sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A PORTA SANTA - ANO SANTO - 2015/2016 - ANO DA MISERCÓRDIA

A Porta Santa é aberta pelo papa a cada início do Ano Santo. Ela simboliza Jesus Cristo, a porta pela qual todos nós chegaremos ao Reino de Deus. 
Esse ano o santo Padre o Papa Francisco irá abrir esta porta, juntamente com os bispos de todas as Dioceses espalhadas pelo mundo para dar início ao Ano Santo da Misericórdia.



 Ele se iniciará no dia 08 de dezembro de 2015; dia em que celebramos a festa da Imaculada Conceição de Maria e terminará no dia 26 de novembro de 2016, festa de Jesus Cristo Rei do Universo. 

 Todos os fiéis católicos estão convidados a nesse dia passar pela Porta Santa e receber a indulgência plenária, ou seja, o perdão dos pecados. Para isso as pessoas deve estar em estado de graça. Significa que as pessoas devem se confessar e comungar e rezar pelas intenções do santo Padre o Papa, ou pelas quais forem colocadas naquele dia pelos bispos da igreja.

 Em Jo10, 9 Jesus disse: "Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem". Jesus é essa porta. Ele é o Bom Pastor. Ele não deseja que nenhum de nós se perca e fique preso nos espinheiros do pecado. Deus nos ama e nos quer ao seu lado como bons filhos. Por isso ele estende seus braços para nos acolher, sempre está disposto a perdoar, ainda que seja no último dia de nossa vida. Mas, se entendermos essa Misericórdia de Deus, se a queremos sempre, por que esperar pela última hora?  

 O gesto de passar pela Porta Santa no ano jubilar nos lembra que o cristão só se salva porque passa pela verdadeira "porta" que é Jesus Cristo.
  Jesus disse que existem duas portas: a primeira é a porta estreita que é Jesus. O caminho para a Salvação passa por esta "porta" ela é estreita porque passa um só por vez. Ou seja, a busca pela salvação é individual e cada um deve esforçar-se por passar por ela.    Jesus usa essa comparação porque nos currais onde recolhiam as ovelhas o pastor usava havia uma porta estreita e nessa porta os bons pastores tinham o cuidado de contar e verificar suas ovelhas. Se faltasse alguma, ou se alguma estivesse machucada, eles tinham condições de observar. 
 Assim é o caminho da salvação é assim. Jesus o Bom Pastor cuida de nós com carinho e se uma ovelha está machucada por alguma situação da vida, Ele nos acolhe e nos cura. Por isso Jesus é essa "Porta estreita" pela qual todos nós devemos passar. Um só por vez. E passar pela "porta estreita" ou seja, por Jesus Cristo para que ele nos acolha, significa libertar de tudo aquilo que nos faz perder o rumo do caminho. Na vida existem muitos caminhos mas um só é o verdadeiro caminho e uma só é a porta pela qual devemos passar. O caminho para chegar a esta porta não é fácil, é cheio de espinhos e dificuldades. Para passar por esta porta é preciso aceitar as cruzes que o mundo nos impõe. Carregá-las com paciência e amor. Renunciar as tentações e ilusões deste mundo. Dia a dia seguir Jesus praticando sua palavra. Esse é o significado de "passagem" pela porta. Essa porta que nos conduz à eternidade que é Jesus.  

Passar por esta porta não é fácil. Por isso vale observar os conselhos de São Paulo:

"Comportemos-nos honestamente, ... Nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções, nada de contendas, nada de ciúmes. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem satisfaçais aos apetites". Rm13, 13-14.

Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo! Exorta-nos São Paulo. Isto é, imitai o Senhor, transformai à imagem do Senhor; imitai suas virtudes. Não há outro meio de passar pela porta senão se revestir da graça, se não abandonar o pecado. 

Rm 8, 12-17 - "Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, havereis de morrer. Mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis. Pois, todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas, recebestes o espírito de adoção pelo qual chamamos: Aba! (Pai). O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de de Deus. E, se filhos, também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados".  

Está aí a dica para quem quiser passar pela "Porta estreita" simbolizada neste ano jubilar pela "Porta Santa".                        

 Por outro lado, Jesus disse que existe outra porta. Uma porta larga. Essa "porta larga" é satanás. Sim, ele também oferece uma porta bem mais ampla e cheia de facilidades. Satanás não é um bom pastor, ele não está preocupado com o bem estar das pessoas, nem tampouco com a salvação. Ele está interessado na condenação eterna das almas. Por isso sua porta é larga e cheia de facilidades. Satanás abre as portas do mundo, das tentações e de toda espécie de sedução que o mundo oferece. Nesse caminho tudo é fácil. Satanás não está preocupado em cuidar das ovelhas, pelo contrário, como ele é um ladrão, rouba as ovelhas do redil do Senhor. Ou seja, as pessoas que vivem longe da graça de Deus e estão no pecado. Por isso que a "porta larga" é cheia de vantagens, enquanto que pela "Porta Estreita" que é Jesus só passa por ela aqueles que o buscam com sinceridade, as boas ovelhas. As que querem ser salvas, renunciando o pecado e vivendo uma vida de graça diante de Deus vivendo as virtudes evangélicas.
A consequência de passar pela porta larga é a perdição, a morte eterna. "Porque o salário do pecado é a morte". (Rm 6, 23). 

Jesus não deseja e nem quer que isso aconteça. O Ano Santo é um tempo de graça e um convite para todos os cristãos a buscar a reconciliação com Deus. É  preciso abandonar o pecado já e voltar à buscar Divina Misericórdia enquanto temos chance, depois pode ser tarde demais ou quase impossível. Jesus deseja que cada um de nós volte à conversão e busque sua Misericórdia, pois foi para isso que ele veio, para nos dar vida nova. Vaja o que nos ensina São Paulo: 

"Ou ignorais que todos fomos batizados em Jesus Cristo na sua morte? Fomos, pois sepultados com ele na sua morte pelo batismo que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. Se formos feitos o mesmo ser com ele na sua, sejamos igualmente por uma igual ressurreição. Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que seja reduzido à impotência do corpo (outrora) subjugado ao pecado. (Pois quem morreu, libertado está do pecado). Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele...Portanto, vós também considerais mortos ao pecado, porém vivos para Deus, em Cristo Jesus". Rm6, 3-8.11   

  
Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho. Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho! Pelo fruto se conhece a árvore Mt 7, 13-14

Ali haverá uma estrada, um caminho que será conhecido por Caminho de Santidade. Os impuros não passarão por ele; servirá tão somente aos que são do Caminho; os ímpios e insensatos escolherão não seguir por ele. Is 35:8Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho! Pelo fruto se conhece a árvore. Mt 7:14
E Ele lhes exortou: “Esforçai-vos por adentrar pela porta estreita, pois Eu vos asseguro que muitas pessoas procurarão entrar e não conseguirão. Lc 13:24 


Quando o proprietário da Casa tiver levantado e fechado a porta, e vós, do lado de fora, começardes a bater, exclamando: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele, contudo, vos responderá: ‘Não vos co-nheço, nem sei de onde sois vós!’. Lc 13:25

Assim, portanto, todo aquele dentre vós que não renunciar a tudo quanto de mais estimado possui não pode ser meu discípulo. Lc 14:33


 O Ano Santo que será proclamado pelo Santo Padre o Papa, é uma forma de convidar a todos os católicos a voltarem-se à Misericórdia do Pai. Deus se interessa por nós e Ele deseja que busquemos a sua misericórdia. Estamos vivendo numa época difícil onde a palavra misericórdia é cada vez menos usada. Jesus pede que busquemos a misericórdia, mas que sejamos misericordiosos, retratos do Pai celestial que por nós tem grande apreço.

O Pai Misericordioso nos espera. O gesto de entrar pela Porta Santa nesse ano jubilar significa a necessidade que temos de buscar o perdão de Deus, entrar pela verdadeira porta que é Jesus Cristo. Esta porta que só entra nela os justos. (SL 118,20)         

É um convite para que possamos ser misericordiosos, a buscar viver uma vida de amor, perdão, solidariedade, justiça e paz. Coisa que o mundo está deixando de praticar porque está aterrado pelo egoísmo capitalista e pelo pecado da corrupção. 
Quantas pessoas hoje vivem piores que animais irracionais sem se dar conta que ao seu redor existem pessoas necessitadas de amor, de compreensão, de gestos de carinho?

 Pessoas que se sentem desvalorizadas porque perderam a esperança de um mundo melhor. Pessoas com fome e sede de justiça. Pessoas sem pão, sem direito a uma justiça digna, pessoas feridas em seu direito de nascer. Vidas que são ceifadas a todo instante vítimas da violência, do aborto, do estupro, dos assaltos, enfim, várias situações em que o mal corrompe e pessoas são corrompidas por ele. Porque não buscam e Deus. Não querem compromisso com a fé. Porque compromisso com a fé implica deixar para trás todo erro. Toda uma vida de pecado e ambição. 

 Jesus vem ao nosso encontro ele deseja que busquemos a sua misericórdia, porque caso contrário o fruto de viver longe dela é a morte eterna.Não há outro caminho a não ser Jesus. Ele quer e deseja que voltemos para casa, que entremos pela porta do Amor de Deus. Que peçamos perdão e voltemos às práticas das virtudes. 

NO ANO SANTO UM CONVITE A VIDA SACRAMENTAL
  

Jesus deixou à sua Igreja sinais de sua Graça santificante que são Sacramentos. Os Sacramentos são canais da Graça Santificante de Deus. Cada um com sua especialidade noa conduz e nos fortalece na caminhada rumo ao reino de Deus. Batismo, Crisma ou Confirmação, Eucaristia, Confissão ou Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Desses 07 Sacramentos, seis deles são destinados diretamente ao povo cristão, aos fiéis leigos. Todos possuem igual importância. Ministrar os sacramentos é obrigação da Igreja e um direito que Jesus deu a todos os cristãos. Eles são chaves para abir as portas do Céu por onde Jesus quer que passamos. Passar pela porta também é receber e vivenciar os sacramentos por toda nossa vida.

  Quem acha que não precisa da Igreja e não precisa dos sacramentos então não é cristão, nem crê em Jesus Cristo como Salvador. Porque a Igreja foi fundada por Jesus para para que possa conduzir  e tomar conta o rebanho de Jesus Cristo. É através dos Sacramentos que Jesus nos oferece graças especiais pelas  quais somos fortalecidos. Dentre eles a Eucaristia, que é Jesus vivo e presente no Pão e Vinho consagrados.

 Nesse ano Santo possamos também refletir qual nossa atitude diante dos Sacramentos. Eles são canais, pelos quais o Espírito Santo infunde em nós a  graça santificante. Jesus não os teria instituído se tais não fossem essenciais para nossa vida de Filhos e Deus.   

(D. Darci Nicioli, C.Ss.R.) "A tradição da Igreja conserva o rito de abrir uma porta - a Porta Santa! - durante o ano proclamado como "santo" , para celebrar o amor compassivo de Deus. É um tempo oportuno de graças e bênçãos, tempo de reconciliação e de perdão. É dom divino que precisamos sempre pedir, receber, agradecer e partilhar.

 Em Jesus Cristo o Pai se manifestou, de uma vez por todas, a compaixão e o amor ilimitado para com seus filhos e filhas. Não existe amor maior. 
As curas e os exorcismos (Lc 13, 10s); o milagre de Caná (Jo2, 1s); a saliva que libertou o surdo mudo (Mc7, 34s); a multiplicação dos pães e peixes (Mt14, 13s) e sobretudo, a cruz redentora, são sinais que indicam e realizam a salvação. Libertam da escravidão no tempo presente e abre as portas da eternidade.

 A comunidade deixada por Jesus Cristo continua esta obra salvadora. Atualizando essa prática taumatúrgica, que cura o corpo e liberta o espírito do mal e do pecado. A Igreja estabeleceu sinais eficazes da graça através dos sacramentos da fé, que nos permitem alcançar este mistério, como por exemplo: a água, o óleo, o vinho, o pão etc. Nessa dinâmica é que se insere o rito da Porta Santa, instituído pelo Papa Francisco. 


"Eu sou a porta". Diz Jesus: "Se alguém entrar por mim, será salvo; entrá e sairá e encontrará pastagem". (Jo10,9)
 Num  sentindo figurado, a porta é o meio pelo qual se estabelece o encontro ou se faz caminho para o outro. Esse é o intento do Santo Padre ao abrir a "Porta Santa" na Basílica de São Pedro, no dia 08 de dezembro, de 2015. Solenidade da Imaculada Conceição de Maria. Nesse dia abrir-se-á o "Ano da Misericórdia" para toda a Igreja, convocando também a humanidade inteira para um grande encontro: a reconciliação com Deus, entre nós e o cosmos. No domingo seguinte (ao dia 08), o rito se repetirá em todas as catedrais, santuários e igrejas que o bem pastoral assim o exigir.  

 O sinal da porta recorda-nos que o perdão é possível e que o Todo-Poderoso toma a iniciativa pois "não fomos nós que amamos Deus, mas, foi Ele que primeiro nos amou". (Jo4,10)

 Durante todo o ano, até a festa de Cristo Rei, no dia 26 de novembro de 2016, teremos a oportunidade de passar pela "porta" e buscar a reconciliação, dar e receber o perdão. Não é uma porta mágica, mas ocasião especial de conversão e Confissão dos pecados, como consequente mudança de mentalidade e de atitudes. Não há pecado que não tenha perdão! Essa é a verdadeira indulgência que refaz a nossa esperança. Ano Santo! Porta Santa! E... vida nova!

 Família ... povo de Deus, vamos trabalhar para que muitos outros especialmente aqueles que estão distantes ou indiferentes a Deus, reencontrem o amor que gera a vida, busquem e recebam o perdão. Aqui no Santuário Nacional a "Porta Santa" também será aberta: "Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto... "(Mt 7,7)  

PALAVRAS DO SANTO PADRE O PAPA FRANCISCO SOBRE O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA

  “Decidi convocar um Jubileu extraordinário centralizado na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: “Sede misericordiosos como o vosso Pai” (cfr Lc 6,36). Este Ano Santo – explicou o Pontífice – terá início na próxima solenidade da Imaculada Conceição e se concluirá em 20 de novembro de 2016, Domingo de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do universo e rosto vivo da misericórdia do Pai.”
Durante a homilia Francisco ressaltou a riqueza da misericórdia de Deus evidenciando “com quanto amor Jesus olha para nós, com quanto amor cura o nosso coração pecador”. A seguir, a homilia na íntegra:
Também este ano, na vigília do quarto Domingo da Quaresma, nos reunimos para celebrar a liturgia penitencial. Unimo-nos a tantos cristãos que, em todas as partes do mundo, acolheram o convite a viver este momento como sinal da bondade do Senhor. De fato, o Sacramento da Reconciliação permite recorrer confiantemente ao Pai para ter a certeza de seu perdão. Ele é verdadeiramente “rico de misericórdia” e a estende com abundância àqueles que recorrem a Ele com coração sincero.
Em todo caso, estar aqui para fazer a experiência de seu amor é, em primeiro lugar, fruto da sua graça. Como nos recordou o apóstolo Paulo, Deus jamais cessa de mostrar ao longo dos séculos a riqueza da sua misericórdia. A transformação do coração que nos leva a confessar os nossos pecados é “dom de Deus”, é “obra sua” (cfr Ef 2,8-10). Ser tocados com ternura por sua mão e plasmados pela sua graça permite-nos, portanto, aproximar-nos do sacerdote sem temor pelas nossas culpas, mas com a certeza de ser por ele acolhidos em nome de Deus, e compreendido apesar de nossas misérias. Saindo do confessionário, sentiremos a sua força que dá novamente a vida e restitui o entusiasmo da fé.
O Evangelho que ouvimos (cfr Lc 7, 36-50) nos abre um caminho de esperança e de conforto. É bom sentir sobre nós o mesmo olhar de compaixão de Jesus, assim como o percebeu a mulher pecadora na casa do fariseu. Neste trecho duas palavras retornam com insistência: amor e juízo.
Há o amor da mulher pecadora que se humilha diante do Senhor; mas antes ainda há o amor misericordioso de Jesus por ela, que a impele a aproximar-se. Seu choro de arrependimento e de alegria lava os pés do Mestre, e seus cabelos os enxugam com gratidão; os beijos são expressão de seu afeto puro; e o unguento perfumado derramado com abundância atesta como Ele é precioso a seus olhos. Cada gesto desta mulher fala de amor e expressa seu desejo de ter uma certeza inquebrantável em sua vida: a de ter sido perdoada. E Jesus lhe dá essa certeza: acolhendo-a demonstra-lhe o amor de Deus por ela, justamente por ela! O amor é o perdão são simultâneos: Deus lhe perdoa muito, tudo, porque “muito amou” (Lc 7,47); e ela adora Jesus porque sente que n’Ele há misericórdia e não condenação. Graças a Jesus, seus muitos pecados Deus os deixa para trás, não os recorda mais (cfr Is 43,25). Para ela, então, tem início uma nova estação; renasceu no amor para uma vida nova.
Esta mulher verdadeiramente encontrou o Senhor. No silêncio, abriu-lhe o coração; na dor, mostrou-lhe o arrependimento por seus pecados; com seu choro, apelou à misericórdia divina para receber o perdão. Para ela não haverá nenhum juízo a não ser o que vem de Deus, e este é o juízo da misericórdia. O protagonista deste encontro é certamente o amor que vai além da justiça.
Simão o fariseu, pelo contrário, não consegue encontrar o caminho do amor. Permanece parado na soleira da formalidade. Não é capaz de dar o passo sucessivo para ir ao encontro de Jesus que lhe traz a salvação. Simão limitou-se a convidar Jesus para o almoço, mas não o acolheu verdadeiramente. Em seus pensamentos invoca somente a justiça, e assim fazendo, erra. Seu juízo sobre a mulher o distancia da verdade e não lhe permite nem mesmo compreender quem é o seu hóspede. Deteve-se na superfície, não foi capaz de olhar para o coração. Diante da parábola de Jesus e da pergunta sobre qual servo amou mais, o fariseu responde corretamente: “Aquele ao qual perdoou mais”. E Jesus observa: “você julgou bem” (Lc 7,43). Somente quando o juízo de Simão é dirigido ao amor, então ele acerta.
       O chamado de Jesus leva cada um de nós a jamais deter-se na superfície das coisas, sobretudo quando temos diante de nós uma pessoa. Somos chamados a olhar além, a nos voltar para o coração para ver de quanta generosidade  cada um de nós é capaz. Ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus; todos conhecem o caminho para ter acesso a ela e a Igreja é a casa que todos acolhe e a ninguém rejeita. Suas portas permanecem escancaradas, a fim de que aqueles que foram tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Maior é o pecado e maior deve ser o amor que a Igreja expressa para com aqueles que se convertem.
       Caros irmãos e irmãs, pensei muitas vezes sobre como a Igreja possa tornar mais evidente a sua missão de ser testemunha da misericórdia. É um caminho que se inicia com uma conversão espiritual. Por isso decidi convocar um Jubileu extraordinário centralizado na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: “Sede misericordiosos como o vosso Pai” (cfr Lc 6,36).
Este Ano Santo terá início na próxima solenidade da Imaculada Conceição e se concluirá em 20 de novembro de 2016, Domingo de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do universo e rosto vivo da misericórdia do Pai. Confio a organização deste Jubileu ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, a fim de que possa animá-lo como uma nova etapa do caminho da Igreja em sua missão de levar a toda pessoa o Evangelho da misericórdia.
Estou certo de que toda a Igreja poderá encontrar neste Jubileu a alegria para redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus, com a qual todos somos chamados a dar consolação a todo homem e toda mulher de nosso tempo. Desde já o confiamos à Mãe da Misericórdia, a fim de que volte para nós o seu olhar e vele sobre nosso caminho.    

Carta do Papa Francisco com motivo do Ano da Misericórdia
Ao Venerado Irmão Dom Rino Fisichella, Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.
A proximidade do Jubileu Extraordinário da Misericórdia permite-me focar alguns pontos sobre os quais considero importante intervir para consentir que a celebração do Ano Santo seja para todos os crentes um verdadeiro momento de encontro com a misericórdia de Deus. Com efeito, desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz.

O meu pensamento dirige-se, em primeiro lugar, a todos os fiéis que em cada Diocese, ou como peregrinos em Roma, viverem a graça do Jubileu. Espero que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido. Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos Santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que tradicionalmente são identificadas como jubilares. É importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da Reconciliação e à celebração da santa Eucaristia com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar estas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro.
Penso também em quantos, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até à Porta Santa, sobretudo os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa. Para eles será de grande ajuda viver a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor que no mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica a via mestra para dar sentido à dor e à solidão. Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar. O meu pensamento dirige-se também aos encarcerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. O Jubileu constituiu sempre a oportunidade de uma grande amnistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto. A todos eles chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão. Nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade.
Eu pedi que a Igreja redescubra neste tempo jubilar a riqueza contida nas obras de misericórdia corporais e espirituais. De facto, a experiência da misericórdia torna-se visível no testemunho de sinais concretos como o próprio Jesus nos ensinou. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar. Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Portanto, tratar-se-á de uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade.
Enfim, a indulgência jubilar pode ser obtida também para quantos faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim.
Um dos graves problemas do nosso tempo é certamente a alterada relação com a vida. Uma mentalidade muito difundida já fez perder a necessária sensibilidade pessoal e social pelo acolhimento de uma nova vida. O drama do aborto é vivido por alguns com uma consciência superficial, quase sem se dar conta do gravíssimo mal que um gesto semelhante comporta. Muitos outros, ao contrário, mesmo vivendo este momento como uma derrota, julgam que não têm outro caminho a percorrer. Penso, de maneira particular, em todas as mulheres que recorreram ao aborto. Conheço bem os condicionamentos que as levaram a tomar esta decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que traziam no seu coração a cicatriz causada por esta escolha sofrida e dolorosa. O que aconteceu é profundamente injusto; contudo, só a sua verdadeira compreensão pode impedir que se perca a esperança. O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando com coração sincero se aproxima do Sacramento da Confissão para obter a reconciliação com o Pai. Também por este motivo, não obstante qualquer disposição em contrário, decidi conceder a todos os sacerdotes para o Ano Jubilar a faculdade de absolver do pecado de aborto quantos o cometeram e, arrependidos de coração, pedirem que lhes seja perdoado. Os sacerdotes se preparem para esta grande tarefa sabendo conjugar palavras de acolhimento genuíno com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um percurso de conversão autêntica para conseguir entender o verdadeiro e generoso perdão do Pai, que tudo renova com a sua presença.
Uma última consideração é dirigida aos fiéis que por diversos motivos sentem o desejo de frequentar as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade São Pio X. Este Ano Jubilar da Misericórdia não exclui ninguém. De diversas partes, alguns irmãos Bispos referiram-me acerca da sua boa fé e prática sacramental, porém unida à dificuldade de viver uma condição pastoralmente árdua. Confio que no futuro próximo se possam encontrar soluções para recuperar a plena comunhão com os sacerdotes e os superiores da Fraternidade. Entretanto, movido pela exigência de corresponder ao bem destes fiéis, estabeleço por minha própria vontade que quantos, durante o Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para celebrar o Sacramento da Reconciliação junto dos sacerdotes da Fraternidade São Pio X, recebam validamente e licitamente a absolvição dos seus pecados.
Confiando na intercessão da Mãe da Misericórdia, recomendo a sua proteção para a preparação deste Jubileu Extraordinário.
Vaticano, 1º de setembro de 2015
Franciscus   
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Durante o Jubileu, as leituras para os domingos do tempo ordinário serão do Evangelho de Lucas, chamado “o evangelista da misericórdia”.
O anúncio oficial e solene do Ano Santo será com a leitura e publicação da Bula no Domingo da Divina Misericórdia, festa instituída por São João Paulo II que é celebrada no domingo depois da Páscoa, em 2015, no dia 12 de abril.
Rito inicial e organização
O rito inicial do jubileu será a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro. Trata-se de uma porta que é aberta somente durante o Ano Santo e simboliza o conceito de que, durante o Jubileu, é oferecido aos fiéis um “percurso extraordinário” para a salvação.
Têm uma Porta Santa as quatro maiores basílicas de Roma: São Pedro, São João Latrão, São Paulo Fora dos Muros e Santa Maria Maior. As portas dessas basílicas serão abertas sucessivamente à abertura daquela da Basílica de São Pedro.
A organização do Jubileu da Misericórdia foi confiada, pelo Papa, ao Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização.
História dos Jubileus
Antigamente entre os hebreus, o jubileu era um ano declarado santo e que acontecia a cada 50 anos, no qual se devia restituir a igualdade a todos os filhos de Israel.
A Igreja católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII em 1300. Ele planejou um jubileu por século. A partir de 1475, para possibilitar que cada geração vivesse pelo menos um Ano Santo, o jubileu ordinário passou a acontecer a cada 25 anos. Um jubileu extraordinário pode ser realizado em ocasião de um acontecimento de particular importância.
Até hoje, foram 26 Anos Santos ordinários. O último foi o Jubileu de 2000. Quanto aos jubileus extraordinários, o último foi o de 1983, instituído por João Paulo II pelos 1950 anos da Redenção.
A Igreja católica deu ao jubileu judaico um significado mais espiritual. Consiste em um perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e uma possibilidade de renovar a relação com Deus e com o próximo. Assim, o Ano Santo é sempre uma oportunidade para aprofundar a fé e viver com renovado empenho o testemunho cristão.           

     

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