terça-feira, 21 de maio de 2019

PADRE NILSON REIS MENDES - UM LINDO TEXTO EM HOMENAGEM AO SACERDOTE QUE NÃO SÓ FUNDOU UMA PARÓQUIA MAS, REESTRUTUROU UM BAIRRO INTEIRO



Introdução:

Encontrei este texto de Vinícios Borges, no Facebook, postando por um amigo e cujo, fala da vida e trajetória de um ser humano formidável que é o Revmo. Pe. Nilson Reis Mendes, hoje padre emérito da Paróquia São Sebastião, da Diocese de Oliveira. Um homem de um coração enorme que fundou não só a Paróquia mas, que reestruturou toda uma comunidade.
Pe. Nilson é exemplo para muitos jovens que seguiram a vocação sacerdotal e religiosa e da sua Paróquia saiu jovens para o sacerdócio inspirados com certeza no seu exemplo de vida.
Este mesmo escritor deste Blog e cujo ele foi formador para a catequese e depois para o trabalho como evangelizadores. Não há como não reconhecer a grande pessoa e a enorme contribuição deste que sem dúvida merece ser lembrado não só uma mas, muitas vezes no coração dos seus paroquianos.


Elmando Toledo 


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O PADRE LÁ DO ALTO

"Tudo posso naquele que me fortalece" - Fl 4, 13



Texto de: Vinicius Borges

A ensolarada tarde de abril dourava o Alto São Sebastião. Ali mesmo, onde fez seu lar, o octogenário sacerdote aguardava para a conversa agendada no dia anterior. Litúrgico, solene e curioso, Pe. Nilson assentou-se à ponta da mesa. O andador deixado de lado é como um auxílio mal aceito para quem espera rapidamente se recuperar de uma cirurgia na perna. Algo que parece totalmente possível, dada a lucidez e saúde cheias de vigor demonstradas por aquele santiaguense de grande memória para as datas.

O olhar para o horizonte ajudava Pe. Nilson a buscar as melhores memórias

Pouco a pouco, ele ficou à vontade. Esqueceu-se do gravador e seu olhar viajou. Voou como voa um condor altaneiro em suas memórias cheias de sabor. Orgulhou-se de cada um dos muitos passos dados na porção do centro-oeste mineiro onde se fez missionário. Destino feliz para quem um dia sonhou ir para o nordeste. Mas foi na Diocese de Oliveira que ele teve sua “vida severina”.

A sala onde me recebeu é adornada pelas memórias de sua caminhada. Alguns banners de homenagem dos fiéis estão pendurados nas paredes como um gesto de respeito pelo carinho do povo. Dividem espaço com o quadro dos pais, José Augusto Mendes e Antônia Reis Mendes. Em um dos grandes cartazes, a homenagem pelos 80 anos de vida, celebrados há dois anos. No outro, uma foto inesperada com uma de suas maiores paixões estampada no boné: o Cruzeiro Esporte Clube. O futebol, aliás, é um assunto relevante nessa história. Antes de adentrar nesse campo, voltemos à São Tiago dos anos 40 e 50, quando uma vocação emergiu.

O menino Nilson, como grande parte dos padres de sua geração, começou no serviço ao altar. “Acordava cedo para ajudar na missa do Pe. José Duque”, recordou. Era coroinha assíduo, incentivado também na escola a seguir a vocação. Nunca teve muitas dúvidas do caminho que iria seguir. E um dos ícones da história de sua cidade natal teria papel central em sua trajetória: Monsenhor Francisco Elói.

José Augusto e Dona Antônia sempre lembrados pelo filho que tornou-se padre

“Encontrei na figura do Monsenhor Elói a figura de um verdadeiro pai. Foi aquele que teve a coragem de tirar a batina dele para fazer a minha batina de seminário”. O gesto inesperado foi também uma obra do acaso – ou providência? O jovem Nilson seria encaminhado ao seminário de Mariana pelo então bispo, Dom José Medeiros Leite, o primeiro pastor diocesano. Porém, a casa de formação estava sem vagas e o postulante teve de preparar o enxoval para o seminário de Belo Horizonte. Mas o destino estava mesmo o encaminhando para a cidade histórica, onde conviveria com grandes amigos no serviço presbiteral: Dom Francisco Barroso Filho e Pe. Guido Evangelista, colegas de seminário e companheiros de time de futebol. Ao receber a notícia de que havia surgido uma vaga para o seminário que sempre fora a primeira opção, o seu então pároco preparou a batina rapidamente, afinal essa era uma exigência naquele período.

Nilson permaneceu no seminário de 1949 a 1961, quando recebeu o sacramento da ordem, em São Tiago, pelas mãos de Dom José. No ano seguinte, fora nomeado para a Paróquia de Nossa Senhora das Necessidades, em Piracema. O fato curioso deve ser pouco conhecido da maioria dos fiéis, porque Pe. Nilson ficou poucos dias na cidade, tendo sido transferido para Carmo da Mata alguns dias depois. Na cidade ele faria um tratamento de relaxamento e recuperação. Com a doença do então pároco, Pe. Tomé Peixoto, Pe. Nilson assumiu os trabalhos da paróquia por três anos e acabou acolhendo o serviço junto às comunidades.

No ano de 1965 foi para Oliveira, onde começou a trabalhar no seminário. Tornou-se também professor. “Eu trabalhei em Oliveira em todos os colégios, exceto no Polivalente”, contou orgulhoso. Além de lecionar, dava palestras e era solicitado no auxílio em vários trabalhos escolares.

O sacerdote de muitas histórias contou minunciosamente todos os serviços prestados em sua caminhada. Alguns deles se destacam, é verdade. Foi Vigário Geral da Diocese de Oliveira por 25 anos, sendo três anos junto de Dom Antônio Carlos Mesquita e outros 22 junto ao bispo emérito, Dom Francisco Barroso Filho. No período de vacância, quando Dom Antônio fora nomeado para a Diocese de São João del-Rei, também assumiu a administração diocesana até a nomeação de Dom Barroso.

“Eu conheço todas as paróquias da Diocese. Seja servindo por um tempo ou em participação em festas de padroeiro”, afirmou categórico. Em outro momento, lembrou-se também de seu serviço como auxiliar de Pe. Guido na Catedral de Nossa Senhora de Oliveira, da capelania junto às freiras ou da direção espiritual do Movimento Serra Clube, que atua no serviço às vocações e aos seminários. No Movimento de Cursilhos de Cristandade, uma história construída ao longo dos anos. “Participei de 74 cursilhos na Diocese. Desde o primeiro, que foi realizado em Oliveira, na antiga Escola Normal, com a equipe de Uberaba”, destacou.

De todas as histórias, serviços e missões a que foi chamado, algumas se destacam. O período como pároco em Santo Antônio do Amparo o fez amado pela comunidade. “Eu ficaria alguns meses e acabei ficando 11 anos”, recordou tranquilo, como quem nunca teve problemas em aceitar a providência. “Eu nunca soube dizer não”, afirmou. E de aceitação em aceitação se fez um sacerdote referencial. Uma história cheia de capítulos inesquecíveis, mas que tem um período ímpar dos 56 anos de servidor na vinha do Senhor: a trajetória no Alto São Sebastião, onde encontrou sua Galileia missionária.

Profeta do “Alto”: a construção de um chão missionário

Descer à realidade do povo teve outro sentido para Pe. Nilson quando se recorda o aspecto literal do termo. Ele teve que subir; e subiu. Em 1966 fincou os pés no bairro São Sebastião, em Oliveira. Ali foi precursor de uma história marcante. Fundou, junto ao povo, a Paróquia local. Foram 28 anos de serviço. Batizou, ouviu confissões, testemunhou numerosos casamentos, acolheu enfermos e viveu a Eucaristia em comunidade.

Quando se lembra dos momentos, o olhar parece marejar. Ele sabe que não existe a história do Alto São Sebastião sem falar de seu nome. Curiosamente, uma das regiões mais carentes de Oliveira. Realidade que só o instigou a estar junto. Missão que abraçou com tanto ardor que fez do bairro sua casa. Mora a poucos metros da Igreja Matriz.

No dia da entrevista ele se preparava para celebrar numa comunidade a festa de Santo Expedito. Contou que sempre contribui nas celebrações e ainda recebe muita gente em sua casa para aconselhamento. O fato de ser pároco emérito da Paróquia São Sebastião não tirou dele a disposição em se doar ao outro. Princípio que ele carrega e repete em cada fala.

“Toda pessoa tem uma riqueza muito grande dons. Então a gente precisa aprender e saber colocar esses dons à serviço dos irmãos na comunidade; uns para os outros e pelos outros. É aquilo que São Paulo fala: ‘Tudo posso naquele que me conforta’ (Fl 4,13) ou ‘Se Deus é por nós, quem será contra nós?’ (Rm 8, 31). Ninguém e nada poderá nos separar do amor de Deus se realmente a gente sente que ele é uma força na gente e que deve ser comunidade. Não podemos armazenar os dons de Deus”, divagou ao seu próprio estilo catequético.

O sacerdote lembra que a vida em comunidade é sua alegria. Ali mesmo no Alto recebe os outros seis irmãos, que com ele celebram o dia a dia e as datas em família. Também aproveita para estar próximo ao povo, não somente nas celebrações as quais continua se dedicando incansável. Como ele diz, a sua característica de não saber dizer não a um chamado missionário tem a ver com seu lema sacerdotal: “Tudo para todos” (Cl 3,11). Para Pe. Nilson, ser doação total está na mística do trecho que escolheu para marcar sua caminhada vocacional.

“Se a gente tem essa oportunidade de comungar e participar da família, com os paroquianos e a comunidade de modo geral, isso traz um apoio e uma segurança muito grande para todos aqueles que procuram a gente. Porque quando alguém procura é porque precisa. E a gente precisa ter força, apoio e segurança para atender. A pessoa nunca procura o outro por diversão e sim por um objetivo. E essa finalidade implica uma riqueza muito grande de doação. A pessoa vai ao encontro do outro para comungar com ele a realidade da vida”, sustentou.

Histórias e causos

Vez ou outra, Pe. Nilson interrompia um assunto para uma história cômica ou que o fazia emocionar. Os que o conhecem sabe que ele gosta de uma boa piada. Tem destreza para contar. Por vezes, evangeliza com elas. Hoje, com os 82 anos de vida, tem um acervo de vivências invejável.

Um contador de histórias e causos, Pe. Nilson sorri a cada episódio que relembra

“Eu saí um dia para celebrar um casamento no Ouro Fino (comunidade rural pertencente à Morro do Ferro), que estava marcado para duas da tarde. Ele foi se realizar oito dias depois”. O motivo foi uma forte chuva que o fez ficar preso na estrada de terra. E ele diz conhecer como poucos os caminhos que cortam as cidades que compreendem a Diocese. Em outro momento, contou ter celebrado em Carmo da Mata, Oliveira, Bom Sucesso, Mercês de Água Limpa e São Tiago em um mesmo dia.

Dos amigos que conservou, ele faz questão de destacar um homem que muito o marcou em sua passagem por Santo Antônio do Amparo: Orlando Vargas. O fiel o acompanhava a muitas celebrações, especialmente as que se realizavam aos domingos de manhã. “Depois da missa ele vinha comigo para tomar café na casa paroquial. Adorava andar de carro”, lembrou sorrindo. Pe. Nilson disse que Orlando era alguém que tinha muito a oferecer. “Ele sempre chegava uma hora antes da missa começar e assentava-se no mesmo lugar. Era uma excelente pessoa”, recordou saudoso do amigo peculiar já falecido.

O compromisso com os pobres não foi uma ação vista somente no Alto São Sebastião. Nos 11 anos em que permaneceu em Santo Antônio do Amparo acabou tocado pela espiritualidade franciscana que o padroeiro também viveu. E isso o levou a olhar para o bairro São Judas Tadeu, uma das regiões mais carentes do município. Ali construiu uma igreja voltada ao patrono do bairro. No local funcionou um projeto social, além de levar a vivência da fé em comunidade. O engenheiro responsável o questionou se aquele templo não ficaria melhor em um lugar mais central. Ao lembrar-se do caso, Pe. Nilson bateu na mesa várias vezes recordando sua resposta convicta: “quero uma igreja boa para gente pobre ter alegria e uma coisa boa para apresentar!”.

Hoje, encantado com o exemplo dado pelo Papa Francisco, descrito como “uma benção para a nossa época”, Pe. Nilson destaca a linguagem simples do pontífice e o modo como dialoga com o povo. Ao falar do papa, o sacerdote rapidamente se lembrou de um episódio que o emociona até hoje. Foi o encontro com São João Paulo II, em Brasília, no ano de 1980. “Eu conheci um santo de carne e osso. Ele estava celebrando e eu estava na primeira fila de frente ao primeiro degrau. Se eu estendesse a mão, apertava a mão dele. Um santo homem. Uma maravilha”, lembrou erguendo as mãos como quem quer agradecer.

O sorriso, aliás, o acompanha em todas as histórias salteadas por uma trajetória rica de detalhes, rostos e sonhos. O padre que batizou outros três sacerdotes, incluindo seu sobrinho, Pe. Wellington Mendes, e o pároco da Paróquia do Senhor Bom Jesus, de Campo Belo, Pe. Sebastião Lino, além de um outro presbítero que vive em Taubaté, sabe que muitos seguem seu exemplo. E ele acredita que mostrar o quanto é feliz no ministério pode arrastar ainda mais gente para discernir, assumir e viver com radicalidade a vocação. Coisa que ele continua fazendo no auge da idade, mas com a jovialidade de prosear que sempre o identificou.

Palavras de um discípulo paulino

São Paulo é, para a Igreja, um dos nomes mais importantes e respeitados pela sua doação no anúncio do Evangelho. As epístolas ou cartas apostólicas compõem grande parte do segundo testamento. Foi na figura deste santo e mártir que Pe. Nilson dos Reis Mendes encontrou uma figura de grande devoção e base de sua catequese.

“Eu sempre recorro a São Paulo em minhas pregações”, enfatizou. E foi da carta aos Colossenses que extraiu a inspiração de toda sua vida: “Tudo para todos” (Cl 3,11). Doou-se, porque acreditou que é na força da fé em Deus que viveria aquilo que acredita. Por isso nunca disse não ao serviço. Talvez, como São Paulo que, ao converter-se, não cessou em seguir a vocação até o martírio.

Pe. Nilson tem a serenidade de um apóstolo convicto do caminho que fez. Continua sorrindo e exalando amorosidade para com as pessoas. É um misto de quem está feliz na missão que cumpre, mas que também sabe que fez a vontade Daquele a quem serve. É como um craque de futebol aposentado orgulhoso dos muitos gols que fez. A maioria fora das quatro linhas, é verdade. Mas o paralelo com o esporte também faz sentido: o padre foi um ponta esquerda goleador.

Nas cartas paulinas Pe. Nilson encontrou a inspiração da mensagem que transmite incansável.

Preferiu as estradas da vida de missionário aos gramados. Mas também jogou, divertiu-se e até contrariou outros colegas. Um dia, quando jogou em São Francisco de Paula, contou ter feito os dois tentos da vitória do time que defendia. Foi criticado na igreja. Lembrou-se sorrindo. Sabia que era uma incompreensão pequena para aquela época. Do jogo ele jamais se esqueceu.

Como um apóstolo paulino sabe que a coroa dos justos nem sempre é a glória de um campeão dos campos. E ele é feliz assim, como demonstrou em todo o tempo de conversa livre, agradável e memorial. Aliás, da mente de um padre de 82 anos emergiam datas certeiras sem nenhum auxílio de anotação. Está tudo ali gravado num olhar oceânico, que remexia um baú de vivas lembranças.

Nilson dos Reis Mendes é, sobretudo, um contador de histórias. Ele que fez de sua vida tudo para e por todos e todas que passaram e passam pelo seu caminho. Ali, no Alto São Sebastião, onde conserva a vida simples e doce, caminha com uma sabedoria altiva. Não tem medo e nem parece abater-se com tristezas. Tudo leva a crer que ele assimilou de modo profundo a frase que tomou quase como um bordão: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8, 31).


sexta-feira, 17 de maio de 2019

O brilhante discurso de São Pio X, proferido por ocasião da beatificação de Joana D'Arc retrata bem de forma profética a situação vivida pela França e o mundo hoje



O brilhante discurso de São Pio X, proferido por ocasião da beatificação de Joana D'Arc, João Euclides Francisco Capillas, João Teófano Vénard e companheiros, (1908-1909), retrata bem de forma profética a situação vivida pela França e o mundo hoje.

A França que era tida com uma nação católica, detentora dos costumes e tradição cristãs vive hoje seu caus espiritual onde o ateísmo, a falta de fé de muitos católicos  tem provocado uma grande chaga para a Igreja.
Não é mera coincidência as profecias de Nossa Senhora em La Salete sobre a queda e a ruína da França combinarem com tantas mortes, perseguições, incêndios nas igrejas e tantas outras catástrofes que a assolam. 
Ao mesmo tempo nos convida a olhar para a situação quem que a Igreja Católica vive de modo geral onde as diversas crises a enfraquecem. 
Se de um lado temos um Papa aberto às mudanças, convida-nos ao desapego, à busca de uma fé mais sólida, enobrecendo valores poucos praticados por aqueles que se julgam os "donos da verdade", temos aqueles que se escondem debaixo de um conservadorismo fajuto porque não admitem perder o poder material para a caridade.
A Igreja corre o risco de já viver um novo cisma, pois, está se dividindo como se fosse uma república entre liberais e conservadores.
Muitos já não se importam em levar o verdadeiro Evangelho, nem de dar seu verdadeiro testemunho. Padres cardeais, bispos, arcebispos ligados aos ideais comunistas. 
Podridão, crimes, lixo e perversidade espiritual, apostasia... Igrejas cheias de ritos estranhos e de uma falsa tradição.

Tudo isto tem contribuído de tal maneira para espalhar a sinzânia de satanás dentro da Igreja.  
Santa Joana D'Arc que foi morta em defesa de uma Igreja mais santa, já alertava sobre os perigos que essa mesma Igreja enfrentaria. Por não ser fiel a França sucumbiria.  

São Pio X nos convida a sermos verdadeiros soldados de Cristo. A não se deixar vencer. Lutar por uma Igreja mais santa e liberta de toda corrupção.
Que tomando o exemplo dos santos, como Joana D'Arc possamos ser corajosos na arte de amar e servir ao Senhor.
A França, o Brasil e o mundo precisa voltar-se de novo para Deus. Somente uma nação verdadeiramente consagrada ao Senhor pode ser feliz e prosperar.

Quando no A.T. José filho de Jacó, previu para o Faraó que o Egito passaria por uma seca de 7 anos, e, tendo o Faraó nomeado José (que era justo perante o Senhor) para cuidar daquele povo, Deus abençoou de tal maneira aquele servo que o Egito teve grande prosperidade e não houve fome naquela região.

Quando se é temente ao Senhor, quando se pratica a Justiça, quando a Igreja se une nenhum mal pode vir a afligir.   
São Pio X assim escreveu:

Agradeço a vosso generoso coração, Venerável Irmão, o desejo de ver-me trabalhar na vinha do Senhor sempre à luz do sol, sem nuvens e tempestades. Entretanto, devemos ambos adorar as disposições da Divina Providência que, depois de aqui estabelecer a Igreja, permite que ela encontre seu caminho obstáculos de todo gênero e resistências formidáveis".

"A razão disso é evidente: a Igreja é militante e, portanto, está em contínua luta. Esta luta faz do mundo um campo de batalha e de cada cristão um valoroso soldado a combater sob o estandarte da Cruz.
Iniciada com a vida de nosso Santo Redentor, essa luta não terminará senão no fim dos tempos. Devemos, pois, proceder todos os dias valentes de Judá ao retornar do cativeiro: com uma das mãos rechaçar os inimigos e com a outra reconstruir as muralhas do Templo sagrado, isto é, trabalhar na própria santificação.
Confirma-nos nesta verdade a vida dos heróis, cujos decretos acabamos de publicar. Chegam a eles à glória não só através de negras nuvens e passageiras borrascas, mas também de contínuas contradições e ásperas provas, até darem pela Fé o sangue e a vida.

Não posso negar, entretanto, ser grande minha alegria neste momento, porque, ao glorificar tão numerosos santos, Deus manifesta sua misericórdia em tempo de tanta incredulidade e indiferença religiosa.
No meio do enfraquecimento geral dos caracteres, são apresentadas a nós, como modelos a imitar, almas generosas que deram suas vidas para confirmar a fé. 

Alegro-me porque vivemos numa época na qual muitos sentem vergonha de se dizerem católicos, e muitos outros põem no pelourinho Deus, a Fé, a Revelação, o culto e seus ministros, enchendo seus discursos de sarcástica impiedade. Tudo negam e tudo revertem em escárnio e irrisão, sem respeitar sequer o santuário da consciência.
Impossível é, porém, que diante destas manifestações do sobrenatural, por maior que seja a sua vontade de fechar os olhos diante do sol que os ilumina, um raio divino não penetre neles e, ainda que pela via do remorso, os faça retornar para fé. 

Alegro-me porque a bravura desses heróis há de reanimar e fortificar na fé os timoratos e lânguidos corações, amedrontados na hora de pôr em prática as doutrinas e as crenças cristãs. 

A coragem, co efeito só tem razão de ser quando apoia numa  convicção. Sem a luz da inteligência, a vontade é uma potência cega. Não é possível caminhar com paso firme em meio às trevas. 
Se a geração atual tem todas as vacilações do home que avança às apalpadelas, é sinal evidente que ela não toma em consideração a palavra de Deus: "Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho" - Sl.118, 105.

Haverá coragem quando a fé estiver viva nos corações, quando  praticarem todos os preceitos por ela impostos, pois a fé sem obras é tão impossível quanto o sol sem luz nem calor.
Os mártires testemunham esta verdade. Não se deve julgar que o martírio é um ato de simples entusiasmo consistente em deixar-se decapitar para subir diretamente ao Paraíso. O Martírio pressupõe o longo e árduo exercício das virtudes, uma onímoda e imaculada limpeza.  

Falemos daquela que vos é mais conhecida, a Donzela de Orleáns, (assim era chamada Joana D'Arc): tanto em sua humilde terra natal quanto em meio à licenciosidade das tropas, ela conservou pura como os anjos.  
Briosa como um leão, mostrava-se cheia de piedade para com os pobres e desafortunados. Simples como um criança na paz dos campos e no tumulto da guerra, se manteve  sempre recolhida em Deus e ardente no amor à Virgem Maria e à Sagrada Eucaristia como um querubim, coforme bem o dissestes, Venerável Irmão. Chamada pelo Senhor a defender sua pátria, respondeu à sua vocação para uma empresa que todos, sobretudo ela, julgavam impossível; mas o que para os homens é impossível, sempre é possível com o auxílio de Deus.

Não exageremos, portanto, as dificuldades para pôr em prática o que a fé nos prescreve a fim de cumprir nossos deveres e exercitarmos o frutuoso apostolado do exemplo que o Senhor esperar de todos nós: "Impôs a cada um deveres para com o próximo". Eclo17, 12

As dificuldades provêm de quem nelas acredita e as exagera, de quem confia em si mesmo e não no socorro do Céu, de quem covardemente, intimado pelas risadas e chacotas do mundo. De onde se deve concluir que, hoje mais do que nunca, a força dos maus consiste na covardia e na moleza dos bons, e de todo vigor do reino de satanás reside na fraqueza dos cristãos.

Ah! se fosse permitido co o fez o espírito de Zacarias perguntar ao Senhor: "Que ferimentos são esses em suas mãos?", a resposta seria indubitavelmente: "Foram-me afligidos na casa queles que me amavam".  - Zac 13, 6 - Ou seja, por meus inimigos que nada fizeram para me defender e que, pelo contrário, tornaram-se cúmplices de meus adversários, E deste reproche, merecido pelos cristãos pusilânimes e medrosos de todos os países, muitos cristãos da França não podem escapar.   

Assim, Venerável Irmão, ao regressar dizei a vossos compatriotas que, se amam a França, devem a amar a Deus, amar a Fé e a Igreja, a qual é para todos eles terníssima mãe, como foi para vossos pais. Dizei-lhes que tem em grande consideração os testamentos de São Remígio, de Carlos Magno e de São Luís, testamentos que se resumem nas palavras tantas vezes repetidas pela heroína de Orléans: "Viva Cristo, o Rei dos francos!"

Somente a este título a França é grande entre as nações; sob esta cláusula Deus a protegerá e a fará livre e  gloriosa; sob esta condição  poder-se-á aplicar-lhe o que de Israel se diz nos Livro Santos: "Ninguém jamais pôde insultar esse povo, a não ser quando ele se afastou do culto do Senhor,l seu Deus". - Jt 5, 17           
         

          

quarta-feira, 24 de abril de 2019

SEMANA SANTA EM OLIVEIRA - MINAS GERAIS É TRADIÇÃO


Minas Gerais, herdou dos portugueses a tradição da religiosidade cristã católica. Tudo em Minas Gerais é feito com muito amor em qualquer cidade, principalmente as cidades históricas como, Sabará, Mariana, Ouro Preto, São João Del Rei e principalmente Oliveira.






Oliveira carrega esta tradição desde o século XVIII, mas, que ganhou seu auge no século XIX. As famílias nobres, os comerciantes, os fazendeiros, coronéis da época se empenharam em dar apoio às traições religiosas destas cidades históricas, principalmente aqui em Oliveira. Nesta cidade encontramos as raízes do barroco português, ainda presentes no Setenário das Dores de Maria, nos motetos cantados pelas ruas da cidade, nas poucas igrejas antigas que ainda restam.  

(Do Lado esquerdo, a foto do Senhor dos Passos e do lado direito a imagem de Nossa Senhora das Dores que se encontram na Igreja dos Passos em Oliveira MG. Imagens esculpidas em Portugal, no séc.XIX por João D'ffonseca Lapa)  


A Igreja Passos foi construída entre os séculos XVIII e XIX e pertencia à Fazenda dos Pinheiro Campos, hoje, a E. E.  "Prof. Pinheiro Campos". 


A Matriz de Nossa Senhora de Oliveira, em estilo barroco e rococó foi construída em meados do século XVII e terminada no final do século XIX. Ao longo desses séculos ela sofreu inúmeras mudanças em seu estilo. Como alterações e retirada dos altares originais e de diversas imagens que compunham sua ornamentação. Recém-reformada no final do séc. XX por iniciativa do Governo Federal através do Ministério do Turismo e da Petrobrás.

 A reforma durou aproximadamente 11 anos, porque tiveram que reconstruir peças inteiras que foram danificadas pelo tempo ou que foram tiradas, como os dois altares laterais de São José e Santa Ana, além da recuperação das pinturas originais do altar-mor onde se encontra a primeira imagem barroca de Nossa Senhora da Assunção. O título de Maria como "Nossa Senhora de Oliveira" foi dado por causa da Cidade e da Diocese. Sendo que a padroeira oficial de Oliveira é venerada pelo título de Nossa Senhora da Assunção, sua festa é 15 de agosto segundo o calendário litúrgico. Posteriormente a esta a Igreja em Roma reconheceu o título de Maria como "Nossa Senhora de Oliveira ", Padroeira da Diocese e do Município de Oliveira, bem como a dedicação à Catedral da Diocese com o mesmo título; mas conservando sua festa no dia 15 de agosto.     

Na foto ao lado direito vemos a imagem de Nossa Senhora de Oliveira e à esquerda você vê a Matriz histórica e a Catedral Diocesana de Nossa Senhora de Oliveira
A devoção à Nossa Senhora da Oliveira, ocorre em alguns lugares de Minas Gerais e também em Portugal.  Mas, o título de "da Oliveira" para o termo "de Oliveira"  talvez se deve ao fato de estender também o título ao Município  que leva o mesmo nome e não só à Diocese. 





Imagem histórica de Nossa Senhora de Oliveira em estilo  barroco trazida pelos portugueses,  recém-restaurada )






Dentre as figuras religiosas ilustres destacamos o saudoso Pe. Guido Evangelista da Silva. Foi Pároco da Paróquia N. Sra. de Oliveira, cura da Catedral. 




(Na foto acima a Igreja dos passos no início do século XX)

As celebrações externas da Semana Santa em Oliveira são históricas, datadas do séc. XVIII quando ainda pertencia à Diocese de S. João Del Rei. Por isso grande parte das músicas barrocas que temos são de compositores sanjoanenses como o João da Mata e Martiriano Ribeiro Bastos. João da Mata compôs os motetos do Setenário das Dores, dos Passos e das Dores e os da Paixão.

Oliveira é a única cidade que possui em seu acervo musical uma "Marcha das Dores", intitulada de: "A VÍTIMA" composta por João da Mata.


João da Mata compôs suas obras, umas aqui em Oliveira e outras já tinha sido compostas e foram trazidas por ele, outras trazidas de São João Del Rei e introduzidas no acervo da música sacra oliveirense; mostrando o grau de co-irmandade entre Oliveira e São João Del Rei. Somente as Marchas dos Passos e da Paixão e o canto do MISERERE que foram trazidas para Oliveira, e foram compostas pelo Maestro, Martiriano Ribeiro Bastos

João da Mata, era maestro e compositor, era mulato, não tinha paradeiro, andou por muitas cidades de Minas Gerais e deixou várias obras espalhadas inclusive as que temos em nosso acervo sacro em Oliveira.

Essas duas cidades: São João Del Rey e Oliveira  herdaram o que tinham de mais comum, a grande "Religiosidade popular" expressa na Cultura do povo mineiro.


O Professor e Juiz de Paz Múcio Lobuono, introduziu outras peças barrocas como o Popule Meus, do Pe. José Maria Xavier, e O Crux Ave:



O Crux, ave, spes unica,Ave, oh Cruz, única esperança
hoc passionis tempore:neste tempo da paixão:
auge piis justiam,aumentai nos piedosos a santidade,
reisque dona veniame concedei-nos o perdão.

(Era muito cantada pelo coral "Mater Dolorosa" na via sacra, realizada na Igreja dos Passos sob a regência do Prof. Múcio).

A obra "O Crux Ave" foi composta pela primeira vez por Venantius Fortunatus (530-609 d.C); ela aprece nas obras da música sacra dos compositores sanjoanenses, como várias outras, ganharam um sentido peculiar dentro do estilo dos compositores daquela época, também do estilo de música que predominava nos séculos XVIII-XIX, inclusive o "barroco mineiro". 

Em Oliveira MG o que predomina são as obras de João da Mata e Martiriano Ribeiro Bastos.


João da Mata compôs diversos motetos para procissões e para o Setenário, como: O vos Omines - Stabat Mater, Cui comparabo te, Domini Venni, Pupilis Fact Sum, Popule Meus, Pater mi, Ecxe Amus, Filliae Jeruzalem e  muitas outras. 

       


A Igreja dos Passos está ligada diretamente à tradição da Semana Santa em Oliveira. Essa Igreja que antes pertencia à Fazenda Pinheiro Campos (onde hoje é o Colégio Pinheiro Campos), é a mais tradicional igreja de Oliveira. E é nela que estão as famosas imagens que saem nas procissões da Semana Santa. A imagem de Jesus dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, esculpida em Portugal pelo escultor João D'ffonseca Lapa. Ela possui a Confraria que desde então possui seus membros homens e mulheres responsáveis não só por zelar da capela, como também pela organização das procissões da Semana Santa. Ela também é responsável por manter de pé essa rica tradição. 



Assim como os grandes homens, políticos que aqui viveram e participaram ativamente das principais decisões em nosso País,  deram sua parcela de contribuição para cuidar de nossa cidade e manter essa belíssima tradição.
Oliveira ganha mais e mais espectadores, visitantes de todos os lados, e filhos que por obra do destino estão espalhados pelo Brasil afora, Chegam à Oliveira nesta época tão bela e solene para a celebração da Semana Santa, tão rica e profunda de detalhes que só Oliveira no berço de Minas Gerais pode fazer. Um presente que recebemos de nossos antepassados e cada vez mais cultivado no coração dos oliveirenses. Quem vem à Oliveira, nunca se esquece desta terra tão acolhedora. Oliveira não só é berço da cultura mineira mas também de grandes homens intelectuais como por exemplo não se lembrar de Carlos Chagas (cientista que descobriu a doença de chagas) e Dr. Eliseu Resende, era formado em engenharia, foi responsável por diversas obras importantes em nossa cidade como a Avenida Nova que leva o nome de seu Pai, Miguel Resende e a Avenida Maracanã.  Foi Ex-ministro, deputado e senador. Recentemente a Praça localizada entre a Av. Maracanã e Al. Dr. Cícero de Castro Filho, recebeu o seu nome em sua homenagem, onde foi posto seu busto. E a Casa da Cultura (onde era o Fórum) recebeu o nome de "Casa da Cultura Carlos Chagas" em homenagem ao cientista e sanitarista Carlos Chagas, contém um rico acervo de sua vida.

O ACERVO SACRO (IGREJA DOS PASSOS) 


A prova maior do amor e do carinho que nossos antepassados tiveram para com esta terra, está representada nas belíssimas imagens da Senhora das Dores e do Senhor dos Passos, que foram doados no séc. XIX pelo Sr. Antônio da Silva Campos, um apaixonado por Oliveira. As imagens foram esculpidas em madeira, no estilo roca, em tamanho natural pelo artista escultor português João D'ffonseca Lapa.

Representa a imagem da Virgem das Dores, uma mulher não assustada, mas triste em ver a dor do seu Filho amado, Jesus com a Cruz nos ombros.

 Ela está com as mãos sobrepostas uma em cima da outra na altura do abdômen como se dissesse: "Oh meu filho, meu filho querido!" , surpresa com as barbaridades que os algozes lho fizeram. 


A lágrima lhe cai dos olhos, expressando a dor da mãe; ali  representada pela espada cravada no peito, simbolizando as palavras do  profeta Simeão:
 "E uma espada lhe traspassará a alma!" 

A boca está entreaberta. Ma mãe que vê o sofrimento do Filho e nada pode fazer senão sofrer com ele na alma ao vê-lo caído, acabrunhado pelo peso da Cruz. 

 "-Oh! meu filho, meu amado e querido filho!"


E como não lembrar da palavras do Livro das Lamentações que expressam bem este significado: 

"Ó vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se existe uma dor semelhante a minha dor!"  (Lm1, 12)   

Esta é a belíssima representação artística do escultor português João D'ffonseca Lapa.  


Esse ano completa 141 anos que as imagens de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores foram trazidas para Oliveira. 

Elas foram trazidas para Oliveira pelo Sr. Antônio da Silva Campos e foram recebidas com muita festa pelo povo juntamente com o  Vigário Pe.  José Teodoro. Em 1876 foi encomendado para as duas imagens vestes de cetim e veldo bordadas com fio de ouro, encomendadas na França pelo avô do cientista Carlos Chagas.
 As informações sobre o artista estava dentro da cruz do Senhor dos Passos em um escrito, que foi descoberto tempos depois:

 "Esta cruz, Christo e Senhora da Soledade foi esculpida por João d'Affonseca Lapa. 1876 - Villa Nova de Gaya -  (cidade) Porto".  







Representa, a imagem do Senhor dos Passos. Jesus com a Cruz nos ombros, pesada cruz, olhar triste, caído de joelhos olhando a mãe e ao mesmo tempo a multidão, como que se dissesse: "Vede Mãe! vede o que faço por amor pelos ingratos homens pecadores!" - "Eu vim para isso sem mim eles nada podem fazer!" fica as palavras mudas no coração de Maria, um olhar, um instante apenas até o caminho do calvário. Jesus que vai com sua cruz, os olhos abertos, esbugalhados, rosto sofrido e ferido expressam angústia, cansaço, com a dor do sofrimento,  a boca entreaberta do Filho Jesus que parece suspirar, até no dizer da alma, "como pesa carregar todos os pecados da humanidade, sofrer por eles, por amor, o peso da Cruz até o Calvário", parece escutar as palavras do moteto dos passos que diz: "Popule meus qui ti feci tibi?" - "Povo meu que te fiz eu?, que te fiz para merecer sofrer tanto?" --- Esta é a representação artística de João da Lapa para a a Imagem do Senhor dos Passos. 
  



(Procissão que relembra o encontro de Jesus e Maria sua mãe no caminho do Calvário) 



Nesta procissão do encontro de Maria e Jesus as duas imagens, percorrem as ruas, parando nas capelinhas que chamamos de "passinhos" onde se cantam os motetos. O quarteto juntamente com os músicos da Banda De Música entoam os motetos em latim, composto pelo artista músico sanjoanense do séc. XIX João da Mata. São pequenos trechos dos evangelhos que se refere à paixão de Cristo e às dores de Maria. O encontro acontece no largo da Matriz de Nossa Senhora de Oliveira, cercada por uma multidão de fiéis, de olhares atentos e ouvidos  à pregação do padre ou do Bispo no alto do púlpito. Na foto ao lado podemos ver o saudoso Pe. Reinato Frasão Breves conduzindo a procissão com o relicário do Santo Lenho (uma partícula da verdadeira Cruz de Cristo). À frente (segurando o Pálio) à sua esquerda vemos o saudoso Dr. Eliseu Resende e à direita o ex-prefeito de Oliveira, José Orlando Santos.




Na saída do cortejo o quarteto canta o "Pater Mi", a oração de Cristo no momento da agonia no Horto das Oliveiras:
"Pater mi si possibili est transeat me calix". - "Pai se for possível, afaste-se de mim este cálice, mas que seja feita a tua vontade!" 
Este é o primeiro do sete motetos que se cantam pelas ruas da cidade durante o cortejo das procissões de Passos (terça-feira santa) e de Dores, (quarta-feira santa). 


A TRADIÇÃO DAS MARIAS MADALENAS



Dentre os figurados bíblicos da Semana Santa a personagem mais atrativa é da Maria Madalena. Madalena não é o sobrenome dela, se refere ao seu local de origem. 

Isso é muito comum na Bíblia, por exemplo: Quando aparece o nome do homem que ajudou Jesus a carregar a Cruz, o chamam de Simão o Cirineu, porque era da cidade de Cirene. Maria era de Magdala, por isso Magdalena, ou Madalena.      

Maria Madalena, como todos sabem foi aquela mulher que foi amiga e discípula de Jesus. É comum as pessoas confundirem-na com aquela prostituta do Evangelho que Jesus perdoou. Mas, na verdade não é a mesma pessoa.
Madalena era uma mulher muito rica que tinha um castelo próximo à Betânia em Magdala e possivelmente tenha conhecido Jesus através de outros seus amigos Marta, Maria e Lázaro a quem Jesus ressuscitou. Existe outras fontes que dizem que ela era prima de Maria, Marta e Lázaro. 
O fato é que ela deixou tudo para seguir Jesus, estava junto da Cruz com o discípulo João, Maria mãe de Jesus e Maria de Cléofas tia de Jesus  e foi a primeira testemunha da Ressurreição. E depois da ressurreição se uniu aos Apóstolos na evangelização. Daí  a importância dela como uma mulher cristã e forte junto à primeira Comunidade Cristã. 



Na tradição ela é uma mulher comum do povo, por isso os judeus a tinham como pecadora. 

Alguns teólogos dizem que ela em um certo tempo voltou à sua vida de antes e depois voltou a se arrepender de modo sincero de uma vez por todas. 


A confusão de achar que ela era prostituta começou com um papa da Idade Média, Gregório Magno (591 d.C) associou-a (erroneamente)- àquela mulher pecadora do Evangelho, e cuja, Jesus tinha perdoado mediante a acusação dos fariseus, (Jo8, 1-11). 

Hoje a Igreja já desmentiu que ela não tem nenhuma relação com a prostituta que nos fala São João. O evangelista não diz o nome daquela mulher, porque ela simboliza a humanidade caída em pecado. 
Mostra-nos também a importância de um julgamento justo a quem for acusado. Mostra-nos também que devemos agir com justiça diante das situações.

Madalena era amiga e discípula, muito querida por Jesus. Talvez por seu posicionamento firme e sua conversão sincera. Ela amava muito seu mestre. E depois de sua morte  ajudou os Apóstolos ajudando na difusão do Evangelho.  

Dentro de um contexto bíblico há ao menos duas mulheres que conseguiram realizar tal ato de maneira tão marcante e que Jesus teve compaixão e as perdoou, a primeira relatada em Mateus 26.6-13 = Marcos 14.3-9: 

"E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa.
E os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício?
Pois este unguento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres.
Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo.
Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre.
Ora, derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento.
Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua".

A segunda está em João 12.1-8 Maria de Betânia



"Seis dias antes da Páscoa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos.  Ali prepararam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com ele.  Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, derramou-o sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos. E a casa encheu-se com a fragrância do perfume.
 Mas um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, que mais tarde iria traí-lo, fez uma objeção: “Por que este perfume não foi vendido, e o dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários". Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado.
 Respondeu Jesus: “Deixe-a em paz; que o guarde para o dia do meu sepultamento.  Pois os pobres vocês sempre terão consigo, mas a mim vocês nem sempre terão”.

Se observarmos as leituras os textos de Mateus e Marcos são sinóticos, isto é seus conteúdos são parecidos. No entanto esses evangelistas não dão nome da mulher que ungiu a cabeça de Jesus. Porém, descrevem onde foi acontecido o jantar em que aconteceu a cena. 
A segunda fez a mesma coisa que a primeira só que aqui o evangelista João diz quem era a mulher, é Maria de Betânia, irmã de Lázaro. Os estudiosos bíblicos concluíram que essa Maria era uma mulher de boas posses, vivia em uma grande casa nos arredores de Magdala um lugarejo próximo à Betânia e por isso, ficou também conhecida por Maria Magdalena.  
Também ao observar os dois textos do Evangelho percebemos que Jesus participou de dois jantares diferentes. O primeiro foi na casa de Simão o leproso. O segundo foi na casa de Lázaro, com Maria, Marta, Lázaro e os Apóstolos. 
Logo, podemos concluir que nenhuma dessas passagens de Mateus e Marcos se refere à Maria Madalena ou Maria de Betânia ser a prostituta  que Jesus tinha perdoado.
Portanto, foi um erro de interpretação muito grave que o Papa Gregório Magno fez ao associar Maria Madalena a pecadora perdoada por Jesus. 

Algumas pessoas ainda hoje insistem em dizer tal coisa por falta de estudo. Por outro lado, deixando a hipótese da mulher prostituta descrita por João no Cap.8, 1-11 - podemos dizer que essa "pecadora" é Maria Madalena, mas, não no sentido de ser prostituta. "Pecadora", mulher do povo que não seguia ao pé da letra as leis judaicas. Mulher comum que não tinha preconceitos e conversava com todos. Mulher humilde que era tratada pelos fariseus como pecadora. Não podemos negar que Jesus não admirasse sua coragem e seu maneira de ser. E foi à ela que ele apareceu ressuscitado pela primeira vez. Uma gentileza e uma forma que Jesus teve de lhe agradecer por todo carinho que ela teve para com ele durante sua missão aqui. Deus não precisa de nada neste mundo, mas ele precisa ser reconhecido e amado e Madalena foi essa pessoa, nos deixou esse exemplo. Ela amou seu mestre mais que Pedro. Ela não abandonou Jesus, não traiu seu Mestre, foi uma verdadeira discípula leal até o fim.       

Temos muito pouco para especular sobre a vida dessa mulher. Mas podemos conhecê-la a fundo, com as poucas informações no texto. Primeiro, ela soube que Jesus estava na casa do Fariseu e foi ao seu encontro. O que significa que ela estava procurando Jesus.
Segundo, ela trazia consigo um vaso de alabastro. E alabastro é uma pedra rara, na cor branca, que possui valor e utilidade até os dias de hoje. Na época de Jesus, essa pedra só era encontrada em dois lugares, e um deles é o Egito. E por isso, era valiosa e custava caro importar objetos de alabastro do Egito para outros países e regiões.
O Alabastro é uma pedra feita de calcita, que pode ser amolecida com ácido. Dessa forma era possível moldar o alabastro para fazer utensílios. O alabastro também, quando cortado em fatias finas, fica translúcido e é utilizado na fabricação de lâmpadas e vidraças de janelas até os dias de hoje.
Quando Simão diz, que essa mulher era uma pecadora, logo entendemos que se tratava de uma prostituta ou uma adúltera. 
No tempo de Jesus uma prostituta, não tinha uma vida lucrativa, ao ponto de dar condições pra ela comprar um vaso de alabastro.
Caso fosse uma adúltera, talvez estivesse agora sido abandonada pelo marido, o que significa que estava desamparada e por isso buscou o perdão do Senhor. Em outras palavras, aquela mulher esteve ajuntando dinheiro por algum tempo, para poder comprar o vaso??? ... Não sabemos.
O unguento era uma espécie de pasta que quando em contato com a pele, derrete e começa a perfumar. E também possuía um valor muito alto, pois era preparado por perfumistas ou sacerdotes, que usavam grande variedade de substâncias aromáticas. Por isso era muito caro, pois existe o custo pelo trabalho de conseguir e reunir essas substâncias aromáticas, existe o custo pela mistura e produção do unguento, somando ainda o custo pela conservação que deveria ser feita preferencialmente em vasos de alabastro. E igual ao vinho, quanto mais velho, melhor e mais caro.
Pois, então fica entendido que ela não comprou o vaso em si, mas comprou o vaso pelo unguento (perfume) que vem dentro do vaso. Ou seja, se a embalagem do produto é cara, muito mais caro é o conteúdo dentro da embalagem. Com isso podemos entender que somente uma pessoa de grandes posses podia fazer isso. E esse alguém foi Maria Madalena ou Maria de Betânia. Não porque ela era uma prostituta, no sentido da palavra, mas porque era uma pessoa rica e influente. 

Temos que entender que prostituição na Bíblia não se refere apenas à profissão de vender o corpo em troca de favores sexuais. Mas, significa aquelas pessoas que viviam impuras ou que não praticavam as leis de Moisés. Para os fariseus essas pessoas eram tidas como pecadoras porque se relacionavam com pessoas como os cobradores de impostos ou publicanos, ou com os romanos ou pessoas de outros lugares que não eram judeus. Também os que traiam a pátria, a nação e a religião judaica.   
              
Após a ressurreição e ascensão de Cristo, segundo a Tradição Maria foi com o Apóstolo Tiago para a Espanha e juntos foram responsáveis por levar o Cristianismo para aquela região. 
Maria foi uma autêntica discípula de Jesus, o seguiu em toda sua vida neste mundo esteve firme aos pés da cruz junto com Maria mãe de Jesus, Maria de Cléophas, Maria Salomé.   
    
Mas..., voltando para Oliveira MG, ela é representada ainda como aquela mulher rica, bem vestida com vestido e capa, lindos brocados e tiara como uma princesa.

A cada ano uma moça é escolhida para vestir a personagem, geralmente com o vestido que a própria candidata escolhe.

Uma tradição que começou em 1905. A personagem sai nas procissões de terça-feira santa (procissão do encontro), quarta-feira santa (procissão de dores), Sexta-feira Santa (Paixão do Senhor) e na sexta-feira Santa participa da "Cerimônia do descendimento da Cruz" onde ela passa o perfume no corpo de Jesus representado pela imagem de Jesus no esquife.  Juntamente com ela está outro personagem, que representa o discípulo João. Mc14, 8 Jesus disse: "Ela me embalsamou antecipadamente o corpo para a sepultura". Jesus já falava o que ia acontecer poucos dias depois. Por isso, ela passa o perfume no corpo da imagem de Jesus na cerimônia do descendimento, simbolicamente repetindo o aquele lindo gesto de arrependimento.

Esses personagens bíblicos foram utilizados no passado porque era uma forma de fazer das procissões não só um momento de oração e reflexão sobre a paixão de Cristo, mas também uma forma de evangelizar os mais simples. Assim, esse momento tão bonito também servia para mostrar às pessoas um pouco da história bíblica e dos personagens que estavam ligados diretamente à História da Salvação. E como foi muito bem aceito tornou-se então tradição que até hoje continua embelezando as cerimônias da Semana Santa.   

  
 
(Representação: Madalena passando o perfume no corpo de Jesus)

 

 Assim sai a imagem do Senhor dos Passos, carregando a sua pesada cruz pelas ruas de Oliveira. E a Senhora das Dores do outro lado da cidade, para o encontro no meio da praça XV de Novembro. Lá se vão acompanhados pelo povo que escuta o cantar do Coro "Mater Dolorosa. Regido pelo Prof. e Juiz de Paz, Múcio Lobuono, entoando o canto do "Miserere":  
"Miserere mei Deus sucudum magnam, misericordiam tuam!", - Tende piedade de mim ó Deus, segundo a tua misericórdia!" 
Depois a Lira Municipal entoa a Marcha (fúnebre) dos Passos, composta no séc. XIII pelo Maestro sanjoanense: Martiriano Ribeiro Bastos. Assim é a procissão do encontro. Oliveira é pura tradição, conservadora do seu bem mais precioso, a cultura.


(Na foto ao Lado, o Prof. Múcio Lobuono, maestro e Coordenador do Coral Mater Dolorosa
da Igreja dos Passos, regendo o Coral para o canto moteto do "Pater Mi" )  
  
Com idade avançada, o prof. Múcio Lobuono encerrou suas atividades frente à coordenação externa da Semana Santa e o Coral "Mater Dolorosa" que por anos a fio ajudou nas solenidades externas e no Setenário das Dores foi extinto. Desde o no de 2016, e no seu lugar foi criado um novo Coral que recebeu o nome de "Coral Prof. Múcio Lobuono" em sua homenagem. 



No vídeo abaixo vemos o Prof. Múcio regendo o novo Coral






Na foto se vê a imagem do Senhor Jesus Flagelado, que pertenceu ao Pe. Reinato Frasão Breves, "padre Breves"  já é falecido
Igreja dos Passos-Oliveira MG



                                                                                                                                                                 
                                                                                                         
                                                                                           

Capela do Santíssimo, Igreja dos Passos
Oliveira MG 




(saída da procissão do encontro, vista do Coro "Mater Dolorosa")












(vista do interior da Matriz de
 Nossa Senhora de Oliveira - Oliveira MG)




(Entrada, porta principal da 
Matriz Nossa Senhora de Oliveira) 





CAPELA DA MISERICÓRDIA
É assim chamada porque no passado pertencia ao antigo Hospital
da Santa Casa de Misericórdia  de Oliveira, construção que em anexo
ainda se encontra preservado ao lado da mesma.
Na Terça-feira Santa é usada para guardar  a imagem de Nossa Senhora das Dores
de onde à noite ela sai para a procissão do encontro.







D. José Medeiros Leite
Primeiro Bispo Diocesano de Oliveira MG
Natural de Mossoró - RN


D. Antônio Carlos Mesquita
2º Bispo diocesano de Oliveira MG
Natural de Itapecerica - MG

D. Francisco Barroso Filho
3º Bispo diocesano de Oliveira MG
Natural de Ouro Preto - MG
D. Jésus Rocha
4º Bispo diocesano de Oliveira
Natural de Diamantina - MG


D. Miguel Ângelo de Freitas Ribeiro, 5º e atual Bispo Diocesano de Oliveira MG 
Natural de Itaguara - MG









Professor Múcio Lobuono
Ex-organizador dos atos externos da Semana Santa
foi Provedor da Confraria Nossa Senhora das Dores
*1930 
☩ 2019.







Na Quarta-feira santa, sai às ruas da cidade a procissão de dores, que lembram as dores de Maria quando percorria as ruas de Jerusalém seguindo Jesus, seu sofrimento como mãe que o acompanhou até o sepulcro. 




(Preparação para a saída do esquife com a imagem de Jesus morto - Procissão do Enterro, Sexta-feira Santa)









Nesta procissão sai Nossa Senhora das Dores, acompanhada 
pela multidão de fiéis que rezam e meditam estas dores, ao som do Quarteto do Coral Mater Dolorosa, que cantam os motetos de dores, recordando as profecias a respeito das dores de Maria Santíssima no caminho da salvação. Uma delas é tirada do livro das Lamentações: "O vos omines qui tranzitis per viam, atendite, atendite, et videte, si es dolor sucut di dolor meus!" - "Oh vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se há dor igual a minha dor!" - são palavras do Antigo Testamento que reflete as dores que Maria Santíssima sofreu com Jesus no caminho do Calvário.



Na Quinta-feira santa, não há procissões e os atos se concentram nas liturgias das missas dos Santos Óleos e da Ceia do Senhor ou "Lava- pés" como popularmente chamamos. Começa o Tríduo Pascal. Jesus instutuiu a Eucaristia e o sacerdócio ministerial ordenado. Como em todas as dioceses, a missa dos santos óleos, ou, da unidade dos cristãos, é realizada pela manhã na Catedral. E a missa da Ceia Pascal ou do "Lava-pés" tradicionalmente é realizada à noite.     









Na Sexta-feira Santa celebrando a Morte de Jesus, acontece a celebração da Liturgia das três horas da tarde e à noite a cerimônia do Descendimento da Cruz. Onde personagens vestidos de Nicodemus e José de Arimatéia, fazem a descida do corpo, (imagem) de Jesus da Cruz. Ao som da pregação do "sermão do descendimento". E começa então a longa procissão do enterro com a imagem do Senhor morto. neste dia é grande o número de fiéis que lotam as ruas com suas velas acesas, acompanhando o cortejo fúnebre ao som da Lira Municipal Oliveirense, que  executa a Marcha da Paixão, marcha fúnebre composta pelo maestro sanjoanense, Martiriano Ribeiro Bastos. E dos motetos da paixão, pelo quarteto  o Coral Mater Dolorosa. 

Nota: O coral Mater Dolorosa em 2016 foi substituído pelo Coral Múcio Lobuono.

Na foto acima à direita vê-se alguns membros da Lira Municipal Oliveirense. 


O momento mais esperado por todos é a cerimônia do descendimento da Cruz, feito na noite de Sexta-feira Santa, e a procissão do enterro. Jesus (simbolicamente) é tirado da Cruz e ungido (simbolicamente) por "Madalena". Enquanto o Coro Canta em latim, os motetos barrocos falando sobre a paixão e o pedido de perdão ou MISERERE DEUS.
  
O pregador faz o "Sermão do descendimento" onde é retirado o corpo (a imagem de JESUS CRUCIFICADO)  da Cruz. Um momento muito emocionante.  Também às três horas da tarde, como de costume em todas as paróquias do mundo acontece a Liturgia solene da Paixão e morte de Cristo, com a cerimônia de veneração da Cruz, o padre ou o bispo apresenta a imagem do Crucificado, cantando: "Eis o lenho da Cruz do qual pendeu a salvação do mundo!" e a assembléia responde: "Vinde! adoremos!" - num gesto de de adoração ao Senhor Jesus que se entregou na Cruz por nós! Confira as fotos:

(Na foto ao lado, vemos a procissão do enterro, com a imagem Jesus-morto sendo levado  em um esquife acompanhado pela multidão de fiéis)




Altar da Matriz de N. Sra. de Oliveira, adornada para
a adoração do Santíssimo Sacramento - (Tríduo Pascal) 






                                          Cerimônia da Veneração da Cruz, Matriz de São Sebastião-Oliveira MG  04/2011






   
(Esquife com a Imagem de Jesus morto-Igreja dos Passos - Oliveira MG) 
  
Durante a "Procissão do Enterro" se carrega a imagem de Jesus morto em um esquife de madeira, enquanto de distância em distância, a Verônica entoa um canto de lamento (em latim), mostrando a face de Jesus deixada no sudário. Este canto se refere ao livro das lamentações, e aplica à Virgem Maria: "O vos omines qui trasistis per viam, atendi te et videte, si es dolor, sicur dolor meus!" - que significa: "Ó vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se há dor semelhante a minha dor!". E segue o cortejo fúnebre ao som dos motetos e das matracas. 


CANTO DA VERÔNICA

Passagem do Livro do profeta Jeremias (Jr1, 12) que reflete toda dor de Maria ao ver Jesus sofrendo com o pesado patíbulo da Cruz nas costas à caminho do calvário, depois sua soledade ao vê-lo pregado suspenso no madeiro e morto nos seus braços.  É um canto de lamentação.

Ó vos omines qui trasitis per viam. Attendite  et videte si est dolor sicut dolor meus!"   

"Ó vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se existe dor igual a minha dor!"




MOTETOS DA SEMANA SANTA 


Na noite de Sexta-feira Santa é celebrada, no mundo lusófono, uma cerimônia conhecida como “Procissão do Enterro”, que consta de uma encenação do descendimento de Cristo da cruz e seu enterro no Santo Sepulcro. O Coro  canta uns versos da Sagrada Escritura  com as vozes tão lacrimosas e tristes  Heu! Heu! Domine! Salvator noster!, que quer dizer: "Ai, ai, Senhor nosso Salvador!"

É um canto de dor e tristeza pela morte de Jesus.  

Origem: 
Diocese de Braga (Portugal), é de autoria desconhecida, no final da idade Média, a Procissão do Enterro foi concebida como uma intensa teatralização das cenas relacionadas à morte de Jesus Cristo, com procissão e música, na qual inclui-se o tradicional "Canto da Verônica", sobre o texto "O vos omnes qui transitis per viam" (Ó vós todos que caminham pelas ruas).


Canto do "Miserere".


Canto de pedido de perdão.


"Mirerere mei, Deus magnam secundum misericordiam tuam!" 

" Tende misericórdia de mim ó Deus!" (Sl51/50

                                             

Intercalados com o canto da Verônica o coral Canta mais dois motetos: O "Cecidit Corona" - tirado do livro das Lamentações, Lm5, 16 -  que quer dizer "Caiu a coroa de nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos." 

"Cecidit corona capitis nostri vae nobis quia peccavimus." 

O outro é o Pupilli facti sumus, tirado do Lvro das Lamentações; - Lamentações5, 3. "Órfãos sem pai, nossas mães são como viúvas".

"Pupilli facti sumus absque patre matres nostrae quasi viduae".


LITURGIA DAS 3 HORAS



matraca, segundo a tradição era usada pelos soldados romanos para fazer barulho alertando às pessoas sobre a passagem de um condenado à morte. Como a sirene de uma viatura, só que naquele tempo de maneira rude. Possui um som sinistro estridente. Consiste em um instrumento, rude, artesanal, feito de madeira, com duas alças laterais da tábua, à esquerda e à direita. E uma onde se pega. Quando se sacode ela faz um barulho, um estralo, provocado pelas alças de ferro. Ela na procissão dá lugar ao som dos sinos que se emudecem com o luto da solenidade da celebração da Paixão de Cristo, e conduz ao povo à reflexão. Todas as igrejas adotam a matraca na noite após a Missa da Santa Ceia até o Sábado Santo, antes da proclamação da Páscoa de Jesus.  

Mas, o cume da Semana Santa não é a Sexta-feira Santa e sim a Páscoa, a Semana Santa termina com a Proclamação da Páscoa do Senhor no Domingo da Ressurreição. Com a Missa festiva da Páscoa e a procissão do Santíssimo Sacramento, Cristo que está ressuscitado sai às ruas presente na Eucaristia. Como de costume em todas as Dioceses e paróquias acontece este momento solene de festejos. A procissão é feita de madrugada, ou no raiar do dia. Hora em que segundo o Evangelho as mulheres foram ao túmulo procurar o cadáver de Jesus e não encontraram, porque, Ele já tinha ressuscitado. Logo, narra o Evangelho, viram o Anjo que anunciava a ressurreição de Jesus. 
   
"O morte onde está a tua vitória?!" 
Cristo venceu o pecado e a morte. Os acontecimentos da Semana Santa só tem sentido para os cristãos se desejarmos realmente que esta Páscoa seja bem vivida e celebrada. Como Jesus disse à Madalena, "Ide contar aos meus discípulos que eu ressuscitei!", agora brota uma esperança, a vida nova.


Páscoa não é comer ovos de páscoa, nem outras guloseimas, não é a "páscoa" do comércio, mas é muito mais, para os cristãos, principalmente os católicos que viveram estes dias da Semana Santa, é alegrar-se com aquele que nos conquistou uma vida nova, perdida em razão de Adão. Se a vida começou em um jardim, terminou no pecado em um jardim. Em um jardim Jesus Cristo foi sepultado e nele ressuscitou para que possamos ter com Ele no jardim do Paraíso. Se não fosse Jesus a pagar pelos nossos pecados, jamais saberíamos o que é o Céu. Isso é Páscoa, passagem da morte para a vida. As coisas antigas ficaram para trás, em Cristo e no Cristo somos novas criaturas. 

















FOTOS DA SEMANA SANTA
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO













DESCENDIMENTO DA CRUZ
E
PROCISSÃO DO ENTERRO


(Sermão do "Descendimento de Cristo na Cruz")
Enquanto o padre faz o sermão vai-se retirando a imagem de Cristo da Cruz






(Verônica canta nas ruas de Oliveira MG, durante a procissão do enterro e expõe o sudário com o rosto de Jesus)







(Calvário do lado de fora da Matriz N. Sra. de Oliveira - Oliveira MG)
                                              






(Chegada da Procissão do Enterro na Matriz N. Sra. de Oliveira - Oliveira MG)



                        (Procissão do Enterro-Sexta Feira Santa- Oliveira MG)










Interior da Matriz Nossa Senhora de Oliveira
Terça-feira Santa
Com o Calvário em seu interior 




Imagem de Jesus Flagelado
(Pertenceu ao Padre Reinato Frasão de Breves-Pe. Breves, Jundiaí-SP)


Interior da Matriz Nossa Senhora de Oliveira
Ornamentada para a adoração do Santíssimo Sacramento
na Quinta-feira Santa




UM POUCO SOBRE JOÃO DA MATA  

João Francisco da Matta aprendeu música com maestro e compositor sanjoanense Martiniano Ribeiro Bastos. Negro e pobre, tornou-se, no entanto, um excelente compositor deixou em várias cidades mineiras suas composições em cópias originais.
Além de maestro, dizem que fazia questão de assim ser chamado ocupou também a profissão de tropeiro; o que fez caminhar pelos por várias cidades e lugarejos das Minas Gerais. Foi assim que sua música tornou-se bastante conhecida.

Como tropeiro, caiu na boemia e na embriaguez.
Dizem que ele até chegou a morar um certo tempo em Oliveira MG. O fato é que ele deixou aqui muitas de suas obras.   
Tocava vários instrumentos de sopro principalmente os que possuem três chaves; dizem até que foi um virtuose no oficleide.

Tocava também alguns instrumentos de corda, era pianista, apresentou em concertos no Oeste e Sul de Minas, foi também um excelente professor de música, afinador de pianos e exímio compositor. Tinha como inspiração para as suas obras a ópera italiana.

Das várias cidades que passou, uma delas é  Oliveira no Centro-Oeste mineiro.

Em São João Del-Rey, há várias fotografias e outras referências provando que ele foi membro da Orquestra Lira Sanjoanense, inclusive há um busto em sua homenagem que ficou esquecido por algum tempo, mas, depois, foi resgatado preservando a memória da arte musical sacra sanjoanense...

Segundo os registros da época, feito pelo Vigário,  Pe. José Dias Custódio, recebeu o batismo no dia 28 de maio de 1832:

“Aos vinte oito de Maio de mil oito centos e trinta e dois nesta Matriz de Nossa Senhora do Pillar da Villa de São João de El Rey o Reverendo Coadjutor Joaquim Joze de Souza Lira baptisou e pôs os Santos Óleos a João filho legitimo de João da Mata e Antonia Maria de São Pio sendo os padrinhos Manoel Joze da Costa Machado, e Joanna Maria Joze Albuquerque  Carmelo,  todos desta Freguezia.


 Faleceu aos 77 anos aproximadamente. 































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