Sl 25/24,6)

DESAFIOS DO ROSTO DA MISERICÓRDIA

de: Pe. Márcio Fabri dos Anjos, C. Ss.R.

"Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso". (Lc6, 36)

A misericórdia está no centro da espiritualidade cristã. Mas nem sempre é clara. Por exemplo, como fica a misericórdia quando somos lesados ou passados para trás? É fácil falar de misericórdia enquanto temos poder e tranquilidade. Mas, nas situações complicadas às vezes nem sabemos o que fazer, nem conseguimos nos controlar. Então é preciso ser bem realista no sentido cristão.

Estamos no ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco. Alguns pensaram que com tanta violência e terrorismo seria melhor mudar de conversa. Mas é o contrário. Por esquecer esta base fundamental da vida nos destruímos. A verdade é que a fraqueza física, mental e até moral é uma condição variável  de todos nós.

Diante disso, Jesus ensina a reconhecer um bocado de nós mesmos no limite dos outros, e então nos ajudarmos mutuamente. Assim, quanto mais complicada a vida, mais precisamos reconhecer e nos guiar por este princípio fundamental.

É natural ter raiva e sentimentos de revide ou mesmo de vingança. A misericórdia é um gesto de vontade e não de sentimento. Por ela escolhemos controlar nossos impulsos e pensar o melhor jeito de defender o bem das pessoas, inclusive dos que fazem mal. A partir desta escolha vai crescendo em nós e vamos alimentando também o sentimento da misericórdia.

A misericórdia tem um lado racional,, indispensável para não ser ingênua. É preciso entender a situação das pessoas e da gente mesmo para se afastar ou se aproximar; para confortar ou dar uma dura; para dar um peixe ou ensinar a pescar. A ação misericordiosa escolhe meios adequados para promover o bem das pessoas, nas diferentes situações. Vale ficar esperto para que a gente não acabe prejudicando ainda mais, em vez de ajudar.

A compaixão é outro nome da misericórdia. Seu sentido básico é chegar mais perto da situação difícil do outro, isto é, "com-padecer" ou padecer com o outro. Então ajudar com amor e inteligência. A misericórdia é falsa quando se distancia da realidade das pessoas, porque não distribui alguma "bondade", mas no fundo culpabiliza e discrimina. Parece misericórdia, mas não é. 

Procurar compreender a situação das pessoas, causas e solução dos problemas, é um gesto efetivo de misericórdia compassiva. Com o jubileu da Misericórdia, o Papa Francisco provoca na Igreja e na sociedade a renovação deste fundamento indispensável para nossa vida cristã.
       

Fonte: Revista de Aparecida - ano 14 - n. 166 - ano 2016.

A SEMANA SANTA APLICADA AO NOSSO COTIDIANO

  Todos os anos celebramos a Semana Santa. Que é geralmente celebrada (salvo em alguns lugares), uma semana antes da Páscoa do Senhor. O Dom...