domingo, 18 de agosto de 2019

DESMASCARANDO A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não tradicionais da Bíblia, geralmente com ênfase no Livro de Malaquias:
 «Trazei o dízimo todo à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz Jeová dos exércitos, se não vos abrir eu as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção até que não haja mais lugar para a recolherdes» (Malaquias 3,10)

A doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de fé, o que Deus irá honrar.
As igrejas seguidoras dessa doutrina colocam grande ênfase na importância do dízimo. Os cultos geralmente incluem dois sermões, um com foco nas doações e na promessa prosperidade (que não existe), incluindo referências bíblicas ao dízimo para ludibriar seus seguidores, seguido de outro após as doações.

Os líderes das igrejas geralmente conferem uma bênção específica no dinheiro que está sendo doado, alguns até mesmo instruem os fiéis a segurar suas doações acima de suas cabeças durante a oração.

Dedica-se também algum tempo à oração pelos congregados doentes durante os cultos. A doutrina enfatiza a importância do empoderamento pessoal, propondo que é da vontade de Deus ver seu povo feliz. Um engodo, pois, quem conhece a Bíblia sabe muito bem que Jesus jamais se referiu à bens materiais, visto que o propósito da missão de Jesus é a salvação das almas e não o bem estar social. A respeito disso Jesus disse: "Como é difícil a um rico entrar no reino do céus".  Mt19, 23 - Pois, o rico apegado aos bens materiais se esquece dos bens celestiais e vive segundo o poder, o prestígio, à riqueza e não pratica a verdadeira justiça. Ademais, o dinheiro é escravizador e torna-se senhor de muita gente. Jesus disse que não podemos amar a Deus e as riquezas. Mt6, 24 - O verdadeiro crente não pode deixar Deus em segundo plano. 

Segundo a Teologia da Prosperidade, a  Salvação é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado em termos contratuais e mecânicos. Isso é uma heresia e é uma doutrina baseada em filosofias não cristãs como o induísmo, o budismo e o panteísmo.  

Durante os avivamentos de cura (healing revivals) dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no tele-evangelismo dos anos 1980. 

Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento pentescostal e da Renovação Carismática Católica (RCC). Embora na Igreja Católica essa teologia tenha muito menos força pois, tem sido muito combatida pelos padres e bispos. 

Promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à construção de megaigrejas. Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia da prosperidade incluem E. W. Kenyon, Oral Roberts, T. L. Osborn e Kenneth Hagin.

As igrejas nas quais o "evangelho da prosperidade" é ensinado são geralmente não-denominacionais e usualmente dirigidas por um único pastor ou líder, apesar de que algumas desenvolveram redes que se assemelham a denominações. 
Algumas igrejas dedicam um longo tempo aos ensinamentos sobre o dízimo, o discurso positivo e a fé. Consiste que o fiel deve fazer um propósito de doar certas quantias, ou até bens materiais à denominação em troca de bençãos e curas. 
Essas seitas poem medo nas pessoas, onde elas afirmam que a pessoa ou está amaldiçoada, ou sob efeito de feitiçaria, maldição, etc. E para que Deus resolva seus problemas é preciso fazer um propósito tipo doar uma quantia para a igreja, por exemplo. Tudo isso não passa de uma tremenda canalhice de seus pastores que usam esse dinheiro em proveito próprio. 
Falta ao fiel discernimento e entendimento de que sendo Deus o dono e Senhor de tudo e de todos não precisa de dinheiro. 

Igrejas da prosperidade geralmente ensinam sobre responsabilidade financeira, apesar de que alguns jornalistas e acadêmicos têm criticado seus conselhos nessa área como enganosos. A teologia da prosperidade tem sido criticada por líderes dos movimentos pentecostal e carismático, assim como de outras denominações cristãs.

A teologia da prosperidade ensina que os cristãos têm direito ao bem estar e, – pelo fato das realidades físicas e espirituais serem vistas como uma única realidade inseparável –, isso é interpretado como saúde física e prosperidade econômica. Os pregadores da doutrina focam no empoderamento pessoal, promovendo uma visão positiva do espírito e do corpo. Eles defendem que os cristãos receberam poderes durante a criação do Universo porque eles foram feitos à imagem de Deus e ensinam que a confissão positiva permite aos cristãos exercer domínio sobre suas almas e objetos materiais ao seu redor. Os líderes do movimento veem a expiação como fonte de alívio de doenças, pobreza e corrupção espiritual; a pobreza e as doenças seriam maldições que podem ser quebradas através da fé e das ações retas. Há, no entanto, algumas igrejas seguidoras da doutrina que buscam um paradigma mais moderado ou reformado da prosperidade. Kirbyjon Caldwell, pastor de uma megaigreja metodista, defende uma "teologia da vida abundante", professando a prosperidade para o ser humano como um todo, o que ele vê como um caminho para o combate à pobreza.

A teologia da prosperidade é o conceito de que Deus deseja riqueza para todos os seus filhos e de que, se algum filho de Deus ainda não é rico, seria porque ele não está “semeando” corretamente. Segundo essa teologia, o semear corretamente seria ofertar dinheiro no ministério de alguém rico, ou em algum rico ministério, a fim de se colher da mesma prosperidade que essa pessoa ou instituição usufrui “da parte de Deus”.

Considerarando que a riqueza é prova da bênção de Deus, a teologia da prosperidade deprecia os pobres, tratando-os como se eles fossem todos miseráveis que estivessem a mendigar o pão. Mas, isso não é verdade! Precisamos ter em mente que “pobreza” não é o mesmo que “miséria”. Apesar de todo miserável ser pobre, nem todo pobre é miserável. Uma pessoa que leva uma vida simples pode até ser considerada “pobre” pela sociedade, mas isso não significa que ela esteja na miséria. O problema é que a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples.

Importante: a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples. Para os defensores dessa teologia, “Deus não quer que você se contente com o pouco que tem, mas que busque cada vez mais e mais riquezas, pois desta forma Deus estará sendo glorificado na sua vida”. Isso provoca no cristão sede de ganância, ter mais e mais.
A teologia da prosperidade é preconceituosa em relação aos pobres, chegando a dizer que pobreza é escravidão e que ser pobre é pecado! Os pregadores dessa doutrina procuram convencer as pessoas de que Deus espera que elas o busquem com expectativas de uma recompensa, que seriam as riquezas materiais. Um famoso pastor brasileiro chegou a chamar de “trouxa” quem oferta a Deus somente por amor, sem esperar nada em troca.

A riqueza é interpretada, na teologia da prosperidade, como uma bênção de Deus, obtida através da lei espiritual da confissão positiva, da visualização e do dízimo.
A Bíblia é vista como um contrato de fé entre Deus e os crentes; Deus é entendido como fiel e justo, então os crentes devem cumprir sua parte do contrato para receber as promessas de Deus. Isso leva à crença na confissão positiva, doutrina segundo a qual os crentes podem reivindicar o que quiserem de Deus, simplesmente falando. A teologia da prosperidade ensina que a Bíblia promete a prosperidade aos fiéis, então a confissão positiva significa que os crentes estão falando com fé o que Deus já havia dito sobre eles. A confissão positiva é praticada para trazer o que já se acreditava; a própria fé é uma confissão que, através da fala, se torna real.

Porque a Teologia da Prosperidade está em desacordo com o Evangelho?

Podemos começar destacando que:
  1. Ela é uma afronta a Deus, pois, coloca-o na pessoa de uma negociante e cuja, a moeda de barganha é a resposta financeira para conseguir as bênçãos na vida do crente. Ela ensina que Deus dá prosperidade a quem pagar mais e dar mais dízimos.
  2. Ela afronta o princípio da missão salvadora de Cristo que por graça e de graça nos salvou do pecado.
  3.  Ela afronta e contradiz a Sagrada Escritura em diversos pontos, o principal que é a maneira pela qual Deus deu ao homem as condições necessárias para prover o próprio sustento.
  4. Ela afronta os princípios cristãos quando diz que Deus só pode conceder uma cura, milagre ou bênção se o crente for fiel, não no cumprimento dos Mandamentos, mas, ao que for fiel dando mais às igrejas e buscando bens e riquezas neste mundo.
  5. Ela afronta diretamente a Jesus Cristo quando permite que seus membros busquem a Deus em troca de recompensa financeira.

O que a Bíblia ensina?


Jesus não propôs riqueza nem prosperidade aos seguidores d’Ele. Prometeu sim, vida, e vida em abundância, não a vida mortal e sempre ameaçada que o homem conhece na terra, mas a vida imortal em comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

A “Carta aos Hebreus” ensina que Deus nos corrige para o nosso bem: “É para a vossa educação que sofreis: Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa? Se sois privados da educação da qual todos participam, então sois bastardos e não filhos”. (Hb 12,7s)

Dessas palavras pode-se ver que é falso dizer que Deus paga em dinheiro e bens materiais a quem Lhe é fiel. São Paulo mostra os riscos do enriquecimento para quem não sabe se contentar com o que tem; isto, o avarento: “A piedade é de fato grande fonte de lucro, mas para quem sabe se contentar. Pois nada trouxemos para o mundo, nem coisa alguma dele poderemos levar. Se, pois, temos alimento e vestuário, contentemo-nos com isso. Ora, os que querem se enriquecer caem em tentação e cilada, e em muitos desejos insensatos e perniciosos que mergulham os homens na ruína e na perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”. (1Tm 6,5-10)

Jesus jamais disse que ao segui-lo seríamos ricos, teríamos vida fácil e prosperidade financeira. Pelo contrário! Quem lê a Sagrada Escritura, nos Evangelhos Jesus é  muito claro em dizer que os seus discípulos seriam perseguidos e mortos. E que para segui-lo seria preciso tomar a cruz de cada dia e carregá-la. Ou seja, Jesus não enganou ninguém. Como exemplo, podemos conferir na história dos santos Apóstolos que todos eles morreram pobres e não deixaram nenhum bem material. Deixaram apenas seus ensinamentos. De tal maneira que eles acreditavam que a felicidade vindoura não era nesse mundo, mas, conforme a promessa de Cristo, ela aconteceria no Céu.  

Os Evangelhos são categóricos em afirmar que os Apóstolos deixaram tudo que tinham: Casa, família e bens para seguir o Cristo, sem resposta financeira.
São Lucas, quando escreveu os Atos dos Apóstolos descreveu que os novos convertidos à fé cristã e que possuíam bens, esses bens eram vendidos e repartidos com os necessitados de modo que eles não passassem necessidade.       
Contrapondo a Teologia da prosperidade a Sagrada Escritura em bem clara ao afirmar:

A respeito das riquezas Jesus disse:
“Não ajunteis tesouros nesse mundo onde as traça consome e a ferrugem corrói”. “Ajuntai, pois, tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não cosomem”. “Pois, onde está o vosso tesouro aí estará vosso coração”.  Mt6, 10-21.  
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6:24-25)
O Senhor nos obriga escolher entre Deus e as riquezas. Não é possível servir aos dois. Ou vivemos pelo “ser”, buscando a Deus para sermos uma nova criatura que frutifique em amor para sua glória, ou vivemos pelo “ter”, buscando acumular riquezas materiais na ilusão de que isso glorifica a Deus.
Sobre o contentamento
Ensino de Jesus e dos apóstolos:
Devemos viver contentes com o que temos.

A Teologia da Prosperidade ensina que “Não devemos nos contentar com pouco.” “A teologia da prosperidade ensina que pobreza é escravidão e ser pobre é pecado”.

Sobre os pobres disse Jesus:

Os pobres são bem-aventurados. (Lc 6,20 e Tg 2,5)

Sobre a avareza causada pelos bens materiais Jesus disse:  

“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Céu”. Mateus 19, 24 - E Jesus deu-nos uma lição importante quando do encontro com aquele jovem rico, que perdeu a coragem de segui-Lo por causa do dinheiro: “Jesus lhe respondeu: ‘Se quiseres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me’. O moço, ouvindo essa palavra, saiu pesaroso pois era possuidor de muitos bens. Então, Jesus disse aos seus discípulos: ‘Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus. E vos digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus’. Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram muito espantados e disseram: ‘Quem poderá então salvar-se?’. Jesus, fitando-os, disse: ‘Ao homem, isso é impossível, mas a Deus tudo é possível'”. (Mt 19,21-26).


“E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para curarem enfermidades”.
E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos.
“Nada leveis convosco para o caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas”.  Lucas 9, 1-3.    
“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12:15)

Um recado de Jesus:

"De graça recebeis, de graça deveis dar" Mt10, 7-15 - Jesus está dizendo que: Quem faz a Obra é Deus, portanto, Deus distribui seus dons e sua Graça de forma gratuita. Não se pode cobrar por algo que você não fez. Por isso, não podemos cobrar pelos milagres que Deus opera. 

“Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”(Lucas 12:33,34)

Jesus ordenou esse desprendimento a todos, não somente aos apóstolos. Juntar tesouros nos céus significa crescer em virtudes e valores, tais como a compaixão e a humildade – devendo ser esse o foco da nossa vida, o crescimento espiritual, e não o ganhar mais dinheiro.

“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.(Lucas 14:33)
Ao invés de ensinar a renúncia, a teologia da prosperidade ensina a ganância.

A única disposição para seguir Jesus:  
“Quem quiser seguir-me renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia e siga-me!”  Lucas 9, 23

Jesus não tinha bens e sua casa era o mundo:
“As raposas tem tocas, as aves tem seus ninhos, mas, o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Mateus 8, 20

São Lucas descreve o sentido da verdadeira Igreja de Cristo que não buscava prosperidade e bens materiais, mas, a caridade fraterna onde Centro principal é a Eucaristia:

“Perseveravam na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na *fração do pão, (*a Eucaristia era assim chamada nos primeiros séculos) e nas orações”.
“De todos eles se apoderou o *temor (* respeito a Deus), pois, os apóstolos haviam feito muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em seus corações. *Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum, (ou seja, todos seus bens eram de uso comum). Vendiam as suas propriedades e seus bens e, dividiam-nos por todos segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração, frequentavam todos os  dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus e cativando a simpatia todo povo”. Atos 2, 42-47

“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum”. (Atos 4:32)

Em Atos vemos o desejo por compartilhar da verdadeira Igreja, muito diferente da cobiça e ganância que é gerada pelos pregadores da teologia da prosperidade.


A fidelidade de Deus é para todos que o buscam de coração sincero e não por quem dar mais ou menos para a Igreja.

Deus é cumpridor de suas promessas. Deus é fiel para com aqueles que o amam, o temem e lhe são fiéis.
“Se me amardes guardareis os meus Mandamentos!” - João 14, 15.

Deus não precisa que demos nada a ele em troca de prosperidade. Mas, ele quer que nós o amemos e guardemos seus mandamentos.

Pedro ao curar um coxo na porta do templo disse:
“Eu não tenho ouro nem prata, mas tudo que tenho te dou e disse: Em nome de Jesus de Nazaré, levante-se e ande!”. Atos 3,6

Pedro não exigiu daquele homem algum bem ou valor em troca da cura, mas, ele lhe deu o que tinha de mais precioso, a cura pelo poder de Jesus Cristo.

Cabe ao homem trabalhar para prover seu sustento e suas necessidades:

“Agora, pois, eu vos dedico aos cuidados especiais de Deus e à Palavra da sua graça, que tem o poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados”.
”De ninguém cobicei prata, nem ouro nem roupas. Vós mesmos sois testemunhas que estas mãos trabalharam para suprir minhas necessidades e as de meus companheiros”... Atos 20, 32 34

“Sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir”(1Timóteo 6:18) 

Foi isso que Paulo instruiu que Timóteo dissesse aos ricos. Eis a verdadeira riqueza que Deus espera encontrar em nós: o amor ao próximo, não somente de palavras, mas por obras e em verdade.

"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."(Romanos 14:17) Para os pregadores da teologia da prosperidade, no entanto, o reino de Deus é comer o melhor desta terra.

“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca, jamais te abandonarei”. (Hebreus 13:5)

“Contentai-vos com as coisas que tendes”. Será preciso dizer mais alguma coisa?

É tão claro e evidente que a teologia da prosperidade contraria o ensino de Cristo e dos apóstolos.

O Senhor é Deus, Rei e Juiz de todas as coisas. Deus é fiel em seus propósitos e suas promessas.
Não podemos barganhar as bênçãos de Deus, ou fazer um bem em troca de recompensa divina.
Muitas vezes o que impede a prosperidade é a preguiça de trabalhar para conseguir os bens que desejamos.
Jesus não veio dar-nos bens materiais. A Sagrada Escritura é clara ao dizer que Jesus é nosso Salvador. Jesus não é nosso patrão. Ele é nosso Senhor e Salvador.
Ele nasceu pobre, numa manjedoura. Recusou a glória dos palácios para estar ao lado dos pobres.

Quanto às necessidades que temos isso é fruto da soberba humana.
É por isso que nós vemos em muitas histórias dos santos o desapego de tais em relação aos bens materiais, a opção pela simplicidade e  pela pobreza  de modo radical.

Na história do povo de Deus vemos a fidelidade de Deus para com aqueles que lhe são fiéis e que guardam seus Mandamentos. Como aconteceu com José do Egito, filho de Jacó. Deus o fez um homem próspero porque mesmo diante de tantas provações ele manteve sua fidelidade aos Mandamentos. Ele não precisou dar nada a Deus em troca senão o amor e a fidelidade aos seus Mandamentos.

Deus foi fiel com Noé, Abraão, Isaac, Jacó... Porque eles lhes foram fiéis à sua Palavra.    

Mas, então, onde se aplica a Palavra do Profeta Malaquias?

Malaquias naquela época falava da prosperidade para aqueles que eram fiéis aos dízimos.
Quem pagava o dizimo no Antigo Testamento?
Quem pagava o dízimo eram os sacerdotes, precisamente os da tribo de Levi ou levitas.
O dízimo servia para suprir as necessidades da casa de Deus. Era lei  de Moisés que eles dessem 10% de tudo que eles possuíam e não apenas se aplicava ao dinheiro.
Em resposta à fidelidade dos sacerdotes Deus prometeu retribuí-los em bênçãos. Mas isso não significa prosperidade financeira, poder e prestígio. Malaquias disse que em resposta a fidelidade deles Deus faria multiplicar os seus celeiros. Ou seja, deve ser entendida essas palavras de Malaquias que Deus “não deixaria lhes faltar nada”.  

Os cristãos pagavam o Dízimo?

Não. Os cristãos não tinham templos, eles reuniam (a princípio) nas sinagogas e no Templo e nas casas. Jesus não deixou nenhuma instrução aos seus apóstolos quanto ao pagamento do dízimo. Nem mesmo quando interrogado sobre o imposto do Imperador, onde ele disse a famosa frase "deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", ele não se referia ao dízimo apenas, mas, para que as pessoas obedecessem a Deus e cumprisse suas leis, mas, ao mesmo tempo  sendo cidadãos deviam serem cumpridores de seus deveres civis.

No cristianismo em lugar do dízimo usavam as OFERTAS, que eram destinadas à caridade. Ou seja, o dízimo não se aplicava porque os cristãos já não estavam presos à lei de Moisés e também porque não eram sacerdotes do Templo. 

Pelo contrário, os cristãos eram um grupo de pessoas que se reuniam para louvar a Deus e fazer aquilo que Jesus lhes ordenou: “pregar o Evangelho, celebrar a Eucaristia, batizar ”. Portanto, a Igreja era doméstica.
Não há nenhuma menção sobre o Dízimo nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas Apostólicas.
O Dízimo de 10% e conforme é descrito no Antigo Testamento não é cristão.

Onde surgiu o dízimo Cristão?

Com o crescimento da Igreja e depois com a sua institucionalização e a construção dos Templos, surgiu a necessidade do “Dízimo cristão”, ele foi criado como modelo no dízimo do Antigo Testamento, mas, não necessariamente é a mesma coisa, pois, se no Antigo Testamento ele era 10% de tudo que possuía, na Igreja já não se aplica dessa forma. Ficando assim determinado que:

1.  O dízimo não é oferta, é um dever para manter a casa de Deus. E as ofertas à parte para as obras sociais da Igreja.
2.    O dízimo cristão não é uma esmola, mas é uma contribuição para a manutenção da casa de Deus.
3.    Deve ser dado e não pagado como gesto de generosidade pelos bens que Deus nos concede. É uma forma de gratidão.
4. A Igreja Católica ensina que o Dízimo é questão de consciência e deve ser dado segundo o coração, mas, a Igreja pede que seja dado 1% do que o cristão católico recebe.  Não é um por cento do salário mínimo, mas, um por cento do que se recebe.
5. Ele não é uma esmola porque Deus não é mendigo.
6. Não é uma contribuição como se Deus fosse um prestador de serviço e nós seus contribuintes.
7. Não é um imposto porque a Igreja não é um órgão do Governo.
8. Não é o resto que sobra, mas é uma devolução de uma pequena importância daquilo que Deus nos concede.
9. É um gesto de reconhecimento, pois, se temos é porque Deus nos dá.
10. É um gesto de gratidão pelos dons que Deus nos oferece. Com isso aplica-se as palavras do Salmo 69, 9 - "O zelo por tua casa me consome".

O Dízimo cristão foi criado como uma necessidade para manter o templo ou a Paróquia funcionando. Como toda casa tem suas despesas a Igreja necessita do dízimo para que esta esteja em dia com a limpeza, os impostos e as taxas como água, luz, telefone ...  e o pagamento dos funcionários e o um salário para o Pároco, (pois, o padre e o bispo como todo ser humano também precisa de alimentos, comer e vestir-se),   etc.    
Outra parte é destinada para a Diocese para a ajudar o Bispo nas despesas diocesanas.   

Nem o Catecismo nem outro documento da Igreja Católica obrigam que o dízimo seja 10% do salário, embora muitos adotem isso na prática. Dízimo é questão de consciência. 
Mas, o dízimo não pode ser uma troca de favores com Deus; deve ser uma doação generosa de quem O ama gratuita e desinteressadamente.
Na mentalidade do Antigo Testamento, quando não se tinha uma noção clara da vida eterna, os antigos judeus julgavam que a recompensa de Deus para os bons seria neste mundo mesmo; mas esta concepção foi mudando, como se pode ver no livro de Jó, Eclesiastes, Daniel etc. A certeza da vida eterna e de uma recompensa muito melhor foi finalmente trazida por Jesus: “Dirá o rei aos que estiver a sua direita: ‘Vinde, benditos do meu Pai, recebei por herança o reino preparado para vós desde a fundação do mundo'. (Mt 25,26).

São Paulo completa: “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e o coração do homem jamais percebeu, eis o que Deus preparou para aqueles que O amam” (1Cor 2,9).

A Igreja Católica condena a Teologia da Prosperidade?

Sim, segundo o Padre Paulo Ricardo, “A teologia da prosperidade traiu o cristianismo de forma clara”. Enquanto nas duas ondas precedentes observava-se ainda um núcleo cristão, nesta o que se tem é um desagregamento do que é próprio do cristão, pois toda a tradição evangélica segue a teologia de que o que importa é a fé e não as obras. A teologia da prosperidade consegue perverter essa tradição por meio de um jogo linguístico em que as obras são renomeadas como “materialização, manifestação da fé". Isso significa que o que importa são as obras, pois Deus irá “pagar".

Mas não é só isso. A teologia da prosperidade trai também o próprio cristianismo, pois ela não exige conversão, mudança de vida, uma vida moral reta. O que se tem no neo-pentecostalismo, em que a teologia da prosperidade se insere, uma acentuação no fato de que as obras morais são desprezíveis, o que se traduz pela aceitação de todo tipo de desregramento sexual.

Diante disso, é possível afirmar que a teologia da prosperidade é a paganização do cristianismo, pois tal qual ocorre nos cultos pagãos, faz-se uma “oferenda", não mais em encruzilhadas, mas na conta bancária da igreja. De forma asséptica, rápida e quase indolor, munido apenas de um cartão, oferece-se um “sacrifício", pagando pelo serviço que Deus irá prestar. Isso é paganismo.

Enquanto no cristianismo o homem crê que Deus é o Senhor e que deve estar a serviço Dele, no paganismo é justamente o contrário: Deus é que está a serviço do homem. E cada vez mais novas “fórmulas" são apresentadas para que Deus se torne como que escravo do homem e atenda a todos os seus caprichos.

Por tudo isso, conclui-se que a teologia da prosperidade é muito equivocada. Ela só se explica como uma verdadeira tentação satânica em que cristãos, aos poucos, são levados a transformar o cristianismo e o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo em uma fórmula mágica e pagã.


“Durante muito tempo os evangélicos acusaram os católicos de praticarem um cristianismo paganizado, no entanto, com a teologia da prosperidade, a acusação voltou-se para eles mesmos, pois, enfim, os evangélicos paganizaram o cristianismo.”

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