segunda-feira, 27 de maio de 2019

A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO



Vamos começar lendo Atos dos Apóstolos 14,1-28 e 15, 1-35.



O Apóstolo Paulo foi o responsável por levar a Igreja para fora dos muros de Jerusalém. É através deste grande homem, Apóstolo e evangelizador que nós, povos não judeus nos tornamos cristãos.
Por isso, é importante estudar as viagens Missionárias de Paulo para entendermos como foi a propagação e o crescimento da Igreja, os costumes, as perseguições, polêmicas e decisões.
Vamos dividir em três partes para maior compreensão. Neste primeiro bloco falaremos um pouco da primeira viagem missionária de Paulo.

A primeira viagem missionária do apóstolo Paulo começa de uma forma inesperada. Deus age por caminhos que não compreendemos.  Em At 14,1-7) diz que:  Ao serem expulsos de Antioquia, Paulo e Barnabé partiram para Icônio

Vamos observar no mapa como foi a viagem:




Em Icônio, Paulo e Barnabé, como de costume, foram à sinagoga. Ali falaram de tal modo que veio a crer grande multidão de judeus e gentios.
Mas os judeus que se tinham recusado a crer incitaram os gentios e irritaram-lhes os ânimos contra os irmãos.
Paulo e Barnabé passaram bastante tempo ali, falando corajosamente do Senhor, que confirmava a mensagem de sua graça realizando sinais e maravilhas pelas mãos deles.
O povo da cidade ficou dividido: alguns estavam a favor dos judeus, outros a favor dos apóstolos.
Formou-se uma conspiração de gentios e judeus, juntamente com os seus líderes, para maltratá-los e apedrejá-los.
Quando eles souberam disso, fugiram para as cidades licaônicas de Listra e Derbe, e seus arredores, onde continuaram a pregar as boas novas.

Nessa cidade, os dois apóstolos de modo firme e convincente; o resultado foi a conversão de muitos.
A pregação deles confirmava tão bem confirmando a doutrina que anunciavam  era feita  com tanta sinceridade convertendo inúmeras pessoas.
Nem todos se tornaram cristãos em Icônio, como já acontecera em outros lugares. Enquanto uns aceitaram o Evangelho, outros  rejeitaram-na. 
Os que se recusaram tornaram-se inimigos dos pregadores de Deus. Os judeus incrédulos envenenaram a mente dos gentios contra Paulo e Barnabé.
A oposição deles não deteve os evangelistas, pois "demoraram-se ali muito tempo".
Durante a sua permanência naquele lugar, Deus operou milagres pela ação dos Apóstolos em nome de Jesus através deles, confirmando assim que sua pregação era divinamente inspirada.
Os habitantes de Icônio se dividiram: "uns eram pelos judeus; outros pelos apóstolos". Paulo e Barnabé descobriram um plano feito para apedrejá-los e fugiram   com o intuito de salvarem suas vidas.
Resultado desta fuga:
(Ler Atos 14.8-20.) A etapa seguinte da viagem levou ambos a 60 km ao sul até Listra.
Ali, em Listra, Paulo curou um deficiente (coxo)  e isso teve consequências para ele e seu companheiro. 
O homem, deficiente de nascença, achava-se sentado, ouvindo a pregação. Paulo, vendo que aquele homem possuía fé ordenou-lhe que ficasse em pé. 

O homem imediatamente ficou curado, andou e pulou, dando provas de que se operara um milagre, pois nunca pudera andar antes.
Diante do milagre, o povo acreditava de que dois de seus deuses haviam tomado a forma humana.
Levaram-lhes tesouros para serem oferecidos a Paulo e Barnabé. Os apóstolos, em protesto, rasgaram suas vestes dizendo: "Senhores, por que fazeis isto? Nós somos homens como vocês..." 


Paulo e Barnabé deixam claro que eles eram apenas instrumentos de Deus e simples homens. (At 10,26).
Hoje, muitos ainda não entendem que os pregadores do evangelho não passam de simples homens. 

Não há mérito humano algum se é Deus através de Jesus e do Espírito Santo que faz a obra acontecer. Quando vemos pessoas anunciando curas e libertações por si próprias saibam que isso não vem de Deus. Os apóstolos eram claros em rejeitar qualquer tipo de recompensa e veneração de si mesmos quando operavam algum milagre.

Sabiam que eram simples homens e que era Deus quem agia e fazia a obra acontecer. Eles tinham a plena convicção que os milagres feitos através deles serviam para a conversão das pessoas, para construir o reino de Deus e para exaltar o nome do Senhor Jesus autor e santificador de todas as coisas.
Nenhum cristão está acima do outro seja em qual lugar ou denominação for. Todo batizado é um "sacerdote de Deus" responsável por levar a palavra de Deus em todo mundo – Mt 28 - 1Pe 2.5,9. 
Colocar o pregador um lugar de honra como se fosse um rei é obra do maligno. O Leigo, o sacerdote, o pregador e o missionário são serviçais seguindo o exemplo do Mestre Jesus que disse: “Vim para servir e não para ser servido” – Mt20, 28.

O Deverá ser humilde como o Senhor que na última Ceia como exemplo desceu ao chão para lavar os pés dos seus apóstolos: “Se eu, que sou o mestre e senhor vos lavei os pés, deveis também lavar os pés uns dos outros”. Jo 13, 14 – Ou seja, Jesus quer que sejamos humildes. Entre os cristãos não pode haver diferença de classe, cor, raça, posição social, etc.  
No sermão da montanha, (cap. V de Mateus) o Senhor Jesus nos diz que "felizes ou bem-aventurados são os humildes porque deles é o reino dos céus".   

Paulo e Barnabé recusaram as honras, confirmando não ser outra coisa senão apenas simples instrumentos de Deus na obra da salvação. Isto esclarece a atitude de Jesus. 
O apóstolos rejeitavam o culto prestado a eles, Cristo não só aceitou como aprovou aqueles que lhe rendiam culto. Quando Tomé exclamou: "Meu Senhor e meu Deus!", o Salvador não o reprovou por essas palavras (Jo 20.28,29; ver Mt 14.33 e Jo 9.35-38). Mas, enquanto estava cumprindo sua missão nesse mundo o Senhor Jesus rejeitou qualquer tipo de honraria se fazendo pobre e humilde servo. Depois de Ressuscitado Jesus aprova o culto porque já se manifestara como Deus, Juiz e Senhor.

Qual essa diferença? Jesus ser divino? Será que Ele aceitaria ser adorado como um ente divino se não passasse de homem?
Ao procurar convencer os adoradores, os apóstolos mostravam ao povo que não eram deuses em forma humana, mas, anunciadores do Evangelho.  "Anunciamos-vos o Evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo..." (vs. 15-16). 

Eles procuraram fazer com que os habitantes de Listra deixassem de servir a ídolos mortos Júpiter e Mercúrio e servissem o "Deus vivo". É interessante notar a semelhança entre essas palavras e a afirmação de Paulo aos tessalonicenses: "deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro" (1Ts 1.9).
Vejam que interessante:
Os apóstolos Paulo e Barnabé  levaram o Evangelho aos povos que adoravam os ídolos principalmente Júpiter e Mercúrio. Eram deuses falsos. Então, surge uma nova proposta: o Deus que eles anunciavam era o Deus verdadeiro e seu filho Jesus Cristo. Essa Igreja que ali nascia através dos convertidos passou depois da morte dos apóstolos passou a venerar os mesmos e aguardar seus ensinamentos. 
Enquanto na terra os Apóstolos e os demais cristãos eram simples homens. Assim como o Senhor Jesus que antes de sua Morte e Ressurreição também recusou ser adorado e se colocou na condição de servo.
Depois da sua Ressurreição o Senhor Jesus se manifesta glorificado, cujo é Deus, filho de Deus. Sumo e eterno Sacerdote (conforme nos apresenta o Apocalipse) e como tal passa a receber a adoração de toda a Igreja.
Esses mesmos homens e mulheres enquanto simples homens que tendo vivido suas vidas em prol e defesa do Evangelho na eternidade participam da glória e do triunfo de Cristo passam a receber as venerações devidas, e não adoração.  São os santos (as).
Os cristãos ao longo da história conservaram desses antecessores não só os seus ensinamentos, mas, os seus preceitos e costumes cristãos que eles receberam diretamente do Senhor Jesus. É a chamada Sagrada Tradição que precede a Bíblia no Novo Testamento e da qual sem ela não teria se firmado nem escrito os Evangelhos. Portanto, sem a Sagrada Tradição não se firmaria a Sagrada Escritura no que se refere ao Novo Testamento, pois, a Bíblia partiu do ensinamento  Oral dos Apóstolos e não o contrário. É verdadeira a afirmação de que a Bíblia só existe porque a Igreja existe. Sem a Sagrada Tradição não haveria sustentabilidade e credibilidade dos Evangelhos. 
Com a morte dos Apóstolos e daqueles que conviveram mais de perto com eles ( a era apostólica), ao longo dos tempos surgiu a necessidade de escrever a doutrina dos Apóstolos e os Evangelhos para que não se perdesse a origem dos ensinamentos. 
Contudo, desde a era Apostólica a Igreja conserva a Sagrada Tradição e o ensinamento da Igreja é o mesmo desde o tempo dos Apóstolos. É por isso que a Igreja é chamada de Católica e Apostólica porque: a) Conserva o mesmo ensinamento e o mesmo culto e, b) é apostólica porque possui a sucessão Apostólica de Pedro, Paulo e os demais apóstolos. E é católica porque é uma só em todo mundo: Um só culto, um só batismo e uma só fé.               
Outro acontecimento que aconteceu dentro da Igreja (foi um processo) ao longo do tempo foi a conservação dos valores cristãos, a obra e o testemunho desses homens que mesmo em simplicidade viveram de maneira íntima as virtudes evangélicas por eles ensinadas não só dos santos Apóstolos, mas de todos os outros que viveram em santidade, conservando a memória destes mesmos homens e mulheres que chamamos de “santos”. 
Os cristãos desde os primeiros séculos acreditavam na intercessão dos santos principalmente dos mártires. Eles não só oravam por eles, como lhes pediam intercessão. É um costume antigo venerar e honrar a memória dos santos. A Igreja primitiva já acreditava que o Corpo Místico de Cristo não acabava com a morte mas, essa Igreja continuava na eternidade. E desde os primeiros séculos a Igreja venerava também a Santíssima Virgem Maria como Mãe de Deus o que viria a ser confirmado depois pelo Concílio de Éfeso a Teotókos - Maria Mãe de Deus.   
Como a Igreja é uma só; a Igreja celeste é uma continuidade da Igreja Peregrina (terrestre), esses homens e mulheres, então, chamados por nós de “santos” são aqueles aos quais deixaram para nós o testemunho de exemplo e humildade evangélica. Foram pessoas como nós mas, que de maneira especial abraçaram a Fé de forma concreta e deram suas vidas em virtude desta mesma Fé. Então, a santidade deles não começou lá na eternidade, mas, começou aqui na terra. É daqui para lá que as coisas caminham.
E já nos primeiros séculos do cristianismo surge também outro costume: a iconografia (as pinturas e imagens dos santos) que é a maneira de representar, venerar, lembrar e honrar a memória dessas pessoas que chamamos de “santos”, desde Nossa Senhora até os santos Apóstolos. 

Isso não foi reprovado pelos Apóstolos e seus sucessores. Porque eles sabiam diferenciar o culto de "dulia" e "latria", diferente da idolatria  cujo era adorar as imagens dos deuses falsos como vimos anteriormente, Júpiter e Mercúrio.
Sabiam que a iconografia dos santos e da Virgem Maria nada mais eram do simples representações que serviam para lembrar e memória daqueles que os antecederam na fé, cujos, deixaram seu testemunho de fiel adesão a Cristo. E como tais, agora, já na eternidade podiam a ser venerados (não adorados) por estarem perpetuamente participando na Eternidade deste Real Sacerdócio de Cristo.   
Continuando...    
Mesmo não sendo deuses, Paulo e Barnabé eram mensageiros do Deus único e verdadeiro, apresentado por eles ao povo de Listra. As estações chuvosas e as frutíferas foram dadas como testemunho da existência de Deus, a fim de convencer os ouvintes do poder divino. Todas as coisas feitas por Deus são testemunhas indiscutíveis de que Jesus é Deus e que Ele vive (Sl 19.1; Rm 1.20).
Com dificuldade impediram o povo de lhes oferecer sacrifícios, apesar dos seus protestos contra a atitude deles.
Os seus inimigos o apedrejaram-no e o deixaram quase morto. Foi então que ele foi arrastado para fora da cidade, como um animal. Os discípulos o rodearam. Não se sabe qual foi o tempo, mas, porém, dá para imaginar a alegria deles ao verem que Paulo mesmo ferido estava vivo para a glória de Deus. O fato de prosseguirem viagem no dia seguinte mostra que trataram bem dele.
No início, o povo estava disposto a oferecer sacrifícios a Paulo e Barnabé, julgando-os deuses; pouco depois apedrejaram a Paulo e quase o mataram. Não se deve medir a "popularidade" de uma doutrina ou prática, considerando-a uma evidência de sua origem divina. O que hoje é popular pode vir a ser rejeitado amanhã.

Em Derbe e de volta à Antioquia
At 14,21-28. Podemos imaginar os sentimentos de Paulo e Barnabé ao se aproximarem de Derbe. Como seria a reação deles e o receio de serem maltratados como nas outras cidades.
Ali também era outro local de paganismo... Seu desejo de ver a igreja de Cristo implantada ali, apesar da ameaça de perseguição. Mesmo assim fizeram muitos discípulos, com relação aos seus trabalhos em Derbe.
Paulo não estava longe da cidade de Tarso, sua terra natal, quando chegou a Derbe. Se quisesse abandonar seu ministério e visitar a família poderia ter feito. Mas, não. Ele pensou nos discípulos de Cristo que fizera e compreendeu que a perseguição que o expulsara de cidade em cidade, seria agora dirigida contra os novos convertidos. Com o propósito de fortalecer (e talvez por hora proteger sua família) os discípulos, ele e Barnabé retrocederam.
A responsabilidade em relação a uma pessoa não acaba quando ela aceita Jesus.
Aquele que ensina e batiza, deve então ensinar a guardar todas as coisas.” (Mt 28.20), conforme as instruções de Cristo. Ensinar os novos cristãos é um dever imposto por Cristo.
Paulo voltou às várias cidades, fortalecendo e encorajando os discípulos, cumprindo as ordens de Jesus, ensinando-os a guardar todas as coisas.
A confirmação ocorre depois que a pessoa já está salva e foi acrescentada à igreja. Por isso que é importante o Sacramento da Confirmação ou da Crisma. O cristão é chamado e confirmado na fé que recebeu, tornando um “soldado de cristo”, isto é, ao mesmo tempo em que espalha reino de Deus, defende sua fé.
O indivíduo não se torna membro da igreja através de um processo, mas é Deus que faz o acréscimo. Paulo confirmou os novos cristãos, encorajando-os a continuarem na fé.
"E, promovendo-lhes em cada igreja a eleição dos presbíteros..." (v. 23). (Organização do Corpo Eclesial – a hierarquia da Igreja) partiu daí. Eles foram indicados para cada igreja .
Quem são os presbíteros?
Os presbíteros são  também chamado de “padres” são pessoas consagradas para estar à frente das igrejas, para assistir as comunidades, para Pregar a Palavra de Deus, ensinar, celebrar a Eucaristia e administrar os sacramentos. 

Os presbíteros representam o próprio Cristo, se torna um “pai” e “pastor” espiritual de seu povo dentro da Diocese em comunidades uma ou mais comunidades rurais ou urbanas localidades chamadas de Paróquias. 

O presbítero ou padre deve obediência, ao seu bispo; o bispo deve obediência ao Papa que é o bispo de Roma e sucessor de São Pedro no qual Jesus deixou fundada sua Igreja.
Já o bispo é o sucessor dos Apóstolos responsável por uma região maior, (ou Estado) conhecemos como Diocese. A Diocese compreende várias cidades. 
Colocar um presbítero com autoridade sobre várias igrejas é contrária à ordem dada por Deus. Em 1Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9 encontramos as qualificações para os homens escolhidos e nomeados como presbíteros. É por isso que cada Paróquia tem seu Pároco e um padre ou presbítero auxiliar que chamamos de “vigário”.
Ao completar o trabalho de visitar novamente e encorajar as novas igrejas, aqueles grandes pregadores voltaram para a igreja de Antioquia. Paulo e Barnabé relataram que fizeram em nome de Deus muitas coisas. Esses homens de espírito humilde não contaram o que tinham feito a favor de Deus, mas o que Deus fizera com eles; considerando-se assim simples instrumentos de Deus.
E agora, circuncisão ou batismo?
Atos 15,1-5.) A opinião que provocou problemas, foi expressa da seguinte maneira por seus defensores: "Se não forem circuncidados segundo Moisés, não podem ser salvos".
A lei de Moisés exigia que todos os judeus do sexo masculino fossem circuncidados  conforme Gên 17,9-14) e eles queriam que os gentios também obedecessem a essa lei, depois de convertidos. Os irmãos que defendiam esse ponto de vista em Antioquia tinham vindo da Judéia, onde o evangelho fora pregado em primeiro lugar.
Foi em Antioquia que se discutiu a questão da circuncisão.
Paulo e Barnabé não aceitaram a prática. A fim de resolver o difícil problema, os irmãos resolveram enviar Paulo, Barnabé e outros a Jerusalém, a fim de discutirem nessa cidade o assunto da circuncisão com os apóstolos e presbíteros.
Desde que Paulo recebera o evangelho por revelação divina, direta (Gl 1.11-12) e estava, portanto certo de sua posição, e  desde que sua ida a Jerusalém envolvia a idéia de que ele não possuía tanta autoridade quanto os apóstolos e presbíteros que ali se achavam, é provável que se recusasse a ir, se isso não fosse expressamente ordenado pelo Senhor (ver Gl 2.2). O plano divino não era unicamente resolver a questão da igreja de Antioquia nesse terreno, mas de todo o mundo, em todas as épocas.
A igreja de Jerusalém recebeu alegremente os irmãos de Antioquia. Paulo e Barnabé relataram tudo o que Deus fizera com eles em terras pagãs. Mas, alguns dos irmãos (fariseus que se tinham tornado cristãos), afirmaram que Paulo e seu companheiro deixaram de ensinar aos gentios convertidos um mandamento da maior importância: serem circuncidados e guardarem a lei de Moisés.
Atos 15.6-21. Houve muita discussão quando os irmãos se reuniram para discutir o caso da circuncisão. Alguns discursos feitos pelos irmãos mais proeminentes foram preservados para nosso conhecimento.
Pedro dá a última palavraa palavra do  Primeiro Papa.
O discurso de Pedro (At 15,7-11)
Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes conforme o a Lei de Moisés, não podeis salvar-vos.
Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.
E eles, sendo acompanhados pela igreja, passavam pela Fenícia e por Samaria, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos.
E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles.
Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Homens irmãos sabeis bem que já há muito tempo Deus me elegeu dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem.
E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós;
E não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.
Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?
Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.
Os seguintes fatos importantes foram apresentados à assembleia: Pedro lembrou aos irmãos que:
Ele pregara inicialmente aos gentios, mencionando os acontecimentos ocorridos na sua visita à casa de Cornélio (At 10).
Deus confirmou a sinceridade da conversão deles, derramando o seu Espírito Santo sobre os mesmos.
Deus não fez distinção entre judeu e gentio, pois ambos foram purificados da mesma maneira (pela fé). Já que Deus não fazia essa distinção, por que os homens deveriam fazê-la? Deus aceitara os gentios, não os obrigando a serem circuncidados nem seguirem a lei de Moisés. Os judeus se haviam colocado na posição ridícula de rejeitar aqueles que o próprio Senhor aceitara.
Os judeus estavam impondo um jugo aos gentios convertidos, cujo peso os próprios judeus não conseguiram suportar.
Pedro declarou sua convicção de que tanto os judeus como os gentios foram salvos pela graça de Cristo. Isto envolve necessariamente a idéia de que eles não foram salvos pela circuncisão nem por obedecer à lei de Moisés.
Discurso de Barnabé e Paulo  - At 15.12.
Os dois relataram os milagres operados por Deus entre os gentios, que não eram circuncidados através deles. Esses milagres mostraram que Deus aprovava os gentios, apesar de não serem circuncidados nem guardarem a lei de Moisés.

Discurso de Tiago, primeiro bispo de Jerusalém At 15.13-21.
Ele reportou-se aos profetas do Antigo Testamento, provando que haviam anunciado exatamente aquilo que Pedro já dissera em seu discurso.
Tiago concluiu, declarando que os gentios convertidos a Deus não deviam ser "perturbados"; isto é, obrigados à circuncisão e obediência à lei de Moisés. Propôs também que escrevessem uma carta, exortando os gentios a se absterem das contaminações dos ídolos, da incontinência da carne, de comerem animais sufocados e do sangue.
. Os discursos pronunciados por Pedro, Barnabé, Paulo e Tiago fizeram tal impacto que silenciaram os partidários do judaísmo. Atos 15.22-29
 A sugestão de Tiago foi aceita por todos, pois agradou toda a igreja. Tendo escolhido dentre eles homens para enviá-los juntamente com Paulo e Barnabé à Antioquia. Foram Judas, também chamado Barsabás e Silas, homens notáveis entre os irmãos.
A carta dos irmãos de Jerusalém negou toda responsabilidade pelo que havia sido ensinado por aqueles que deram início às divisões na igreja de Antioquia por causa da circuncisão. A carta menciona em seguida os irmãos escolhidos para acompanhar "nossos amados Barnabé e Paulo", terminando com a exortação aos gentios feita no discurso de Tiago.
Esta reunião em Jerusalém dá apoio à prática moderna da realização dos concílios, sínodos, assembleias e conselhos com o propósito de ditar leis para a igreja.
O conselho ou concílio era formado de representantes das congregações de um distrito, sem importar o seu tamanho. A igreja de Antioquia simplesmente enviou os irmãos a Jerusalém para consultarem os apóstolos e presbíteros. Ao longo da história da Igreja houve vários concílios. Sempre que a Igreja precisa discutir e definir alguma coisa em matéria de fé ela se reúne em Concílios. O último que conhecemos é o Concílio Vaticano II.

As circunstâncias especiais em que foi realizada o primeiro Concílio foram especiais. Não houve uma decisão à parte de Paulo e Barnabé. Mas, a questão foi apresentada aos demais apóstolos; e a palavra final coube a Pedro e ao bispo de Jerusalém, Tiago. 
É assim que acontece até hoje com a Igreja, em todas as épocas. A igreja é um reino (Cl 1.13), e como um reino, as decisões e questões de fé não podem ser tomadas sozinhas. Elas devem ser discutidas e aprovadas pelos bispos para depois serem apresentadas a toda comunidade no mundo inteiro.
Cristo é o Rei e Senhor e cabeça da Igreja (1Tm 6.13-15). Na sua qualidade de Rei, ele estabeleceu os Apóstolos e seus sucessores para o governo e observância de todas as leis da igreja.
A Igreja tem necessidade de assembleias para propor as suas leis, regras e definições, pois, é através dela a sua Igreja, pela sua doutrina ou ensinamentos, no qual  conduz o homem que à sua Palavra, a fim de que o homem de Deus  se torne perfeito. E o homem assim se torne perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3,16-17).
At15.30-35.) Quando Paulo, Barnabé, Judas e Silas chegaram a Antioquia, a Igreja reuniu-se para ouvir a leitura da carta enviada pela Igreja de Jerusalém. O conteúdo da mesma causou muita alegria entre os cristãos daquela cidade.
Paulo escreveu mais tarde sobre o resultado desta reunião. (Gl 2,1-10), relatando que os apóstolos o apoiaram e "nada me acrescentaram", como certamente fariam se fossem a favor da circuncisão e da obediência à lei de Moisés. 

Tito, o gentio não era circuncidado, serviu de exemplo. Paulo recusou terminantemente mandar circuncidá-lo, apesar de alguns terem dito que isso era essencial para a sua salvação. Quando Tito foi finalmente aceito, ficou então provado que a circuncisão e a obediência à lei de Moisés não eram elementos essenciais da salvação.
A palavra de Deus é o nosso manual em religião. Toda polêmica ou dúvida pode ser resolvida através dela (ls 8.20, 2Tm 3.16-17).
Cabe a Igreja Zelar para que os ensinamentos sejam preservados. É por isso que temos como base esses três elementos: 1) a Sagrada Tradição, 2) A Palavra de Deus e 3) O Magistério da Igreja
Desse modo, se alguém falar, que fale de acordo com pela sua Palavra e pelos ensinamentos da Igreja ." (1Pe 4.11;  2Jo 9). Porque foi a Pedro e aos Apóstolos que Jesus confiou o depósito da Fé.
É preciso aprender que a Bíblia e a Sagrada Tradição andam juntas. A última palavra é a da Igreja. É a Igreja que tem o poder de interpretar as Escrituras. E toda doutrina dela tem que estar de acordo com a Escritura e com a Sagrada Tradição.
Não basta apenas a Bíblia. Lembremos do primeiro concílio. Quando no momento preciso, mesmo tendo a lei,  não foi da lei a palavra final; quem definiu o que era ou não certo foi a Igreja.  A palavra final foi da Igreja na pessoa de seu chefe espiritual Pedro e do bispo Tiago.   
É a Igreja quem define sobre todas as verdades de fé. A Igreja é o alicerce coluna e sustentáculo desta mesma fé que Jesus entregou aos Apóstolos.

terça-feira, 21 de maio de 2019

PADRE NILSON REIS MENDES - UM LINDO TEXTO EM HOMENAGEM AO SACERDOTE QUE NÃO SÓ FUNDOU UMA PARÓQUIA MAS, REESTRUTUROU UM BAIRRO INTEIRO



Introdução:

Encontrei este texto de Vinícios Borges, no Facebook, postando por um amigo e cujo, fala da vida e trajetória de um ser humano formidável que é o Revmo. Pe. Nilson Reis Mendes, hoje padre emérito da Paróquia São Sebastião, da Diocese de Oliveira. Um homem de um coração enorme que fundou não só a Paróquia mas, que reestruturou toda uma comunidade.
Pe. Nilson é exemplo para muitos jovens que seguiram a vocação sacerdotal e religiosa e da sua Paróquia saiu jovens para o sacerdócio inspirados com certeza no seu exemplo de vida.
Este mesmo escritor deste Blog e cujo ele foi formador para a catequese e depois para o trabalho como evangelizadores. Não há como não reconhecer a grande pessoa e a enorme contribuição deste que sem dúvida merece ser lembrado não só uma mas, muitas vezes no coração dos seus paroquianos.


Elmando Toledo 


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O PADRE LÁ DO ALTO

"Tudo posso naquele que me fortalece" - Fl 4, 13



Texto de: Vinicius Borges

A ensolarada tarde de abril dourava o Alto São Sebastião. Ali mesmo, onde fez seu lar, o octogenário sacerdote aguardava para a conversa agendada no dia anterior. Litúrgico, solene e curioso, Pe. Nilson assentou-se à ponta da mesa. O andador deixado de lado é como um auxílio mal aceito para quem espera rapidamente se recuperar de uma cirurgia na perna. Algo que parece totalmente possível, dada a lucidez e saúde cheias de vigor demonstradas por aquele santiaguense de grande memória para as datas.

O olhar para o horizonte ajudava Pe. Nilson a buscar as melhores memórias

Pouco a pouco, ele ficou à vontade. Esqueceu-se do gravador e seu olhar viajou. Voou como voa um condor altaneiro em suas memórias cheias de sabor. Orgulhou-se de cada um dos muitos passos dados na porção do centro-oeste mineiro onde se fez missionário. Destino feliz para quem um dia sonhou ir para o nordeste. Mas foi na Diocese de Oliveira que ele teve sua “vida severina”.

A sala onde me recebeu é adornada pelas memórias de sua caminhada. Alguns banners de homenagem dos fiéis estão pendurados nas paredes como um gesto de respeito pelo carinho do povo. Dividem espaço com o quadro dos pais, José Augusto Mendes e Antônia Reis Mendes. Em um dos grandes cartazes, a homenagem pelos 80 anos de vida, celebrados há dois anos. No outro, uma foto inesperada com uma de suas maiores paixões estampada no boné: o Cruzeiro Esporte Clube. O futebol, aliás, é um assunto relevante nessa história. Antes de adentrar nesse campo, voltemos à São Tiago dos anos 40 e 50, quando uma vocação emergiu.

O menino Nilson, como grande parte dos padres de sua geração, começou no serviço ao altar. “Acordava cedo para ajudar na missa do Pe. José Duque”, recordou. Era coroinha assíduo, incentivado também na escola a seguir a vocação. Nunca teve muitas dúvidas do caminho que iria seguir. E um dos ícones da história de sua cidade natal teria papel central em sua trajetória: Monsenhor Francisco Elói.

José Augusto e Dona Antônia sempre lembrados pelo filho que tornou-se padre

“Encontrei na figura do Monsenhor Elói a figura de um verdadeiro pai. Foi aquele que teve a coragem de tirar a batina dele para fazer a minha batina de seminário”. O gesto inesperado foi também uma obra do acaso – ou providência? O jovem Nilson seria encaminhado ao seminário de Mariana pelo então bispo, Dom José Medeiros Leite, o primeiro pastor diocesano. Porém, a casa de formação estava sem vagas e o postulante teve de preparar o enxoval para o seminário de Belo Horizonte. Mas o destino estava mesmo o encaminhando para a cidade histórica, onde conviveria com grandes amigos no serviço presbiteral: Dom Francisco Barroso Filho e Pe. Guido Evangelista, colegas de seminário e companheiros de time de futebol. Ao receber a notícia de que havia surgido uma vaga para o seminário que sempre fora a primeira opção, o seu então pároco preparou a batina rapidamente, afinal essa era uma exigência naquele período.

Nilson permaneceu no seminário de 1949 a 1961, quando recebeu o sacramento da ordem, em São Tiago, pelas mãos de Dom José. No ano seguinte, fora nomeado para a Paróquia de Nossa Senhora das Necessidades, em Piracema. O fato curioso deve ser pouco conhecido da maioria dos fiéis, porque Pe. Nilson ficou poucos dias na cidade, tendo sido transferido para Carmo da Mata alguns dias depois. Na cidade ele faria um tratamento de relaxamento e recuperação. Com a doença do então pároco, Pe. Tomé Peixoto, Pe. Nilson assumiu os trabalhos da paróquia por três anos e acabou acolhendo o serviço junto às comunidades.

No ano de 1965 foi para Oliveira, onde começou a trabalhar no seminário. Tornou-se também professor. “Eu trabalhei em Oliveira em todos os colégios, exceto no Polivalente”, contou orgulhoso. Além de lecionar, dava palestras e era solicitado no auxílio em vários trabalhos escolares.

O sacerdote de muitas histórias contou minunciosamente todos os serviços prestados em sua caminhada. Alguns deles se destacam, é verdade. Foi Vigário Geral da Diocese de Oliveira por 25 anos, sendo três anos junto de Dom Antônio Carlos Mesquita e outros 22 junto ao bispo emérito, Dom Francisco Barroso Filho. No período de vacância, quando Dom Antônio fora nomeado para a Diocese de São João del-Rei, também assumiu a administração diocesana até a nomeação de Dom Barroso.

“Eu conheço todas as paróquias da Diocese. Seja servindo por um tempo ou em participação em festas de padroeiro”, afirmou categórico. Em outro momento, lembrou-se também de seu serviço como auxiliar de Pe. Guido na Catedral de Nossa Senhora de Oliveira, da capelania junto às freiras ou da direção espiritual do Movimento Serra Clube, que atua no serviço às vocações e aos seminários. No Movimento de Cursilhos de Cristandade, uma história construída ao longo dos anos. “Participei de 74 cursilhos na Diocese. Desde o primeiro, que foi realizado em Oliveira, na antiga Escola Normal, com a equipe de Uberaba”, destacou.

De todas as histórias, serviços e missões a que foi chamado, algumas se destacam. O período como pároco em Santo Antônio do Amparo o fez amado pela comunidade. “Eu ficaria alguns meses e acabei ficando 11 anos”, recordou tranquilo, como quem nunca teve problemas em aceitar a providência. “Eu nunca soube dizer não”, afirmou. E de aceitação em aceitação se fez um sacerdote referencial. Uma história cheia de capítulos inesquecíveis, mas que tem um período ímpar dos 56 anos de servidor na vinha do Senhor: a trajetória no Alto São Sebastião, onde encontrou sua Galileia missionária.

Profeta do “Alto”: a construção de um chão missionário

Descer à realidade do povo teve outro sentido para Pe. Nilson quando se recorda o aspecto literal do termo. Ele teve que subir; e subiu. Em 1966 fincou os pés no bairro São Sebastião, em Oliveira. Ali foi precursor de uma história marcante. Fundou, junto ao povo, a Paróquia local. Foram 28 anos de serviço. Batizou, ouviu confissões, testemunhou numerosos casamentos, acolheu enfermos e viveu a Eucaristia em comunidade.

Quando se lembra dos momentos, o olhar parece marejar. Ele sabe que não existe a história do Alto São Sebastião sem falar de seu nome. Curiosamente, uma das regiões mais carentes de Oliveira. Realidade que só o instigou a estar junto. Missão que abraçou com tanto ardor que fez do bairro sua casa. Mora a poucos metros da Igreja Matriz.

No dia da entrevista ele se preparava para celebrar numa comunidade a festa de Santo Expedito. Contou que sempre contribui nas celebrações e ainda recebe muita gente em sua casa para aconselhamento. O fato de ser pároco emérito da Paróquia São Sebastião não tirou dele a disposição em se doar ao outro. Princípio que ele carrega e repete em cada fala.

“Toda pessoa tem uma riqueza muito grande dons. Então a gente precisa aprender e saber colocar esses dons à serviço dos irmãos na comunidade; uns para os outros e pelos outros. É aquilo que São Paulo fala: ‘Tudo posso naquele que me conforta’ (Fl 4,13) ou ‘Se Deus é por nós, quem será contra nós?’ (Rm 8, 31). Ninguém e nada poderá nos separar do amor de Deus se realmente a gente sente que ele é uma força na gente e que deve ser comunidade. Não podemos armazenar os dons de Deus”, divagou ao seu próprio estilo catequético.

O sacerdote lembra que a vida em comunidade é sua alegria. Ali mesmo no Alto recebe os outros seis irmãos, que com ele celebram o dia a dia e as datas em família. Também aproveita para estar próximo ao povo, não somente nas celebrações as quais continua se dedicando incansável. Como ele diz, a sua característica de não saber dizer não a um chamado missionário tem a ver com seu lema sacerdotal: “Tudo para todos” (Cl 3,11). Para Pe. Nilson, ser doação total está na mística do trecho que escolheu para marcar sua caminhada vocacional.

“Se a gente tem essa oportunidade de comungar e participar da família, com os paroquianos e a comunidade de modo geral, isso traz um apoio e uma segurança muito grande para todos aqueles que procuram a gente. Porque quando alguém procura é porque precisa. E a gente precisa ter força, apoio e segurança para atender. A pessoa nunca procura o outro por diversão e sim por um objetivo. E essa finalidade implica uma riqueza muito grande de doação. A pessoa vai ao encontro do outro para comungar com ele a realidade da vida”, sustentou.

Histórias e causos

Vez ou outra, Pe. Nilson interrompia um assunto para uma história cômica ou que o fazia emocionar. Os que o conhecem sabe que ele gosta de uma boa piada. Tem destreza para contar. Por vezes, evangeliza com elas. Hoje, com os 82 anos de vida, tem um acervo de vivências invejável.

Um contador de histórias e causos, Pe. Nilson sorri a cada episódio que relembra

“Eu saí um dia para celebrar um casamento no Ouro Fino (comunidade rural pertencente à Morro do Ferro), que estava marcado para duas da tarde. Ele foi se realizar oito dias depois”. O motivo foi uma forte chuva que o fez ficar preso na estrada de terra. E ele diz conhecer como poucos os caminhos que cortam as cidades que compreendem a Diocese. Em outro momento, contou ter celebrado em Carmo da Mata, Oliveira, Bom Sucesso, Mercês de Água Limpa e São Tiago em um mesmo dia.

Dos amigos que conservou, ele faz questão de destacar um homem que muito o marcou em sua passagem por Santo Antônio do Amparo: Orlando Vargas. O fiel o acompanhava a muitas celebrações, especialmente as que se realizavam aos domingos de manhã. “Depois da missa ele vinha comigo para tomar café na casa paroquial. Adorava andar de carro”, lembrou sorrindo. Pe. Nilson disse que Orlando era alguém que tinha muito a oferecer. “Ele sempre chegava uma hora antes da missa começar e assentava-se no mesmo lugar. Era uma excelente pessoa”, recordou saudoso do amigo peculiar já falecido.

O compromisso com os pobres não foi uma ação vista somente no Alto São Sebastião. Nos 11 anos em que permaneceu em Santo Antônio do Amparo acabou tocado pela espiritualidade franciscana que o padroeiro também viveu. E isso o levou a olhar para o bairro São Judas Tadeu, uma das regiões mais carentes do município. Ali construiu uma igreja voltada ao patrono do bairro. No local funcionou um projeto social, além de levar a vivência da fé em comunidade. O engenheiro responsável o questionou se aquele templo não ficaria melhor em um lugar mais central. Ao lembrar-se do caso, Pe. Nilson bateu na mesa várias vezes recordando sua resposta convicta: “quero uma igreja boa para gente pobre ter alegria e uma coisa boa para apresentar!”.

Hoje, encantado com o exemplo dado pelo Papa Francisco, descrito como “uma benção para a nossa época”, Pe. Nilson destaca a linguagem simples do pontífice e o modo como dialoga com o povo. Ao falar do papa, o sacerdote rapidamente se lembrou de um episódio que o emociona até hoje. Foi o encontro com São João Paulo II, em Brasília, no ano de 1980. “Eu conheci um santo de carne e osso. Ele estava celebrando e eu estava na primeira fila de frente ao primeiro degrau. Se eu estendesse a mão, apertava a mão dele. Um santo homem. Uma maravilha”, lembrou erguendo as mãos como quem quer agradecer.

O sorriso, aliás, o acompanha em todas as histórias salteadas por uma trajetória rica de detalhes, rostos e sonhos. O padre que batizou outros três sacerdotes, incluindo seu sobrinho, Pe. Wellington Mendes, e o pároco da Paróquia do Senhor Bom Jesus, de Campo Belo, Pe. Sebastião Lino, além de um outro presbítero que vive em Taubaté, sabe que muitos seguem seu exemplo. E ele acredita que mostrar o quanto é feliz no ministério pode arrastar ainda mais gente para discernir, assumir e viver com radicalidade a vocação. Coisa que ele continua fazendo no auge da idade, mas com a jovialidade de prosear que sempre o identificou.

Palavras de um discípulo paulino

São Paulo é, para a Igreja, um dos nomes mais importantes e respeitados pela sua doação no anúncio do Evangelho. As epístolas ou cartas apostólicas compõem grande parte do segundo testamento. Foi na figura deste santo e mártir que Pe. Nilson dos Reis Mendes encontrou uma figura de grande devoção e base de sua catequese.

“Eu sempre recorro a São Paulo em minhas pregações”, enfatizou. E foi da carta aos Colossenses que extraiu a inspiração de toda sua vida: “Tudo para todos” (Cl 3,11). Doou-se, porque acreditou que é na força da fé em Deus que viveria aquilo que acredita. Por isso nunca disse não ao serviço. Talvez, como São Paulo que, ao converter-se, não cessou em seguir a vocação até o martírio.

Pe. Nilson tem a serenidade de um apóstolo convicto do caminho que fez. Continua sorrindo e exalando amorosidade para com as pessoas. É um misto de quem está feliz na missão que cumpre, mas que também sabe que fez a vontade Daquele a quem serve. É como um craque de futebol aposentado orgulhoso dos muitos gols que fez. A maioria fora das quatro linhas, é verdade. Mas o paralelo com o esporte também faz sentido: o padre foi um ponta esquerda goleador.

Nas cartas paulinas Pe. Nilson encontrou a inspiração da mensagem que transmite incansável.

Preferiu as estradas da vida de missionário aos gramados. Mas também jogou, divertiu-se e até contrariou outros colegas. Um dia, quando jogou em São Francisco de Paula, contou ter feito os dois tentos da vitória do time que defendia. Foi criticado na igreja. Lembrou-se sorrindo. Sabia que era uma incompreensão pequena para aquela época. Do jogo ele jamais se esqueceu.

Como um apóstolo paulino sabe que a coroa dos justos nem sempre é a glória de um campeão dos campos. E ele é feliz assim, como demonstrou em todo o tempo de conversa livre, agradável e memorial. Aliás, da mente de um padre de 82 anos emergiam datas certeiras sem nenhum auxílio de anotação. Está tudo ali gravado num olhar oceânico, que remexia um baú de vivas lembranças.

Nilson dos Reis Mendes é, sobretudo, um contador de histórias. Ele que fez de sua vida tudo para e por todos e todas que passaram e passam pelo seu caminho. Ali, no Alto São Sebastião, onde conserva a vida simples e doce, caminha com uma sabedoria altiva. Não tem medo e nem parece abater-se com tristezas. Tudo leva a crer que ele assimilou de modo profundo a frase que tomou quase como um bordão: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8, 31).


sexta-feira, 17 de maio de 2019

O brilhante discurso de São Pio X, proferido por ocasião da beatificação de Joana D'Arc retrata bem de forma profética a situação vivida pela França e o mundo hoje



O brilhante discurso de São Pio X, proferido por ocasião da beatificação de Joana D'Arc, João Euclides Francisco Capillas, João Teófano Vénard e companheiros, (1908-1909), retrata bem de forma profética a situação vivida pela França e o mundo hoje.

A França que era tida com uma nação católica, detentora dos costumes e tradição cristãs vive hoje seu caus espiritual onde o ateísmo, a falta de fé de muitos católicos  tem provocado uma grande chaga para a Igreja.
Não é mera coincidência as profecias de Nossa Senhora em La Salete sobre a queda e a ruína da França combinarem com tantas mortes, perseguições, incêndios nas igrejas e tantas outras catástrofes que a assolam. 
Ao mesmo tempo nos convida a olhar para a situação quem que a Igreja Católica vive de modo geral onde as diversas crises a enfraquecem. 
Se de um lado temos um Papa aberto às mudanças, convida-nos ao desapego, à busca de uma fé mais sólida, enobrecendo valores poucos praticados por aqueles que se julgam os "donos da verdade", temos aqueles que se escondem debaixo de um conservadorismo fajuto porque não admitem perder o poder material para a caridade.
A Igreja corre o risco de já viver um novo cisma, pois, está se dividindo como se fosse uma república entre liberais e conservadores.
Muitos já não se importam em levar o verdadeiro Evangelho, nem de dar seu verdadeiro testemunho. Padres cardeais, bispos, arcebispos ligados aos ideais comunistas. 
Podridão, crimes, lixo e perversidade espiritual, apostasia... Igrejas cheias de ritos estranhos e de uma falsa tradição.

Tudo isto tem contribuído de tal maneira para espalhar a sinzânia de satanás dentro da Igreja.  
Santa Joana D'Arc que foi morta em defesa de uma Igreja mais santa, já alertava sobre os perigos que essa mesma Igreja enfrentaria. Por não ser fiel a França sucumbiria.  

São Pio X nos convida a sermos verdadeiros soldados de Cristo. A não se deixar vencer. Lutar por uma Igreja mais santa e liberta de toda corrupção.
Que tomando o exemplo dos santos, como Joana D'Arc possamos ser corajosos na arte de amar e servir ao Senhor.
A França, o Brasil e o mundo precisa voltar-se de novo para Deus. Somente uma nação verdadeiramente consagrada ao Senhor pode ser feliz e prosperar.

Quando no A.T. José filho de Jacó, previu para o Faraó que o Egito passaria por uma seca de 7 anos, e, tendo o Faraó nomeado José (que era justo perante o Senhor) para cuidar daquele povo, Deus abençoou de tal maneira aquele servo que o Egito teve grande prosperidade e não houve fome naquela região.

Quando se é temente ao Senhor, quando se pratica a Justiça, quando a Igreja se une nenhum mal pode vir a afligir.   
São Pio X assim escreveu:

Agradeço a vosso generoso coração, Venerável Irmão, o desejo de ver-me trabalhar na vinha do Senhor sempre à luz do sol, sem nuvens e tempestades. Entretanto, devemos ambos adorar as disposições da Divina Providência que, depois de aqui estabelecer a Igreja, permite que ela encontre seu caminho obstáculos de todo gênero e resistências formidáveis".

"A razão disso é evidente: a Igreja é militante e, portanto, está em contínua luta. Esta luta faz do mundo um campo de batalha e de cada cristão um valoroso soldado a combater sob o estandarte da Cruz.
Iniciada com a vida de nosso Santo Redentor, essa luta não terminará senão no fim dos tempos. Devemos, pois, proceder todos os dias valentes de Judá ao retornar do cativeiro: com uma das mãos rechaçar os inimigos e com a outra reconstruir as muralhas do Templo sagrado, isto é, trabalhar na própria santificação.
Confirma-nos nesta verdade a vida dos heróis, cujos decretos acabamos de publicar. Chegam a eles à glória não só através de negras nuvens e passageiras borrascas, mas também de contínuas contradições e ásperas provas, até darem pela Fé o sangue e a vida.

Não posso negar, entretanto, ser grande minha alegria neste momento, porque, ao glorificar tão numerosos santos, Deus manifesta sua misericórdia em tempo de tanta incredulidade e indiferença religiosa.
No meio do enfraquecimento geral dos caracteres, são apresentadas a nós, como modelos a imitar, almas generosas que deram suas vidas para confirmar a fé. 

Alegro-me porque vivemos numa época na qual muitos sentem vergonha de se dizerem católicos, e muitos outros põem no pelourinho Deus, a Fé, a Revelação, o culto e seus ministros, enchendo seus discursos de sarcástica impiedade. Tudo negam e tudo revertem em escárnio e irrisão, sem respeitar sequer o santuário da consciência.
Impossível é, porém, que diante destas manifestações do sobrenatural, por maior que seja a sua vontade de fechar os olhos diante do sol que os ilumina, um raio divino não penetre neles e, ainda que pela via do remorso, os faça retornar para fé. 

Alegro-me porque a bravura desses heróis há de reanimar e fortificar na fé os timoratos e lânguidos corações, amedrontados na hora de pôr em prática as doutrinas e as crenças cristãs. 

A coragem, co efeito só tem razão de ser quando apoia numa  convicção. Sem a luz da inteligência, a vontade é uma potência cega. Não é possível caminhar com paso firme em meio às trevas. 
Se a geração atual tem todas as vacilações do home que avança às apalpadelas, é sinal evidente que ela não toma em consideração a palavra de Deus: "Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho" - Sl.118, 105.

Haverá coragem quando a fé estiver viva nos corações, quando  praticarem todos os preceitos por ela impostos, pois a fé sem obras é tão impossível quanto o sol sem luz nem calor.
Os mártires testemunham esta verdade. Não se deve julgar que o martírio é um ato de simples entusiasmo consistente em deixar-se decapitar para subir diretamente ao Paraíso. O Martírio pressupõe o longo e árduo exercício das virtudes, uma onímoda e imaculada limpeza.  

Falemos daquela que vos é mais conhecida, a Donzela de Orleáns, (assim era chamada Joana D'Arc): tanto em sua humilde terra natal quanto em meio à licenciosidade das tropas, ela conservou pura como os anjos.  
Briosa como um leão, mostrava-se cheia de piedade para com os pobres e desafortunados. Simples como um criança na paz dos campos e no tumulto da guerra, se manteve  sempre recolhida em Deus e ardente no amor à Virgem Maria e à Sagrada Eucaristia como um querubim, coforme bem o dissestes, Venerável Irmão. Chamada pelo Senhor a defender sua pátria, respondeu à sua vocação para uma empresa que todos, sobretudo ela, julgavam impossível; mas o que para os homens é impossível, sempre é possível com o auxílio de Deus.

Não exageremos, portanto, as dificuldades para pôr em prática o que a fé nos prescreve a fim de cumprir nossos deveres e exercitarmos o frutuoso apostolado do exemplo que o Senhor esperar de todos nós: "Impôs a cada um deveres para com o próximo". Eclo17, 12

As dificuldades provêm de quem nelas acredita e as exagera, de quem confia em si mesmo e não no socorro do Céu, de quem covardemente, intimado pelas risadas e chacotas do mundo. De onde se deve concluir que, hoje mais do que nunca, a força dos maus consiste na covardia e na moleza dos bons, e de todo vigor do reino de satanás reside na fraqueza dos cristãos.

Ah! se fosse permitido co o fez o espírito de Zacarias perguntar ao Senhor: "Que ferimentos são esses em suas mãos?", a resposta seria indubitavelmente: "Foram-me afligidos na casa queles que me amavam".  - Zac 13, 6 - Ou seja, por meus inimigos que nada fizeram para me defender e que, pelo contrário, tornaram-se cúmplices de meus adversários, E deste reproche, merecido pelos cristãos pusilânimes e medrosos de todos os países, muitos cristãos da França não podem escapar.   

Assim, Venerável Irmão, ao regressar dizei a vossos compatriotas que, se amam a França, devem a amar a Deus, amar a Fé e a Igreja, a qual é para todos eles terníssima mãe, como foi para vossos pais. Dizei-lhes que tem em grande consideração os testamentos de São Remígio, de Carlos Magno e de São Luís, testamentos que se resumem nas palavras tantas vezes repetidas pela heroína de Orléans: "Viva Cristo, o Rei dos francos!"

Somente a este título a França é grande entre as nações; sob esta cláusula Deus a protegerá e a fará livre e  gloriosa; sob esta condição  poder-se-á aplicar-lhe o que de Israel se diz nos Livro Santos: "Ninguém jamais pôde insultar esse povo, a não ser quando ele se afastou do culto do Senhor,l seu Deus". - Jt 5, 17           
         

          

UMA FALSA IGREJA CATÓLICA DENTRO DA VERDADEIRA IGREJA CATÓLICA? - A CRISE NA IGREJA CATÓLICA

  O assunto que vamos abordar hoje é muito sério. Existe uma falsa uma falsa Igreja Católica dentro da Igreja Católica verdadeira? Podemos...