quarta-feira, 21 de agosto de 2019

BISPO FAZ GRAVE DENÚNCIA SOBRE O DOCUMENTO DO SÍNODO DA AMAZÔNIA E DIZ QUE A AMAZÔNIA NÃO É MAIS CATÓLICA





Essa matéria foi tirada do site Acidigital.com onde o mesmo diz que D. José Luis Azcona, Bispo emérito da Prelazia do Marajó, na região amazônica, publicou algumas considerações em relação ao Instrumentum Laboris do Sínodo Da Amazônia que acontecerá em Outubro de 2019, no Vaticano. O bispo faz sérias acusações na qual ele fala que o objetivo do Sínodo está sendo distorcido.
Em sua Análise, oferecida do ACI, Dom Azcona questionou pontos centrais do documento de trabalho, como uma "visão distorcida" em relação ao chamado "rosto amazônico" e a "interculturalidade" e ordenação de homens casados. 


Sínodo: Rosto amazônico?

Segundo o prelado, "a Amazônia, ao menos a brasileira, não é mais católica" e "este ponto de partida é crucial para celebração do Sínodo. Se a Amazônia tem uma maioria pentecostal, é necessário tratar esse fenômeno a fundo.
Qualquer saudosismo de uma Amazônia que não existe mais é fatal para a evangelização integral da mesma. Até em algumas regiões da Amazônia a maioria pentecostal chega a 80%".
Por outra parte, assinalou, "a penetração pentecostal em várias etnias indígenas passando por cima das culturas, identidades étnicas, povos indígenas, em nome do Evangelho, é um fenômeno grave da Amazônia atual, que com suas conotações fundamentalistas e proselitistas incide profundamente nos povos indígenas. Não existe sobre este ponto uma palavra do IL (Instrumento de trabalho). Este é hoje o rosto amazônico. Não só".
Dom Azcona indicou ainda que "a longa experiência de anos confirma em muitas Dioceses amazônicas não se vive a fé, nem na sociedade e nem na história. O abismo entre confissão de fé, celebração da mesma em belíssimas liturgias e a realidade social, ambiental, cultural e política até agora não foi preenchido".
Além disso, observou que "lamentavelmente, o IL não sabe, ou sabendo não compreende, a transcendência para o presente e para o futuro da Amazônia, o rosto angustiado, revitimizado, denegrido das crianças pelos próprios pais e parentes, submetidas a uma escravidão que forma parte essencial do rosto abandonado e destruído de Jesus na Amazônia".
"Todo este documento é palha se não se  compreende e se compromete com o espírito e a letra do Evangelho: 'Aquele que acolhe uma criança como esta, a Mim acolhe e quem acolhe a Mim, acolhe ao meu Pai que me enviou'. (Mc9. 37)".
Nesse sentido, "somente no Pará em um ano foram 25.000 denúncias de crimes deste tipo (Ndr.: Pedofilia). Segundo especialistas nesta área, por cada caso de pedofilia existe por trás mais outros quatro. Se aproximadamente durante um ano houve 100.000 crianças abusadas no Pará, não constitui este rosto das crianças destruídas, uma parte essencial do rosto amazônico?"
"Onde está a sensibilidade patoral por parte dos responsáveis pela IL tão evidente e tão firmemente expressa pelo Santo Padre o Papa Francisco?" Questionou  e acrescentou: "Onde está a defesa da Amazônia, das suas crianças e, portanto, no Sínodo? Vamos sair das falsas projeções sobre a Amazônia e vamos possibilitar de uma vez por todas os novos caminhos para ela".
"Qual é o rosto amazônico? Pode-se construir um Sínodo desta envergadura no próximo outubro com apresentação tão fora do real, da identidade, do respeito ao diferente, quando esquemas pré-estabelecidos de interpretação da realidade deformam o real?"

Sínodo: Culturas, Interculturalidade?

Outro ponto abordado pelo Bispo Emérito do Marajó foram "as temáticas em torno da inculturação do Evangelho na Amazônia e afins", os quais segundo ele, "são apresentadas num contexto de imanência, neo-pelagianismo, nivelando o Evangelho com as culturas amazônicas (indígenas), eclesiologicamente desprovidas de fundamentação teológica e pastoral, com a anulação do Evangelho da Salvação.
Assim cita o decreto Ad Gentes, o qual afirma que "as palavras do Evangelho proclamado pela Igreja decidem o destino das pessoas, dos povos, culturas e nações (Cf. AG 8)". "Em parte nenhuma do IL afirma-se algo semelhante de modo explícito. Pelo contrário, a tendência niveladora entre culturas (indígenas) e Evangelho é esmagadora. Este é um ponto de partida do qual não se  pode prescindir num Sínodo".
Desse modo, recordou, que isso "é o que com vigor proclama o Papa Francisco" no título da mensagem para o próximo dia Mundial das Missões datado em 9 de junho de 2019: "A Missão supera confins das pertenças étnicas e religiosas".
"O esquecimento deste princípio fundamental inutiliza o Sínodo, ao anular o poder de Deus específico e único do Evangelho e, assim como todo dinamismo missionário na Amazônia e desde a Amazônia", disse.
Além disso, Dom Azcona assinalou que, "em parte nenhuma do IL se fala da presença dos demônios ou da influência deles, das suas malícias nas pessoas, nos povos e nas culturas, assim como da vitória de Cristo, sua libertação e a destruição do poder do Maligno.
O IL esquece as luminosas e orientadoras páginas que falam do Maligno e da sua presença na história, que dedica o Papa Francisco na Exortação apostólica do ano passado sobre a santidade, Gaudete et Exultate, números 158-164".
Assim, sublinhou, "o pelagianismo difuso do IL, que leva a atribuir ao homem amazônico, às suas etnias e culturas mais do que lhe pertence por serem realidades criadas e marcadas pelo pecado, se supera com robusta doutrina conciliar sobre Evangelho e missão da Igreja no poder do Ressuscitado como aparece no Lumem Gentium 16".
Por último, a utopia de dar vida às religiões pré-colombianas separando-se de Cristo e da Igreja Universal, não seria um progresso, mas uma regressão", declarou citando o discurso do Papa Bento XVI na Conferência de Aparecida, em 2007, quando afirmou que, "na realidade seria uma involução para um momento histórico ancorado no passado".  

Sínodo: Conversão ecológica?

Ao abordar a questão da conversão ecológica, o Bispo Emérito do Marajó, defendeu "a necessidade de arrependimento para o perdão dos pecados é o desafio fundamental que a Igreja tem que enfrentar na Amazônia. Sem esta prioridade absoluta o ser e fazer da Igreja, não existe futuro para a Amazônia  porque assim esquecemos a presença do reino de Deus (Mc1, 15) no mundo (Lc 24, 44-48)".
"Ao faltar o arrependimento que 'faz existir  o que não existe' pela geração do homem novo amazônico (Cf. At2, 38), O IL não experimenta a fome, a sede pelo Espírito Santo".
DE acordo com o Prelado, "o IL ao esquecer o Novo Pentecostes preconizado já pelo Papa S. João XXIII na oração preparatória do Concílio, deixa de lado o núcleo da missão na Amazônia como terras e águas de missão? Ou trata-se da dimensão missionária que, como Igreja na Amazônia, é chamada e enviada ao mundo?”
“Deixemo-nos levar pelo magistério inspirado pelo Papa Francisco na EG" (Evagelii Gaudium)”.
"Porque no IL não se grita esta verdade, a única que pode salvar a Amazônia?",  questionou acrescentando que "o que aqui propõe d Santo Padre é evangelização e, portanto, uma Amazônia muito diferente de um conjunto de tarefas vividas, de projetos, de planos de pastoral e inculturação, de ecologia".

Assim, frisou que "de nada vai servir a ordenação dos 'viri probati' , pois, é colocar um retalho de pano novo em tecido velho. O rasgão será maior! Exatamente!"
Por outro lado, observou, "o clero da Amazônia precisa, com a Igreja toda, de arrependimento da conversão, da fé que salva em sentido estrito. A experiência oferece essa evidência . O sentido do mistério sacerdotal, e especificamente na Amazônia, se tem perdido, ou é inoperante na vida, ou na conversão pastoral autêntica  de presbíteros. Para que ordenar os 'Viri probati' dentro de presbíteros em crise?
"Perfeita e perpétua continência pelo reino dos Céus continuará sendo ao mesmo tempo e também na Amazônia sinal de estímulo e caridade pastoral e fonte original de fecundidade espiritual no mundo  e também na Amazônia".                                                        
Por isso, “podemos perguntar: Existe esta atitude de oração pelo dom do celibato nos presbíteros da Amazônia? A Igreja toda reza para que este sublime dom seja derramado em todo o Corpo de Cristo? Os fatos respondem: ‘Não’!”.
“Por outra parte, e principalmente, decidir sobre esta questão é algo completamente inoportuno num contexto em que tendências atuais de grandes grupos de católicos, assim chamados conservadores, questionam o Magistério da Igreja, em concreto do próprio Sumo Pontífice. Alguns o declaram herético publicamente, exigindo demissão imediata. Outros exigem sua renúncia por falta de coerência na questão de pedofilia na Igreja! Não entramos na discussão da legitimidade destes questionamentos. O que é certo é que uma resposta afirmativa abriria para um risco mortal de uma divisão, de um verdadeiro cisma na Igreja”.
Dessa forma, destacou que “não se trata da vitória dos assim chamados ‘conservadores’ ou ‘progressistas’. Trata-se do máximo na Igreja: da caridade. Diante da caridade, deve empalidecer qualquer conceito ou denominação de tipo sociológico”.

Sínodo: Ordenação sacerdotal de pessoas idosas

Por fim, Dom José Luis Azcona falou especificamente sobre a ordenação sacerdotal de pessoas idosas. O Prelado afirmou que, “reconhecendo que a venerável instituição do celibato sacerdotal pertence à área disciplinar da Igreja e, portanto, sujeita a mudanças, considero inconveniente, até perigoso neste momento para a unidade eclesial, abrir a possibilidade que pede o IL”.
“Não se trata de uma problemática exclusivamente de pastoral indígena. É uma situação de penúria generalizada de presbíteros na Igreja. As mesmas razões que podem ser invocadas para este reconhecimento pedido pelo IL são as mesmas que podem ser aplicadas a toda a Igreja, ou a grande parte da mesma”.
Segundo o Bispo, “o problema não é só a falta de sacerdotes suficientes, senão o exame, discernimento desta carência grave para uma solução realista. A raiz fundamental desta penúria de vocações na Igreja e também na Amazônia, incluindo os povos indígenas evangelizados, é de uma alarmante falta de fé ou da ausência de fé que opera na prática por meio do amor, também e necessariamente na história e na sociedade”.
Assim, explicou, “apesar de ser uma questão disciplinar, esta se converte em imperativo ético a partir do indicativo absoluto: Cristo morreu pelo irmão não esclarecido; tua liberdade não é algo absoluto; é contra Cristo que vocês pecam ferindo a consciência do irmão; o único absoluto é o amor; esse amor é o de Deus derramado nos corações pelo Espírito Santo (Rom 5,5)”.
Então, perguntou: “É esse o amor da Igreja na Amazônia? É esse o amor de Deus que impregna suficientemente os critérios de pastoral, os eclesiais, a práxis como a realidade suprema ou é a gnosis ou o Pelágio que comanda a barca da Igreja na Amazônia? (Cfr. Gaudete Exsultate, Francisco 2018)”.
“Esse perigo de cisma não é imaginário! Tampouco na Amazônia!”, concluiu Dom Azcona.

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O SÍNODO DA AMAZÔNIA nada mais é que  a Igreja Católica se intrometendo em assuntos do Governo. É por isso que o General Heleno das Forças Armadas Brasileira via no início do ano, com  preocupação a interferência ilegal na Igreja no Estado Brasileiro.
Segundo denuncia de uma parte dos Cardeais da Igreja e que defende uma ala mais conservadora e defende a conservação da Fé e da tradição ao longo dos mais de 2000 anos na história da Igreja; esse Sínodo visa introduzir na Igreja muitas heresias, tendo em vista a ordenação de padres casados e de mulheres ao diaconato (ou diaconisas).
Existe um lado podre da Igreja onde bispos e cardeais defendem muitas heresias; esses bispos aliados ao comunismo e à teologia da libertação querem de toda forma introduzir seus erros e aberrações das mais variadas na liturgia da Igreja.

Mais uma vez provamos as palavras do Pe. Gabriele Amorth, exorcista  do Vaticano em que o mesmo afirmava que "satanás habita no Vaticano". Sim. Satanás tenta de todas as formas derrubar a Igreja de Cristo, pois, enquanto ela existir a batalha continua e ele sempre será derrotado. O importante é confiar nas palavras que Jesus disse à Pedro em Mt16, "e as portas do inferno não poderão sobre ela".
Nesses últimos tempos nós estamos vendo a enxurrada de coisas erradas acontecendo dentro da Igreja. Desde liturgias bizarras feitas com músicas mundanas até escolas de samba dentro dos templos.
Nossa Senhora já havia avisado que isso aconteceria e que haveria uma rachadura na Igreja onde bispos ficariam contra bispos.
Tudo isso não é de se espantar, não causa estranheza para quem lê a Sagrada Escritura. Os Apóstolos já advertiam em suas cartas sobre essas pessoas que iriam corromper uma grande parte da Igreja.
Os escândalos de pedofilia e tantas outras coisas; agora, esse Sínodo que não tem nenhum compromisso com a fé e a evangelização, traz dentre outras coisas trazer de volta um falsa inculturação onde elementos pagãos serão introduzidos dentro das liturgias.
Outro fato é que conforme lemos acima a Igreja não conseguiu cem por cento converter os indígenas e perdeu terreno para as seitas pentecostais. As igrejas estão vazias e as pessoas já não participam assiduamente com consciência dos sacramentos. Há uma carência de sacerdotes e missionários na Amazônia.

Essa ala podre da Igreja não está preocupada com a conversão e a evangelização da população da Amazônia e dos povos indígenas. Eles estão preocupados com a perda financeira e de terreno para os pentecostais que de muito introduziram na Amazônia e a Igreja está sem respostas a dar no sentido de trazer de volta essas pessoas, não ao caráter e com o propósito verdadeiro, mas com outros objetivos.
Como bem disse D. Azconza esse Sínodo não está levando em conta a situação de risco fome e pobreza, os abusos sofridos pelas crianças e a imensa devastação da Amazônia onde as tribos estão tendo suas terras dizimadas.
Já havia uma ala de cardeais heréticos que estavam tentando acabar com o celibato na Igreja e a ordenação de mulheres. Só não o fizeram porque a Igreja tem muito medo da opinião pública, pois, temem perder dinheiro com isso.

Inventaram as "ministras extraordinárias da comunhão" - (não há nenhum respaldo bíblico para tal) - mas, de certa forma abriu uma "certa" liberdade às mulheres que agora podem até manipular a Eucaristia e celebrar o culto.

Agora, descaradamente querem ordenar homens casados e mulheres ao sacerdócio na Amazônia com a desculpa de que há escassez de homens vocacionados.
Com isso abre-se a brecha para que o celibato acabe de vez na Igreja, rachando a mesma em duas partes ela deixará de ser católica na prática e só no nome.
Os bispos alemães disseram que se isso acontecer vão exigir do papa que os padres da Alemanha se casem.                      

O Cardeal alemão Gerhard Müller , o qual foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé entre 2012 e 2017, apresentou uma série de objeções ao Instrumentum Laboris do Sínodo da Amazônia, publicado no dia 17 de junho, que acontecerá em Roma, em outubro de 2019 no qual acusou o instrumento de trabalho do Sínodo de heresia e apostasia. Tendo estudado a fundo o assunto do instrumento ele chegou a seguinte conclusão:  

Nós católicos devemos conhecer sobre o assunto e manifestar nossas opiniões pois, a tragédia está para acontecer em breve. O Sínodo será em Outubro de 2019. E rezarmos para que o Espírito Santo mude o pensamento desses heréticos. E travarmos uma batalha contra o mal que está introduzido dentro da Igreja de Cristo.   

O Cardeal Müller explica que o texto do Instrumentum Laboris possui “algumas tediosas redundâncias “e que “se todas as repetições fossem eliminadas, o texto seria facilmente reduzido pela metade, inclusive menos”.
Entretanto, na opinião do Cardeal Müller, o problema não é tanto a excessiva extensão do texto, “mas o fato de que o significado dos termos-chave não são explicados e são utilizados de maneira inflada”.

Em concreto, cita conceitos pouco explicados como “caminho sinodal”, “desenvolvimento integral”, “Igreja samaritana, sinodal e aberta” ou “uma Igreja de abertura, a Igreja dos pobres, a Igreja da Amazônia”.

Em segundo lugar, assegura que “a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica”. No Instrumentum Laboris, “toda a linha de pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João Paulo II e Bento XVI”.

“Talvez o desejo era mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser possível evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes referências a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os autores chamam, de maneira bastante incompetente de: «o mantra de Francisco»”.

O Cardeal destaca também que os autores do Instrumentum Laboris confundem “os papéis do Magistério por um lado, e da Sagrada Escritura pelo outro” e, inclusive, indica que o documento “chega ao ponto de afirmar que há novas fontes da Revelação”.

Diante disto, sublinha que “a Sagrada Escritura e a Tradição são as únicas fontes da Revelação”.

O Cardeal Müller se mostra também crítico ao método de trabalho da organização “Rede Eclesial Pan-Amazônica”, que foi praticamente criada para elaborar o Instrumentum Laboris e que “é uma sociedade fechada de pessoas com o mesmo ponto de vista sobre o mundo, tal como se pode observar facilmente na lista de nomes dos encontros pré-sinodais que tiveram lugar em Washington e Roma, que contém um número desproporcional de europeus de língua alemã”.

Nesse sentido, chamou a atenção sobre o fato de que, no documento, os autores, identificados com a chamada “Theologia India (Teologia indígena)”, “citam primordialmente a si mesmos”.

A imunidade deste grupo às objeções levantadas com seriedade, seu doutrinarismo, dogmatismo monolítico, ritualismo e clericalismo também são objetos da crítica do ex-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Ele assegura que muitos deles carecem de experiência em América do Sul e, se lhes foi confiada esta tarefa, é porque “acreditam que os temas estão alinhados com a estratégia oficial e podem servir para controlar os temas do atual caminho sinodal que empreenderam a Conferência Episcopal alemã e o Comitê Central dos católicos alemães” em temas como a abolição do celibato, o acesso das mulheres ao sacerdócio ou a adoção da moral sexual revelada à ideologia de gênero.

Na reflexão do Cardeal Müller, adverte-se também sobre os perigos do conceito de “cosmovisão” presente no Instrumentum Laboris: “Uma cosmovisão com seus mitos e a magia ritual da Mãe ‘Natureza’, ou de seus sacrifícios aos ‘deuses’ e espíritos que assustam nosso intelecto, ou que nos tentam com falsas promessas, não podem de forma alguma ser um enfoque adequado para a vinda do Deus Trino em Sua Palavra e em Seu Espírito Santo”.



O Cardeal pede maior seriedade aos responsáveis pelo Instrumentum Laboris e pergunta: “Acaso na formação dos futuros pastores e teólogos deve-se substituir o conhecimento da filosofia clássica e moderna, dos Padres da Igreja, da teologia moderna e dos concílios pela cosmovisão amazônica e a sabedoria dos antepassados com seus mitos e rituais?”.

“A contemplação do cosmos é apenas a ocasião para glorificar Deus e seu maravilhoso trabalho na natureza e na história. O cosmos, entretanto, não deve ser adorado como Deus; só o Criador deve sê-lo”, enfatiza o Cardeal.

Do mesmo modo, rechaça conceitos como “teologia indígena” ou “ecoteologia”: “são uma derivação do romanticismo social”.

“A teologia é a compreensão (intellectus fidei) da Revelação de Deus em Sua Palavra na Profissão de Fé da Igreja, e não uma nova e contínua mistura de sentimentos do mundo e de pontos de vista do mundo ou de constelações religiosas-morais do sentimento cósmico tudo-em-um, a mistura dos sentimentos do próprio eu com os do mundo”. 


Pelo contrário, “nosso mundo natural é a criação de um Deus Pessoal. A fé no sentido cristão é, portanto, o reconhecimento de Deus em Sua Palavra Eterna que se fez Carne: é a iluminação do Espírito Santo para que reconheçamos a Deus em Cristo”.


O Cardeal Müller finaliza sua análise do Instrumentum Laboris assinalando que o que falta no documento “é um testemunho claro da autocomunicação de Deus no verbum incarnatum, da sacramentalidade da Igreja, dos Sacramentos como meio objetivo da Graça em lugar de meros símbolos autorreferenciais, do caráter sobrenatural da Graça”.

“A integridade do homem não consiste só na unidade com uma bio-natureza, mas na Filiação Divina e na comunhão plena de graça com a Santíssima Trindade, de modo que a vida eterna é o prêmio pela conversão a Deus, a reconciliação com Ele, e não somente aquela com o meio ambiente e com nosso mundo compartilhado”.

O Cardeal conclui: “Em vez de apresentar uma aproximação ambígua a uma vaga religiosidade e à tentativa inútil de transformar o cristianismo em uma ciência de salvação, sacralizando o cosmos, a biodiversidade da natureza e a ecologia, deve-se olhar para o centro e a origem da nossa fé”.

A seguir, apresentamos o texto completo da análise do Cardeal Müller:

«De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado: Jesus Cristo» (1 Cor 3, 11)

Sobre o conceito de Revelação presente no Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia
Cardeal Gerhard Müller
1. Sobre o método do Instrumentum Laboris (IL)

Ninguém põe em questão a boa vontade daqueles que estão implicados na preparação e implementação do sínodo e sua intenção de fazer todo o possível para animar a fé católica entre os habitantes desta ampla região de fascinante paisagem.

A região amazônica representa para a Igreja e para o mundo «um pars pro toto, um paradigma, uma esperança para o mundo» (IL 37). Esta atribuição por si só, já demonstra a idéia de um desenvolvimento «integral» de todos os homens na única casa que é a Terra, da qual a Igreja se declara ser responsável. Esta idéia a encontramos uma e outra vez no Instrumentum Laboris (IL). O próprio texto está dividido em três partes: 1) A voz da Amazônia; 2) Ecologia integral: o clamor da terra e dos pobres; 3) Igreja profética na Amazônia: desafios e esperanças. Estas três partes estão construídas segundo o esquema também utilizado pela Teologia da Libertação: ver a situação – julgar à luz dos Evangelhos – atuar para estabelecer melhores condições de vida.

2. Ambivalência na definição dos termos e os objetivos

Como sucede frequentemente com textos escritos por um grupo de trabalho, sempre há equipes de pessoas que têm um modo de pensar similar, nos quais cada um trabalha uma parte do texto o que resulta em algumas tediosas redundâncias. Se todas as repetições fossem eliminadas, o texto seria facilmente reduzido pela metade, inclusive menos.

Entretanto, o problema principal não é a excessiva extensão do texto, mas o fato de que o significado dos termos-chave não são explicados e são utilizados de maneira inflada: o que é um caminho sinodal, o que é desenvolvimento integral, o que significa uma Igreja samaritana, sinodal e aberta, ou uma Igreja de abertura, a Igreja dos pobres, a Igreja da Amazônia, etc.? Esta Igreja é diferente do Povo de Deus, ou deve ser considerada meramente como a hierarquia do Papa e os bispos? Sendo uma parte, Ela está a favor ou contra o povo? O Povo de Deus é um termo sociológico ou teológico? Ou não se trata, na verdade, da comunidade dos fiéis que, junto a seus pastores, estão em peregrinação para a vida eterna? São os bispos os que devem ouvir o clamor do povo, ou é Deus, tal como fez com Moisés durante a escravidão de Israel no Egito, quem diz agora aos sucessores dos apóstolos que levem os fiéis para longe do pecado e da maldade do naturalismo e do imanentismo secular para a Palavra de Deus e os Sacramentos da Igreja?

3. Hermenêutica ao contrário

Acaso a Igreja de Cristo foi entregue por seu Fundador, como uma espécie de material bruto, às mãos dos bispos e dos papas para que estes assim, iluminados pelo Espírito Santo, reconstruam-na fazendo dela um instrumento atualizado com metas também seculares?

Nota-se, pois, que a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica. A relação entre Sagrada Escritura e Tradição Apostólica por um lado, e o Magistério da Igreja por outro, foi determinado classicamente de tal modo que a Revelação está plenamente contida na Sagrada Escritura e na Tradição, sendo a tarefa do Magistério -unido ao sentido da fé de todo o povo de Deus- interpretá-la de maneira autêntica e infalível. Assim, a Sagrada Escritura e a Tradição são os princípios constitutivos do conhecimento para a profissão católica de fé e seu reflexo teológico-acadêmico. O Magistério, por sua parte, age meramente de uma maneira interpretativa e reguladora (Dei Verbum 8-10; 24).

No caso do IL, entretanto, isto é exatamente o contrário. Toda a linha de pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João Paulo II e Bento XVI. Cita-se pouco a Sagrada Escritura e quase não são citados os Padres da Igreja, e ainda assim, somente de maneira ilustrativa e com o fim de apoiar convicções preexistentes por outras razões. Talvez o desejo era mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser possível evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes referências a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os autores chamam, de maneira bastante incompetente de: «o mantra de Francisco» (IL 25). Esta adulação é levada a seu extremo quando os autores acrescentam, depois de afirmar que «os sujeitos ativos da inculturação são os próprios povos indígenas» (IL 122), a estranha formulação: «Como afirmou o papa Francisco ‘a graça supõe a cultura’». A frase é escrita como se tivesse sido ele quem descobriu este axioma, que na verdade é um axioma fundamental da própria Igreja católica. A formulação original diz que a Graça supõe a Natureza, do mesmo modo que a Fé supõe a Razão (cf. Santo Tomás Aquino, S. th. I q.1 a.8).

Além de confundir os papéis do Magistério por um lado, e da Sagrada Escritura pelo outro, o IL chega ao ponto de afirmar que há novas fontes da Revelação. O IL no número 19 afirma: «Na Amazônia, a vida está inserida, ligada e integrada no território que, como espaço físico vital e nutritivo, é possibilidade, sustento e limite da vida. Além disso, podemos dizer que a Amazônia – ou outro espaço territorial indígena ou comunitário – não é somente um ubi (um espaço geográfico), mas também um quid, ou seja, um lugar de sentido para a fé ou a experiência de Deus na história. O território é um lugar teológico a partir do qual se vive a fé, mas é também uma peculiar fonte de revelação de Deus. Estes espaços são lugares epifânicos onde se manifesta a reserva de vida e de sabedoria para o planeta, uma vida e sabedoria que falam de Deus» (4). Porém, na verdade, a Sagrada Escritura e a Tradição são as únicas fontes da Revelação, tal como explica a Dei Verbum: «Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada Escritura dos dois Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face a face tal qual Ele é» (N. 7). «A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja» (Dei Verbum 10).

Além destas desconcertantes afirmações e referências, a organização Rede Eclesial Pan-Amazônica (=REPAM) -encarregada da preparação do IL, razão pela qual foi fundada em 2014-, nota-se como os autores da chamada Theologia India (Teologia índigena), no texto, citam primordialmente a si mesmos.


É uma sociedade fechada de pessoas com o mesmo ponto de vista sobre o mundo, tal como se pode observar facilmente na lista de nomes dos encontros pré-sinodais que tiveram lugar em Washington e Roma e que contém um número desproporcional de europeus de língua alemã.

Estes autores se sentem imunes a objeções sérias pois afirmam que as mesmas estão meramente fundamentadas em um doutrinarismo ou no dogmatismo monolítico, ou em um ritualismo (IL 38; 110; 138), assim como em um clericalismo que é incapaz de dialogar (IL 110), e no rígido modo de pensar dos fariseus e no orgulho da razão dos escribas. Raciocinar com estas pessoas seria uma perda de tempo e um esforço vão.

Entre eles, não todos conhecem a América do Sul e só estão presentes porque acreditam que os temas estão alinhados com a estratégia oficial e podem servir para dominar os temas do atual caminho sinodal que empreenderam a Conferência Episcopal alemã e o Comitê Central dos católicos alemães (entre eles: a abolição do celibato, acesso das mulheres ao sacerdócio e a posições chave contra o clericalismo e fundamentalismo, adaptar a moralidade sexual revelada à ideologia de gênero e apreço pelas práticas homossexuais).

Eu mesmo servi no campo pastoral e teológico no Peru e outros países da região durante quinze anos consecutivos, todo ano por cerca de 2 a 3 meses. Estive principalmente em paróquias e seminários sul-americanos e por isso meu juízo não traz uma mera perspectiva eurocêntrica, tal como alguns desejariam usar isto como argumento para refutar-me.

Todos os católicos estarão de acordo com uma importante intenção do IL, ou seja: que os povos da Amazônia não sigam sendo objeto do colonialismo e neocolonialismo, sujeitos a forças que só pensam no proveito e no poder, às custas da felicidade e da dignidade de outros. Está claro para a Igreja, a sociedade e o Estado que os povos que vivem ali -sobretudo nossos irmãos e irmãs católicos-, são iguais e livres em suas vidas e trabalhos, sua fé e sua moralidade, e isto é nossa responsabilidade comum perante Deus. Mas, como isto pode ser alcançado?
4. O ponto de partida é a Revelação de Deus em Jesus Cristo
Sem dúvida, a proclamação do Evangelho é um diálogo, que corresponde à Palavra (=Logos) de Deus dirigida a nós e nossa resposta no dom livre da obediência à Fé (Dei Verbum 5). Porque a missão vem de Cristo, o Deus-Homem e porque Ele passou a Missão que o Pai lhe confiou aos Apóstolos, a oposição entre enfoque dogmático «de cima» e enfoque pedagógico-pastoral «de baixo» não têm sentido algum, a não ser que se rechace o «princípio divino-humano no caso do enfoque pastoral» (Franz Xaver Arnold).

Mas o homem é o destinatário do mandato missionário universal de Jesus (Mateus 28, 19), «o mediador universal e único da salvação entre Deus e toda a humanidade» (Jo 14, 6; At 4, 12; 1 Tim 2, 4ss.) e o homem pode refletir, com a ajuda da razão, sobre o sentido da vida entre o nascimento e a morte; sua vida é sacudida pelas crises existenciais da existência humana e ele, tanto na vida como na morte, põe sua esperança, em Deus, que é origem e meta de todo ser.

Assim, uma cosmovisão com seus mitos e a magia ritual da Mãe «Natureza», ou de seus sacrifícios aos «deuses» e espíritos que assustam nosso intelecto, ou que nos tentam com falsas promessas, não podem de forma alguma ser um enfoque adequado para a vinda do Deus Trino em Sua Palavra e em Seu Espírito Santo. Muito menos pode ser um enfoque com um ponto de vista científico-positivista de uma burguesia progressista que aceita o cristianismo como um cômodo vestígio de valores morais e ritos civis-religiosos.  

Falando seriamente: acaso na formação dos futuros pastores e teólogos deve-se substituir o conhecimento da filosofia clássica e moderna, dos Padres da Igreja, da teologia moderna e dos concílios pela cosmovisão amazônica e a sabedoria dos antepassados com seus mitos e rituais?

Se a expressão «cosmovisão» significar apenas que todas as coisas criadas são interdependentes, tratar-se-ia apenas de um lugar comum. Devido à substancial união entre o corpo e a alma, o homem está na interseção do espírito com a matéria. Mas a contemplação do cosmos é apenas ocasião para glorificar Deus e seu maravilhoso trabalho na natureza e na história. O cosmos, portanto, não deve ser adorado como Deus; só o Criador deve sê-lo. Não nos ajoelhamos ante o enorme poder da natureza e ante «os reinos do mundo e sua glória» (Mateus 4, 8), mas só perante Deus: «Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto» (Mateus 4, 10). É assim como Deus rechaçou o diabólico sedutor no deserto.

5. A diferença entre a Encarnação do Verbo e a inculturação como via de evangelização

A «teologia indígena e a ecoteologia» (IL 98) são uma derivação do romanticismo social. A teologia é a compreensão (intellectus fidei) da Revelação de Deus em Sua Palavra na Profissão de Fé da Igreja, e não uma nova e contínua mistura de sentimentos do mundo e de pontos de vista do mundo ou de constelações religiosas-morais do sentimento cósmico tudo-em-um, a mistura dos sentimentos do próprio eu com os do mundo (hen kai pan). Nosso mundo natural é a criação de um Deus Pessoal. A fé no sentido cristão é, portanto, o reconhecimento de Deus em Sua Palavra Eterna que se fez Carne: é a iluminação do Espírito Santo para que reconheçamos a Deus em Cristo. Com a fé, nos chegam as virtudes sobrenaturais da esperança e da caridade. É assim como nos compreendemos a nós mesmos filhos de Deus, que, através de Cristo, chama Deus no Espírito Santo, Abba, Pai (Rm 8, 15). Se depositamos toda nossa confiança nele, Ele nos converte em Seus filhos, livres do medo às forças elementares do mundo e às aparições demoníacas de deuses e espíritos, que com malícia nos esperam no caráter imprevisível das forças materiais do mundo.

A Encarnação é um evento único na história que Deus determinou livremente com Seu desejo universal de salvação. Não é uma inculturação, e a inculturação da Igreja não é uma encarnação (IL 7;19;29;108). Não foi Ireneu de Lião, em seu V livro Adversus haereses (IL 113) e sim Gregorio Nazianzeno quem formulou o princípio: «quod non est assumptum non est sanatum – o que não é assumido não é redimido» (Ep. 101, 32). O que se queria com isto é destacar a plenitude completa da natureza humana, contrariando Apollinarius de Laodicea (315-390), quem dizia que o Logos na Encarnação só assumiu uma natureza, e não a alma humana. Por esta razão, a seguinte frase do documento é totalmente abstrusa: «A diversidade cultural exige uma encarnação mais real para assumir diferentes modos de vida e culturas». (IL 113)

A Encarnação não é o princípio de uma adaptação cultural secundária, mas o princípio fundamental da salvação concreta na «Igreja como sacramento de salvação do mundo em Cristo» (Lumen Gentium 1, 48), na profissão de fé da Igreja, em seus sete sacramentos e em seu episcopado com o Papa à cabeça, em sucessão apostólica.

Os ritos secundários das tradições dos povos podem ajudar a enraizar os sacramentos na cultura, que são os meios de salvação instituídos por Cristo. Entretanto, não podem ser independentes porque, por exemplo, costumes matrimoniais podem converter-se em sinais mais importantes que a Palavra-Sim [“Ja-Wort”], constitutiva do Sacramento do matrimônio. Os sinais sacramentais, instituídos por Cristo e os apóstolos (símbolos de palavra e matéria) não podem ser mudados de forma alguma. O batismo só é administrado de maneira válida se feito em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e com água natural. E na Eucaristia não se pode substituir com comida local o pão feito de trigo e o vinho feito com uva. Fazê-lo não seria inculturação, mas uma inadmissível interferência com o desejo de Jesus como fundador [“Stiftungswillen”] e também seria destruir a unidade da Igreja em seu centro sacramental.
Quando a inculturação se refere à celebração externa secundária do culto divino e não aos sacramentos -que são ex opere operato, através da presença viva de Cristo, o fundador e o verdadeiro doador de Graça nestes signos sacramentais-, então a seguinte frase é escandalosa, ou no mínimo, descabida: «Sem esta inculturação, a liturgia pode reduzir-se a uma “peça de museu”, ou a “uma possessão de poucos”». (IL 124)
Deus não está meramente presente em todas partes nem presente de igual maneira em todas as religiões, como se a Encarnação fosse apenas um fenômeno tipicamente mediterrâneo. De fato, Deus como Criador do mundo está presente como um todo e em cada coração humano individualmente (At 17, 27ss), inclusive se os olhos do homem frequentemente estão cegados pelo pecado, e seus ouvidos estão surdos ao Amor de Deus. Ainda assim, Ele chega por meio da Auto-Revelação de si mesmo à história de Seu povo eleito, Israel, e vem até nós em sua Palavra Encarnada e no Espírito que infundiu em nossos corações. Esta auto-comunicação de Deus como Graça e vida de cada homem se difunde no mundo mediante a proclamação da Igreja de sua vida e seu culto, vale dizer, mediante a missão da Igreja no mundo e o mandato universal que recebeu de Cristo.

Entretanto, Ele se antecipa e já trabalha com a ajuda da Graça nos corações desses homens que ainda não o conhecem expressamente nem por Seu nome, por isso, quando ouvirem falar Dele na proclamação apostólica, poderão identificá-lo como o Senhor Jesus, graças ao Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

6. O critério de discernimento: a comunicação histórica de Deus no Jesus Cristo

O que falta no IL é um testemunho claro da auto-comunicação de Deus no verbum incarnatum, da sacramentalidade da Igreja, dos Sacramentos como meio objetivo da Graça em lugar de meros símbolos autorreferenciais, do caráter sobrenatural da Graça, por isso a integridade do homem não consiste só na unidade com uma bio-natureza, mas na Filiação Divina e na comunhão plena de graça com a Santíssima Trindade, de modo que a vida eterna é o prêmio pela conversão a Deus, a reconciliação com Ele, e não somente aquela com o meio ambiente e com nosso mundo compartilhado.

Não se pode reduzir o desenvolvimento integral apenas ao fornecimento de recursos materiais. Porque o homem recebe sua nova integridade unicamente mediante a perfeição na Graça; agora no Batismo, pelo qual nos convertemos em novas criaturas e em filhos de Deus, e um dia na Visão Beatífica na comunidade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo e em comunhão com seu santos (1 Jo 1, 3; 3, 1ss).


Em vez de apresentar uma aproximação ambígua a uma vaga religiosidade e à tentativa inútil de transformar o cristianismo em uma ciência de salvação, sacralizando o cosmos, a biodiversidade da natureza e a ecologia, deve-se olhar para o centro e a origem da nossa fé: “Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina” (Dei Verbum 2).

domingo, 18 de agosto de 2019

DESMASCARANDO A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não tradicionais da Bíblia, geralmente com ênfase no Livro de Malaquias:
 «Trazei o dízimo todo à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz Jeová dos exércitos, se não vos abrir eu as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção até que não haja mais lugar para a recolherdes» (Malaquias 3,10)

A doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de fé, o que Deus irá honrar.
As igrejas seguidoras dessa doutrina colocam grande ênfase na importância do dízimo. Os cultos geralmente incluem dois sermões, um com foco nas doações e na promessa prosperidade (que não existe), incluindo referências bíblicas ao dízimo para ludibriar seus seguidores, seguido de outro após as doações.

Os líderes das igrejas geralmente conferem uma bênção específica no dinheiro que está sendo doado, alguns até mesmo instruem os fiéis a segurar suas doações acima de suas cabeças durante a oração.

Dedica-se também algum tempo à oração pelos congregados doentes durante os cultos. A doutrina enfatiza a importância do empoderamento pessoal, propondo que é da vontade de Deus ver seu povo feliz. Um engodo, pois, quem conhece a Bíblia sabe muito bem que Jesus jamais se referiu à bens materiais, visto que o propósito da missão de Jesus é a salvação das almas e não o bem estar social. A respeito disso Jesus disse: "Como é difícil a um rico entrar no reino do céus".  Mt19, 23 - Pois, o rico apegado aos bens materiais se esquece dos bens celestiais e vive segundo o poder, o prestígio, à riqueza e não pratica a verdadeira justiça. Ademais, o dinheiro é escravizador e torna-se senhor de muita gente. Jesus disse que não podemos amar a Deus e as riquezas. Mt6, 24 - O verdadeiro crente não pode deixar Deus em segundo plano. 

Segundo a Teologia da Prosperidade, a  Salvação é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado em termos contratuais e mecânicos. Isso é uma heresia e é uma doutrina baseada em filosofias não cristãs como o induísmo, o budismo e o panteísmo.  

Durante os avivamentos de cura (healing revivals) dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no tele-evangelismo dos anos 1980. 

Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento pentescostal e da Renovação Carismática Católica (RCC). Embora na Igreja Católica essa teologia tenha muito menos força pois, tem sido muito combatida pelos padres e bispos. 

Promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à construção de megaigrejas. Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia da prosperidade incluem E. W. Kenyon, Oral Roberts, T. L. Osborn e Kenneth Hagin.

As igrejas nas quais o "evangelho da prosperidade" é ensinado são geralmente não-denominacionais e usualmente dirigidas por um único pastor ou líder, apesar de que algumas desenvolveram redes que se assemelham a denominações. 
Algumas igrejas dedicam um longo tempo aos ensinamentos sobre o dízimo, o discurso positivo e a fé. Consiste que o fiel deve fazer um propósito de doar certas quantias, ou até bens materiais à denominação em troca de bençãos e curas. 
Essas seitas poem medo nas pessoas, onde elas afirmam que a pessoa ou está amaldiçoada, ou sob efeito de feitiçaria, maldição, etc. E para que Deus resolva seus problemas é preciso fazer um propósito tipo doar uma quantia para a igreja, por exemplo. Tudo isso não passa de uma tremenda canalhice de seus pastores que usam esse dinheiro em proveito próprio. 
Falta ao fiel discernimento e entendimento de que sendo Deus o dono e Senhor de tudo e de todos não precisa de dinheiro. 

Igrejas da prosperidade geralmente ensinam sobre responsabilidade financeira, apesar de que alguns jornalistas e acadêmicos têm criticado seus conselhos nessa área como enganosos. A teologia da prosperidade tem sido criticada por líderes dos movimentos pentecostal e carismático, assim como de outras denominações cristãs.

A teologia da prosperidade ensina que os cristãos têm direito ao bem estar e, – pelo fato das realidades físicas e espirituais serem vistas como uma única realidade inseparável –, isso é interpretado como saúde física e prosperidade econômica. Os pregadores da doutrina focam no empoderamento pessoal, promovendo uma visão positiva do espírito e do corpo. Eles defendem que os cristãos receberam poderes durante a criação do Universo porque eles foram feitos à imagem de Deus e ensinam que a confissão positiva permite aos cristãos exercer domínio sobre suas almas e objetos materiais ao seu redor. Os líderes do movimento veem a expiação como fonte de alívio de doenças, pobreza e corrupção espiritual; a pobreza e as doenças seriam maldições que podem ser quebradas através da fé e das ações retas. Há, no entanto, algumas igrejas seguidoras da doutrina que buscam um paradigma mais moderado ou reformado da prosperidade. Kirbyjon Caldwell, pastor de uma megaigreja metodista, defende uma "teologia da vida abundante", professando a prosperidade para o ser humano como um todo, o que ele vê como um caminho para o combate à pobreza.

A teologia da prosperidade é o conceito de que Deus deseja riqueza para todos os seus filhos e de que, se algum filho de Deus ainda não é rico, seria porque ele não está “semeando” corretamente. Segundo essa teologia, o semear corretamente seria ofertar dinheiro no ministério de alguém rico, ou em algum rico ministério, a fim de se colher da mesma prosperidade que essa pessoa ou instituição usufrui “da parte de Deus”.

Considerarando que a riqueza é prova da bênção de Deus, a teologia da prosperidade deprecia os pobres, tratando-os como se eles fossem todos miseráveis que estivessem a mendigar o pão. Mas, isso não é verdade! Precisamos ter em mente que “pobreza” não é o mesmo que “miséria”. Apesar de todo miserável ser pobre, nem todo pobre é miserável. Uma pessoa que leva uma vida simples pode até ser considerada “pobre” pela sociedade, mas isso não significa que ela esteja na miséria. O problema é que a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples.

Importante: a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples. Para os defensores dessa teologia, “Deus não quer que você se contente com o pouco que tem, mas que busque cada vez mais e mais riquezas, pois desta forma Deus estará sendo glorificado na sua vida”. Isso provoca no cristão sede de ganância, ter mais e mais.
A teologia da prosperidade é preconceituosa em relação aos pobres, chegando a dizer que pobreza é escravidão e que ser pobre é pecado! Os pregadores dessa doutrina procuram convencer as pessoas de que Deus espera que elas o busquem com expectativas de uma recompensa, que seriam as riquezas materiais. Um famoso pastor brasileiro chegou a chamar de “trouxa” quem oferta a Deus somente por amor, sem esperar nada em troca.

A riqueza é interpretada, na teologia da prosperidade, como uma bênção de Deus, obtida através da lei espiritual da confissão positiva, da visualização e do dízimo.
A Bíblia é vista como um contrato de fé entre Deus e os crentes; Deus é entendido como fiel e justo, então os crentes devem cumprir sua parte do contrato para receber as promessas de Deus. Isso leva à crença na confissão positiva, doutrina segundo a qual os crentes podem reivindicar o que quiserem de Deus, simplesmente falando. A teologia da prosperidade ensina que a Bíblia promete a prosperidade aos fiéis, então a confissão positiva significa que os crentes estão falando com fé o que Deus já havia dito sobre eles. A confissão positiva é praticada para trazer o que já se acreditava; a própria fé é uma confissão que, através da fala, se torna real.

Porque a Teologia da Prosperidade está em desacordo com o Evangelho?

Podemos começar destacando que:
  1. Ela é uma afronta a Deus, pois, coloca-o na pessoa de uma negociante e cuja, a moeda de barganha é a resposta financeira para conseguir as bênçãos na vida do crente. Ela ensina que Deus dá prosperidade a quem pagar mais e dar mais dízimos.
  2. Ela afronta o princípio da missão salvadora de Cristo que por graça e de graça nos salvou do pecado.
  3.  Ela afronta e contradiz a Sagrada Escritura em diversos pontos, o principal que é a maneira pela qual Deus deu ao homem as condições necessárias para prover o próprio sustento.
  4. Ela afronta os princípios cristãos quando diz que Deus só pode conceder uma cura, milagre ou bênção se o crente for fiel, não no cumprimento dos Mandamentos, mas, ao que for fiel dando mais às igrejas e buscando bens e riquezas neste mundo.
  5. Ela afronta diretamente a Jesus Cristo quando permite que seus membros busquem a Deus em troca de recompensa financeira.

O que a Bíblia ensina?


Jesus não propôs riqueza nem prosperidade aos seguidores d’Ele. Prometeu sim, vida, e vida em abundância, não a vida mortal e sempre ameaçada que o homem conhece na terra, mas a vida imortal em comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

A “Carta aos Hebreus” ensina que Deus nos corrige para o nosso bem: “É para a vossa educação que sofreis: Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa? Se sois privados da educação da qual todos participam, então sois bastardos e não filhos”. (Hb 12,7s)

Dessas palavras pode-se ver que é falso dizer que Deus paga em dinheiro e bens materiais a quem Lhe é fiel. São Paulo mostra os riscos do enriquecimento para quem não sabe se contentar com o que tem; isto, o avarento: “A piedade é de fato grande fonte de lucro, mas para quem sabe se contentar. Pois nada trouxemos para o mundo, nem coisa alguma dele poderemos levar. Se, pois, temos alimento e vestuário, contentemo-nos com isso. Ora, os que querem se enriquecer caem em tentação e cilada, e em muitos desejos insensatos e perniciosos que mergulham os homens na ruína e na perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”. (1Tm 6,5-10)

Jesus jamais disse que ao segui-lo seríamos ricos, teríamos vida fácil e prosperidade financeira. Pelo contrário! Quem lê a Sagrada Escritura, nos Evangelhos Jesus é  muito claro em dizer que os seus discípulos seriam perseguidos e mortos. E que para segui-lo seria preciso tomar a cruz de cada dia e carregá-la. Ou seja, Jesus não enganou ninguém. Como exemplo, podemos conferir na história dos santos Apóstolos que todos eles morreram pobres e não deixaram nenhum bem material. Deixaram apenas seus ensinamentos. De tal maneira que eles acreditavam que a felicidade vindoura não era nesse mundo, mas, conforme a promessa de Cristo, ela aconteceria no Céu.  

Os Evangelhos são categóricos em afirmar que os Apóstolos deixaram tudo que tinham: Casa, família e bens para seguir o Cristo, sem resposta financeira.
São Lucas, quando escreveu os Atos dos Apóstolos descreveu que os novos convertidos à fé cristã e que possuíam bens, esses bens eram vendidos e repartidos com os necessitados de modo que eles não passassem necessidade.       
Contrapondo a Teologia da prosperidade a Sagrada Escritura em bem clara ao afirmar:

A respeito das riquezas Jesus disse:
“Não ajunteis tesouros nesse mundo onde as traça consome e a ferrugem corrói”. “Ajuntai, pois, tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não cosomem”. “Pois, onde está o vosso tesouro aí estará vosso coração”.  Mt6, 10-21.  
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6:24-25)
O Senhor nos obriga escolher entre Deus e as riquezas. Não é possível servir aos dois. Ou vivemos pelo “ser”, buscando a Deus para sermos uma nova criatura que frutifique em amor para sua glória, ou vivemos pelo “ter”, buscando acumular riquezas materiais na ilusão de que isso glorifica a Deus.
Sobre o contentamento
Ensino de Jesus e dos apóstolos:
Devemos viver contentes com o que temos.

A Teologia da Prosperidade ensina que “Não devemos nos contentar com pouco.” “A teologia da prosperidade ensina que pobreza é escravidão e ser pobre é pecado”.

Sobre os pobres disse Jesus:

Os pobres são bem-aventurados. (Lc 6,20 e Tg 2,5)

Sobre a avareza causada pelos bens materiais Jesus disse:  

“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Céu”. Mateus 19, 24 - E Jesus deu-nos uma lição importante quando do encontro com aquele jovem rico, que perdeu a coragem de segui-Lo por causa do dinheiro: “Jesus lhe respondeu: ‘Se quiseres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me’. O moço, ouvindo essa palavra, saiu pesaroso pois era possuidor de muitos bens. Então, Jesus disse aos seus discípulos: ‘Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus. E vos digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus’. Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram muito espantados e disseram: ‘Quem poderá então salvar-se?’. Jesus, fitando-os, disse: ‘Ao homem, isso é impossível, mas a Deus tudo é possível'”. (Mt 19,21-26).


“E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades”.
E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos.
“Nada leveis convosco para o caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas”.  Lucas 9, 1-3.    
“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12:15)

Um recado de Jesus:

"De graça recebeis, de graça deveis dar" Mt10, 7-15 - Jesus está dizendo que: Quem faz a Obra é Deus, portanto, Deus distribui seus dons e sua Graça de forma gratuita. Não se pode cobrar por algo que você não fez. Por isso, não podemos cobrar pelos milagres que Deus opera. 

“Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”(Lucas 12:33,34)

Jesus ordenou esse desprendimento a todos, não somente aos apóstolos. Juntar tesouros nos céus significa crescer em virtudes e valores, tais como a compaixão e a humildade – devendo ser esse o foco da nossa vida, o crescimento espiritual, e não o ganhar mais dinheiro.

“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.(Lucas 14:33)
Ao invés de ensinar a renúncia, a teologia da prosperidade ensina a ganância.

A única disposição para seguir Jesus:  
“Quem quiser seguir-me renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia e siga-me!”  Lucas 9, 23

Jesus não tinha bens e sua casa era o mundo:
“As raposas tem tocas, as aves tem seus ninhos, mas, o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Mateus 8, 20

São Lucas descreve o sentido da verdadeira Igreja de Cristo que não buscava prosperidade e bens materiais, mas, a caridade fraterna onde Centro principal é a Eucaristia:

“Perseveravam na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na *fração do pão, (*a Eucaristia era assim chamada nos primeiros séculos) e nas orações”.
“De todos eles se apoderou o *temor (* respeito a Deus), pois, os apóstolos haviam feito muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em seus corações. *Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum, (ou seja, todos seus bens eram de uso comum). Vendiam as suas propriedades e seus bens e, dividiam-nos por todos segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração, frequentavam todos os  dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus e cativando a simpatia todo povo”. Atos 2, 42-47

“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum”. (Atos 4:32)

Em Atos vemos o desejo por compartilhar da verdadeira Igreja, muito diferente da cobiça e ganância que é gerada pelos pregadores da teologia da prosperidade.


A fidelidade de Deus é para todos que o buscam de coração sincero e não por quem dar mais ou menos para a Igreja.

Deus é cumpridor de suas promessas. Deus é fiel para com aqueles que o amam, o temem e lhe são fiéis.
“Se me amardes guardareis os meus Mandamentos!” - João 14, 15.

Deus não precisa que demos nada a ele em troca de prosperidade. Mas, ele quer que nós o amemos e guardemos seus mandamentos.

Pedro ao curar um coxo na porta do templo disse:
“Eu não tenho ouro nem prata, mas tudo que tenho te dou e disse: Em nome de Jesus de Nazaré, levante-se e ande!”. Atos 3,6

Pedro não exigiu daquele homem algum bem ou valor em troca da cura, mas, ele lhe deu o que tinha de mais precioso, a cura pelo poder de Jesus Cristo.

Cabe ao homem trabalhar para prover seu sustento e suas necessidades:

“Agora, pois, eu vos dedico aos cuidados especiais de Deus e à Palavra da sua graça, que tem o poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados”.
”De ninguém cobicei prata, nem ouro nem roupas. Vós mesmos sois testemunhas que estas mãos trabalharam para suprir minhas necessidades e as de meus companheiros”... Atos 20, 32 34

“Sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir”(1Timóteo 6:18) 

Foi isso que Paulo instruiu que Timóteo dissesse aos ricos. Eis a verdadeira riqueza que Deus espera encontrar em nós: o amor ao próximo, não somente de palavras, mas por obras e em verdade.

"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."(Romanos 14:17) Para os pregadores da teologia da prosperidade, no entanto, o reino de Deus é comer o melhor desta terra.

“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca, jamais te abandonarei”. (Hebreus 13:5)

“Contentai-vos com as coisas que tendes”. Será preciso dizer mais alguma coisa?

É tão claro e evidente que a teologia da prosperidade contraria o ensino de Cristo e dos apóstolos.

O Senhor é Deus, Rei e Juiz de todas as coisas. Deus é fiel em seus propósitos e suas promessas.
Não podemos barganhar as bênçãos de Deus, ou fazer um bem em troca de recompensa divina.
Muitas vezes o que impede a prosperidade é a preguiça de trabalhar para conseguir os bens que desejamos.
Jesus não veio dar-nos bens materiais. A Sagrada Escritura é clara ao dizer que Jesus é nosso Salvador. Jesus não é nosso patrão. Ele é nosso Senhor e Salvador.
Ele nasceu pobre, numa manjedoura. Recusou a glória dos palácios para estar ao lado dos pobres.

Quanto às necessidades que temos isso é fruto da soberba humana.
É por isso que nós vemos em muitas histórias dos santos o desapego de tais em relação aos bens materiais, a opção pela simplicidade e  pela pobreza  de modo radical.

Na história do povo de Deus vemos a fidelidade de Deus para com aqueles que lhe são fiéis e que guardam seus Mandamentos. Como aconteceu com José do Egito, filho de Jacó. Deus o fez um homem próspero porque mesmo diante de tantas provações ele manteve sua fidelidade aos Mandamentos. Ele não precisou dar nada a Deus em troca senão o amor e a fidelidade aos seus Mandamentos.

Deus foi fiel com Noé, Abraão, Isaac, Jacó... Porque eles lhes foram fiéis à sua Palavra.    

Mas, então, onde se aplica a Palavra do Profeta Malaquias?

Malaquias naquela época falava da prosperidade para aqueles que eram fiéis aos dízimos.
Quem pagava o dizimo no Antigo Testamento?
Quem pagava o dízimo eram os sacerdotes, precisamente os da tribo de Levi ou levitas.
O dízimo servia para suprir as necessidades da casa de Deus. Era lei  de Moisés que eles dessem 10% de tudo que eles possuíam e não apenas se aplicava ao dinheiro.
Em resposta à fidelidade dos sacerdotes Deus prometeu retribuí-los em bênçãos. Mas isso não significa prosperidade financeira, poder e prestígio. Malaquias disse que em resposta a fidelidade deles Deus faria multiplicar os seus celeiros. Ou seja, deve ser entendida essas palavras de Malaquias que Deus “não deixaria lhes faltar nada”.  

Os cristãos pagavam o Dízimo?

Não. Os cristãos não tinham templos, eles reuniam (a princípio) nas sinagogas e no Templo e nas casas. Jesus não deixou nenhuma instrução aos seus apóstolos quanto ao pagamento do dízimo. Nem mesmo quando interrogado sobre o imposto do Imperador, onde ele disse a famosa frase "deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", ele não se referia ao dízimo apenas, mas, para que as pessoas obedecessem a Deus e cumprisse suas leis, mas, ao mesmo tempo  sendo cidadãos deviam serem cumpridores de seus deveres civis.

No cristianismo em lugar do dízimo usavam as OFERTAS, que eram destinadas à caridade. Ou seja, o dízimo não se aplicava porque os cristãos já não estavam presos à lei de Moisés e também porque não eram sacerdotes do Templo. 

Pelo contrário, os cristãos eram um grupo de pessoas que se reuniam para louvar a Deus e fazer aquilo que Jesus lhes ordenou: “pregar o Evangelho, celebrar a Eucaristia, batizar ”. Portanto, a Igreja era doméstica.
Não há nenhuma menção sobre o Dízimo nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas Apostólicas.
O Dízimo de 10% e conforme é descrito no Antigo Testamento não é cristão.

Onde surgiu o dízimo Cristão?

Com o crescimento da Igreja e depois com a sua institucionalização e a construção dos Templos, surgiu a necessidade do “Dízimo cristão”, ele foi criado como modelo no dízimo do Antigo Testamento, mas, não necessariamente é a mesma coisa, pois, se no Antigo Testamento ele era 10% de tudo que possuía, na Igreja já não se aplica dessa forma. Ficando assim determinado que:

1.  O dízimo não é oferta, é um dever para manter a casa de Deus. E as ofertas à parte para as obras sociais da Igreja.
2.    O dízimo cristão não é uma esmola, mas é uma contribuição para a manutenção da casa de Deus.
3.    Deve ser dado e não pagado como gesto de generosidade pelos bens que Deus nos concede. É uma forma de gratidão.
4. A Igreja Católica ensina que o Dízimo é questão de consciência e deve ser dado segundo o coração, mas, a Igreja pede que seja dado 1% do que o cristão católico recebe.  Não é um por cento do salário mínimo, mas, um por cento do que se recebe.
5. Ele não é uma esmola porque Deus não é mendigo.
6. Não é uma contribuição como se Deus fosse um prestador de serviço e nós seus contribuintes.
7. Não é um imposto porque a Igreja não é um órgão do Governo.
8. Não é o resto que sobra, mas é uma devolução de uma pequena importância daquilo que Deus nos concede.
9. É um gesto de reconhecimento, pois, se temos é porque Deus nos dá.
10. É um gesto de gratidão pelos dons que Deus nos oferece. Com isso aplica-se as palavras do Salmo 69, 9 - "O zelo por tua casa me consome".

O Dízimo cristão foi criado como uma necessidade para manter o templo ou a Paróquia funcionando. Como toda casa tem suas despesas a Igreja necessita do dízimo para que esta esteja em dia com a limpeza, os impostos e as taxas como água, luz, telefone ...  e o pagamento dos funcionários e o um salário para o Pároco, (pois, o padre e o bispo como todo ser humano também precisa de alimentos, comer e vestir-se),   etc.    
Outra parte é destinada para a Diocese para a ajudar o Bispo nas despesas diocesanas.   

Nem o Catecismo nem outro documento da Igreja Católica obrigam que o dízimo seja 10% do salário, embora muitos adotem isso na prática. Dízimo é questão de consciência. 
Mas, o dízimo não pode ser uma troca de favores com Deus; deve ser uma doação generosa de quem O ama gratuita e desinteressadamente.
Na mentalidade do Antigo Testamento, quando não se tinha uma noção clara da vida eterna, os antigos judeus julgavam que a recompensa de Deus para os bons seria neste mundo mesmo; mas esta concepção foi mudando, como se pode ver no livro de Jó, Eclesiastes, Daniel etc. A certeza da vida eterna e de uma recompensa muito melhor foi finalmente trazida por Jesus: “Dirá o rei aos que estiver a sua direita: ‘Vinde, benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo'. (Mt 25,26).

São Paulo completa: “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e o coração do homem jamais percebeu, eis o que Deus preparou para aqueles que O amam” (1Cor 2,9).

A Igreja Católica condena a Teologia da Prosperidade?

Sim, segundo o Padre Paulo Ricardo, “A teologia da prosperidade traiu o cristianismo de forma clara”. Enquanto nas duas ondas precedentes observava-se ainda um núcleo cristão, nesta o que se tem é um desagregamento do que é próprio do cristão, pois toda a tradição evangélica segue a teologia de que o que importa é a fé e não as obras. A teologia da prosperidade consegue perverter essa tradição por meio de um jogo linguístico em que as obras são renomeadas como “materialização, manifestação da fé". Isso significa que o que importa são as obras, pois Deus irá “pagar".

Mas não é só isso. A teologia da prosperidade trai também o próprio cristianismo, pois ela não exige conversão, mudança de vida, uma vida moral reta. O que se tem no neo-pentecostalismo, em que a teologia da prosperidade se insere, uma acentuação no fato de que as obras morais são desprezíveis, o que se traduz pela aceitação de todo tipo de desregramento sexual.

Diante disso, é possível afirmar que a teologia da prosperidade é a paganização do cristianismo, pois tal qual ocorre nos cultos pagãos, faz-se uma “oferenda", não mais em encruzilhadas, mas na conta bancária da igreja. De forma asséptica, rápida e quase indolor, munido apenas de um cartão, oferece-se um “sacrifício", pagando pelo serviço que Deus irá prestar. Isso é paganismo.

Enquanto no cristianismo o homem crê que Deus é o Senhor e que deve estar a serviço Dele, no paganismo é justamente o contrário: Deus é que está a serviço do homem. E cada vez mais novas “fórmulas" são apresentadas para que Deus se torne como que escravo do homem e atenda a todos os seus caprichos.

Por tudo isso, conclui-se que a teologia da prosperidade é muito equivocada. Ela só se explica como uma verdadeira tentação satânica em que cristãos, aos poucos, são levados a transformar o cristianismo e o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo em uma fórmula mágica e pagã.


“Durante muito tempo os evangélicos acusaram os católicos de praticarem um cristianismo paganizado, no entanto, com a teologia da prosperidade, a acusação voltou-se para eles mesmos, pois, enfim, os evangélicos paganizaram o cristianismo.”

UMA FALSA IGREJA CATÓLICA DENTRO DA VERDADEIRA IGREJA CATÓLICA? - A CRISE NA IGREJA CATÓLICA

  O assunto que vamos abordar hoje é muito sério. Existe uma falsa uma falsa Igreja Católica dentro da Igreja Católica verdadeira? Podemos...