segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O MILAGRE EUCARÍSTICO DE SANTARÉM




O que é um milagre eucarístico?

Milagre eucarístico está relacionado como próprio nome diz à Eucaristia. Neles Jesus  manifesta diretamente sua presença (física) seu Santíssimo Corpo e Sangue . Isto é, Nosso Senhor para provar sua real presença no Divino Sacramento da Eucaristia, (não que Ele precise), tem permitido várias vezes sua presença de maneira visível a fim de converter os incrédulos e reforçar a fé dos que creem, mas, ainda não confiam na sua real presença na Santíssima Eucaristia.

Ao longo da história Nosso Senhor Jesus Cristo tem nos provado o que ele mesmo disse antes de sua ascensão ao Céu:

“Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. (Mt28, 20)

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.
Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.
E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?
Respondeu, pois, Jesus, e disse-lhes: Não murmureis entre vós.
Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai.
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.
Eu sou o pão da vida.
Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.
Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?
Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. (João 6:37-58)

E, comendo eles, tomou Jesus pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, e disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”.
E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho; e todos beberam dele.
E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos. (Marcos 14:22-24)

“Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão
e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim".
Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim".
“Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha”. (1 Cor 11:23-26”.

O mais famoso milagre Eucarístico que conhecemos aconteceu no séc. XII em Lanciano, um lugarejo pertencente à Itália, mas, existem muitos outros onde Nosso Senhor nos dá provas de sua real presença na Eucaristia e um deles é o Santíssimo Milagre de Santarém – Portugal.

No século XIII, em 1247, a mulher Euvira sofria porque seu marido era infiel. Tendo consultado uma bruxa judia, esta disse que faria o trabalho de bruxaria, mas, em pagamento ela teria que lhe trazer uma hóstia consagrada.

A mulher então se fingiu de doente e enganou o padre da Igreja de Santo Estevão que lhe deu a comunhão em um dia de semana. Ela recebeu a comunhão e retirou a Eucaristia da boca envolveu-a num lencinho e guardou-a perto do seio.
Foi quando a hóstia começou a sangrar.
As pessoas que passavam perguntavam à mulher que ferida era aquela que sangrava e viu que não se tratava de uma ferida, mas sim, o sangue vinha da Sagrada Eucaristia.  


Assustada com o acontecimento escondeu-A em um baú de cedro junto com suas roupas.

Quando já era noite seu marido voltou para casa e viu  que naquele baú saía  raios de luz, de dentro dele irradiava todo o lugar.

Ela então, contou o marido o que tinha acontecido, ele se converteu e passaram a noite toda em oração.

Pela manhã voltaram à Igreja e procuraram o Pároco que acompanhado de vários clérigos levaram a Santíssima Eucaristia de volta à Igreja de Santo Estevão.

A Santíssima Eucaristia foi colocada em um relicário feito de ceras de abelha derretida e colocada em um cálice até 1340 quando nessa ocasião houve um segundo milagre: Ao abrirem o sacrário para adoração viram que o relicário de cera estava em pedaços e miraculosamente as partículas apareceram numa âmbula de cristal.



Esta pequena âmbula foi colocada em uma custódia de prata dourada onde está  até os dias de hoje.



Várias investigações foram feitas; em 1340-1612 – comprovaram a autenticidade do milagre.


Em 1997, através de um decreto do Bispo Dom Antônio 
Francisco Marques a Igreja de Santo Estevão foi elevada ao título de Santuário do Santíssimo Sangue.   



quarta-feira, 11 de setembro de 2019

CATÓLICO PODE SER ESPÍRITA?


É preciso ficar bem claro que o espiritismo (bem como suas derivações) contradiz a doutrina católica em muitos pontos, sendo impossível a um católico ser também espírita.

O espiritismo nega pelo menos 40 verdades da fé cristã:

1. Nega o mistério, e ensina que tudo pode ser compreendido e explicado.
2. Nega a inspiração divina da Bíblia.
3. Nega o milagre.
4. Nega a autoridade do Magistério da Igreja.
5. Nega a infalibilidade do Papa.
6. Nega a instituição divina da Igreja.
7. Nega a suficiência da Revelação.
8. Nega o mistério da Santíssima Trindade.
9. Nega a existência de um Deus Pessoal e distinto do mundo.
10. Nega a liberdade de Deus.
11. Nega a criação a partir do nada.
12. Nega a criação da alma humana por Deus.
13. Nega a criação do corpo humano.
14. Nega a união substancial entre o corpo e a alma.
15. Nega a espiritualidade da alma.
16. Nega a unidade do gênero humano.
17. Nega a existência dos anjos.
18. Nega a existência dos demônios.
19. Nega a divindade de Jesus.
20. Nega os milagres de Cristo.
21. Nega a humanidade de Cristo.
22. Nega os dogmas de Nossa Senhora (Imaculada Conceição, Virgindade perpétua, Assunção, Maternidade divina).
23. Nega nossa Redenção por Cristo (é o mais grave! ).
24. Nega o pecado original.
25. Nega a graça divina.
26. Nega a possibilidade do perdão dos pecados.
27. Nega o valor da vida contemplativa e ascética.
28. Nega toda a doutrina cristã do sobrenatural.
29. Nega o valor dos Sacramentos.
30. Nega a eficácia redentora do Batismo.
31. Nega a presença real de Cristo na Eucaristia.
32. Nega o valor da Confissão.
33. Nega a indissolubilidade do Matrimônio.
34. Nega a unicidade da vida terrestre.
35. Nega o juízo particular depois da morte.
36. Nega a existência do Purgatório.
37. Nega a existência do Céu.
38. Nega a existência do Inferno.
39. Nega a ressurreição da carne.
40. Nega o juízo final.

Em 1953, os Bispos do Brasil disseram que o espiritismo é o desvio doutrinário “mais perigoso” para o país, uma vez que “nega não apenas uma ou outra verdade da nossa fé, mas todas elas, tendo, no entanto, a cautela de dizer-se cristão, de modo a deixar, a católicos menos avisados, a impressão erradíssima de ser possível conciliar catolicismo com espiritismo” (Espiritismo, orientação para os católicos, D. Boaventura Kloppenburg, Ed. Loyola, 5ªed, 1995,pag.11).
O Concílio Vaticano II no decreto Apostolicam Actuositatem pede:
Gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios cristãos” (AA,6).

Em que pese a doutrina da Igreja, bem como a sua Tradição e o seu Magistério, mostrarem a radical incompatibilidade entre o Cristianismo e o espiritismo, muitos “católicos”, fracos na fé e pouco conhecedores da doutrina, teimam em persistir neste sincretismo perigoso. Vão à missa e ao culto espírita, como se isto não fosse proibido pela fé católica.
É preciso ficar bem claro que o espiritismo (bem como suas derivações) contradiz “frontalmente” a doutrina católica em muitos pontos, sendo, portanto, impossível a um católico ser também espírita.
Espiritismo: teoria ou religião?
Por Dom Paulo Sérgio Machado, bispo de São Carlos, SP – 1º de fevereiro de 2012

Nós encontramos, na história, vários codificadores de teorias. E teoria, segundo o Aurélio, é o conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou ciência. Marx codificou as teses socialistas; Adam Smith, as capitalistas; Charles Darwin, as evolucionistas; Allan Kardec, as espiritistas. Cada um no seu campo específico.

Allan Kardec, por exemplo, preocupado com a vida após a morte, defendia a tese da reencarnação, fundado num princípio de “nova chance”, talvez preocupado com a condenação eterna. Foram muitos os seus seguidores e, principalmente no Brasil, o espiritismo assumiu características de religião. E o vasto tempo de apologética da Igreja católica contribuiu para isso. Daí os espíritas terem sido estigmatizados pelos católicos como hereges.

No meu ponto de vista, três coisas devem ser consideradas. Primeiro, que toda religião tem doutrina e culto. O espiritismo tem doutrina e não tem culto. Daí ser uma teoria e não uma religião. Basta ver que os espíritas estão mais ligados à Igreja Católica. Dificilmente se encontra um espírita evangélico, isto é, protestante. Eles fazem questão de batizar os filhos na Igreja Católica, casar na Igreja Católica e chegam até encomendar missa de sétimo dia, na igreja Católica, para os familiares falecidos.

Em segundo lugar, o que leva uma pessoa a ser espírita? São várias as razões: uns, por tradição: os pais são espíritas, os avós foram espíritas. Outros porque procuram respostas imediatas para questões insolúveis: a morte, por exemplo. Quando uma “alma” envia mensagens, ela, de certa forma, alivia o sofrimento dos que ficaram. Se um filho perdeu a mãe, indo ao centro espírita, julga que se “comunica” com ela, isso serve de alívio para ele.

E, em terceiro lugar, onde o espiritismo se desenvolveu? Nos países subdesenvolvidos. Não se fala de espiritismo, por exemplo, na Europa. Lembro-me que, uma vez, numa visita ad limina – visita que os bispos fazem ao Papa – um bispo brasileiro tentava falar do crescimento do espiritismo no Brasil. E o Papa não conseguia entender o que era o espiritismo de que o bispo falava. É, de certa forma, o “animismo” que caracteriza o “africanismo” e seus cultos.

A única coisa que, no espiritismo, contraria a Igreja Católica é a teoria da reencarnação. Isso porque ‘bate de frente’ com a fé na ressurreição. Eu chamaria isso de “atalho”, E o que é um “atalho”?  O dicionário vem em nosso socorro: “caminho que encurta a distância entre dois pontos”. No mundo moderno temos muitos atalhos: o quebra-molas, por exemplo. É mais fácil colocar um obstáculo na estrada do que educar para o trânsito; o preservativo: é mais fácil recomendar o seu uso do que promover uma educação para a castidade. Assim, a reencarnação: é mais fácil “dar uma chance” à alma penada do que exigir dela, em vida, uma conversão.
Outro aspecto relevante no espiritismo é a caridade. Os espíritas são caridosos, isto é, promovem a caridade como forma de purificação. Basta ver o exemplo de Chico Xavier. Inúmeras foram as obras de caridade por ele sustentadas. Apesar de seu “status” de médium famoso, procurado por tanta gente, viveu e morreu pobre. Talvez tenha sido esta a “isca” para atrais tantos admiradores. Com certeza, foi isso que fez dele o “papa” do espiritismo.

A Sagrada Escritura proíbe o Espiritismo?
Sim, a Sagrada Escritura proíbe o Espiritismo. Nela encontramos não apenas ensinamentos contrários, mas, também a proibição expressa de Deus no que se refere aos espíritas, às adivinhações, à cartomancia, à bruxaria, feitiçaria e magia.  Vamos aos textos da Sagrada Escritura que fala sobre essas proibições:

“Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticeiros, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas…” (Deutr 18,9-13).

Essas palavras da Bíblia são muito claras e fortes e não deixam dúvida sobre a proibição “radical” de Deus a todas as formas de ocultismo e busca de poder ou de conhecimento fora da vontade de Deus. E isto é um perigo para a vida cristã, porque “contamina” a alma. Deus “abomina” aqueles que se dão a essas práticas, diz a Palavra de Deus. Abomina quer dizer, detesta, odeia, rejeita. Não consigo imaginar nada pior nesta vida do que uma pessoa ser abominável a Deus, por própria culpa.

O livro do Levítico traz a mesma condenação:
“Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis para que não sejais contaminados por eles”. (Lev 19,31).

Essa “contaminação” espiritual é perigosa para o cristão. Por se tratar de um pecado grave, essa prática o coloca sob a influência e dependência do mundo tenebroso dos demônios.

A primeira consequência para a pessoa que se dá a essas práticas proibidas, é um “esfriamento” espiritual. Começa a esfriar na fé, deixa a oração, os sacramentos, e torna-se fraco na fé, na esperança e na caridade, até, digamos, morrer espiritualmente.

Se você entra num ambiente espírita, de macumba, candomblé, etc, mesmo que seja apenas por curiosidade, “sem maldade”, você está pecando e colocando-se sob o jugo do demônio. Neste assunto, é a “curiosidade” que leva muitos católicos ao pecado.

Sabemos que o demônio pode se fazer presente nesses ambientes, já que a Igreja nos garante que nenhum “espírito” dos mortos andam perambulando pelo mundo e, muito menos “baixando” em lugar algum. Os espíritos que baixam nesses “centros”, se baixam, são certamente espíritos malígnos.

Repete a Palavra de Deus, pelo livro do Levítico:
“Se alguém se dirigir aos espíritas ou aos adivinhos para fornicar com eles, voltarei o meu rosto contra esse homem…” (Lev 20,6).

Por “adivinhos” devemos entender todas as formas de se buscar o conhecimento de realidades ocultas, conhecer o futuro, etc. Entre essas práticas estão, entre outras, a invocação dos mortos (necromancia), a leitura das mãos (quiromancia), a astrologia, os búzios, cartomancia, consultas aos cristais, tarôs, numerologia, etc.
Uma verdade bíblica que todo católico precisa saber, é o que disse São Paulo aos coríntios:

“As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas aos demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios. Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou quereis provocar a ira do Senhor?” (1 Cor 10,20-22).

Qual é o grande ensinamento que esta Palavra nos traz?

Que todo culto que se presta a uma entidade espiritual, é recebido ou por Deus ou por Satanás. Como os pagãos não prestam o seu culto a Deus, então, por exclusão, quem o recebe é o demônio. Daí podermos entender porque Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas pagãs já citadas. Neste caso, Deus é rejeitado, é traído. E daí podemos entender também porque o “ambiente” fica propício à presença e manifestação do Mal.

O Antigo Testamento está repleto da “fúria” de Deus para com o seu povo eleito, quando esse povo “prevaricava”, isto é, praticava a idolatria. Nessas situações, Deus abandonava o seu povo nas mãos dos seus inimigos, que os vencia nos combates, e muitas vezes os escravizava. O socorro de Deus só chegava depois que o povo se arrependia do mal que praticara. Pela boca do profeta Jeremias o Senhor diz:

“Eu os condenarei pelos males que cometeram, por me haverem abandonado, ofertando incenso a outros deuses e adorando a obra de suas mãos” (Jer 1,16).
“Ó céus, plasmai, tremei de espanto e horror… Porque o meu povo cometeu uma grande perversidade: abandonou-me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas, cisternas fendidas que não retém a água.”(Jer 2,11´13).

E o povo de Deus tinha plena consciência de que era a prática da idolatria que atraia sobre ele os castigos:

“Porque decretou o Senhor contra nós todos esses flagelos? Qual é o pecado, qual é o crime que cometemos contra o Senhor nosso Deus? Tu lhe dirás: É que vossos pais me abandonaram, oráculo do Senhor para correr após outros deuses, rendendo-lhes um culto e diante deles se prosternando. E porque me abandonaram e deixaram de cumprir a minha lei, e porque vós mesmos fizestes pior que vossos pais, cada qual, sem me ouvir, obstinou-se em seguir as más tendências de seus corações. Assim, expulsar-vos-ei desta terra para vos lançar numa terra que não conhecestes, nem vós, nem vossos pais. Lá, dia e noite, rendereis culto aos deuses estranhos, porque eu não vos perdoarei” (Jer16,10´13).

Sabemos a exemplo do Evangelho que os mortos não podem voltar a esse mundo. Eles não tem permissão divina para tal. Uma vez passada a vida aqui na terra não há como retornar a não ser no último dia. Como exemplo, Jesus contou a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. 

Lucas 16:19-31
Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.
Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele;
E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.
E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.
E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.
E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.
E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.
Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.
Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.

[ Jesus nos ensina que as almas dos mortos não voltam a esse mundo. Nem que seja para alertar-nos sobre alguma coisa. As almas que estão no céu ou no inferno estão em um lugar intransponível, isto é fora desse plano.
Ao contrário dos demônios que são seres espirituais ou anjos caídos que possui o poder de influenciar a vida de uma pessoa “se ela o permitir”.
Porque há incorporações desses seres espirituais nos médios nos “pais de santo”?
 Porque os mesmos dão chances para esses espíritos incorporarem em si mesmos.
A Sagrada Escritura diz que o diabo é o pai da mentira. Sim, ele faz de tudo para tomar as almas de Deus e para levar as pessoas à perdição. Sendo mentiroso ele vem como espírito de luz, mas, não é. Passa-se por um ente querido que já faleceu, mas, não é.
E mais, ele opera tantos milagres como se fosse um santo. Esses demônios fazem curas tanto quanto aqueles que têm fé, mas seu intuito é levar a pessoa ao desespero e à perdição eterna.
Nos terreiros de macumba incorpora como “Pomba gira”, “Zé pilintra”, “Maria mulambo”, “Preto Velho”, “Tranca-rua”, etc.
Nos centros espíritas (de doutrina Kardecista) chamados de “mesa branca” manifestam-se como espíritos de falecidos em seus médiuns, se passando como espíritos de luz ou anjos bons,  que na verdade é pura enganação do demônio.

Quando um médium chama pela alma de um falecido, não é a alma que desce, ou que lhe incorpora, pois, ela não tem poder para vir a esse mundo; é o próprio diabo que se faz passar por aquele(a) pessoa. ]             


Nos Atos dos Apóstolos,  S. Lucas conta que S. Paulo expulsou um “espírito de adivinhação” de uma moça escrava que, com suas adivinhações dava muito lucro a seus senhores. Disse S. Paulo a esse espírito de adivinhação:

“Ordeno-te em nome de Jesus Cristo que saias dela”. “E na mesma hora saiu” (At 16,16´18).

É óbvio que S. Paulo não falara a um “fantasma” ou a algo inexistente, apelando para a autoridade do Nome de Jesus. São Paulo expulsou da escrava um demônio, um espírito de adivinhação que estava na moça e dava-lhe o poder de adivinhar.

Isso muitas vezes ocorre nos centros espíritas e nos terreiros de macumba. O demônio sabe se “transfigurar em anjo de luz” (II Cor 11,14), como nos alerta São Paulo. E muito católico mal informado cai nas armadilhas do Espiritismo. O Diabo é um anjo, embora decaído, conserva os seus poderes superiores aos nossos. Sua inteligência é muito mais perfeita que a dos homens. E ele faz também os seus “milagres”. Basta ler o que São Paulo fala na carta aos tessalonicenses:

“A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar” (2 Ts 2,9-10).

O Catecismo da Igreja Católica:

“Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras práticas que erroneamente se supõem “descobrir” o futuro. A consulta aos horóscopos, a astrologia, a quiromancia (leitura das mãos), a interpretação de presságios e da sorte, os fenômenos de visão (bolas de cristais), o recurso a médiuns escondem uma vontade de poder sobre o tempo, sobre a história e finalmente sobre os homens, ao mesmo tempo que um desejo de ganhar para si os poderes ocultos. Estas práticas contradizem a honra e o respeito que, unidos ao amoroso temor, devemos exclusivamente a Deus” (N° 2116).
“O espiritismo implica frequentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo” (N° 2117).
Os católicos que se deram a essas práticas condenadas pela Igreja podem e devem abandoná-las com urgência. Devem procurar um sacerdote, fazer uma confissão clara dos seus pecados e prometer a Deus nunca mais se dar a essas práticas.
É preciso também destruir todo material (livros, imagens, gravuras, vestes, etc) usadas e consagradas nesses cultos.
O pecado dessas práticas é contra o primeiro mandamento da Lei de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. A gravidade está no fato da pessoa ir buscar poder, fama, dinheiro, consolação, etc, num lugar e numa prática não permitida por Deus e pela Igreja. Isto ofende a Deus.

Essas práticas eram usadas na Mesopotâmia antiga, no Egito, entre os povos de Canaã, enfim, entre os pagãos, e eram terminantemente proibidas por Deus ao seu povo.
Parece que hoje, grande parte do povo, volta ao paganismo e às suas práticas idolátricas. Isto nega o Cristianismo. A Igreja, como Mãe bondosa e cautelosa não quer que os seus filhos se percam.

Pontos de contradição da doutrina espírita com a doutrina Católica e a Sagrada Escritura :

a) A Igreja Católica admite a possibilidade do Mistério e aceita Verdades sempre que tem certeza que foram reveladas por Deus. 
O espiritismo proclama que não há mistérios e tudo o que a mente humana não pode compreender é falso e deve ser rejeitado.

b) O católico instruído crê que somente Deus pode fazer milagres.
O espiritismo rejeita a possibilidade de milagres e ensina que Deus também deve obedecer as leis da natureza.

c) A Igreja crê e ensina que a Bíblia foi inspirada por Deus e, portanto, não pode conter erros em questão de fé e moral.
O espiritismo declara que a Bíblia está cheia de erros e contradições e que esta nunca foi inspirada por Deus.

d) A Igreja crê e professa como verdade de fé que Jesus enviou o Espírito Santo aos apóstolos e seus sucessores para que pudessem transmitir fielmente a sua doutrina.
O espiritismo declara que os apóstolos e seus sucessores não entenderam os ensinamentos de Cristo e que tudo quanto transmitiram está errado ou foi falsificado.

e) A Igreja Católica crê que o papa, sucessor de São Pedro, é infalível em questões de fé e moral.
O espiritismo declara que os papas só espalharam o erro e a incredulidade.

f) A Igreja professa e crê que Jesus instituiu a Igreja para continuar a sua obra.
O espiritismo declara que até a vinda de Allan Kardec, a obra de Cristo estava inutilizada e perdida.

g) A Igreja ensina que Jesus ensinou toda a Revelação e que não há mais nada para ser revelado.
O espiritismo proclama que o Espiritismo é a terceira revelação, destinada a retificar e até mesmo substituir o Evangelho de Cristo.

h)  A Igreja crê e professa o mistério da Santíssima Trindade.
O espiritismo nega esse augusto mistério.

i) A Igreja professa e crê que Deus é o Criador de tudo, Ser pessoal, Onipotente distinto do mundo.
O espírita afirma que os homens são partículas de Deus (verdadeiro panteísmo).

j) A Igreja crê que Deus criou a alma humana no momento de sua união com o corpo.
O espírita afirma que nossa alma é resultado de lenta e longa evolução, tendo passado pelo reino mineral, vegetal e animal. (Crença pagã egípcia)

l) A Igreja ensina que o homem é uma composição substancial entre corpo e alma. Conforme nos é ensinado pela Sagrada Escritura.
O espiritismo afirma que é composto entre perispírito e alma e que o corpo é apena um invólucro temporário, um “alambique para purificar o espírito”.

m) O cristão-católico obedece a Deus que, sob severas penas, proibiu a evocação dos mortos.
O espírita faz desta evocação sua religião.

n) A Igreja ensina crê baseada na Sagra Escritura na existência dos anjos e demônios.
O espiritismo afirma que não há anjos, mas espíritos evoluídos e que eram homens; que não há demônios, mas apenas espíritos imperfeitos que alcançarão a perfeição.

o) A Igreja professa crê que Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
O espiritismo nega esta verdade fundamental da fé cristã e afirma que Cristo era apenas um grande médium e nada mais.

p) A Igreja crê e professa Jesus é verdadeiro homem, com corpo real e alma humana.
Grande parte dos espíritas afirma que Cristo tinha apenas um corpo aparente ou fluídico. Ou que Jesus era apenas uma espírito perfeito.

q) A Igreja ensina e crê que Maria é a Mãe de Deus, Imaculada e assunta ao céu.
O espírita nega e ridiculariza todos os privilégios de Maria.

r) A Igreja professa que Jesus veio para nos salvar, por sua Paixão e Morte.
O espiritismo afirma que Jesus não é nosso Redentor, mas apenas veio para ensinar algumas verdades e de modo obscuro; e que cada pessoa precisa remir-se a si mesma.

s) A Igreja crê que Deus pode perdoar o pecador arrependido.
O espiritismo afirma que Deus não pode perdoar os pecados sem que se proceda rigorosa expiação e reparação feita pelo próprio pecador, sempre em novas reencarnações.

t) A Igreja ensina e crê nos Sete Sacramentos e na graça própria de cada Sacramento.
O espiritismo não aceita nenhum Sacramento, nem mesmo o poder da graça santificante.

u) A Igreja ensina que o homem vive uma só vez sobre a Terra e que desta única existência depende a vida eterna.
O espiritismo afirma que a gente nasce, vive, morre e renasce, e progride continuamente (reencarnação).

v) A Igreja ensina que após esta vida exista o céu e o inferno.
O espírita nega, pois crê em novas reencarnações.

x) A Igreja Católica ensina e crê na ressurreição dos mortos conforme ensina a sagrada escritura. Ou seja, que uma vez morremos, depois virá o juízo, e Deus nos ressuscitará no último dia.  ( Hb9, 27)

O espiritismo nega a ressurreição e prega a reencarnação. A reencarnação é oposta a ressurreição porque ensina que os espíritos para alcançar a perfeição (como uma espécie de pena) deve irem se reencarnando neste mundo quantas vezes forem necessárias até conseguirem a perfeição. E para isso é necessário aceitar os sofrimentos, pois, estes são uma espécie de “purgatório” para os espíritos, que eles chamam de “carma”.    

Nós católicos não podemos aceitar de forma alguma a doutrina espírita sob vários aspectos impactantes da nossa fé. Só o fato dessa doutrina negar a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, isso é um grave problema pois, que nega a Cristo como Filho de Deus será condenado – Jo3, 18.
Outro ponto fundamental é a reencarnação como lemos acima. Se acreditarmos que existe a reencarnação, teremos que negar a ressurreição; negar a ressurreição é negar que Jesus tenha sido morto e ressuscitado e que pela sua morte ressurreição somos salvos. 1Cor15, 14. Quem nega a ressurreição e crê na reencarnação não pode ser considerado cristão. Pois, assim está escrito:
 “Eu sou a ressurreição e a vida”. “Aquele que crê em mim, mesmo morto viverá!” Jo11, 25.

Outro fato grave é negar a Santíssima Trindade. A doutrina espírita é uma blasfêmia contra o Espírito Santo, porque pregando a reencarnação nega o poder santificador do Espírito Santo que faz de cada alma em individual um ser único pertencente a Deus. Essa alma que após deixar esse mundo conserva todos os traços da santidade conferidas a ela pelo Espírito Santo no batismo e faz com que ela se torne santa e aguarde o juízo final. Quem blasfemar contra o espírito santo não terá perdão. Mc 3, 28-30     
Nós católicos não podemos seguir o espiritismo. Muitos simpatizam com eles porque são muitos caridosos. Ou de certa forma em algum momento frágil por ocasião da perda de um ente querido há quem busque auxilio de médiuns para consultar os mortos. Mas, pense bem o católico que procurar esse tipo de coisa automaticamente deixa de ser católico.

A censura da excomunhão recai sobre os espíritas ipso facto, isto é, pelo mesmo fato de aderirem à doutrina espírita. São, portanto, eles mesmos que se excluem da comunhão dos fiéis.
A Igreja é apenas consequente e coerente com o que eles próprios preferiram, escolheram e provocaram com sua contumaz e obstinada desobediência.
Mas a Igreja está também sempre disposta e pronta a tornar a recebê-los, logo que acabar a contumácia do desobediente.

Cân. 2242 § 3: “Considera-se terminada a contumácia, quando o réu se arrepender verdadeiramente do crime cometido e ao mesmo tempo der, ou ao menos seriamente prometer, côngrua satisfação pelos danos e escândalos; Mas, ao julgar se é ou não verdadeira a penitência, côngrua a satisfação, ou séria a sua promessa, pertence a quem se pede a absolvição da censura”.

Fim ...

terça-feira, 10 de setembro de 2019

CATÓLICO PODE SER MAÇON? etenda o por quê.



CATÓLICO PODE SER MAÇON?


Ao longo de sua história a Igreja Católica condenou e desaconselhou seus fiéis à pertença a associações que se declaravam atéias e contra a religião, ou que poderiam colocar em perigo a fé. Entre essas associações encontra-se a maçonaria. É indicado, juntamente, que os princípios da maçonaria seguem sendo incompatíveis com a doutrina da Igreja, e que os fiéis que pertençam a associações maçônicas não podem ter acesso à Sagrada Comunhão.

Quase desde a sua aparição, a maçonaria gerou preocupações na Igreja. Clemente XII, “In eminenti”, havia condenado a maçonaria. Mais tarde, Leão XIII, em sua encíclica “Humanum genus”, de 20 de abril de 1884, a qualificava de organização secreta, inimigo astuto e calculista, negadora dos princípios fundamentais da doutrina da Igreja.

Segundo a confederação dos bispos da Alemana “a maçonaria não mudou em sua essência. A pertença à mesmas questiona os fundamentos da existência cristã. (…) As principais razões alegadas para isso foram as seguintes: a cosmologia ou visão de mundo dos maçons não é unitária, mas relativa, subjetiva, e não pode se harmonizar com a fé cristã; o conceito de verdade é, também, relativista, negando a possibilidade de um conhecimento objetivo da verdade, o que não é compatível com o conceito católico”.

Também o conceito de religião é relativista e não coincide com a convicção fundamental do cristão, o conceito de Deus simbolizado através do “Grande Arquiteto do Universo” é de tipo deístico e não há nenhum conhecimento objetivo de Deus no sentido do conceito pessoal de Deus do teísmo, e está impregnado de relativismo, o qual mina os fundamentos da concepção de Deus dos católicos.
Os católicos que derem seu nome à seita maçônica e a outras associações do mesmo gênero estão excomungados da Igreja Católica Apostólica Romana.
Fonte: acidigital.com.br

Três séculos após a fundação da primeira Grande Loja Maçônica, os princípios dessa instituição continuam frontalmente incompatíveis com a doutrina católica
Por Ed Condon [*] — O antagonismo recíproco entre a Igreja Católica e a Maçonaria está bem firmado e é de longa data. Durante a maior parte dos últimos 300 anos, as duas instituições têm sido reconhecidas, mesmo pela mentalidade secular, como implacavelmente opostas uma à outra. Em décadas recentes, a animosidade entre elas tem-se apagado da consciência pública em grande medida, devido ao menor envolvimento direto da Igreja em assuntos civis e à derrocada dramática da Maçonaria, tanto em números quanto em importância. Mas, por ocasião dos 300 anos da Maçonaria, vale a pena rever o que sempre esteve no “núcleo” da absoluta oposição da Igreja a esse grupo. Aparentemente, a Maçonaria pode não passar de um clube esotérico masculino, mas ela já foi, e continua sendo, um movimento filosófico altamente influente — e que impactou de modo dramático, ainda que sutil, a sociedade e a política modernas no Ocidente.
A história da Franco-maçonaria preenche, por si só, vastas páginas. A sua gradual transformação de guildas de pedreiros medievais em uma rede de sociedades secretas, com uma filosofia e um rito gnósticos próprios, pode ser lida com grande interesse. A versão mais recente da Franco-maçonaria teve início com a formação da Grande Loja da Inglaterra, em 1717, em um bar chamado Goose & Gridiron, próximo à Catedral londrina de São Paulo Apóstolo. Nos primeiros anos, antes que a Igreja fizesse qualquer pronunciamento formal sobre o assunto, muitos católicos já faziam parte da associação e a “diáspora” dos católicos e jacobitas ingleses foi crucial para espalhar a Franco-maçonaria na Europa continental. Ela chegou a se tornar, em alguns lugares, tão popular entre os católicos que o Rei Francisco I da Áustria serviu de protetor formal da instituição.

Mesmo assim, a Igreja se converteu na maior inimiga das lojas maçônicas. Entre o Papa Clemente XII, em 1738, e a promulgação do primeiro Código de Direito Canônico, em 1917, oito papas ao todo escreveram condenações explícitas à Franco-maçonaria. Todas previam a mais estrita pena eclesiástica para quem se associasse: excomunhão automática reservada à Sé Apostólica.
Mas o que a Igreja entendia, e entende hoje, por Franco-maçonaria? Que características fizeram com que ela merecesse uma tal condenação?
É comum ouvirmos dizer que a Igreja se opôs à Franco-maçonaria por causa do caráter supostamente revolucionário ou sedicioso das lojas. Está relativamente difundida a ideia de que as lojas maçônicas eram células essencialmente políticas para republicanos e outros reformistas, e a Igreja se opunha a elas para defender o velho regime absolutista, ao qual ela estava institucionalmente atrelada. No entanto, embora a sedição política eventualmente se sobressaísse na oposição da Igreja à Maçonaria, essa não era, em hipótese alguma, a razão originária de sua rejeição. O que Clemente XII denunciou originalmente não era uma sociedade republicana revolucionária, mas um grupo que propagava o indiferentismo religioso: a ideia de que todas as religiões (e nenhuma delas) têm igual validade, e que na Maçonaria estão todas unidas para servirem a um entendimento comum e mais elevado da virtude. Os católicos, como membros, deveriam colocar sua adesão à loja acima de sua pertença à Igreja. Em outras palavras, a proibição rigorosa da Igreja devia-se não a motivos políticos, mas ao cuidado com as almas.

Desde o princípio, a preocupação primária da Igreja foi a de que a Maçonaria submete a fé de um católico à da loja, obrigando-o a colocar uma fraternidade secularista fundamental acima da comunhão com a Igreja. A linguagem legal e as penalidades aplicadas nas condenações à Franco-maçonaria eram, na verdade, muito similares àquelas usadas na supressão dos albigenses: a Igreja vê a Franco-maçonaria como uma forma de heresia. Ainda que os próprios ritos maçônicos contenham um material considerável que pode ser chamado de herético — e até de explicitamente anticatólico, em alguns casos —, a Igreja sempre esteve muito mais preocupada com a filosofia geral da Franco-maçonaria do que com a ostentação de seus rituais.
Ao longo dos séculos XVIII e XIX, a Igreja Católica e o seu lugar de privilégio no governo e na sociedade de muitos países europeus tornaram-se objeto de crescente oposição secular e até mesmo de violência. Existem, é verdade, poucas evidências históricas — se é que as há — de que as lojas maçônicas tenham desempenhado um papel ativo no início da Revolução Francesa. De qualquer modo, a causa dos horrores anticlericais e anticatólicos da Revolução pode ser encontrada na mentalidade secularista descrita pelas várias bulas papais que condenam a Maçonaria. As sociedades maçônicas foram condenadas não porque pretendessem ameaçar as autoridades civis e eclesiásticas, mas porque uma tal ameaça, na verdade, constituía a consequência inevitável de sua existência e crescimento. A revolução era o sintoma, não a doença.
A coincidência de interesses entre Igreja e Estado, e o ataque a elas empreendido por sociedades secretas revolucionárias, foram mais claros nos Estados Papais da Península Itálica, onde a Igreja e o Estado eram uma só coisa. Assim que começou o século XIX, ganhou notoriedade uma imitação da Franco-maçonaria, de caráter revolucionário explícito e oposição declarada à Igreja: eles se chamavam de Carbonari (“carbonários”, palavra italiana para “carvoeiros”) e, em sua campanha por um governo constitucional secular, praticavam tanto o assassinato quanto a insurreição armada contra os vários governos da Península Itálica, sendo identificados como uma ameaça imediata à fé, aos Estados Papais e à própria pessoa do Pontífice Romano.
A ligação entre a ameaça passiva da filosofia secreta maçônica e a conspiração ativa da Carbonária foi explicada na Constituição Apostólica Ecclesiam a Jesu Christo, do Papa Pio VII, promulgada em 1821. Mesmo tratando e condenando a oposição aberta e declarada dos Carbonari à governança temporal dos Estados Papais, ainda assim era claro que a mais grave ameaça colocada por essas células violentamente revolucionárias era a sua filosofia secularista.
Ao longo de todas as várias condenações papais à Franco-maçonaria, mesmo quando as lojas financiavam ativamente campanhas militares contra o papa, como fizeram com a conquista de Garibaldi e a unificação da Itália, o que sempre constituiu a primeira objeção da Igreja à Loja foi a ameaça que ela representava à fé dos católicos e à liberdade da Igreja de agir em sociedade. O fato de os ensinamentos da Igreja serem minados nas lojas, e a sua autoridade em matéria de fé e moral ser questionada, era repetidamente descrito como uma conspiração contra a fé, tanto nos indivíduos quanto em sociedade.
Um cartum de 1891 mostra o Papa Leão XIII combatendo a Maçonaria.
Na encíclica Humanum Genus, o Papa Leão XIII descreveu a agenda maçônica como sendo a exclusão da Igreja da participação em assuntos públicos e a perda gradual de seus direitos como um membro institucional da sociedade. Durante o seu tempo como papa, Leão escreveu um grande número de condenações à Franco-maçonaria, tanto no âmbito pastoral quanto no âmbito legislativo. Ele sublinhou em detalhes o que a Igreja considerava ser a agenda maçônica, agenda esta que, lida com um olhar contemporâneo, ainda é de uma relevância surpreendente.

Ele se referiu especificamente ao objetivo de secularizar o Estado e a sociedade. Ressaltou em particular a exclusão do ensino religioso das escolas públicas e o conceito de que “o Estado, que deve ser absolutamente ateu, tem o inalienável direito e dever de formar o coração e os espíritos de seus cidadãos” ( Dall’Alto dell’Apostolico Seggio, n. 6). Também denunciou abertamente o desejo maçônico de tirar da Igreja qualquer forma de controle ou influência sobre escolas, hospitais, instituições de caridade públicas, universidades e qualquer outra associação que servisse ao bem comum. Também deu um destaque específico ao impulso maçônico de repensar o matrimônio como um mero contrato civil, promover o divórcio e apoiar a legalização do aborto.

É praticamente impossível ler esta agenda e não reconhecer nela a base de quase todo o nosso discurso político contemporâneo. O fato de muitos de nossos principais partidos políticos, se não todos, apoiarem tranquilamente essas ideias, e o próprio conceito de Estado secular e suas consequências sobre a sociedade ocidental, incluindo a pervasiva cultura do divórcio e a disponibilidade quase universal do aborto, tudo isso é uma vitória da agenda maçônica. E isso levanta questões canônicas muito sérias sobre a participação católica no atual processo político secular.

Ao longo de séculos de condenações papais à Franco-maçonaria, era normal que cada papa incluísse nomes de novas sociedades que compartilhavam da filosofia e da agenda maçônicas e que, por isso, também deveriam ser entendidas pelos católicos, nos termos da lei canônica, como “maçônicas”. No século XX, isso chegou a incluir partidos políticos e movimentos como o comunismo.

Quando o Código de Direito Canônico foi reformado, após o Vaticano II, o cânon específico que proibia os católicos de aderirem a “seitas maçônicas” foi revisado. No novo código, promulgado em 1983 por São João Paulo II, a menção explícita à Franco-maçonaria foi retirada completamente. O novo cânon 1374 refere-se somente a associações “que maquine[m] contra a Igreja”. Muitos entenderam essa mudança como um indicativo de que a Franco-maçonaria não mais era considerada má aos olhos da Igreja. Na verdade, os membros do comitê responsável pela reforma esclareceram que eles queriam se referir não apenas aos franco-maçons, mas a muitas outras organizações; a conspiração da agenda secularista maçônica tinha-se espalhado para tão além das lojas que continuar usando um termo abrangente como “maçônico” seria confuso. O então Cardeal Ratzinger emitiu um esclarecimento da nova lei em 1983, no qual deixou claro que o novo cânon havia sido formulado para encorajar uma interpretação e uma aplicação mais abrangentes.

Dado o entendimento cristalino, no ensinamento da Igreja, do que a conspiração ou a agenda maçônica incluem — a saber, o matrimônio como um mero contrato civil aberto ao divórcio à vontade; o aborto; a exclusão do ensino religioso das escolas públicas; a exclusão da Igreja do provimento de bem-estar social ou do controle de instituições de caridade —, parece-nos impossível não perguntar: quantos de nossos partidos políticos no Ocidente não estariam agora sob a proibição do cânon 1374? A resposta talvez não agrade muito aqueles que querem ver um fim para a chamada “guerra cultural” dentro da Igreja.

Mais recentemente, o Papa Francisco tem falado repetidas vezes de sua grave preocupação com uma infiltração maçônica na Cúria e em outras organizações católicas. Ao mesmo tempo, ele alertou contra a Igreja se tornar uma mera ONG em seus métodos e objetivos — perigo que vem diretamente dessa mentalidade secularista a que a Igreja sempre chamou “filosofia maçônica”.

A infiltração maçônica na hierarquia e na Cúria tem sido tratada há muito tempo como uma espécie de versão católica do “bicho-papão” embaixo da cama, ou da paranoia macarthista com infiltrados comunistas. De fato, quando se conversa com pessoas que trabalham no Vaticano, rapidamente se descobre que, para cada dois ou três que riem dessa história, há pelo menos um que deparou diretamente com esse fato. Eu mesmo conheço pelo menos duas pessoas que, durante o tempo em que trabalharam em Roma, foram abordadas para se associarem. O papel das lojas maçônicas como ponto de encontros confidencial para pessoas com ideias e agendas heterodoxas mudou pouco desde a França pré-revolucionária até o Vaticano de hoje. 300 anos após a fundação da primeira Grande Loja Maçônica, o conflito entre a Igreja e a Franco-maçonaria nunca esteve tão vivo.
(Via Pe. Paulo Ricardo)
[*] Ed Condon é canonista e escreveu sua dissertação de doutorado sobre a história das sanções legais da Igreja contra os franco-maçons.
Fonte: pt.ateleia.org


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