terça-feira, 27 de setembro de 2022

Santos Cosme e Daião - Sua História - O Sincretismo Religioso

FESTA, 26 DE SETEMBRO 

Quem eram os Mártires Cosme e Damião? 

A Igreja Católica no dia 26 de setembro celebra a memória dos santos Cosme e Damião. Cosme vem da palavra grega cosmos que significa “puro” e Damião vem de dama, “gamo” animal tímido e doce. Ou Damião deriva de dogma, “doutrina” , e de Ana, “no alto” ou de damum, “sacrifício”. Ou então Damianus (Damião) quer dizer domini manu, “mão do Senhor”. A data do nascimento deles é desconhecida, porém, acredita-se que tenham morrido no dia 27 de setembro, mas, também não é uma data certa. Até 1969 o dia dedicado à memória dos Santos Mártires era 27, mas, a Igreja Católica reformou o calendário litúrgico passando esse dia para o dia 26 e no dia 27 faz memória à São Vicente de Paulo.

Sabe-se que eram gêmeos naturais de Egéia, na Ásia Menor, (atual Síria). De mãe religiosa cujo nome é Teodota. Eram médicos de profissão. Receberam tantas graças divinas que curavam homens e animais e faziam gratuitamente. 

Conta-se que uma mulher chamada Paládia que já tinha gastado muito dinheiro com médicos, recorrendo-lhe aos seus serviços recuperou completamente a saúde.

A mulher ofereceu um pequeno presente a São Damião e ele não quis aceitar. A mulher o obrigou. Ele concordou em receber não porque queria aceitar, mas acabou aceitando por complacência porque aquela mulher lhe oferecera em testemunho e reconhecimento. Quando Cosme soube disso determinou que seu corpo não fosse enterrado junto o de seu irmão. Na noite seguinte o Senhor apareceu a Cosme e desculpou o irmão pelo feito.

Lísias era o procônsul da época e tendo conhecimento da fama dos dois irmãos mandou chamá-los e interrogando-lhes perguntou o nome, a pátria e a fortuna deles.

Eles responderam: “Nossos nomes são Cosme e Damião, temos três irmãos que são: Leôncio, Âtimo e Euprépio”.

“Somos da Arábia”. “Somos cristãos e não temos interesse por fortunas”.

O Procônsul, então, levou-os para adorar aos ídolos e como eles rejeitaram mandou que fossem torturados nas mãos e nos pés. Eles, porém, zombaram destes castigos então Lísias mandou que fossem acorrentados e jogados no mar. Mas, no mesmo instante veio um anjo e tirou-lhes do mar e os levou diante do procônsul. Este falou: “Pelos deuses vocês venceram com grande magia, desprezaram as torturas e acalmaram o mar”. “Ensine-me esta magia e eu os seguirei em nome do deus Adriano”. Mal terminara de falar e surgiram dois demônios que lhe golpearam a face e ele pôs a gritar: “Eu imploro homens de bem, orem por mim ao Senhor”. Eles rezaram e os demônios foram embora.  

O procônsul disse: “Se os deuses estão indignados desta forma contra mim por ter pensado em abandoná-los, eu sofreria ainda mais se vocês blasfemassem contra minhas divindades”. Mandou então jogá-los na fogueira, mas eles nada sofreram, as chamas pularam para longe e mataram muitos ao redor. Mandou a seguir suspendê-los num poste, mas protegidos por um anjo foram levados ao procônsul, enquanto os carrascos estavam esgotados de tanto espancá-los. Ordenou então que fossem crucificados e apedrejados pelo povo, mas, as pedras voltaram para os atiradores e os feriram em grande número.

Ainda mais fuirioso, o procônsul ficou e mandou vir os três irmãos, colocou-os ao lado das cruzes de Cosme e Damião que seriam varados por flechas pelos quatro soldados. Mas, as flechas retornaram e feriram muitas pessoas. Vendo que fora falha todas as tem tentativas mandaram decapitar os cinco irmãos. Os cristãos, lembrando o que dissera São Cosme que não queria ser enterrado com o irmão pensaram como deviam sepultá-los. De repente chegou um camelo que disse com voz humana ordenando que os santos fossem enterrados no mesmo lugar.

Eles foram martirizados no tempo do governo do Imperador Diocleciano por volta do século III (287).

Um camponês enquanto dormia, uma serpente e cuja penetrou suas entranhas agonizava e com muito sofrimento pedia socorro aos santos de Deus Cosme e Damião. A dor aumentava constantemente e se refugiou na igreja dos santos mártires onde subitamente adormeceu e a serpente saiu de sua boca.

Um homem ao fazer uma viagem recomendou sua mulher aos santos mártires Cosme e Damião e mostrou a ela um crucifixo por meio do qual seria a senha e saberia imediatamente quando devia ir para junto dele, caso fosse chamada. Depois disso, o diabo que sabia a senha que o marido lhe dera transfigurou-se em homem e apresentando-lhe a senha disse: “Seu marido me enviou de tal cidade para conduzi-la a ele”. E como inda temia partir, ela disse: “Reconheço o sinal, mas, como fui colocada sob a proteção dos santos mártires Cosme e Damião, jure-me sob o altar deles que você me conduzirá em segurança e partirei imediatamente”. Ele fez no mesmo instante e ela o seguiu, quando chegou a um lugar afastado o diabo quis derrubá-la de seu jumento para matá-la. Percebendo ela exclamou: “Cosme e Damião, santos de Deus ajudem-me, confiei em vocês por isso estou aqui”. Imediatamente os santos apareceram acompanhados por uma multidão de personagens vestidos de togas brancas e a libertaram. O diabo desapareceu e eles disseram: “Mulher somos Cosme e Damião a cujo juramento você se confiou e por isso nós apressamos em te ajudar!”

O Papa Felix, antepassado de São Gregório, mandou construir em Roma uma bela igreja dedicada a eles. Nessa Igreja havia um servidor dos santos mártires a quem estava acometido por câncer na perna em estado avançado. Então durante o sono de seu devoto, os santos Cosme e Damião apareceram trazendo consigo unguentos e instrumentos. Um disse ao outro: “Onde conseguiremos preencher o lugar de onde cortaremos a carne podre?” o Outro disse: “No cemitério de São Pedro está um etíope recém-sepultado, traga a sua carne para substituir essa”. Ele foi e trouxe a perna do mouro. Em seguida cortaram a do doente e puseram no lugar a perna do mouro. Depois puseram a perna do doente no mouro. Ungiram a ferida com cuidado. Como, ao despertar aquele homem não sentia mais a dor. Levou a mão na perna e ali não encontrou mais a doença. Pegou uma vela e, não vendo nenhuma ferida na perna, pensava que não era mais ele e sim, outro que e estava no seu lugar. Caindo em si saltou de alegria e contou a todos o que vira enquanto dormia e como fora curado. Foi em seguida ao cemitério e encontrou a perna do mouro cortada e a outra doente colocada no lugar.

(Fonte: Legenda Áurea, de Jacobo de Varazze – Vida dos Santos - págs. 794 a 797 )

A devoção de São Cosme e Damião na Umbanda e no Candomblé é a mesma da Igreja Católica?

A resposta é não. A Umbanda é uma religião de matriz africana trazida pelos escravos. É uma religião politeísta. No Brasil o sincretismo religioso contribuiu para que o culto às divindades africanas tanto na Umbanda como no Candomblé tomasse a figura dos santos católicos associando a eles suas crenças religiosas de modo a não serem descobertos pelos seus donos. No Brasil Colônia os escravos eram suprimidos dos seus costumes e das suas crenças, eram submetidos à religião do seu senhor, ao chegar aqui eram batizados e recebiam nomes cristãos; se fossem apanhados praticando outra religião que não fosse a mesma de seu dono, (no caso a religião cristã Católica), eram severamente punidos.

Assim, sabiamente associaram os santos católicos (e as suas imagens representativas) às suas divindades; dessa maneira os escravos, sem serem importunados e descobertos, cultuavam suas divindades sem que seus donos descobrissem, pois, quando o senhor de escravo entrava nas senzalas ou nos terreiros via ali as imagens dos santos católicos e acreditavam que realmente estava sendo realizado um culto católico e não um culto pagão. Como disse, em muitos lugares eram suprimidos não só a religião, mas, também a música e as danças. O samba e o batuque por muito tempo foram considerados crime. 

Um caso parecido foi a luta a capoeira que era uma forma de defesa dos escravos. Os guerreiros africanos praticavam a capoeira em defesa de suas tribos. Nas revoltas e nas fugas eram bem-sucedidos. Os senhores de escravos e até mesmo o governo temendo tais ameaças proibiram a capoeira isso durou até a República Velha. Os escravos não tinham direito nem a liberdade, nem de praticar sua religião. O sincretismo religioso os ajudou de certa forma a manterem suas tradições.   

No Brasil ela chegou a ser proibida e considerada como crime, depois de algum tempo foi liberada e passou a ser considerada como uma dança. Desta forma a dança, o culto das religiões africanas, as músicas foram suprimidas no período colonial. 

A tradição africana diz que São Cosme e Damião fazia referência às divindades gêmeas Ibejis ou Erês. Em outras tradições, os santos são os filhos gêmeos de Xangô e Iansã, irmãos de Dou, Alaba, Crispim, Crispiano e Talabi.

Na tradição Iorubá, Cosme e Damião são o Orixá Ibeji ou Ibejis, filhos gêmeos de Inhaça e Xangô, que foram criados por Oxum. Em outros itans (histórias mitológicas) Ibejis são filhos de Iemanjá e eles tiveram um irmão chamado Idoú ou Doum, por isso, nas representações sincréticas dos gêmeos, aparecem três irmãos, ao invés de dois. Os itans contam que eles tinham grandes poderes, inclusive de enganar a morte (icu). São crianças que adoram brincar, mas são muito poderosos, pois dominam a magia.

Pois bem, é dessa forma que a devoção a São Cosme e São Damião surgiu no meio da crença dos escravos; cujos, são considerados pela Umbanda como a divindade protetora das crianças. Daí o costume de celebrar o dia deles dando guloseimas às crianças. 

A entrega de doces para crianças em comemoração ao dia de São Cosme e Damião nasce das religiões de matriz africana, que costumam celebrar a data oferecendo comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces e balas às entidades e aos frequentadores dos terreiros. A festa costuma contar também com velas nas cores rosa e azul claro. A oferta é feita em honra aos orixás, mas também como forma de recordar a pureza, inocência e bondade representada pelos irmãos Cosme e Camião. Para estas religiões, os santos são considerados os protetores de orfanatos, creches e doceiras.

É comum nas religiões politeístas fazer ofertas de alimentos às entidades, aos mortos como, por exemplo, no budismo, na religião do antigo Egito, no hinduísmo, entre os ciganos também há esse costume, a Seicho-no-ie. Nós cristãos não temos esse costume isso é idolatria. Cultuar os mortos é diferente de lembrar e de rezar por eles. Nós cremos que os fiéis defuntos participam da comunhão dos santos e aguardam a ressureição do último dia. Cremos também que os que pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo alcançaram a graça da santidade no Céu, os santos, os eleitos todos eles canônicos ou não participam com Cristo no seu de sua vitória e estes intercedem por nós e nos ajudam com seus exemplos a viver o evangelho. 

As almas do purgatório são aquelas que tendo morrido sem pecado mortal e de alguma forma ainda que vivendo uma vida justa precisam serem purificadas, ou lavadas de todo resquício de pecado para poderem chegar ao Céu. Essas almas não estão condenadas, mas, estão à espera da contemplação definitiva junto de Deus. Por isso, a Igreja intercede por elas e tais podem interceder por nós, mas, nada podem fazer por si mesmas. Os santos já ultrapassaram esse mistério porque viveram suas vidas todas voltadas para Deus dando-lhes o tudo de si para Deus em testemunho de Cristo, esvaziaram-se de si mesmo para ter uma vida somente de amor a Cristo e seu evangelho. Viveram segundo os valores do reino amando a Deus e ao próximo, praticando a fé, a esperança e a caridade e deram exemplos disso; alguns pagando até mesmo com o preço de sua vida como é o caso dos mártires. 

De forma que os Santos não são deuses, nem entidades mitológicas. Não podemos adorá-los nem lhes oferecer sacrifício algum, pois, para nós cristãos adoramos somente a Deus Pai, Filho e Espírito Santo e o único sacrifício válido é o de Cristo que nos salvou e que é repetido de forma incruenta em cada Santa Missa. Adoramos Jesus no Santíssimo Sacramento do Altar. Aos santos apenas prestamos homenagem, veneração (ou respeito). Podemos rezar, pedir a intercessão deles, mas, o Culto é destinado apenas a Deus.                     

Na Umbanda e no Candomblé o dia de Cosme e Damião é celebrado no dia 27 de setembro. Mas, o dia verdadeiro no calendário litúrgico da Igreja, dedicado verdadeiramente aos santos Cosme e Damião é 26 de setembro.

👉É bom deixar os católicos cientes que embora os nomes sejam os mesmos há uma grande diferença: Enquanto para a Umbanda Cosme e Damião são consideradas divindades protetoras de crianças, a Igreja reconhece os santos mártires, mas, assim como os demais santos eles não são divindades, não podem ser adorados. Nenhum santo é divindade, nem mesmo Nossa Senhora. Na Igreja Católica os santos Cosme e Damião são considerados padroeiros dos médicos (as) e enfermeiros (as). 

Nós devemos respeitar as religiões, às outras crenças, mas, como cristãos católicos devemos ser conscientes para não praticarmos a idolatria (que severamente proibida por Deus), e que embora as imagens sejam parecidas o culto é diferente. Católico que participa de festa de Cosme e Damião achando que está fazendo certo na verdade não está. Nem as imagens são iguais veja a diferença da representação dos santos Cosme e Damião da Igreja Católica pela representação do Cosme e Damião da Umbanda que traz consigo uma entidade morim, um garoto, o Orixá Ibejis, como é chamada a divindade. 

Nós acabamos de ler a história dos santos mártires Cosme e Damião e vimos que eles não têm nenhuma relação com essas entidades. Embora as imagens representam de alguma forma os santos católicos na verdade o que é cultuado são as divindades africanas. É como por exemplo uma carteira de identidade falsa, possui os dados de uma pessoa, mas, a foto é de outra. Então muito cuidado devemos ter ao cultuar essas divindades, lembrando sempre o Mandamento  do Senhor que diz: Não terás outros deuses além de mim. (Ex20, 3-5) e 1Cor8, 4-13 que nos recomenda que não podemos comer nada (representado pela carne) oferecida a ídolos e que somente há um só Senhor, Jesus Cristo.   



 

            

  

       



ORAÇÃO A S. COSME E S. DAMIÃO

            "São Cosme e Damião, que por amor a Deus e ao próximo vos dedicastes à cura do corpo e a da alma de vossos semelhantes, abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal. Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranquila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração. Que a vossa proteção, Cosme e Damião, conserve meu coração simples e sincero, para que sirvam também para mim as palavras de Jesus: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino dos céus”. São Cosme e Damião, rogai por nós!

Pai Nosso... / Ave Maria... / Glória ao Pai...

  

                                       

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

A FÉ E O DISCIPULADO -

Na postagem anterior sobre a evangelização, aprendemos sobre o que é a Fé e o que ela consiste. Relembrando que a Fé possui três facetas que é crer, confiar e depender. E que a Salvação embora seja gratuita ele depende do exercício da fé que é feita pelas boas obras a começar do anúncio profético e o amor ao próximo.

O discípulo de Jesus deve ser alguém de Fé. Deve ter sede de salvação para si e para as pessoas. O discípulo verdadeiro sente um grande ardor missionário, não fica quieto, mas, vai além de si mesmo para anunciar a boa nova.

Vamos aprender o que isso significa?

Podemos ler alguns exemplos na Sagrada Escritura. Vamos aprender um pouco sobre o encontro de Jesus com a mulher de Samaria:

No Evangelho de São João, Jo4, 1-42 narra o episódio do encontro com Jesus e a Mulher Samaritana.

O texto começa dizendo que Jesus deixou a Judeia e foi para a Galileia e para chegar lá tinha que passar pela Samaria. Chegou em uma cidade chamada Sicar, que ficava perto das terras do patriarca Jacó (ou Israel) e cansado da viagem e com sede sentou-se à beira do poço.

 

Assim, chegou a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José.

6Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia.

7Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: "Dê-me um pouco de água".

8(Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.)

9A mulher samaritana lhe perguntou: "Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?" (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)

10Jesus lhe respondeu: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem está pedindo água, você lhe teria pedido e dele receberia água viva".

11Disse a mulher: "O senhor não tem com que tirar água, e o poço é fundo. Onde pode conseguir essa água viva?

12Acaso o senhor é maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, bem como seus filhos e seu gado?"

13Jesus respondeu: "Quem beber desta água terá sede outra vez,

14mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".

15A mulher lhe disse: "Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água".

16Ele lhe disse: "Vá, chame o seu marido e volte".

17"Não tenho marido", respondeu ela.
Disse-lhe Jesus: "Você falou corretamente, dizendo que não tem marido.

18O fato é que você já teve cinco; e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade".

19Disse a mulher: "Senhor, vejo que é profeta.

20Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".

21Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.

22Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.

23No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.

24Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".

25Disse a mulher: "Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".

26Então Jesus declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".

27Naquele momento, os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber?" ou: "Por que estás conversando com ela?"

28Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:

29"Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo?"

30Então saíram da cidade e foram para onde ele estava.

31Enquanto isso, os discípulos insistiam com ele: "Mestre, come alguma coisa".

32Mas ele lhes disse: "Tenho algo para comer que vocês não conhecem".

33Então os seus discípulos disseram uns aos outros: "Será que alguém lhe trouxe comida?"

34Disse Jesus: "A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra.

35Vocês não dizem: 'Daqui a quatro meses haverá a colheita'? Eu digo a vocês: Abram os olhos e vejam os campos! Eles estão maduros para a colheita.

36Aquele que colhe já recebe o seu salário e colhe fruto para a vida eterna, de forma que se alegram juntos o que semeia e o que colhe.

37Assim é verdadeiro o ditado: 'Um semeia, e outro colhe'.

38Eu os enviei para colherem o que vocês não cultivaram. Outros realizaram o trabalho árduo, e vocês vieram a usufruir do trabalho deles".

39Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do seguinte testemunho dado pela mulher: "Ele me disse tudo o que tenho feito".

40Assim, quando se aproximaram dele, os samaritanos insistiram em que ficasse com eles, e ele ficou dois dias.

41E, por causa da sua palavra, muitos outros creram.

42E disseram à mulher: "Agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ouvimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo".

 

O texto continua dizendo que naquele instante os discípulos voltaram viram Jesus conversando com a mulher, mas, não ousaram saber do porquê. A mulher então larga o cântaro e sai pela cidade anunciando: “Venham ver um homem que disse tudo a meu respeito, não será ele o Cristo?

Então os discípulos “insistem” com Jesus para comer, mas Jesus disse que a fome dele era outra, era fazer a obra de Deus, cumprir sua missão e Jesus começa a explicar o seu propósito. Depois de ouvido, os samaritamos convidaram Jesus a ficar com eles porque acreditram nas palavras da samaritana e mais ainda, porque tendo ouvido-o falar convenceram que ele realmente era o Cristo e disseram: “Agora cremos não porque apenas falastes, mas, porque ouvimos e sabemos que ele é o Salvador”.

 

Veja, meus irmãos, que esse episódio do Evangelho de São João tem muito a nos ensinar e vamos aqui separar o texto para ajudar a entender melhor sobre o que vamos aprender.

 Cada evangelista escreveu seu evangelho com um objetivo de mostrar quem era Jesus, em especial, São João escreveu seu evangelho e podemos perceber que o propósito é nos mostrar que Jesus é Deus, o Filho de Deus o Salvador, (o Messias). Por isso, suas narrattivas são diferentes dos outros três evangelhos que chamamos de sinóticos (porque contérm elementos uns dos outros). E é aí que está a chave para entendermos esta belíssima narrativa.

Aqui um episódio interessante:

São João começa dizendo que os fariseus ficaram sabendo que Jesus estava batizando mais que João Batista, embora não fosse ele propriamente, mas, seus discípulos e Jesus então resolve voltar para a Galileia. O que podemos entender aqui é que não era a hora de haver um conflito entre Jesus e os fariseus pois, isso mudaria a plano de Deus, o plano de Salvação. Esse momento chegaria, mas, não naquela hora. Jesus prefere então se retirar e ir pregar em outro lugar.

As vezes meus irmãos o cristão deve também pensar, em situações em que é necessário evitar conflitos. O Evangelho não pode ser causa de brigas, de desavenças. Quantas pessoas por aí causando conflitos, sendo intolerantes e querendo forçar as pessoas a abraçar a fé em Jesus. Mas a fé não pode ser imposta. Crer em Jesus, aceitar Jesus como Salvador e Senhor é proposta, é convite. Sem brigas, sem discussões. O evangelho deve ser anunciado com amor. Se Jesus tivesse ficado os fariseus iam impotuná-lo com acusações e ameaças e a missão de Jesus estaria prejudicada. Os fariseus tentaram diversas vezes por Jesus à prova, em alguns casos Jesus respondia, em outros Jesus preferia ignorá-los. Pois a meta de Jesus ainda estava por vir, a sua paixão, morte e ressurreição. 

As vezes nossa vontade de pregar o evangelho é tanta que queremos que as coisas aconteçam do nosso jeito, com rapidez,  quanto que essa é uma missão cuja deve ser movida pelo Espírito Santo. É ele que irá fazer a obra acontecer e falar por nós. E muitas vezes por orgulho queremos forçar uma situação; e aquilo que deveria ser uma proposta se torna um vexame. A Salvação deve ser precedida de uma proposta de adesão ao Cristo. Deve ser feita na hora certa sendo respeitada a liberdade de cada pessoa. Quem aceita Jesus livremente, aceita-o porque crê, por força de vontade e não por imposição. Somos livres para aceitar ou não a Salvação.

 

Agora vamos dividir o texto do evangelho para melhor compreensão:

São João nos fala de três tipos de águas:

 

1. A água do batismo. Os discípulos estavam batizando muita gente mais que João Batista. O texto diz que era Jesus que estava batizado, não era verdade. O texto não diz que Jesus tenha impedido tal ação, mas, preferiu ir para a Galiléia. Talvez Jesus ignorasse o fato, porém, a missão de Jesus vai mais além. É o que veremos.

2. A água do poço de Jacó. Jesus pede água a mulher de Samaria. Essa água, é a água cumum do dia a dia; representa os prazeres do mundo que são passageiras, saciam nossa sede de consumo e prazer no momento, mas, não nós pode salvar


3. A Água Viva. Jesus apresenta outra Água, a água viva que é Ele mesmo e sua palavra. Quem tem Jesus quem crê em Jesus tem a vida eterna. E ele é o único que pode fazer isso. Junto dele não há fome, nem sede, nem morte. 

(Vs. 4 a 6) - Jesus entra na Samaria e perto de Sicar passa pelo poço de Jacó. Podemos entender que nesta passagem São João quer fazer um paralelo entre Jacó representando o Antigo Testamento e Jesus o autor da Nova Aliança. Jesus se achega ao poço é o encontro do Testamento com o tetamenteiro. Logo, Jesus vai inaugurar uma Nova Lei.

Veja que o episódio começa apresentando uma água, a água do batismo. A primeira coisa que deve acontecer para que a pessoa seja cristã é receber o batismo. Mas, antes ele vem acompanhado de uma proposta que é o anúncio do evangelho. É necessário anunciar primeiro o evangelho para depois batizar. Quem batiza não é o discípulo, mas, é Deus. Se a pessoa vai utilizar o batismo para simplesmente fazer dele uma questão social não deve ser batizado, pois, o batismo é para aqueles que desejam ser discípulos de Jesus. A vocação do discípulo é anunciar o Evangelho.

Jesus não está com sede física apenas, sua sede é muito maior, é sede de Salvação, de fazer cumprir a vontade de Deus e ele vai até o fim. Sabemos onde isso vai terminar. Jesus está sedento de amor quer salvar a todos e por isso não perde tempo. Mais do que a fome e a sede física, Jesus tem fome e sede de amor pela humanidade. Ele é o Deus-Conosco aquele que como disse João Batista é o “Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo”.

(Vs 7 a 10) - A mulher se aproxima do poço, era uma samaritana. Judeus e samaritanos não se conversavam. Jesus não fica esperando, quebra logo essa barreira e pede água.

Jesus sabia qual seria a reação daquela mulher mas, seu propósito era mostrar aquela gente por meio da mulher que embora a salvação viesse no meio dos judeus, ela deveria se estender a todos os que aceitassem e cressem nEle.

Jesus está à beira do poço de Jacó. Estava ali aquele que iria cumprir a vontade do Pai e fazer uma nova aliança. O poço representa Jacó, cujo recebeu a promessa que dele nasceria um grande povo, o povo escolhido por Deus. Jesus está ali para firar este reconhecimento, mas, também para mostrar que uma nova era estava se inciando, a Salvação já havia chegado para todos os filhos de Jacó. Não haveria mais a necessidade de ter conflito de onde e qual era o lugar certo de adoração, pois, o próprio Deus Encarnado estava ali para agrantir que um novo tempo seria inaugurado e que o Pai agora seria adorado em espírito e verdade não importa qual lugar. Porque ele é Espírito, está em toda parte.

Aqui nós devemos tirar uma lição: Quantos que acham que Deus é propriedade de “igrejas”. O Jesus de uma igreja é diferente do “Jesus” de outras. Na minha “igreja” Jesus faz mais milagres que na dos outros e assim vamos criando um Jesus moldado aos nossos interesses pessoais. Quanto que Jesus é claro em dizer que Deus deve ser adorado em espírito e verdade. Ele mora em nós, dentro de nós e devemos adorá-lo com toda a alma, com todo entendimento.

 

A ÁGUA VIVA

 

Jesus é a Água Viva que jorra para vida eterna, quem bebe desta água será saciado para sempre.

A samaritana a princípio pensou que Jesus estiva falando da água limpa do poço, mas, Jesus se refreria a ele próprio. Jesus é a água que sacia toda sede: Ele está sedento sede de amor, sede de justiça, e de perdão. Ele queria que aquela mulher entendesse qual era sua missão. Logo seguiu um diálogo importante que culminará a convencer a mulher que Ele é o Messias.

A ESTRATÉGIA DE JESUS

 

(Vs. 15-19) - A mulher então pediu “Senhor dá-me desta água!”

Ela ainda não tinha entendido muito bem e o rumo da conversa segue com Jesus usando uma estratégia interessante. Jesus pede vai buscar teu marido. Ela não vivia em uma situação regular diante da Lei de Moisés teve cinco maridos, mas e agora o que mora com ela não é seu marido. Foi honesta ao dizer que não tinha marido. Jesus não condenou a mulher porque o propósito de Jesus não era condenar, mas, salvar. E o que Jesus queria é que ela abrisse seu coração para entender quem é que estava ali diante dela. Ela diz vejo que sois um profeta. Jesus sabia o que passava na vida e no pensamento daquela mulher. Seu objetivo era fazer daquela mulher sua discípula.

Muitas vezes nós queremos ser discípulos de Jesus em abir nossos corações. Falta em nós honestidade diante de certas atitudes de pecado. Quantas pessoas por aí que se dizem pregar o evangelho, mas, usam de acusações, apontando o dedo para as pessoas. Veja que Jesus em momento algum apontou o dedo para condenar a mulher. Ele lança a proposta e oferece um bem maior a Água-Viva da salvação.

Nós temos que tomar cuidado quando anunciamos a palavra de Deus. A Palavra de Deus deve ser acompanhada de gestos de amor, amizade, compreensão, carinho...

Com o avanço das redes sociais a gente vê pessoas arrogantes que se acham mais santas que as outras, que julgam a crença simples das pessoas, que se acham os “donos da verdade”. São os teólogos de última hora. Não é assim que Jesus ensina a fazer. Ao apresentarmos Jesus para as pessoas devemos procurar ser humildes.

Jesus disse que ao anunciarmos o evangelho devemos ser prudentes como as serpentes para não cairmos em armadilhas que os outros fazem, mas, que nós mesmos fazemos. E simples como as pombas, ou seja, não usar de arrogância. Não querer impor o evangelho a ninguém ele é uma proposta.

As vezes falta em nós discernimento. Falta diálogo com Deus para entender a que rumo tomar, ficamos perdidos. Temos que lembrar que Jesus mandou pregar o seu evangelho e não o nosso. E como pregar aquilo que Jesus ensinou se não praticamos o mesmo?

As palavras convencem e os exemplos arrastam diz o ditado. Temos que ser exemplos de pessoas de fé. Se eu vivo para p mundo, como posso levar as pessoas a viver para Deus. Se a minha vida é cega não me levará a a cair no precipício e junto comigo quem estiver ao meu lado? Disse Jesus que um cego não pode guiar outro cego.

Jesus abriu os olhos daquela mulher e abre os nossos olhos hoje.

 

(Vs 20 a 41) A mulher parecia desconversar: “Nós adoramos a Deus neste monte mas, vocês judeus dizem que é em Jerusalém que se dev adorar”.

Aqui a mulher parece fazer uma pegadinha com Jesus. Mas a resposta de Jesus é clara chegará a hora em que nem na Samaria nem em Jerusalém Deus será adorado, mas, será adorado em Espírito e verdade. Jesus fecha com chave de ouro: “Vocês adoram o que não conhece, nós adoramos o que conhecemos porque a salvação vem dos judeus”.

Veja! Jesus deixa bem claro que a salvação que chegou até ela vem dos judeus, Jesus é o Messias. Jesus é judeu e a salvação portanto é vinda dos judeus. Ela vem de Cristo e se estenderá também para os outros povos. A hora já chegou. Deus Pai procura verdadeiros adoradores, aqueles que não ficam discutindo em qual lugar Ele deve ser adorado porque Deus quer ser adorado nos corações.

 Temos que tomar cuidado quando o pregarmos o evangelho queremos que as pessoas se convertam não a Cristo primeiramente e o passam o reconhecer como Senhor e Salvador. Quando nós queremos primeiramente converter as pessoas para nossas “igrejas” estamos pregando um falso evangelho porque primeiramente, nós devemos anunciar o evangelho, o arrependimento dos pecados, para depois se assim for o desejo da pessoa receber o batismo e fazer parte da Comunidade de discípulos. O que se vê hoje é o contrário. Pessoas que querem converter as pessoas não para Cristo, mas, para suas igrejas.

 

Os versículos a seguir nos mostra que a mulher acreditou em Jesus estava convencida de que Jesus era mesmo o Cristo. Largou a vasilha e correu para anunciar aos outros a Boa-Nova da Salvação e deu resultado porque no final diz que muitos samaritanos aceitaram a salvação. E convidaram Jesus para ficar ali dois dias. Eles agora não precisavam mais do testemunho da mulher porque tinham visto e ouvido o Messias falar com eles.

Devemos tomar como exemplo a atitude da samaritana. Ela queria uma resposta de Jesus. E quando Jesus dá a resposta exata para o que seu coração estava querendo saber, ela corre e vai anunciar.

Interessante que o narrador não diz que Jesus bebeu a água do poço. Mas nos diz que Jesus deu aquela mulher a água da vida eterna. Ela bebeu do conhecimento de quem era na verdade aquele que dialogava com ela.

Devemos aprender com essa lição. Antes de mais nada o discípulo, o cristão é quele que tem certeza de quem é Jesus e procuira levá-lo às pessoas de maneira que a proposta de salvação chegue a todos. Mas, ao fazer isso exige de nós responsabilidade. Levar Jesus às pessoas. E ele está dentro de cada um.

Levar o evangelho não com arrogância, mas com amor. Se soubermos oferecer a Água da vida para as pessoas vamos salvar muitas almas, mas, se não soubermos vamos fazer com que muitas almas se percam.

A salvação não pode ser imposta, nem se tornar moeda de troca, Ela é graça de Deus para todos os que creem no Cristo. A salvação está em ouvir a palavra de Deus e pô-la em prática. (Mt7, 21)

 

 

 

 

 

 

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