quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

NOSSA SENHORA DOS MAVEGANTES É IEMANJÁ?

 

No dia 02 de fevereiro a Igreja celebra a festa de Nossa Senhora dos navegantes, padroeira dos navegantes e das embarcações.
 
Quantas Nossas Senhoras existem?
Todo bom católico sabe que existe apenas uma Virgem Maria. A mesma Virgem Maria, Maria de Nazaré, citada pelos Evangelhos.
 
Para quem não sabe a Virgem Maria é uma só, é a mãe de Jesus, mas, também a chamamos de "Nossa Senhora" por causa de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. A devoção mariana atribui a ela vários títulos, seja de uma devoção particular, seja de um local em que ela é venerada publicamente. Por exemplo: Nossa Senhora da Saúde (assim chamada porque seus devotos recorrem a ela pedindo saúde); Nossa Senhora de Fátima (porque ela apareceu em Fátima em 1917); Nossa Senhora da Conceição Aparecida (porque sua imagem apareceu na rede de três pescadores em 1717 em São Paulo - Brasil), assim, são vários títulos dados à Santíssima Mãe de Deus Filho e "Nossa Senhora dos Navegantes" é mais um dos diversos títulos concedido à ela. Veja bem! Os Títulos da Virgem Maria não são nomes. Os títulos são dados a ela por uma ocasião ou momento especial em que os fiéis ou a própria Igreja aprova como forma de devoção.

O culto à Nossa Senhora dos Navegantes é uma tradição adquirida dos espanhóis que no passado trouxeram para nós da América Latina  a devoção da Virgem Maria Mãe de Jesus com o título de Nossa Senhora dos Navegantes. Mas, é  uma devoção muito antiga do tempo das cruzadas (idade média) e está associado a outro título, o de “Virgo Maria Stela Maris” ou “Virgem Maria Estrela do Mar”. Naquele tempo os cruzados navegavam pelo Mar Mediterrâneo para defender os peregrinos cristãos que iam à Jerusalém e esses homens tinham a devoção da Virgem Maria como o título de “Estrela do Mar” e a ela recorriam para serem protegidos dos perigos. 

Com o passar do tempo surge a era das grandes embarcações, das rotas comerciais, das descobertas de outros continentes. Surge também a devoção à Nossa Senhora dos navegantes que foi se expandindo até chegar em terras brasileiras. Também é conhecida como “Nossa Senhora da Boa Viagem”, e cuja, é padroeira da Capital Mineira Belo Horizonte (festa 15 de agosto). Os pescadores também são devotos de Nossa Senhora dos Navegantes e as comunidades litorâneas. 

A Virgem Maria é Iemanjá? 

Definitivamente, não. No passado com o regime da escravatura houve no Brasil o surgimento do sincretismo religioso que é a mistura de elementos da religião africana com elementos do catolicismo. Os escravos vinham para o Brasil e traziam consigo suas crenças e sua religião, mas, não podiam exercê-la publicamente. Aqui eram batizados e eram forçadamente a seguir a religião de seus donos (o catolicismo); isso fez com que os escravos adotassem uma estratégia e para poderem praticarem suas crenças sem serem descobertos, cultuavam suas entidades na figura dos santos católicos e assim passava despercebidos pelos capatazes, pois, se pegos eram castigados rigorosamente.

 

Iemanjá é apenas uma das diversas entidades que os escravos associaram à Virgem Maria. Pois, assim como no catolicismo existe Nossa Senhora (figura feminina), Iemanjá é uma entidade, um Orixá feminino cultuada pelo Candomblé. Os praticantes do Candomblé celebram Iemanjá também no dia 2 de fevereiro. 
O fato da Virgem Maria ser representada como uma jovem lembrando a divindade africana Iemanjá fez com que os escravos (que não entendiam a fé católica) associassem a figura da Virgem Maria à Nossa Senhora à figura de Iemanjá causando uma certa confusão naqueles católicos menos esclarecidos que não tiveram a oportunidade de uma boa catequese. A figura de Iemanjá se associou principalmente à Nossa Senhora da Conceição (devoção trazida pelos portugueses) porque nos séculos XVII e XVIII (período colonial) a imagem mais venerada no Brasil nas fazendas e Igrejas era de Nossa Senhora da Conceição. Outro fato é que mesmo depois de tantos séculos, hoje, mesmo sendo esclarecidos ainda está intimamente ligadas Maria de Nazaré e Iemanjá no Candomblé, mas, nós católicos devemos estar cientes que Iemanjá não é a Virgem Maria. Assim como São Jorge não é Ogum, São Cosme e São Damião não é Ibeji (ou Ibejis), Santa Bárbara não é Iansã, Nossa Senhora da Conceição não é Oxum, Jesus Cristo não é Oxalá, São Sebastião não é Oxossi, etc. 

👉O fato das religiões de matrizes africanas usarem as imagens dos santos(as) católicos e associarem às suas divindades faz com que muitos acreditem se tratar das mesmas pessoas, mas, não são. A espiritualidade é diferente, a crença é  e o culto também.   
 
As religiões de matriz africana são politeístas (cultuam vários deuses) e Iemanjá é considerada uma deusa, a deusa das águas. De modo que com o passar do tempo esta cultura ainda está enraizada em nosso meio passando a ideia de que Iemanjá e Nossa Senhora é a mesma pessoa, mas, não é. E nós católicos temos que tomar cuidado para que não caiamos e nem pratiquemos a idolatria (culto aos deuses), pois, é expressamente proibido por Deus em seu Mandamento ele diz que não podemos adorar outro Deus senão a Ele, o Deus Javé. Nossa Senhora e os santos(as) são nossos exemplos na fé, podemos venerá-los, recordar suas memórias, mas, não podemos adorá-los, pois, eles não são deuses. 

👉Sendo assim temos que tomar cuidado também com a superstição do uso de roupas brancas no dia 31 de janeiro porque essa tradição não é cristã e nem católica. Essa superstição do uso de roupas brancas no réveillon é para homenagear o Orixá Iemanjá. Nesse dia também os devotos de Iemanjá (a deusa do mar) fazem suas oferendas no mar pedindo proteção. Nós respeitamos todas as crenças e religiões, mas, católicos não podem participar dessas coisas o que incide em pecado grave de idolatria. A veste branca no cristianismo, sobretudo no catolicismo simboliza o Batismo, a pureza da alma.   

Agora vamos à representação das duas imagens:

Algumas imagens de Nossa Senhora dos navegantes mostra a Mãe de Jesus, segurando nos braços seu filho que segura uma âncora, símbolo da navegação. Conforme vemos na figura acima.

Enquanto que Iemanjá é representada como uma mulher de vestido branco sobre as águas trazendo nas mãos conchas, cujas, são lançadas sobre as águas.

Nossa Senhora e representada com o menino Jesus, ela nos oferece seu Filho o nosso único Senhor e Salvador. Ela nos aponta para seu filho porque assim como o lua não tira o brilho do astro rei, o sol, Maria, a serva humilde, mas ao mesmo tempo a Mãe do Rei do Universo não tira a Luz de seu Filho. Ela, pelo contrário, nos mostra o caminho para se chegar a Ele que é o caminho, a verdade e a vida.          

O catolicismo é uma religião monoteísta Nossa Senhora não é uma deusa, ela é venerada (em caráter especial), porque é a Mãe do Filho de Deus. Porque só ela pode ter em seu ventre puro e imaculado o Filho de Deus tornando-se o primeiro tabernáculo, a primeira Arca da Nova Aliança.

Nossa Senhora possui uma devoção especial dentro da Igreja, (hiperdulia), mas, não pode ser adorada porque ela não é deusa. Para nós cristãos há apenas um só Deus Uno e Trino que é:  Pai, Filho e Espírito Santo.

Em 1931 iniciou a primeira festividade organizada, dedicada a Nossa Senhora dos Navegantes, na comunidade que hoje corresponde a sede do município de Porto Mauá. A festa dedica à Santa começou pequena e foi aumentando, tomando grandes proporções. 

Noventa após primeira festa, mais de 5 mil pessoas se reúnem para celebrar Nossa Senhora. Também outros municípios vizinhos celebram Nossa Senhora dos Navegantes como Alecrim, Porto Vera Cruz, Porto Lucena e Porto Xavier, etc.

 

 

             

   

 

           

 

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