quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A QUARTA-FEIRA DE CINZAS E A QUARESMA

 


A Cinza não apaga pecados. A cinza é um sacramental, um rito penitencial, é sinal de conversão; para nos lembrar que somos pó e ao pó voltaremos, (Cf. Gn 3,19). O homem não é nada sem Deus.

O rito foi oficializado na liturgia pelo para Gregório Magno (540-604), na virada do Séc . VII. Foi chamada por ele de 'capite ieiunii', ou seja, o dia em que se começava o jejum.

Quaresma vem de XL. Faz alusão aos XL anos em que o povo de Deus passou peregrinando pelo deserto até chegar à terra prometida. Também aos XL dias em que Jesus passou no deserto e lá venceu às tentações do diabo (Mt4, 1-2). 

Ela marca o início do Tempo da Quaresma. Tempo em que a Igreja nos propõe 40 dias (de "deserto" espiritual) como preparação para a celebração da Páscoa do Senhor. É um convite a reflexão e mudança de vida. Tempo de penitência, de mudança de vida, de repensar e ver o que estamos fazendo de errado diante de Deus. A quaresma é um estímulo, mas, a mudança de vida é para o todo. Arrependei-vos disse o Senhor, At3, 19:

 "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor". 

 A cinza não é pra quem participa do carnaval, é para o cristão que deseja se converter e viver esse tempo quaresmal e mudar de vida. Ao receber as cinzas é traçado o sinal da Cruz sobre a cabeça ou na fronte da pessoa que a recebe com estas palavras: "Convertei-vos e crede no Evangelho!"  - Antes era dita estas palavras: "Lembra-se que tu és pó, e ao pó voltarás!" - Ou seja, devemos voltar para Deus de coração sincero, deixando para trás o pecado reconhecendo que nada somos. Deus nos criou do pó da terra e um dia nos tornaremos pó e nossa alma voltará para Deus. 

Se receber a cinza e continuar no pecado de nada valerá. Pois, é preciso um coração sincero e a busca sincera de arrependimento.

Por isso é mais intenso neste período a busca pela Confissão, Oração e a prática do Jejum e abstinência de carne. Lembre-se peixe também é carne.

Também as obras de misericórdia devem ser mais intensas. Mas, veja bem! O propósito da Quaresma implica em mudança de vida. Pôr em prática os Mandamentos. Não adianta se esforçar na quaresma e voltar ao pecado.

Jesus nos perdoa, mas, é preciso não voltar ao pecado. A quaresma é o tempo em que nos despimos de nossa arrogância para enxergar as nossas fraquezas e o quanto miseráveis somos e, por isso, necessitamos da misericórdia de Deus.  Nesse tempo buscamos com profundidade meditar o amor que Deus tem por cada um de nós. Amor esse que se entregou na Cruz.

Na quaresma meditamos o sofrimento do Senhor Jesus e sua entrega na Cruz. E ao mesmo tempo nos prepara para celebrar a sua Ressurreição. Não foi por nossos méritos que Ele nos salvou, mas, pela sua graça. Ainda miseráveis Ele nos ama e nos quer para si. Na quaresma possamos olhar mais de perto para a Cruz e buscarmos sermos melhores afastando todo o pecado. Inclusive o pecado de não amar a Deus e ao próximo.

A Quaresma é tempo de buscar a reconciliação com Deus. Como aquele “filho pródigo” da parábola que depois de arrependido reconhece o amor pai e volta pra casa. Não é tempo de superstições e crendices populares, mas, é tempo de Oração e de busca sincera de conversão. E neste sentido a Igreja nos propõe os exercícios de piedade: as caminhadas penitenciais, a Via Sacra, a meditação das dores de Nossa Senhora, o Jejum e a esmola. Dentro deste contexto quaresmal está o Salmo 50:

3.Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniquidade.

4.Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado.

5.Eu reconheço a minha iniquidade, diante de mim está sempre o meu pecado.

6.Só contra vós pequei, o que é mau fiz diante de vós. Vossa sentença assim se manifesta justa, e reto o vosso julgamento.

7. Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado. 8.Não obstante, amais a sinceridade de coração. Infundi-me, pois, a sabedoria no mais íntimo de mim. 9.Aspergi-me com um ramo de hissope e ficarei puro. Lavai-me e me tornarei mais branco do que a neve.

10.Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria, para que exultem os ossos que triturastes. 11.Dos meus pecados desviai os olhos, e minhas culpas todas apagai.

 12.Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza.

13.De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito.

14.Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa.

 15.Então, aos maus ensinarei vossos caminhos, e voltarão a vós os pecadores.

16.Deus, ó Deus, meu salvador, livrai-me da pena desse sangue derramado, e a vossa misericórdia a minha língua exaltará.

17.Senhor, abri meus lábios, a fim de que minha boca anuncie vossos louvores.

18.Vós não vos aplacais com sacrifícios rituais; e se eu vos ofertasse um sacrifício, não o aceitaríeis.

 19.Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar.

 20.Senhor, pela vossa bondade, tratai Sião com benevolência, reconstruí os muros de Jerusalém.

 21.Então, aceitareis os sacrifícios prescritos, as oferendas e os holocaustos; e sobre vosso altar vítimas vos serão oferecidas.

Como a mulher pecadora do Evangelho ouçamos as palavras de Jesus "vai e não peques mais!"

Arrependei-vos! Disse o Senhor.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

OS CRISTÃOS PODEM COMER CARNE DE PORCO?


Certamente você já deparou com a pergunta: É lícito aos cristãos comerem carne de porco já que o Antigo Testamento proíbe?

No Livro de Levítico 11, 7-8 está escrito: “E o porco, embora tenha casco fendido e dividido em duas unhas, não rumina; considerem-no impuro. Vocês não comerão a carne desses animais nem tocarão em seus cadáveres; considerem-nos impuros”. E em Deuteronômio 14, 8 diz: “O porco também é impuro; embora tenha casco fendido, não rumina. Portanto, não podereis comer a carne desses animais, tampouco tocar em seus cadáveres”.

Esses versículos fazem parte da lei de Moisés, que estabelecia as regras de alimentação e de pureza para o povo de Israel. Os israelitas obedecem a esta lei até os dias de hoje. Mas, tais leis no AT eram um fardo muito pesado. Os fariseus sobrecarregavam o povo com leis absurdas e eles mesmos não as cumpriam como deveria ser. Quanto a isso advertia Nosso Senhor:

Mt 23, 25 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniquidade. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo". 

Havia muitas leis e preceitos que o povo israelita deveria serem cumpridas desde os rituais de purificação à maneira como se devia lar as mãos e os utensílios. É entendido que por motivos de higiene e para evitar certos tipos de doença é natural que essa proibição fizesse algum sentido.

Ou ainda, a proibição de comer carne de porco pode ter surgido em um período de escassez de comida, pois os porcos precisam de capim e podem destruir a pastagem de terras consideradas preciosas. Além disso, os porcos não são animais rentáveis, pois não fornecem leite, lã ou couro.

Também pode ser uma forma de demonstrar amor e obediência a Deus, pois não há uma razão aparente para esse mandamento. Também pode ser uma forma de preservar a identidade judaica, pois em alguns momentos da história, os judeus foram forçados a comer carne de porco para renunciar à sua fé.

Os fariseus criticaram Jesus porque seus discípulos não estavam cumprindo a Lei de Moisés sobre a purificação. Mc 7, 1-23.

É lícito ao cristão comer carne de porco?

Os cristãos desde o início não cumpriam os cerimoniais judaicos. Podemos observar, por exemplo em Atos dos Apóstolos quando houve a discussão sobre a circuncisão, no qual alguns judeus queriam que os cristãos cumprissem a lei de Moisés, no entanto a Igreja não aprovou tal prática. (At15, 1-21)

Em Col2, 16-17 São Paulo assim nos diz: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.

Jesus que veio cumprir toda Lei ensinou-nos que o que torna o homem impuro não é o que entra no ser humano, mas, o que sai do coração. Vamos ao texto para entender:

Mc7, 1-23

Os fariseus e alguns dos mestres da lei, vindos de Jerusalém, reuniram-se a Jesus e viram alguns dos seus discípulos comerem com as mãos “impuras”, isto é, por lavar. (Os fariseus e todos os judeus não comem sem lavar as mãos cerimonialmente, apegando-se, assim, à tradição dos líderes religiosos. Quando chegam da rua, não comem sem antes se lavarem. E observam muitas outras tradições, tais como o lavar de copos, jarros e vasilhas de metal.) Então os fariseus e os mestres da lei perguntaram a Jesus: “Por que os seus discípulos não vivem de acordo com a tradição dos líderes religiosos, em vez de comerem o alimento com as mãos ‘impuras’?” Ele respondeu: “Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’. Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens”. E disse-lhes: “Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições! Pois Moisés disse: ‘Honra teu pai e tua mãe’, e ‘quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado’. Mas vocês afirmam que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês poderiam receber de mim é Corbã’, isto é, uma oferta dedicada a Deus, vocês o desobrigam de qualquer dever para com seu pai ou sua mãe. Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa”. Jesus chamou novamente a multidão para junto de si e disse: “Ouçam-me todos e entendam isto: não há nada fora do homem que, nele entrando, possa torná-lo ‘impuro’. Pelo contrário, o que sai do homem é que o torna ‘impuro’. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!” Depois de deixar a multidão e entrar em casa, os discípulos lhe pediram explicação da parábola. “Será que vocês também não conseguem entender?”, perguntou-lhes Jesus. “Não percebem que nada que entre no homem pode torná-lo ‘impuro’? Porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, sendo depois eliminado”. Ao dizer isto, Jesus declarou “puros” todos os alimentos. E continuou: “O que sai do homem é que o torna ‘impuro’. Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem ‘impuro’”.

Esses versículos fazem parte do ensinamento de Jesus sobre a pureza e a impureza. Ele explicou aos seus discípulos que o que torna uma pessoa impura não é o que ela come, mas o que sai do seu coração, como os maus pensamentos, as palavras e as ações. Com isso, ele declarou que todos os alimentos são puros, pois não afetam a relação com Deus.

Essa lei foi cumprida por Jesus Cristo, que declarou todos os alimentos puros e ensinou que o que contamina o homem é o que sai do seu coração, e não o que entra na sua boca. Por isso, os cristãos não precisam seguir essas restrições alimentares.

A Igreja Católica e boa parte das outras denominações protestantes não fazem objeção ao consumo de qualquer alimento. Porém algumas seitas judaizantes como os Testemunhas de Jeová, os adventistas e outras seitas sabatistas preferem desprezar o que diz o Evangelho.

Mas, devemos respeitar aqueles que se acham no direito de não comer carne de porco ou qualquer outro animal. Assim nos ensina a Carta aos Romanos:

Rm14, 1-4 – “Acolhei aquele que é fraco na fé, com bondade, sem discutir as suas opiniões. Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; porque Deus o acolheu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas ele estará firme, porque poderoso é Deus para o sustentar”.

Cristo está acima das leis antigas porque Nele tudo se cumpriu. Nossa lei é Cristo. As leis estão "sob" Jesus e não "sobre" Jesus. Ninguém é maior que Jesus. E a Palavra é uma pessoa, Jesus nosso Salvador, (Jo1, 14) ela se fez carne e veio habitar em nosso meio.    

Col2, 20-23: “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; 23 as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne”.

2Cr5, 17 "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". 

Se em Cristo tudo se faz novo, se somos parte da nova criação pelo Sacrifício redentor de Jesus, e conforme nos ensina São Paulo na 2ª Carta aos Coríntios não podemos ficar atrelados às leis cerimoniais do Antigo Testamento. A nossa Lei é Cristo! E todo o fardo da Lei o Senhor Jesus suportou por nós para que livres possamos viver na dignidade de filhos de Deus. "Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos..." Mt 11, 28. 

Não se pode interpretar o Antigo Testamento sem a luz do Novo e vice versa porque é em Jesus que toda a Escritura se cumpre. O Antigo Testamento aponta para o Novo que assim cedeu lugar tendo conforme anunciado pelos profetas se cumprido em Jesus. Não é o sangue e a carne mas, o Espírito que nos faz novas criaturas - Jo3, 5 - o cristão não pode viver senão segundo à Ação do Espírito Santo que lhe santifica e lhe capacita para uma nova vida; por Cristo, com Cristo em Cristo. 

Não vai ser a carne de porco ou qualquer outro animal que vai te deixar impuro, mas, como o próprio Senhor Jesus disse é aquilo que sai do coração, o pecado a maldade e tudo que afasta o homem de Deus.

Se uma pessoa disser "sou cristão" mas, está apegado às Leis antigas não está agindo como tal. Pois nossa razão de ser e nossa Lei é Cristo. Fl1, 21 "Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro"...         

No entanto, devemos observar que se existe alguma proibição é para aqueles alimentos que são oferecidos a ídolos pagãos – At15, 20 – “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas fareis bem de vos guardar”. Nós devemos evitar o pecado. Aqui vê-se claramente que a orientação é para que abstenhamos de comer coisas oferecidas aos ídolos, isto é, à divindades pagãs.  

E quando alguém disser a você que não é lícito comer carne de porco ou outra comida qualquer porque a Bíblia ou a Lei de Moisés proíbe, podemos sem dúvida, esclarecer ao irmão desinformado que a Lei que seguimos é a de Cristo que a cumpriu de uma vez por todas na Cruz por nós. Não é o alimento que comemos que contamina, mas, é o pecado. É o que sai do homem que causa o mal e desagrada a Deus.  

  

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