Disse Jesus:
"Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim."
"Aquele que tentar salvar a sua vida perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á." - Mateus 10,34-11,1
Parece soar estranhas
essas palavras de Jesus. Mas, temos que entender o contexto para entender o que
Jesus estava tentando dizer. Jesus estava querendo provocar uma guerra?
Se lermos esta passagem do Evangelho sem entendermos vamos imaginar que Jesus está caído em contradição, pois, no Sermão da Montanha, (Mt5, 9) ele diz que são Bem-aventurados os pacificadores; E o profeta Isaías o chama de Príncipe da paz (Is 9, 6); Sl 72, 3-7 anuncia o Messias como Portador da Paz. Estaria a Sagrada Escritura em contradição?
A resposta é não. Jesus
é realmente o portador e príncipe da paz. Então o que ele estava querendo
dizer?
É por isso que ao ler a Sagrada Escritura não podemos interpretá-la ao pé da letra. OU fazer como muitos fazem tirar versículos sem contexto e procurar interpretá-los de qualquer forma. Eis aí um exemplo. Jesus não estava querendo incitar a guerra e a violência. Na passagem que narra o momento que Jesus foi preso no Monte das Oliveiras, Pedro tirou a espada e feriu o soldado Malco e Jesus o repreendeu dizendo: "Pedro, guarda tua espada na bainha, pois, quem fere com a espada será ferido por ela" (...) - (Jo18, 10)
Jesus ao dizer "eu não vim trazer a paz, mas, vim trazer a espada", ao dizer tais palavras estava doutrinando seus discípulos.
Ele estava passando uma dura lição
em seus discípulos para fazê-los entender que a missão deles poria contradição
entre as coisas do Reino e as coisas do mundo. O Evangelho para aqueles que o
aceitassem seria algo de divisão porque neste mundo nem todos iriam aceitar de
bom grado os seus ensinamentos.
Essa divisão poderia
vir de muitos modos, de pais contra filhos, de irmãos contra irmãos, entre
autoridades e até entre amigos. Uns iriam acolher com amor o Evangelho, outros
não.
Até hoje as pessoas
pensam que a Igreja, a religião Católica deve se modernizar, deve abandonar
suas raízes, esquecer a Sagrada Tradição. Outros acham que as palavras de Jesus
são duras demais então, deve-se procurar um meio que se adapte aos novos
tempos.
Mas Jesus é claro ao
dizer “aquele que buscar as coisas deste mundo e rejeitar o Evangelho vai
perder a salvação”. Aquele que rejeita
Jesus no seu todo, a sua palavra e sua Igreja, rejeita o próprio Deus Pai que
enviou seu Filho a este mundo para dar a salvação. Rejeitar a salvação é negar
Jesus, o Evangelho, a Igreja e sua autoridade.
Num tempo não muito
distante temos exemplos que pais que deserdavam seus filhos quando estes
entravam para a vida consagrada ou para o sacerdócio.
O homem e a mulher que
vivesse uma vida religiosa, e, portanto, mais rígida era criticado nos
ambientes de trabalho, lazer e escola. Algumas pessoas as chamavam de beatos,
ratazana de sacristia, mulher do padre, papa-hóstias. Quem já não ouviu esta
expressão?
É a “espada” a que
Jesus veio trazer é essa porque o mundo estará sempre em contradição com as
coisas de Deus. Nem todos vão aceitar as palavras de Jesus.
Por isso Jesus disse
que “bem-aventurados são os pacificadores”. O mundo está em guerra conosco
porque não aceita a verdade do Evangelho. E para vencer esta guerra não
precisamos matar ninguém, mas, promover a paz. E quando somos humilhados, perseguidos,
caluniados nos tornamos mais fortes ao revidar o mal com o bem. De fato é dar a
outra face para ser batida.
Os cristãos dos
primeiros séculos enfrentaram o martírio, as perseguições, as contradições do
mundo. Morriam em diversos suplícios, mas eram guerreiros na promoção da paz e
no testemunho fiel a Jesus. Não O desprezavam para servir os ídolos.
Então eles assim como
Jesus trouxeram a espada, não para matar, mas a espada da Justiça, do amor, da
lealdade, da fraternidade, do serviço ao Evangelho. Essa foi a espada que fez
cair o Império Romano perseguidor.
Os
cristãos primitivos entenderam bem esta mensagem de Jesus. Foi a revolução da
cruz. Os cristãos com seus exemplos, muitos deram a vida e o seu testemunho
levou a revolução da cruz vencer e triunfar. O triunfo dos santos é o triunfo do
Evangelho e da Igreja.
Evangelho
incomodava e incomoda os poderosos de hoje.
Não
é a toa que Jesus já disse que os enviaria como cordeiros no meio de lobos.
Não
é diferente nos tempos atuais aonde a mensagem de Cristo chega. Ela traz a
salvação para quem a abraça e quem decide por Jesus muitas vezes encontra
contradições na família, no trabalho, na escola da parte daqueles que ainda não
são capazes de assimilar e entender que o cristão é alguém diferente, está no
mundo, mas, como Jesus não é do mundo. Por isso, ele traz consigo a insígnia da
Cruz de Cristo.
A
mensagem de Jesus, a proposta do Evangelho provoca, mexe com a cabeça de quem
se faz contrário ao plano de Deus.
A
“espada” de amor fere os corações daqueles que abraçam a fé, mas incomoda
aqueles que ainda não são capazes de amar.
A
proposta de Jesus é radical “quem me rejeita, rejeita o Pai” porque Ele veio do
Pai.
De
fato Jesus não veio trazer a paz do mundo. Ele veio dar a paz de Deus que o
mundo não dá. Essa paz não é sossego, é luta, é a busca da verdade é o espalhar
do amor e da justiça.
Por outro lado, podemos entender a ideia que os judeus tinham do Messias no tempo de Jesus era de alguém que enviado por Deus viria restaurar o reimo de Israel e libertá-los da opressão estrangeira. O Messias teria a missão de pacificar Israel e que construísse um reino terrestre de prosperidade e justiça. E a missão de Jesus não era essa. Jesus não era mais um revolucionário. Chegaria o tempo em que ele vai dizer: “O meu reino não é desse mundo, se fosse meus guardas lutariam por mim” (...) Jo18, 36.
Agora podemos entender a expressão “não vim trazer paz”. Ao fazer
essa declaração, Jesus estava alertando que Ele não havia vindo trazer o tipo
de paz que os judeus esperavam. Tendo se encarnado não veio resolver os
problemas deste mundo, mas veio por em prática o plano de Salvação de Deus,
isto é, a salvação dos homens do pecado.
Não veio trazer paz à
terra, mas veio trazer ao coração do pecador redimido a paz com Deus (cf.
Mateus 11:29). Por isso Ele diz: “Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou; não a dou como o mundo a dá”. “Não se turbe o vosso coração, nem se
atemorize” (João 14:27). São Paulo escreveu que tendo sido justificados
pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5:1).
Esta espada da qual
Jesus disse que veio trazer significa que sua mensagem causariam divisões,
discussões, discórdias, reações contrárias, ódio e perseguições. Jesus traz paz
ao coração daquele que abraça o Evangelho, ao mesmo tempo incomoda aqueles que
não aceitam sua palavra.
Após dizer que não veio
trazer paz à terra, Jesus diz claramente que a consequência de sua vinda é
exatamente oposta à ideia de paz terrena. Ele veio trazer espada! Significa que
para aqueles que ao longo da história não aceitasse o Evangelho entrariam
sempre em conflito e por diversos meios com
aqueles que procuram anunciar o reino de Deus. Não significa que Ele veio armar
seus discípulos para promover uma guerra religiosa.
Significa que ser cristão não significa ter uma vida de paz, tranquilidade e
prosperidade terrena como os falsos profetas ensinam. Muitas vezes, em alguns
aspectos, é exatamente o contrário disso. Os seguidores de Jesus devem esperar
a espada. Isso porque a pessoa de Cristo, ao expor o pecado do mundo, causa uma
divisão irreparável que resulta em perseguição.
Por fim, a declaração “eu não vim trazer paz, mas espada” está diretamente ligada ao importante aviso de Jesus. Ele diz: “E quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mateus 10:38). Cristo exige de seus seguidores fidelidade absoluta; Ele exige ser prioridade na vida de seus discípulos que devem estar dispostos a obedecê-lo e identificar-se com Ele até as últimas consequências, se for preciso.