Essa matéria foi
tirada do site Acidigital.com onde o mesmo diz que D. José Luis Azcona, Bispo
emérito da Prelazia do Marajó, na região amazônica, publicou algumas
considerações em relação ao Instrumentum Laboris do Sínodo Da Amazônia que
acontecerá em Outubro de 2019, no Vaticano. O bispo faz sérias acusações na
qual ele fala que o objetivo do Sínodo está sendo distorcido.
Em sua Análise,
oferecida do ACI, Dom Azcona questionou pontos centrais do documento de
trabalho, como uma "visão distorcida" em relação ao chamado
"rosto amazônico" e a "interculturalidade" e ordenação de
homens casados.
Segundo o prelado,
"a Amazônia, ao menos a brasileira, não é mais católica" e "este
ponto de partida é crucial para celebração do Sínodo. Se a Amazônia tem uma
maioria pentecostal, é necessário tratar esse fenômeno a fundo.
Qualquer saudosismo de
uma Amazônia que não existe mais é fatal para a evangelização integral da
mesma. Até em algumas regiões da Amazônia a maioria pentecostal chega a
80%".
Por outra parte,
assinalou, "a penetração pentecostal em várias etnias indígenas passando
por cima das culturas, identidades étnicas, povos indígenas, em nome do
Evangelho, é um fenômeno grave da Amazônia atual, que com suas conotações
fundamentalistas e proselitistas incide profundamente nos povos indígenas. Não
existe sobre este ponto uma palavra do IL (Instrumento de trabalho). Este é
hoje o rosto amazônico. Não só".
Dom Azcona indicou
ainda que "a longa experiência de anos confirma em muitas Dioceses
amazônicas não se vive a fé, nem na sociedade e nem na história. O abismo entre
confissão de fé, celebração da mesma em belíssimas liturgias e a realidade
social, ambiental, cultural e política até agora não foi preenchido".
Além disso, observou
que "lamentavelmente, o IL não sabe, ou sabendo não compreende, a
transcendência para o presente e para o futuro da Amazônia, o rosto angustiado,
revitimizado, denegrido das crianças pelos próprios pais e parentes, submetidas
a uma escravidão que forma parte essencial do rosto abandonado e destruído de
Jesus na Amazônia".
"Todo este
documento é palha se não se compreende e
se compromete com o espírito e a letra do Evangelho: 'Aquele que acolhe uma
criança como esta, a Mim acolhe e quem acolhe a Mim, acolhe ao meu Pai que me
enviou'. (Mc9. 37)".
Nesse sentido,
"somente no Pará em um ano foram 25.000 denúncias de crimes deste tipo
(Ndr.: Pedofilia). Segundo especialistas nesta área, por cada caso de pedofilia
existe por trás mais outros quatro. Se aproximadamente durante um ano houve
100.000 crianças abusadas no Pará, não constitui este rosto das crianças
destruídas, uma parte essencial do rosto amazônico?"
"Onde está a
sensibilidade patoral por parte dos responsáveis pela IL tão evidente e tão
firmemente expressa pelo Santo Padre o Papa Francisco?" Questionou e acrescentou: "Onde está a defesa da
Amazônia, das suas crianças e, portanto, no Sínodo? Vamos sair das falsas
projeções sobre a Amazônia e vamos possibilitar de uma vez por todas os novos
caminhos para ela".
"Qual é o rosto
amazônico? Pode-se construir um Sínodo desta envergadura no próximo outubro com
apresentação tão fora do real, da identidade, do respeito ao diferente, quando
esquemas pré-estabelecidos de interpretação da realidade deformam o real?"
Outro ponto abordado
pelo Bispo Emérito do Marajó foram "as temáticas em torno da inculturação
do Evangelho na Amazônia e afins", os quais segundo ele, "são
apresentadas num contexto de imanência, neo-pelagianismo, nivelando o Evangelho
com as culturas amazônicas (indígenas), eclesiologicamente desprovidas de
fundamentação teológica e pastoral, com a anulação do Evangelho da Salvação.
Assim cita o decreto
Ad Gentes, o qual afirma que "as palavras do Evangelho proclamado pela
Igreja decidem o destino das pessoas, dos povos, culturas e nações (Cf. AG
8)". "Em parte nenhuma do IL afirma-se algo semelhante de modo
explícito. Pelo contrário, a tendência niveladora entre culturas (indígenas) e
Evangelho é esmagadora. Este é um ponto de partida do qual não se pode prescindir num Sínodo".
Desse modo, recordou,
que isso "é o que com vigor proclama o Papa Francisco" no título da
mensagem para o próximo dia Mundial das Missões datado em 9 de junho de 2019:
"A Missão supera confins das pertenças étnicas e religiosas".
"O esquecimento
deste princípio fundamental inutiliza o Sínodo, ao anular o poder de Deus
específico e único do Evangelho e, assim como todo dinamismo missionário na
Amazônia e desde a Amazônia", disse.
Além disso, Dom Azcona
assinalou que, "em parte nenhuma do IL se fala da presença dos demônios ou
da influência deles, das suas malícias nas pessoas, nos povos e nas culturas,
assim como da vitória de Cristo, sua libertação e a destruição do poder do
Maligno.
O IL esquece as
luminosas e orientadoras páginas que falam do Maligno e da sua presença na
história, que dedica o Papa Francisco na Exortação apostólica do ano passado
sobre a santidade, Gaudete et Exultate, números 158-164".
Assim, sublinhou,
"o pelagianismo difuso do IL, que leva a atribuir ao homem amazônico, às
suas etnias e culturas mais do que lhe pertence por serem realidades criadas e
marcadas pelo pecado, se supera com robusta doutrina conciliar sobre Evangelho
e missão da Igreja no poder do Ressuscitado como aparece no Lumem Gentium
16".
Por último, a utopia
de dar vida às religiões pré-colombianas separando-se de Cristo e da Igreja
Universal, não seria um progresso, mas uma regressão", declarou citando o
discurso do Papa Bento XVI na Conferência de Aparecida, em 2007, quando afirmou
que, "na realidade seria uma involução para um momento histórico ancorado
no passado".
Sínodo: Conversão ecológica?
Ao abordar a questão
da conversão ecológica, o Bispo Emérito do Marajó, defendeu "a necessidade
de arrependimento para o perdão dos pecados é o desafio fundamental que a
Igreja tem que enfrentar na Amazônia. Sem esta prioridade absoluta o ser e
fazer da Igreja, não existe futuro para a Amazônia porque assim esquecemos a presença do reino
de Deus (Mc1, 15) no mundo (Lc 24, 44-48)".
"Ao faltar o
arrependimento que 'faz existir o que
não existe' pela geração do homem novo amazônico (Cf. At2, 38), O IL não
experimenta a fome, a sede pelo Espírito Santo".
DE acordo com o
Prelado, "o IL ao esquecer o Novo Pentecostes preconizado já pelo Papa S.
João XXIII na oração preparatória do Concílio, deixa de lado o núcleo da missão
na Amazônia como terras e águas de missão? Ou trata-se da dimensão missionária
que, como Igreja na Amazônia, é chamada e enviada ao mundo?”
“Deixemo-nos levar
pelo magistério inspirado pelo Papa Francisco na EG" (Evagelii Gaudium)”.
"Porque no IL não
se grita esta verdade, a única que pode salvar a Amazônia?", questionou acrescentando que "o que aqui
propõe d Santo Padre é evangelização e, portanto, uma Amazônia muito diferente
de um conjunto de tarefas vividas, de projetos, de planos de pastoral e
inculturação, de ecologia".
Assim, frisou que
"de nada vai servir a ordenação dos 'viri probati' , pois, é colocar um
retalho de pano novo em tecido velho. O rasgão será maior! Exatamente!"
Por outro lado,
observou, "o clero da Amazônia precisa, com a Igreja toda, de
arrependimento da conversão, da fé que salva em sentido estrito. A experiência
oferece essa evidência . O sentido do mistério sacerdotal, e especificamente na
Amazônia, se tem perdido, ou é inoperante na vida, ou na conversão pastoral
autêntica de presbíteros. Para que
ordenar os 'Viri probati' dentro de presbíteros em crise?
"Perfeita e
perpétua continência pelo reino dos Céus continuará sendo ao mesmo tempo e
também na Amazônia sinal de estímulo e caridade pastoral e fonte original de
fecundidade espiritual no mundo e também
na Amazônia".
Por isso, “podemos
perguntar: Existe esta atitude de oração pelo dom do celibato nos presbíteros
da Amazônia? A Igreja toda reza para que este sublime dom seja derramado em
todo o Corpo de Cristo? Os fatos respondem: ‘Não’!”.
“Por outra parte, e principalmente, decidir sobre esta questão é
algo completamente inoportuno num contexto em que tendências atuais de grandes
grupos de católicos, assim chamados conservadores, questionam o Magistério da
Igreja, em concreto do próprio Sumo Pontífice. Alguns o declaram herético
publicamente, exigindo demissão imediata. Outros exigem sua renúncia por falta
de coerência na questão de pedofilia na Igreja! Não entramos na discussão da
legitimidade destes questionamentos. O que é certo é que uma resposta
afirmativa abriria para um risco mortal de uma divisão, de um verdadeiro cisma
na Igreja”.
Dessa forma, destacou que “não se trata da vitória dos assim
chamados ‘conservadores’ ou ‘progressistas’. Trata-se do máximo na Igreja: da
caridade. Diante da caridade, deve empalidecer qualquer conceito ou denominação
de tipo sociológico”.
Sínodo: Ordenação
sacerdotal de pessoas idosas
Por fim, Dom José Luis Azcona falou especificamente sobre a
ordenação sacerdotal de pessoas idosas. O Prelado afirmou que, “reconhecendo
que a venerável instituição do celibato sacerdotal pertence à área disciplinar
da Igreja e, portanto, sujeita a mudanças, considero inconveniente, até
perigoso neste momento para a unidade eclesial, abrir a possibilidade que pede
o IL”.
“Não se trata de uma problemática exclusivamente de pastoral
indígena. É uma situação de penúria generalizada de presbíteros na Igreja. As
mesmas razões que podem ser invocadas para este reconhecimento pedido pelo IL
são as mesmas que podem ser aplicadas a toda a Igreja, ou a grande parte da
mesma”.
Segundo o Bispo, “o problema não é só a falta de sacerdotes
suficientes, senão o exame, discernimento desta carência grave para uma solução
realista. A raiz fundamental desta penúria de vocações na Igreja e também na
Amazônia, incluindo os povos indígenas evangelizados, é de uma alarmante falta
de fé ou da ausência de fé que opera na prática por meio do amor, também e
necessariamente na história e na sociedade”.
Assim, explicou, “apesar de ser uma questão disciplinar, esta se
converte em imperativo ético a partir do indicativo absoluto: Cristo morreu
pelo irmão não esclarecido; tua liberdade não é algo absoluto; é contra Cristo
que vocês pecam ferindo a consciência do irmão; o único absoluto é o amor; esse
amor é o de Deus derramado nos corações pelo Espírito Santo (Rom 5,5)”.
Então, perguntou: “É esse o amor da Igreja na Amazônia? É esse o
amor de Deus que impregna suficientemente os critérios de pastoral, os
eclesiais, a práxis como a realidade suprema ou é a gnosis ou o Pelágio que
comanda a barca da Igreja na Amazônia? (Cfr. Gaudete Exsultate, Francisco
2018)”.
“Esse perigo de cisma não é imaginário! Tampouco na Amazônia!”,
concluiu Dom Azcona.
____________________________________________
O
SÍNODO DA AMAZÔNIA nada mais é que a
Igreja Católica se intrometendo em assuntos do Governo. É por isso que o
General Heleno das Forças Armadas Brasileira via no início do ano, com preocupação a interferência ilegal na Igreja
no Estado Brasileiro.
Segundo
denuncia de uma parte dos Cardeais da Igreja e que defende uma ala mais
conservadora e defende a conservação da Fé e da tradição ao longo dos mais de
2000 anos na história da Igreja; esse Sínodo visa introduzir na Igreja muitas
heresias, tendo em vista a ordenação de padres casados e de mulheres ao
diaconato (ou diaconisas).
Existe
um lado podre da Igreja onde bispos e cardeais defendem muitas heresias; esses
bispos aliados ao comunismo e à teologia da libertação querem de toda forma
introduzir seus erros e aberrações das mais variadas na liturgia da Igreja.
Mais
uma vez provamos as palavras do Pe. Gabriele Amorth, exorcista do Vaticano em que o mesmo afirmava que
"satanás habita no Vaticano". Sim. Satanás tenta de todas as formas
derrubar a Igreja de Cristo, pois, enquanto ela existir a batalha continua e
ele sempre será derrotado. O importante é confiar nas palavras que Jesus disse
à Pedro em Mt16, "e as portas do inferno não poderão sobre ela".
Nesses
últimos tempos nós estamos vendo a enxurrada de coisas erradas acontecendo
dentro da Igreja. Desde liturgias bizarras feitas com músicas mundanas até
escolas de samba dentro dos templos.
Nossa
Senhora já havia avisado que isso aconteceria e que haveria uma rachadura na
Igreja onde bispos ficariam contra bispos.
Tudo
isso não é de se espantar, não causa estranheza para quem lê a Sagrada
Escritura. Os Apóstolos já advertiam em suas cartas sobre essas pessoas que
iriam corromper uma grande parte da Igreja.
Os
escândalos de pedofilia e tantas outras coisas; agora, esse Sínodo que não tem
nenhum compromisso com a fé e a evangelização, traz dentre outras coisas trazer
de volta um falsa inculturação onde elementos pagãos serão introduzidos dentro
das liturgias.
Outro
fato é que conforme lemos acima a Igreja não conseguiu cem por cento converter
os indígenas e perdeu terreno para as seitas pentecostais. As igrejas estão vazias
e as pessoas já não participam assiduamente com consciência dos sacramentos. Há
uma carência de sacerdotes e missionários na Amazônia.
Essa
ala podre da Igreja não está preocupada com a conversão e a evangelização da
população da Amazônia e dos povos indígenas. Eles estão preocupados com a perda
financeira e de terreno para os pentecostais que de muito introduziram na
Amazônia e a Igreja está sem respostas a dar no sentido de trazer de volta
essas pessoas, não ao caráter e com o propósito verdadeiro, mas com outros
objetivos.
Como
bem disse D. Azconza esse Sínodo não está levando em conta a situação de risco
fome e pobreza, os abusos sofridos pelas crianças e a imensa devastação da
Amazônia onde as tribos estão tendo suas terras dizimadas.
Já
havia uma ala de cardeais heréticos que estavam tentando acabar com o celibato
na Igreja e a ordenação de mulheres. Só não o fizeram porque a Igreja tem muito
medo da opinião pública, pois, temem perder dinheiro com isso.
Inventaram
as "ministras extraordinárias da comunhão" - (não há nenhum respaldo
bíblico para tal) - mas, de certa forma abriu uma "certa" liberdade
às mulheres que agora podem até manipular a Eucaristia e celebrar o culto.
Agora,
descaradamente querem ordenar homens casados e mulheres ao sacerdócio na
Amazônia com a desculpa de que há escassez de homens vocacionados.
Com
isso abre-se a brecha para que o celibato acabe de vez na Igreja, rachando a
mesma em duas partes ela deixará de ser católica na prática e só no nome.
Os bispos alemães
disseram que se isso acontecer vão exigir do papa que os padres da Alemanha se
casem.
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Nós católicos devemos conhecer sobre o assunto e manifestar nossas opiniões pois, a tragédia está para acontecer em breve. O Sínodo será em Outubro de 2019. E rezarmos para que o Espírito Santo mude o pensamento desses heréticos. E travarmos uma batalha contra o mal que está introduzido dentro da Igreja de Cristo.
O Cardeal Müller explica
que o texto do Instrumentum Laboris possui “algumas tediosas redundâncias “e
que “se todas as repetições fossem eliminadas, o texto seria facilmente
reduzido pela metade, inclusive menos”.
Entretanto,
na opinião do Cardeal Müller, o problema não é tanto a excessiva extensão do
texto, “mas o fato de que o significado dos termos-chave não são explicados e
são utilizados de maneira inflada”.
Em
concreto, cita conceitos pouco explicados como “caminho sinodal”,
“desenvolvimento integral”, “Igreja samaritana, sinodal e aberta” ou “uma
Igreja de abertura, a Igreja dos pobres, a Igreja da Amazônia”.
Em
segundo lugar, assegura que “a estrutura do texto apresenta um giro radical na
hermenêutica da teologia católica”. No Instrumentum Laboris, “toda a linha de
pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos
do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João
Paulo II e Bento XVI”.
“Talvez
o desejo era mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser
possível evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes
referências a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os
autores chamam, de maneira bastante incompetente de: «o mantra de Francisco»”.
O
Cardeal destaca também que os autores do Instrumentum Laboris confundem “os
papéis do Magistério por um lado, e da Sagrada Escritura pelo outro” e,
inclusive, indica que o documento “chega ao ponto de afirmar que há novas
fontes da Revelação”.
Diante
disto, sublinha que “a Sagrada Escritura e a Tradição são as únicas fontes da
Revelação”.
O
Cardeal Müller se mostra também crítico ao método de trabalho da organização
“Rede Eclesial Pan-Amazônica”, que foi praticamente criada para elaborar o
Instrumentum Laboris e que “é uma sociedade fechada de pessoas com o mesmo
ponto de vista sobre o mundo, tal como se pode observar facilmente na lista de
nomes dos encontros pré-sinodais que tiveram lugar em Washington e Roma, que
contém um número desproporcional de europeus de língua alemã”.
Nesse
sentido, chamou a atenção sobre o fato de que, no documento, os autores,
identificados com a chamada “Theologia India (Teologia indígena)”, “citam
primordialmente a si mesmos”.
A
imunidade deste grupo às objeções levantadas com seriedade, seu doutrinarismo,
dogmatismo monolítico, ritualismo e clericalismo também são objetos da crítica
do ex-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Ele
assegura que muitos deles carecem de experiência em América do Sul e, se lhes
foi confiada esta tarefa, é porque “acreditam que os temas estão alinhados com
a estratégia oficial e podem servir para controlar os temas do atual caminho
sinodal que empreenderam a Conferência Episcopal alemã e o Comitê Central dos
católicos alemães” em temas como a abolição do celibato, o acesso das mulheres
ao sacerdócio ou a adoção da moral sexual revelada à ideologia de gênero.
Na
reflexão do Cardeal Müller, adverte-se também sobre os perigos do conceito de
“cosmovisão” presente no Instrumentum Laboris: “Uma cosmovisão com seus mitos e
a magia ritual da Mãe ‘Natureza’, ou de seus sacrifícios aos ‘deuses’ e
espíritos que assustam nosso intelecto, ou que nos tentam com falsas promessas,
não podem de forma alguma ser um enfoque adequado para a vinda do Deus Trino em
Sua Palavra e em Seu Espírito Santo”.
O
Cardeal pede maior seriedade aos responsáveis pelo Instrumentum Laboris e
pergunta: “Acaso na formação dos futuros pastores e teólogos deve-se substituir
o conhecimento da filosofia clássica e moderna, dos Padres da Igreja, da
teologia moderna e dos concílios pela cosmovisão amazônica e a sabedoria dos
antepassados com seus mitos e rituais?”.
“A
contemplação do cosmos é apenas a ocasião para glorificar Deus e seu
maravilhoso trabalho na natureza e na história. O cosmos, entretanto, não deve
ser adorado como Deus; só o Criador deve sê-lo”, enfatiza o Cardeal.
Do
mesmo modo, rechaça conceitos como “teologia indígena” ou “ecoteologia”: “são
uma derivação do romanticismo social”.
“A
teologia é a compreensão (intellectus fidei) da Revelação de Deus em Sua
Palavra na Profissão de Fé da Igreja, e não uma nova e contínua mistura de
sentimentos do mundo e de pontos de vista do mundo ou de constelações
religiosas-morais do sentimento cósmico tudo-em-um, a mistura dos sentimentos
do próprio eu com os do mundo”.
Pelo
contrário, “nosso mundo natural é a criação de um Deus Pessoal. A fé no sentido
cristão é, portanto, o reconhecimento de Deus em Sua Palavra Eterna que se fez
Carne: é a iluminação do Espírito Santo para que reconheçamos a Deus em
Cristo”.
O
Cardeal Müller finaliza sua análise do Instrumentum Laboris assinalando que o
que falta no documento “é um testemunho claro da autocomunicação de Deus no
verbum incarnatum, da sacramentalidade da Igreja, dos Sacramentos como meio
objetivo da Graça em lugar de meros símbolos autorreferenciais, do caráter
sobrenatural da Graça”.
“A
integridade do homem não consiste só na unidade com uma bio-natureza, mas na
Filiação Divina e na comunhão plena de graça com a Santíssima Trindade, de modo
que a vida eterna é o prêmio pela conversão a Deus, a reconciliação com Ele, e
não somente aquela com o meio ambiente e com nosso mundo compartilhado”.
O
Cardeal conclui: “Em vez de apresentar uma aproximação ambígua a uma vaga
religiosidade e à tentativa inútil de transformar o cristianismo em uma ciência
de salvação, sacralizando o cosmos, a biodiversidade da natureza e a ecologia,
deve-se olhar para o centro e a origem da nossa fé”.
A
seguir, apresentamos o texto completo da análise do Cardeal Müller:
«De
fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado:
Jesus Cristo» (1 Cor 3, 11)
Sobre
o conceito de Revelação presente no Instrumentum Laboris do Sínodo para a
Amazônia
Cardeal
Gerhard Müller
1.
Sobre o método do Instrumentum Laboris (IL)
Ninguém
põe em questão a boa vontade daqueles que estão implicados na preparação e
implementação do sínodo e sua intenção de fazer todo o possível para animar a
fé católica entre os habitantes desta ampla região de fascinante paisagem.
A
região amazônica representa para a Igreja e para o mundo «um pars pro toto, um
paradigma, uma esperança para o mundo» (IL 37). Esta atribuição por si só, já
demonstra a idéia de um desenvolvimento «integral» de todos os homens na única
casa que é a Terra, da qual a Igreja se declara ser responsável. Esta idéia a
encontramos uma e outra vez no Instrumentum Laboris (IL). O próprio texto está
dividido em três partes: 1) A voz da Amazônia; 2) Ecologia integral: o clamor
da terra e dos pobres; 3) Igreja profética na Amazônia: desafios e esperanças.
Estas três partes estão construídas segundo o esquema também utilizado pela
Teologia da Libertação: ver a situação – julgar à luz dos Evangelhos – atuar
para estabelecer melhores condições de vida.
2.
Ambivalência na definição dos termos e os objetivos
Como
sucede frequentemente com textos escritos por um grupo de trabalho, sempre há
equipes de pessoas que têm um modo de pensar similar, nos quais cada um
trabalha uma parte do texto o que resulta em algumas tediosas redundâncias. Se
todas as repetições fossem eliminadas, o texto seria facilmente reduzido pela
metade, inclusive menos.
Entretanto,
o problema principal não é a excessiva extensão do texto, mas o fato de que o
significado dos termos-chave não são explicados e são utilizados de maneira
inflada: o que é um caminho sinodal, o que é desenvolvimento integral, o que
significa uma Igreja samaritana, sinodal e aberta, ou uma Igreja de abertura, a
Igreja dos pobres, a Igreja da Amazônia, etc.? Esta Igreja é diferente do Povo
de Deus, ou deve ser considerada meramente como a hierarquia do Papa e os
bispos? Sendo uma parte, Ela está a favor ou contra o povo? O Povo de Deus é um
termo sociológico ou teológico? Ou não se trata, na verdade, da comunidade dos
fiéis que, junto a seus pastores, estão em peregrinação para a vida eterna? São
os bispos os que devem ouvir o clamor do povo, ou é Deus, tal como fez com
Moisés durante a escravidão de Israel no Egito, quem diz agora aos sucessores
dos apóstolos que levem os fiéis para longe do pecado e da maldade do naturalismo
e do imanentismo secular para a Palavra de Deus e os Sacramentos da Igreja?
3.
Hermenêutica ao contrário
Acaso
a Igreja de Cristo foi entregue por seu Fundador, como uma espécie de material
bruto, às mãos dos bispos e dos papas para que estes assim, iluminados pelo
Espírito Santo, reconstruam-na fazendo dela um instrumento atualizado com metas
também seculares?
Nota-se,
pois, que a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da
teologia católica. A relação entre Sagrada Escritura e Tradição Apostólica por
um lado, e o Magistério da Igreja por outro, foi determinado classicamente de
tal modo que a Revelação está plenamente contida na Sagrada Escritura e na
Tradição, sendo a tarefa do Magistério -unido ao sentido da fé de todo o povo
de Deus- interpretá-la de maneira autêntica e infalível. Assim, a Sagrada
Escritura e a Tradição são os princípios constitutivos do conhecimento para a
profissão católica de fé e seu reflexo teológico-acadêmico. O Magistério, por
sua parte, age meramente de uma maneira interpretativa e reguladora (Dei Verbum
8-10; 24).
No
caso do IL, entretanto, isto é exatamente o contrário. Toda a linha de
pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos
do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João
Paulo II e Bento XVI. Cita-se pouco a Sagrada Escritura e quase não são citados
os Padres da Igreja, e ainda assim, somente de maneira ilustrativa e com o fim
de apoiar convicções preexistentes por outras razões. Talvez o desejo era
mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser possível
evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes referências
a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os autores chamam,
de maneira bastante incompetente de: «o mantra de Francisco» (IL 25). Esta
adulação é levada a seu extremo quando os autores acrescentam, depois de
afirmar que «os sujeitos ativos da inculturação são os próprios povos
indígenas» (IL 122), a estranha formulação: «Como afirmou o papa Francisco ‘a
graça supõe a cultura’». A frase é escrita como se tivesse sido ele quem
descobriu este axioma, que na verdade é um axioma fundamental da própria Igreja
católica. A formulação original diz que a Graça supõe a Natureza, do mesmo modo
que a Fé supõe a Razão (cf. Santo Tomás Aquino, S. th. I q.1 a.8).
Além
de confundir os papéis do Magistério por um lado, e da Sagrada Escritura pelo
outro, o IL chega ao ponto de afirmar que há novas fontes da Revelação. O IL no
número 19 afirma: «Na Amazônia, a vida está inserida, ligada e integrada no
território que, como espaço físico vital e nutritivo, é possibilidade, sustento
e limite da vida. Além disso, podemos dizer que a Amazônia – ou outro espaço
territorial indígena ou comunitário – não é somente um ubi (um espaço
geográfico), mas também um quid, ou seja, um lugar de sentido para a fé ou a
experiência de Deus na história. O território é um lugar teológico a partir do
qual se vive a fé, mas é também uma peculiar fonte de revelação de Deus. Estes
espaços são lugares epifânicos onde se manifesta a reserva de vida e de
sabedoria para o planeta, uma vida e sabedoria que falam de Deus» (4). Porém,
na verdade, a Sagrada Escritura e a Tradição são as únicas fontes da Revelação,
tal como explica a Dei Verbum: «Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada
Escritura dos dois Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina
na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face
a face tal qual Ele é» (N. 7). «A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura
constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja» (Dei
Verbum 10).
Além
destas desconcertantes afirmações e referências, a organização Rede Eclesial
Pan-Amazônica (=REPAM) -encarregada da preparação do IL, razão pela qual foi
fundada em 2014-, nota-se como os autores da chamada Theologia India (Teologia
índigena), no texto, citam primordialmente a si mesmos.
É
uma sociedade fechada de pessoas com o mesmo ponto de vista sobre o mundo, tal
como se pode observar facilmente na lista de nomes dos encontros pré-sinodais
que tiveram lugar em Washington e Roma e que contém um número desproporcional
de europeus de língua alemã.
Estes
autores se sentem imunes a objeções sérias pois afirmam que as mesmas estão
meramente fundamentadas em um doutrinarismo ou no dogmatismo monolítico, ou em
um ritualismo (IL 38; 110; 138), assim como em um clericalismo que é incapaz de
dialogar (IL 110), e no rígido modo de pensar dos fariseus e no orgulho da
razão dos escribas. Raciocinar com estas pessoas seria uma perda de tempo e um
esforço vão.
Entre
eles, não todos conhecem a América do Sul e só estão presentes porque acreditam
que os temas estão alinhados com a estratégia oficial e podem servir para
dominar os temas do atual caminho sinodal que empreenderam a Conferência
Episcopal alemã e o Comitê Central dos católicos alemães (entre eles: a
abolição do celibato, acesso das mulheres ao sacerdócio e a posições chave
contra o clericalismo e fundamentalismo, adaptar a moralidade sexual revelada à
ideologia de gênero e apreço pelas práticas homossexuais).
Eu
mesmo servi no campo pastoral e teológico no Peru e outros países da região
durante quinze anos consecutivos, todo ano por cerca de 2 a 3 meses. Estive
principalmente em paróquias e seminários sul-americanos e por isso meu juízo
não traz uma mera perspectiva eurocêntrica, tal como alguns desejariam usar
isto como argumento para refutar-me.
Todos
os católicos estarão de acordo com uma importante intenção do IL, ou seja: que
os povos da Amazônia não sigam sendo objeto do colonialismo e neocolonialismo,
sujeitos a forças que só pensam no proveito e no poder, às custas da felicidade
e da dignidade de outros. Está claro para a Igreja, a sociedade e o Estado que
os povos que vivem ali -sobretudo nossos irmãos e irmãs católicos-, são iguais
e livres em suas vidas e trabalhos, sua fé e sua moralidade, e isto é nossa
responsabilidade comum perante Deus. Mas, como isto pode ser alcançado?
4.
O ponto de partida é a Revelação de Deus em Jesus Cristo
Sem
dúvida, a proclamação do Evangelho é um diálogo, que corresponde à Palavra
(=Logos) de Deus dirigida a nós e nossa resposta no dom livre da obediência à
Fé (Dei Verbum 5). Porque a missão vem de Cristo, o Deus-Homem e porque Ele
passou a Missão que o Pai lhe confiou aos Apóstolos, a oposição entre enfoque
dogmático «de cima» e enfoque pedagógico-pastoral «de baixo» não têm sentido
algum, a não ser que se rechace o «princípio divino-humano no caso do enfoque
pastoral» (Franz Xaver Arnold).
Mas
o homem é o destinatário do mandato missionário universal de Jesus (Mateus 28,
19), «o mediador universal e único da salvação entre Deus e toda a humanidade»
(Jo 14, 6; At 4, 12; 1 Tim 2, 4ss.) e o homem pode refletir, com a ajuda da
razão, sobre o sentido da vida entre o nascimento e a morte; sua vida é
sacudida pelas crises existenciais da existência humana e ele, tanto na vida
como na morte, põe sua esperança, em Deus, que é origem e meta de todo ser.
Assim,
uma cosmovisão com seus mitos e a magia ritual da Mãe «Natureza», ou de seus
sacrifícios aos «deuses» e espíritos que assustam nosso intelecto, ou que nos
tentam com falsas promessas, não podem de forma alguma ser um enfoque adequado
para a vinda do Deus Trino em Sua Palavra e em Seu Espírito Santo. Muito menos
pode ser um enfoque com um ponto de vista científico-positivista de uma
burguesia progressista que aceita o cristianismo como um cômodo vestígio de
valores morais e ritos civis-religiosos.
Falando
seriamente: acaso na formação dos futuros pastores e teólogos deve-se
substituir o conhecimento da filosofia clássica e moderna, dos Padres da
Igreja, da teologia moderna e dos concílios pela cosmovisão amazônica e a
sabedoria dos antepassados com seus mitos e rituais?
Se
a expressão «cosmovisão» significar apenas que todas as coisas criadas são
interdependentes, tratar-se-ia apenas de um lugar comum. Devido à substancial
união entre o corpo e a alma, o homem está na interseção do espírito com a
matéria. Mas a contemplação do cosmos é apenas ocasião para glorificar Deus e
seu maravilhoso trabalho na natureza e na história. O cosmos, portanto, não
deve ser adorado como Deus; só o Criador deve sê-lo. Não nos ajoelhamos ante o
enorme poder da natureza e ante «os reinos do mundo e sua glória» (Mateus 4,
8), mas só perante Deus: «Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás
culto» (Mateus 4, 10). É assim como Deus rechaçou o diabólico sedutor no
deserto.
5.
A diferença entre a Encarnação do Verbo e a inculturação como via de
evangelização
A
«teologia indígena e a ecoteologia» (IL 98) são uma derivação do romanticismo
social. A teologia é a compreensão (intellectus fidei) da Revelação de Deus em
Sua Palavra na Profissão de Fé da Igreja, e não uma nova e contínua mistura de
sentimentos do mundo e de pontos de vista do mundo ou de constelações
religiosas-morais do sentimento cósmico tudo-em-um, a mistura dos sentimentos
do próprio eu com os do mundo (hen kai pan). Nosso mundo natural é a criação de
um Deus Pessoal. A fé no sentido cristão é, portanto, o reconhecimento de Deus
em Sua Palavra Eterna que se fez Carne: é a iluminação do Espírito Santo para
que reconheçamos a Deus em Cristo. Com a fé, nos chegam as virtudes
sobrenaturais da esperança e da caridade. É assim como nos compreendemos a nós mesmos
filhos de Deus, que, através de Cristo, chama Deus no Espírito Santo, Abba, Pai
(Rm 8, 15). Se depositamos toda nossa confiança nele, Ele nos converte em Seus
filhos, livres do medo às forças elementares do mundo e às aparições demoníacas
de deuses e espíritos, que com malícia nos esperam no caráter imprevisível das
forças materiais do mundo.
A
Encarnação é um evento único na história que Deus determinou livremente com Seu
desejo universal de salvação. Não é uma inculturação, e a inculturação da
Igreja não é uma encarnação (IL 7;19;29;108). Não foi Ireneu de Lião, em seu V
livro Adversus haereses (IL 113) e sim Gregorio Nazianzeno quem formulou o
princípio: «quod non est assumptum non est sanatum – o que não é assumido não é
redimido» (Ep. 101, 32). O que se queria com isto é destacar a plenitude
completa da natureza humana, contrariando Apollinarius de Laodicea (315-390),
quem dizia que o Logos na Encarnação só assumiu uma natureza, e não a alma
humana. Por esta razão, a seguinte frase do documento é totalmente abstrusa: «A
diversidade cultural exige uma encarnação mais real para assumir diferentes
modos de vida e culturas». (IL 113)
A
Encarnação não é o princípio de uma adaptação cultural secundária, mas o
princípio fundamental da salvação concreta na «Igreja como sacramento de
salvação do mundo em Cristo» (Lumen Gentium 1, 48), na profissão de fé da
Igreja, em seus sete sacramentos e em seu episcopado com o Papa à cabeça, em
sucessão apostólica.
Os
ritos secundários das tradições dos povos podem ajudar a enraizar os
sacramentos na cultura, que são os meios de salvação instituídos por Cristo.
Entretanto, não podem ser independentes porque, por exemplo, costumes
matrimoniais podem converter-se em sinais mais importantes que a Palavra-Sim
[“Ja-Wort”], constitutiva do Sacramento do matrimônio. Os sinais sacramentais,
instituídos por Cristo e os apóstolos (símbolos de palavra e matéria) não podem
ser mudados de forma alguma. O batismo só é administrado de maneira válida se
feito em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e com água natural. E na
Eucaristia não se pode substituir com comida local o pão feito de trigo e o
vinho feito com uva. Fazê-lo não seria inculturação, mas uma inadmissível
interferência com o desejo de Jesus como fundador [“Stiftungswillen”] e também
seria destruir a unidade da Igreja em seu centro sacramental.
Quando
a inculturação se refere à celebração externa secundária do culto divino e não
aos sacramentos -que são ex opere operato, através da presença viva de Cristo,
o fundador e o verdadeiro doador de Graça nestes signos sacramentais-, então a
seguinte frase é escandalosa, ou no mínimo, descabida: «Sem esta inculturação,
a liturgia pode reduzir-se a uma “peça de museu”, ou a “uma possessão de
poucos”». (IL 124)
Deus
não está meramente presente em todas partes nem presente de igual maneira em
todas as religiões, como se a Encarnação fosse apenas um fenômeno tipicamente
mediterrâneo. De fato, Deus como Criador do mundo está presente como um todo e
em cada coração humano individualmente (At 17, 27ss), inclusive se os olhos do
homem frequentemente estão cegados pelo pecado, e seus ouvidos estão surdos ao
Amor de Deus. Ainda assim, Ele chega por meio da Auto-Revelação de si mesmo à
história de Seu povo eleito, Israel, e vem até nós em sua Palavra Encarnada e
no Espírito que infundiu em nossos corações. Esta auto-comunicação de Deus como
Graça e vida de cada homem se difunde no mundo mediante a proclamação da Igreja
de sua vida e seu culto, vale dizer, mediante a missão da Igreja no mundo e o
mandato universal que recebeu de Cristo.
Entretanto,
Ele se antecipa e já trabalha com a ajuda da Graça nos corações desses homens
que ainda não o conhecem expressamente nem por Seu nome, por isso, quando
ouvirem falar Dele na proclamação apostólica, poderão identificá-lo como o
Senhor Jesus, graças ao Espírito Santo (1 Cor 12, 3).
6.
O critério de discernimento: a comunicação histórica de Deus no Jesus Cristo
O
que falta no IL é um testemunho claro da auto-comunicação de Deus no verbum
incarnatum, da sacramentalidade da Igreja, dos Sacramentos como meio objetivo
da Graça em lugar de meros símbolos autorreferenciais, do caráter sobrenatural
da Graça, por isso a integridade do homem não consiste só na unidade com uma
bio-natureza, mas na Filiação Divina e na comunhão plena de graça com a
Santíssima Trindade, de modo que a vida eterna é o prêmio pela conversão a
Deus, a reconciliação com Ele, e não somente aquela com o meio ambiente e com
nosso mundo compartilhado.
Não
se pode reduzir o desenvolvimento integral apenas ao fornecimento de recursos
materiais. Porque o homem recebe sua nova integridade unicamente mediante a
perfeição na Graça; agora no Batismo, pelo qual nos convertemos em novas
criaturas e em filhos de Deus, e um dia na Visão Beatífica na comunidade do
Pai, do Filho, e do Espírito Santo e em comunhão com seu santos (1 Jo 1, 3; 3,
1ss).
Em
vez de apresentar uma aproximação ambígua a uma vaga religiosidade e à
tentativa inútil de transformar o cristianismo em uma ciência de salvação,
sacralizando o cosmos, a biodiversidade da natureza e a ecologia, deve-se olhar
para o centro e a origem da nossa fé: “Aprouve a Deus na sua bondade e
sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade
(cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado,
têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza
divina” (Dei Verbum 2).
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