No dia 02 de fevereiro a Igreja celebra a festa de Nossa
Senhora dos navegantes, padroeira dos navegantes e das embarcações.
Quantas Nossas Senhoras existem?
Todo bom católico sabe que existe apenas uma Virgem Maria. A mesma Virgem Maria, Maria de Nazaré, citada pelos Evangelhos.
Para quem não sabe a Virgem Maria é uma só, é a mãe de Jesus, mas, também a chamamos de "Nossa Senhora" por causa de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. A devoção mariana atribui a ela vários títulos, seja de uma devoção particular, seja de um local em que ela é venerada publicamente. Por exemplo: Nossa Senhora da Saúde (assim chamada porque seus devotos recorrem a ela pedindo saúde); Nossa Senhora de Fátima (porque ela apareceu em Fátima em 1917); Nossa Senhora da Conceição Aparecida (porque sua imagem apareceu na rede de três pescadores em 1717 em São Paulo - Brasil), assim, são vários títulos dados à Santíssima Mãe de Deus Filho e "Nossa Senhora dos Navegantes" é mais um dos diversos títulos concedido à ela. Veja bem! Os Títulos da Virgem Maria não são nomes. Os títulos são dados a ela por uma ocasião ou momento especial em que os fiéis ou a própria Igreja aprova como forma de devoção.
O culto à Nossa Senhora dos Navegantes é uma tradição adquirida dos espanhóis que no passado trouxeram para nós da América Latina a devoção da Virgem Maria Mãe de Jesus
com o título de Nossa Senhora dos Navegantes. Mas, é uma devoção muito antiga do tempo das cruzadas (idade
média) e está associado a outro título, o de “Virgo Maria Stela Maris” ou
“Virgem Maria Estrela do Mar”. Naquele tempo os cruzados navegavam pelo Mar
Mediterrâneo para defender os peregrinos cristãos que iam à Jerusalém e esses homens tinham a devoção da Virgem Maria como o título de
“Estrela do Mar” e a ela recorriam para serem protegidos dos perigos.
Com o passar do tempo surge a era das grandes embarcações, das rotas comerciais, das descobertas de outros continentes. Surge também a devoção à Nossa
Senhora dos navegantes que foi se expandindo até chegar em terras brasileiras.
Também é conhecida como “Nossa Senhora da Boa Viagem”, e cuja, é padroeira da Capital
Mineira Belo Horizonte (festa 15 de agosto). Os pescadores também são devotos
de Nossa Senhora dos Navegantes e as comunidades litorâneas.
A Virgem Maria é Iemanjá?
Definitivamente, não. No passado com o regime da escravatura houve no
Brasil o surgimento do sincretismo religioso que é a mistura de elementos da
religião africana com elementos do catolicismo. Os escravos vinham para o
Brasil e traziam consigo suas crenças e sua religião, mas, não podiam exercê-la
publicamente. Aqui eram batizados e eram forçadamente a seguir a religião de
seus donos (o catolicismo); isso fez com que os escravos adotassem uma
estratégia e para poderem praticarem suas crenças sem serem descobertos,
cultuavam suas entidades na figura dos santos católicos e assim passava
despercebidos pelos capatazes, pois, se pegos eram castigados rigorosamente.
Iemanjá é apenas uma das diversas entidades que os escravos
associaram à Virgem Maria. Pois, assim como no catolicismo existe Nossa Senhora
(figura feminina), Iemanjá é uma entidade, um Orixá feminino cultuada pelo Candomblé. Os praticantes do Candomblé celebram Iemanjá também no dia 2 de fevereiro.
O fato da Virgem Maria ser representada como uma jovem lembrando a divindade africana Iemanjá fez com que os escravos (que não entendiam a fé católica) associassem a figura da Virgem Maria à Nossa Senhora à figura de Iemanjá causando uma certa confusão naqueles católicos menos esclarecidos que não tiveram a oportunidade de uma boa catequese. A figura de Iemanjá se associou principalmente à Nossa Senhora da Conceição (devoção trazida pelos portugueses) porque nos séculos XVII e XVIII (período colonial) a imagem mais venerada no Brasil nas fazendas e Igrejas era de Nossa Senhora da Conceição. Outro fato é que mesmo depois de tantos séculos, hoje, mesmo sendo esclarecidos ainda está intimamente ligadas Maria de Nazaré e Iemanjá no Candomblé, mas, nós católicos devemos estar cientes que Iemanjá não é a Virgem Maria. Assim como São Jorge não é Ogum, São Cosme e São Damião não é Ibeji (ou Ibejis), Santa Bárbara não é Iansã, Nossa Senhora da Conceição não é Oxum, Jesus Cristo não é Oxalá, São Sebastião não é Oxossi, etc.
👉O fato das religiões de matrizes africanas usarem as imagens dos santos(as) católicos e associarem às suas divindades faz com que muitos acreditem se tratar das mesmas pessoas, mas, não são. A espiritualidade é diferente, a crença é e o culto também.
As
religiões de matriz africana são politeístas (cultuam vários deuses) e
Iemanjá é considerada uma deusa, a deusa das águas. De modo que com o passar do
tempo esta cultura ainda está enraizada em nosso meio passando a ideia de que
Iemanjá e Nossa Senhora é a mesma pessoa, mas, não é. E nós católicos temos que
tomar cuidado para que não caiamos e nem pratiquemos a idolatria (culto aos
deuses), pois, é expressamente proibido por Deus em seu Mandamento ele diz que
não podemos adorar outro Deus senão a Ele, o Deus Javé. Nossa Senhora e os
santos(as) são nossos exemplos na fé, podemos venerá-los, recordar suas memórias, mas, não podemos adorá-los, pois, eles não são deuses.
👉Sendo assim temos que tomar cuidado também com a superstição
do uso de roupas brancas no dia 31 de janeiro porque essa tradição não é cristã
e nem católica. Essa superstição do uso de roupas brancas no réveillon é para
homenagear o Orixá Iemanjá. Nesse dia também os devotos de Iemanjá (a deusa do
mar) fazem suas oferendas no mar pedindo proteção. Nós respeitamos todas as
crenças e religiões, mas, católicos não podem participar dessas coisas o que
incide em pecado grave de idolatria. A veste branca no cristianismo, sobretudo
no catolicismo simboliza o Batismo, a pureza da alma.
Agora vamos à representação das duas imagens:
Algumas imagens de Nossa Senhora dos navegantes mostra a Mãe
de Jesus, segurando nos braços seu filho que segura uma âncora, símbolo da
navegação. Conforme vemos na figura acima.
Enquanto que Iemanjá é representada como uma mulher de
vestido branco sobre as águas trazendo nas mãos conchas, cujas, são lançadas
sobre as águas.
Nossa Senhora e representada com o menino Jesus, ela nos
oferece seu Filho o nosso único Senhor e Salvador. Ela nos aponta para seu filho porque assim como o lua não tira o brilho do astro rei, o sol, Maria, a serva humilde, mas ao mesmo tempo a Mãe do Rei do Universo não tira a Luz de seu Filho. Ela, pelo contrário, nos mostra o caminho para se chegar a Ele que é o caminho, a verdade e a vida.
O catolicismo é uma religião monoteísta Nossa Senhora não é
uma deusa, ela é venerada (em caráter especial), porque é a Mãe do Filho de
Deus. Porque só ela pode ter em seu ventre puro e imaculado o Filho de Deus tornando-se o primeiro tabernáculo, a primeira Arca da Nova Aliança.
Nossa Senhora possui uma devoção especial dentro da Igreja, (hiperdulia), mas, não pode ser adorada
porque ela não é deusa. Para nós cristãos há apenas um só Deus Uno e Trino que é: Pai, Filho e Espírito Santo.
Em 1931 iniciou a primeira festividade organizada, dedicada
a Nossa Senhora dos Navegantes, na comunidade que hoje corresponde a sede do
município de Porto Mauá. A festa dedica à Santa começou pequena e foi
aumentando, tomando grandes proporções.
Noventa após primeira festa, mais de 5 mil pessoas se reúnem
para celebrar Nossa Senhora. Também outros municípios vizinhos celebram Nossa
Senhora dos Navegantes como Alecrim, Porto Vera Cruz, Porto Lucena e Porto
Xavier, etc.