terça-feira, 9 de setembro de 2025

OS BEATOS: CARLO ACUTIS E PIER GIORGIO FRASSAT SÃO CANONIZADOS POR SUA SANTIDADE O PAPA LEÃO XIV

 

    Neste domingo, 7 de setembro de 2025. A Praça de São Pedro estava lotada de milhares de fiéis de todas os lugares do mundo para participar da celebração da Missa de canonização de dois jovens que marcaram profundamente a Igreja: Pier Giorgio Frassat e Carlo Acutis. A celebração, presidida pelo Papa Leão XIV.

O milagre reconhecido para a canonização de Pier Giorgio Frassat foi a cura do seminarista mexicano Juan Manuel Gutierrez, que em 2017 sofreu uma grave lesão no tendão de Aquiles. Após rezar pedindo a intercessão do beato, recuperou-se de forma imediata e inexplicável pela ciência.

Quem foi Pier Giorgio Frassat?

Ele nasceu em 1901, de família destacada. Seu pai fundou o Jornal La Stampa, também foi senador, sua mãe era pintora e alcançou reconhecimento no meio artístico.

Embora vivesse nesse ambiente confortável, Pier Giorgio trilhou outro caminho: desde cedo, uniu a fé a uma vida voltada à oração e ao serviço dos pobres.

Desde a infância, praticava atos de caridade, quando por exemplo, doou seus próprios sapatos à uma criança necessitada. Na sua juventude, ingressou em movimentos da Igreja, onde distribuía alimentos, roupas e visitava doentes nas periferias.

Foi cursar Engenharia de Minas para, segundo ele, “servir a Cristo entre os mineiros”. Também se envolveu com o movimento da Juventude Católica e participou do Partido Popular Italiano, sendo até preso por se opor ao fascismo de Mussolini.

Pier Giorgio gostava de praticar alpinismo, organizava trilhas com amigos que uniam lazer e evangelização e ingressou na Ordem Terceira Dominicana, adotando o nome Fra Girolamo.

Recebeu o apelido de “Empresa de Transporte Frassat” por carregar lenha e suprimentos para famílias pobres com seu carrinho.

Sua morte ocorreu no ano de 1925, aos 24 anos, vítima de poliomielite aguda. Multidões de pobres acompanharam seu funeral. Reconhecido por São João Paulo II como “o homem das oito bem-aventuranças”, teve dois milagres reconhecidos pela Igreja.

       Não buscava glórias, nem riqueza, nem fama. Sua predileção era servir os pobres. Foi estudante de engenharia, praticante de esportes, amigo fiel, comprometido com os pobres e com a fé, viveu profundamente cada palavra do Evangelho.

Ele dizia: “Viver sem fé, sem um patrimônio para defender, sem lutar continuamente pela verdade, não é viver, mas apenas existir.” Ele viveu as Bem-Aventuranças com radicalidade.

Uma alma moldada no Monte das Beatitudes. Foi pobre em espírito, porque escolheu uma vida simples e desapegada. Ele teve fome e sede de justiça, porque lutou pelos mais necessitados. Ele foi misericordioso, puro de coração e, em muitos momentos, perseguido por causa da fé.

Sua história é uma das mais belas expressões modernas do que significa viver as palavras de Cristo hoje, em meio à juventude, aos estudos, à correria do mundo. Pier Giorgio é um daqueles que subiram o Monte com Jesus e se deixaram moldar por Cristo.

O corpo do Beato Pier Giorgio Frassat encontra-se na Catedral de Turim, Itália, onde foi transladado após ser encontrado em estado de incorruptibilidade parcial.  Atualmente, o corpo estava exposto temporariamente em Roma, na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, para veneração durante o Jubileu dos Jovens, mas deve retornar a Turim após o evento de canonização que ocorreu em 7 de setembro de 2025.

O dia no calendário litúrgico marcado para celebrar a sua memória  é 4 de julho.

Quem foi Carlo Acutis?

Carlo Acutis nasceu em Londres em 1991, mas cresceu em Milão, em uma família que não praticava a fé católica. Incentivado por sua babá, começou a rezar ainda criança e recebeu a primeira comunhão aos sete anos.

Quando a Internet estava ainda “engatinhando” tornou-se apaixonado por computação, usou a informática para evangelizar. Suas pesquisas deram origem ao site Miracoli Eucaristici, reunindo registros históricos de milagres ligados à Eucaristia. Integrava oração, estudos, esportes e vida comunitária em sua rotina. Sua dedicação era evangelização levando a todos pela Internet as pessoas a conhecer Jesus Cristo.  

Carlo Acustis ia diariamente e à Missa e fazia adoração eucarística frequente. Costumava dizer: “Diante do sol, bronzeamos. Diante da Eucaristia, tornamo-nos santos”. Dizia também frases como estas: “Maria é a única mulher da minha vida”. “Minha meta é o céu”.

Em viagem de férias esteve em Assis onde teve contato com os frades franciscanos e tornou-se grande devoto de São Francisco de Assis, despertando ainda mais seu amor pela natureza, aproximou-se ainda mais intimamente da espiritualidade franciscana. 

O seu corpo está exposto para veneração na Igreja de Santa Maria Maggiore em Assis. O corpo está preservado e foi reconstituído recebendo uma máscara de silicone

Morreu com grande odor de santidade em 12 de outubro de 2006, aos 15 anos, vítima de leucemia. Em 2010, O primeiro milagre atribuído à sua intercessão ocorreu em Campo Grande (Mato Grosso do Sul - Brasil) levou à sua beatificação. O segundo milagre, ocorreu na Costa Rica em 2022, abriu o caminho para a canonização. 

O dia no calendário litúrgico dedicado à memória de São Carlo Acutis é 12 de outubro.


Oração a São Carlo Acutis


Ó Deus, nosso Pai, obrigado por nos teres dado



Ó São Carlo Acutis, modelo de vida para os jovens e mensagem de amor para todos.

Fizeste com que ele se apaixonasse pelo teu Filho Jesus, fazendo da Eucaristia a sua “autoestrada para o Céu.”

Concedeste-lhe Maria como Mãe muito amada, e com o Rosário fizeste dele um cantor da sua ternura.

Acolhe a sua intercessão por nós. Olha sobretudo para os pobres, que ele amou e ajudou. [Também a mim concede, por sua intercessão, a graça de que preciso…]

E faz com que a nossa alegria seja plena, conduzindo o Carlo entre os santos da Igreja universal, a fim de que o seu sorriso continue a resplandecer para nós para a glória do teu nome.

Por Cristo, Nosso Senhor, Amém!

Rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória.


Oração a São Pier Giorgio Frassat


Senhor Jesus, dai-nos a coragem de voar alto,fugir da tentação da mediocridade e da banalidade; tornai-nos capazes, como São Pier Giorgio, de aspirar às coisas mais nobres, com tenacidade e constância, e acolher, com alegria, o vosso convite à santidade.

Livrai-nos do medo de não conseguir ou da falsa modéstia de não ser chamados por Vós. Concedei-nos a graça, que vos pedimos, por intercessão de São Pier Giorgio, e a força para continuar, com fidelidade, no caminho, que conduz, verdadeiramente, “ao alto”.

Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória.

 

HOMILIA DO SANTO PADRE O PAPA LEÃO XIV

 – por ocasião da canonização de São Pier Giorgio Frassat e São Carlo Acutis em 7 de setembro de 2025.

“Queridos irmãos e irmãs,

Na primeira leitura, ouvimos uma pergunta: «[Senhor,] quem conhecerá a tua vontade, se não lhe deres a sabedoria, e não enviares o teu santo Espírito lá do céu?» (Sb 9,17). Ouvimos essa pergunta depois que dois jovens beatos, Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, foram proclamados santos, e isso é providencial. Com efeito, no Livro da Sabedoria, essa pergunta é atribuída justamente a um jovem como eles: o rei Salomão. Ele, com a morte de Davi, seu pai, percebeu que tinha muitas coisas: poder, riqueza, saúde, juventude, beleza e realeza. Mas justamente essa grande abundância de meios fez surgir em seu coração uma outra pergunta: “O que devo fazer para que nada disso se perca?”. E compreendeu que a única maneira de encontrar uma resposta era pedir a Deus um dom ainda maior: a sua Sabedoria, para conhecer os seus projetos e aderir fielmente a eles. Na verdade, ele percebeu que só assim tudo encontraria o seu lugar no grande desígnio do Senhor. Sim, porque o maior risco da vida é desperdiçá-la fora do projeto de Deus.

Também Jesus, no Evangelho, fala-nos de um projeto ao qual devemos aderir totalmente. Ele diz: «Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo» (Lc 14, 27); e ainda: «Qualquer de vós, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo» (v. 33). Assim, convida-nos a aderir sem hesitação à aventura que Ele nos propõe, com a inteligência e a força que vêm do seu Espírito e que podemos acolher na medida em que nos despojamos de nós mesmos, das coisas e ideias às quais estamos apegados, para nos colocarmos à escuta da sua palavra.

Muitos jovens, ao longo dos séculos, tiveram de enfrentar esta encruzilhada na vida. Pensemos em São Francisco de Assis: tal como Salomão, também ele era jovem e rico, sedento de glória e fama. Por isso partiu para a guerra, na esperança de ser nomeado “cavaleiro” e cobrir-se de honras. Mas Jesus apareceu-lhe ao longo do caminho e fez-lhe refletir sobre o que estava a fazer. Recuperando a lucidez, dirigiu a Deus uma pergunta simples: «Senhor, o que queres que eu faça?». E a partir daí, voltando atrás, começou a escrever uma história diferente: a maravilhosa história de santidade que todos conhecemos, despojando-se de tudo para seguir o Senhor (cf. Lc 14, 33), vivendo na pobreza e preferindo o amor pelos irmãos, especialmente os mais fracos e os mais pequenos, ao ouro, à prata e aos tecidos preciosos do seu pai.

E quantos outros santos e santas poderíamos recordar! Às vezes, nós os retratamos como grandes personagens, esquecendo que tudo começou para eles quando, ainda jovens, responderam “sim” a Deus e se entregaram totalmente a Ele, sem guardar nada para si mesmos. Santo Agostinho conta, a este respeito, que, no «nó tão complicado e emaranhado» da sua vida, uma voz, no seu íntimo, lhe dizia: «Eu quero a ti». E assim Deus deu-lhe uma nova direção, um novo caminho, uma nova lógica, em que nada da sua existência se perdeu.

Neste contexto, hoje olhamos para São Pier Giorgio Frassati e São Carlo Acutis: um jovem do início do século XX e um adolescente dos nossos dias, ambos apaixonados por Jesus e prontos a dar tudo por Ele.

Pier Giorgio encontrou o Senhor através da escola e dos grupos eclesiais – a Ação Católica, as Conferências Vicentinas, a FUCI, a Ordem Terceira Dominicana – e testemunhou-O com a sua alegria de viver e de ser cristão na oração, na amizade, na caridade. A tal ponto que, ao vê-lo circular pelas ruas de Turim com carrinhos cheios de ajuda para os pobres, os amigos o rebatizaram de “Empresa de Transportes Frassati”! Ainda hoje, a vida de Pier Giorgio representa uma luz para a espiritualidade leiga. Para ele, a fé não era uma devoção privada: impulsionado pela força do Evangelho e pela pertença a associações eclesiais, comprometeu-se generosamente na sociedade, deu o seu contributo à vida política, dedicou-se com ardor ao serviço dos pobres.

Carlo, por sua vez, encontrou Jesus na família, graças aos seus pais, Andrea e Antonia – presentes aqui hoje com os dois irmãos, Francesca e Michele –, depois também na escola, e sobretudo nos sacramentos, celebrados na comunidade paroquial. Assim, cresceu integrando naturalmente nas suas jornadas de criança e adolescente a oração, o desporto, o estudo e a caridade.

Ambos, Pier Giorgio e Carlo, cultivaram o amor a Deus e aos irmãos através de meios simples, ao alcance de todos: a Santa Missa diária, a oração, especialmente a Adoração Eucarística. Carlo dizia: «Diante do sol, bronzeamos. Diante da Eucaristia, torna-se santo!», e ainda: «A tristeza é o olhar voltado para si mesmo, a felicidade é o olhar voltado para Deus. A conversão nada mais é do que desviar o olhar de baixo para cima, basta um simples movimento dos olhos». Outra coisa essencial para eles era a Confissão frequente. Carlo escreveu: «A única coisa que devemos realmente temer é o pecado»; e admirava-se porque – são sempre palavras suas – «os homens se preocupam tanto com a beleza do próprio corpo e não se preocupam com a beleza da própria alma». Ambos, finalmente, tinham uma grande devoção pelos santos e pela Virgem Maria, e praticavam generosamente a caridade. Pier Giorgio dizia: «Em torno dos pobres e dos doentes, vejo uma luz que nós não temos». Definia a caridade como «o fundamento da nossa religião» e, tal como Carlo, praticava-a sobretudo através de pequenos gestos concretos, muitas vezes ocultos, vivendo aquela que o Papa Francisco chamou de «a santidade “ao pé da porta”» (Exort. ap. Gaudete et exsultate, 7).

Quando a doença os atingiu e ceifou as suas jovens vidas, nem mesmo isso os impediu de amar, de se oferecerem a Deus, de bendizê-Lo e de orar por si próprios e por todos. Um dia, Pier Giorgio disse: «O dia da morte será o dia mais bonito da minha vida»;  e na última foto, que o retrata a escalar uma montanha do Val di Lanzo, com o rosto voltado para o objetivo, ele escreveu: «Para cima».  Além disso, ainda mais jovem, Carlo gostava de dizer que o Céu nos espera desde sempre, e que amar o amanhã é dar hoje o melhor de nós mesmos.

Queridos, os santos Pier Giorgio Frassat e Carlo Acutis são um convite dirigido a todos nós – especialmente aos jovens – a não desperdiçar a vida, mas a orientá-la para cima e a fazer dela uma obra-prima. Eles encorajam-nos com as suas palavras: «Não eu, mas Deus», dizia Carlo. E Pier Giorgio: «Se tiveres Deus no centro de todas as tuas ações, então chegarás até ao fim». Esta é a fórmula simples, mas vencedora, da sua santidade. E é também o testemunho que somos chamados a seguir, para saborear a vida até ao fim e ir ao encontro do Senhor na festa do Céu”.


HINO À SÃO CARLO ACUTIS











 





sábado, 6 de setembro de 2025

MARTINHO LUTERO, O LIVRE-ARBÍTRIO E O PECADO

 


Martinho Lutero e o livre-arbítrio.

Martinho Lutero concluiu que o homem não goza de liberdade. Assim disse: “A vontade humana é como um jumento. Se Deus o cavalga, quer e vai onde Deus quer, como diz o Salmo: como um jumento diante de ti estarei sempre contigo (Salmo52, 23). Se Satanás o cavalga, quer e vai para onde vai Satanás, nem está em seu poder correr para outro cavalgador ou procura-lo, mas os cavalgadores é que lutam entre si para alcançar o jumento e tomar conta dele”.

“Tudo se realiza segundo os decretos imutáveis de Deus. Deus opera em nós o mal e o bem. Tudo o que fazemos, fazemo-lo não livremente, mas por pura necessidade”. “Foi o diabo que introduziu na Igreja o nome de livre-arbítrio”.

Qual é o problema dessa falsa doutrina?

Essa doutrina está em desacordo com a Sagrada Escritura que no Livro de Gênese nos diz que Deus nos fez livres para escolher entre o bem e o mal. E se escolhemos o mal ao invés do bem, escolhemos por vontade própria. No capítulo II, versículos 16-17, Deus proíbe Adão de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. E no capítulo 3, já tendo criado Eva, foram tentados pela serpente a comer do fruto e desobedeceram. Ora, se não existisse o livre-arbítrio entre eles jamais poderiam desobedecer. Deus disse “não comais” e eles comeram.

Lutero ainda afirma a respeito do pecado original que “o anjo também não é livre porque o livre-arbítrio é o apanágio de Deus”. Mas com o homem aconteceu uma grande desgraça. Foi o pecado original quer tornou a nossa vontade totalmente corrompida, completamente dominada pelo mal. E isso para toda nossa vida. Lutero ainda afirma: “Nossa pessoa, nossa natureza, todo nosso ser está corrompido pela queda de Adão [...] Nosso pecado não é em nós uma obra ou uma ação. É a nossa natureza e todo nosso ser”.

Lutero ainda afirma em seu comentário “a Epístola aos Romanos”:

“Não é somente a privação de qualidade na vontade, não somente a privação de luz na inteligência e de poder e memória, mas a completa privação de toda retidão do homem interior e exterior. É a própria tendência para o mal, náusea para o bem, aversão à luz e à sabedoria, amor ao erro e às trevas, fuga, abominação das boas obras corrida para o mal”.

A consequência disto é que o homem só pode fazer o mal: “O homem não sendo senão o tronco apodrecido, não pode produzir senão a corrupção, não pode querer e fazer senão o mal”, dizia ele.

Ou seja, para Lutero não importa a liberdade, pois, a consequência do pecado original faz o homem sempre escolher o pecado ainda que lhe incorra escolher o bem terá mais prazer em fazer o mal e ao bem e é o mal que prevalece.

Ele continua: “Tudo que empreenderdes, por belo e brilhante que seja, é pecado. Faze o que quiseres, não podes senão pecar”. E tudo que o homem faz é, por sua natureza, pecado mortal: “Todo o pecado, no que diz respeito à substância do fato, é mortal”.

Veja!, segundo o argumento de Lutero, não há solução, estamos perdidos. Não há liberdade desde o nascimento até a morte, pois, segundo ele, a natureza está tão corrompida pela queda de Adão que tudo que fazemos é pecado mortal. Nesse sentido, como pode ao homem salvar-se?

Para Lutero é simples. Basta crer em Jesus Cristo. Mas, que ele entende por crer?

Crer em Cristo é aceitar toda sua doutrina. Lutero admite a fé este sentido, embora isto para ele seja insignificante; não é propriamente neste sentido que a fé salva.

Ele diz: “Cristo tem duas naturezas. Em que isto me interessa? Se ele traz o nome de Cristo, magnífico consolador, é por causa do mistério e da tarefa que Ele tomou sobre si. Crer em Cristo não quer dizer que é uma pessoa que é homem e Deus, o que não serve de nada a ninguém; significa que Cristo, isto é, aquele que para nós saiu de Deus e veio ao mundo [...] é desse ofício que ele tira seu nome” [Erlangen 25  – 207]. 

Para Lutero, crer em Cristo nada é do que crer que ele é o salvador, nada mais. A fé que salva é a confiança cega do homem cheio de temor, angústia, de horror diante de sua própria miséria, sabendo que não pode fazer outra coisa senão pecar, se lança nos braços de Cristo, seu Salvador e enche da convicção de que pelo Sangue de Cristo está salvo. "Crendo que somos salvos por Cristo, estamos salvos”.

Aqui está a base da doutrina Sola Fide (Somente a Fé) e a base do protestantismo. A Fé fiduciária de crer e crer somente. Basta apenas crer que está salvo sem a necessidade das obras.

Lutero tinha um grave problema de aceitar a doutrina da Salvação tal como ela é, ensinada pela Igreja Católica porque seus conflitos internos, a sua rebeldia e a sua inquietude espiritual o impedia de arrepender-se de seus pecados e, mesmo confessando seus pecados sua alma não achava repouso.

 E por não ser capaz de emendar-se dos seus pecados achava o sacramento da confissão e as boas obras insuficientes, e não podia ser salvo. Após fundar o protestantismo ele procurou dar um jeitinho para justificar esse problema criando a doutrina da Sola Fide (somente a fé), isto é, para Lutero bastava apenas crer para ser salvo. É a fé fiduciária, ou fé comodista. Ou seja, para Lutero basta apenas crer e ficar quieto no canto e já está tudo resolvido. Mas, será que é isso que Nosso Senhor ensinou?   

O grande problema disso é que Lutero, baseado nos conflitos internos que vivia negava o livre-arbítrio e dizia que o homem embora se esforce para fazer o bem sempre fará o mal. Mas, o conflito dessa afirmação é que se não existe o livre-arbítrio também não seríamos impedidos de crer? No entanto a Fé é algo livre. Podemos crer ou não e isso não impede ao homem de ser igual ao que crê.  Fé é algo livre podemos crer e podemos não crer. Isso não me faz diferente do meu irmão.

A fraude desta doutrina é o conflito com a própria Sagrada Escritura. Jesus Cristo ao vir a este mundo tendo assumido a nossa natureza aceitou livremente a sua missão salvadora e livremente se entregou por nós. Mostrando que o homem é um ser livre criado por Deus e agrada a ele que façamos sua obra.

Os Evangelhos estão cheios de exemplos em que Jesus exige a fé, mas exige juntamente com ela fazer as boas obras. Veja, por exemplo o caso da conversão de Zaqueu. Ele não só acreditava em Jesus, mas, ao converter-se disse: "Senhor, estou doando metade dos meus bens aos pobres, e se extorqui alguém devolverei quatro vezes mais". Jesus disse: Hoje a salvação entrou na sua casa porque este homem também é filho de Abraão." (Lucas19, 8-9). A Salvação entrou na casa de Zaqueu por dois motivos: 1) Porque ele creu e aceitou Jesus. 2) Porque sua atitude após a conversão foi fazer justiça com aqueles que, segundo sua corrupção, tinha fraudado. Eis aí a caridade explícita na atitude de Zaqueu. Ele poderia fazer como Lutero. Apenas ter crido e já bastava, mas, se tal ato acontecesse, a sua salvação estaria incompleta. Muitos naquele meio acreditava em Jesus mas, nem todos tiveram essa atitude, como por exemplo, o jovem rico que recusou seguiu Jesus. Aquele jovem acreditava em Jesus, praticava, em parte a Lei de Moisés, mas, não era capaz de fazer caridade, isto é, de vender seus bens e dar aos pobres. (Mateus19, 16-23).            

Ou seja, Jesus curava e libertava as pessoas e no final pedia que se fizesse algo. Veja, por exemplo o caso da pecadora que Jesus perdoou. Ele disse: “Vá e não peques mais!”(João 8, 3-11). A atitude de não voltar a pecar é uma condição para o pecador que arrependido de seus pecados receba a absolvição. Ele, deve se esforçar  para não cair no mesmo erro. Esta condição dada por Jesus é a mesma que devemos ter e que o sacramento da confissão requer: Arrependimento e propósito de emendar-se. Lutero não conseguia emendar-se dos seus pecados e, por isso, julgava o sacramento da confissão insuficiente.  

Crer é ato livre da pessoa. Crer também é uma obra. Lutero buscava justificar seus erros baseado em uma fé absolutista, cega. Achava-se incapaz de aceitar a verdade de que a fé é dom de Deus colocada à nossa disposição para que nos ajude a vencer o mal. Mas, Lutero achava-se incapaz de vencer o pecado por seus problemas psicológicos, seu temperamento intempestivo e sua rebeldia e transferiu isso em doutrina após separar-se da Igreja.

O grande problema é que muitos evangélicos bebem desta doutrina sem mesmo se dar conta de que isso que Lutero ensinava é uma falácia, é um veneno para a alma. Porque se nós recorremos a própria Bíblia para buscar explicações veremos que a própria Bíblia é contrária a essa doutrina luterana.

A Igreja Católica admite o livre-arbítrio e considera que a fé como uma convicção de inteligência, sob o império da vontade livre e sob o influxo da graça divina. A graça de Deus se antecipa à ação humana, mas a fé é obra de Deus e do homem. 

 Lutero só admite o arbítrio escravo, a fé é obra exclusiva de Deus.            

Jesus Cristo é o único Salvador porque reconciliou-nos com Deus e ofereceu-lhe a reparação pelo pecado que só Ele justo e Santo pôde dar. Sua obra foi perfeita e cabe a nossa contribuição a qual realizamos mediante a graça que Ele mereceu por nós na Cruz. 

O Senhor Jesus nos deixa livres para aceitar o não a graça da Salvação. Porém, Lutero afirma que Cristo é salvador no sentido único sem a nossa participação, o que é impossível porque é pela vontade do homem que esta Salvação torna o homem livre do pecado e livre ao arrependimento para viver uma vida nova a partir de Cristo. Ele fez a sua parte, cabe fazermos a nossa parte. Lutero afirma que não. Se Ele nos salvou não nos resta fazer mais nada.

O problema é que essa afirmação de Lutero de admitir o arbítrio escravo está em desacordo com as palavras de Jesus no Evangelho ao afirmar “se me amas guardareis os meus Mandamentos”. E ainda, Gálatas5, 1, "É para a liberdade que Cristo nos chamou. Portanto, permanecei firmes e não se deixem submeter novamente pelo jugo da escravidão". São Paulo nos ensina que é por causa de Cristo que somos livres e se somos livres não podemos ficar sob opressão do pecado que nos escraviza. Lutero é infeliz ao afirmar que não somos livres e, portanto, devemos pecar:  "Sê pecador, e peca fortemente, mas confia e rejubila-te mais fortemente ainda no Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo. Temos que pecar enquanto somos o que somos".  

Por outro lado, se levarmos em conta a doutrina luterana, se já estamos salvos e não nos resta fazer mais nada, não importa se obedeçamos ou não aquilo que nos é proposto pela Palavra de Deus e da Igreja, não importa mais as obras de misericórdia, se pecamos ou não para Lutero Jesus já fez tudo, já estamos salvos. Isso é muito grave porque produz no cristão, que crente a essa certeza absolutista da salvação a exclusão da prática do Evangelho e, por outro lado, leva o comodismo e o esfriamento da própria fé. Não é por acaso que muitos pastores de hoje olham apenas para seus próprios umbigos buscando apenas realização pessoal e sucesso  financeiro. As igrejas passaram a ser bancos arrecadadores. Esses falsos líderes carregam a herança de Lutero baseado no "achismo" da salvação apenas pelo fato de crer. Se já estou salvo, nada me resta a fazer. É o que pensa muitos protestantes portanto, comamos e bebamos. Mesmo Jesus dizendo que para ser salvo é necessário passar por muitas coisas. Embora o caminho seja um só, Jesus Cristo, é necessário viver segundo o que ele ensinou, inclusive a renúncia de si mesmo e o passar pela cruz (Cf. Marcos 8, 34). 

Quando Lutero ensinou essa falsa doutrina houve uma enorme crise. As pessoas deixaram de fazer caridade porque baseado na autossuficiência da Salvação de pensar que basta apenas crer e já está salvo e que as boas obras não eram necessárias para a salvação, as pessoas não se importavam umas com as outras. Esse esfriamento levou a uma crise em parte da Europa onde essa falsa doutrina era ensinada.

Conflitos [...] Pecado venial e pecado mortal

Segundo Lutero tudo que fazemos é pecado mortal. Mas, se tudo é pecado mortal, como podemos entrar no céu?

Lutero diz que: “Aquele que crê tem grandes pecados como o incrédulo que lhe são perdoados e não mais imputados". 

Ele não admite a justificação do pecador conforme ensina a Igreja Católica que que o homem pode tornar-se justo, transformado e regenerado interiormente pela graça de Deus, mas no sentido de que Deus externamente o considera justo, embora seja pecador. O que crê tudo o que faz é pecado mortal. O que crê pode fazer as mesmas coisas, (isto é, pode continuar pecando gravemente), Deus por um decreto considera veniais esses pecados. Veja o pensamento doentio do Pai do protestantismo. Lutero afirmava basta crer e está salvo e a partir daí não importa mais, e que se o homem pecar gravemente basta um decreto de Deus para esses pecados se tornarem leves. Não! Pecado é pecado, seja ele qual for e o pecado traz consequências e não é Deus quem vai pôr um decreto para diminuir ou aumentar a gravidade do pecado. Se você matar ou roubar alguém o pecado é o mesmo, é a mesma culpa e transgressão aos Mandamentos do mesmo jeito. Se Deus nos perdoa não é pela qualidade do pecado, mas é por sua misericórdia. Mas, há condições que o próprio Deus nos deixa para sermos perdoados:


a)    Reconhecer de que é pecador e precisa da misericórdia de Deus.

b)    Arrependimento e pedido de perdão.

c)    Propósito de emendar-se. Ou seja, não voltar a pecar.

d)    Perdoar também os que lhe ofendem.

e)    Confessar os pecados para obter a absolvição.

    Lutero não levou em conta ou ignorou essas condições deixadas por Nosso Senhor nos Evangelhos para satisfazer sua vontade de ser salvo sem passar pelo arrependimento e pela Confissão. Transformou isso em doutrina e muitos hoje ainda insistem nesse grave erro de achar que basta apenas crer e está salvo.         

          Ele ainda afirmava:

          "Cristo observou toda a Lei por todos os que creem, estes não têm mais obrigação de cumprir a lei, observância que segundo ele, é impossível porque não há liberdade".

Veja! Lutero era extremamente ocioso, no sentido de que não conseguia emendar-se se seus pecados. Ele não tinha paz interior, era cheio de conflitos internos que o perturbava. Talvez algum transtorno psicológico não diagnosticado pela época. Tinha um temperamento difícil, era arrogante e insubordinado. Por causa disso ele não acreditava na eficácia do Sacramento da Confissão. Lutero tinha muito medo do inferno. Por não ser capaz de emendar-se procurou de certa forma algo nas Escrituras que consolasse seu espírito. E foi a partir daí que ele desenvolveu a doutra da Sola Fide. Ou seja, basta apenas crer e já está salvo, só a Fé basta. Nem as obras, nem os mandamentos.

Assim, Lutero desenvolveu sua doutrina. Ele disse:

“A palavra Evangelho significa boa nova, doutrina grata e consoladora para as almas [..] ouvir que a Lei já foi observada por Cristo, que nós não temos que observá-la, mas, só o de unir-nos pela fé àquele que por nós a observou”. “Esta é a nossa doutrina que sabemos eficaz para consolar as consciências. Viveremos sem a Lei e nos persuadiremos que os nossos pecados nos foram perdoados”. Veja, Lutero admitiu que a sua doutrina nada mais é do que uma forma de persuasão; o que ele está a ensinando serve para consolar dos seus erros.

Ele continua:

 “Com propriedade pode definir-se o cristão: o homem livre de todas as leis no foro interno e externo. Assim vês quão rico é o homem cristão ou batizado que, mesmo querendo, não pode perder a sua salvação, por maiores que sejam seus pecados, a não ser que não queira crer. Nenhum pecado pode condená-lo, a não ser somente a incredulidade. Todos os outros, se houver fé na promessa divina feita ao batizado, são absorvidos pela mesma fé”.

Lutero parte da ideia de que Cristo não é um legislador que nos veio ensinar apenas sua moral sublime, promulgada no Evangelho. Diz ele:

“Erasmo e os papistas cuidam de que Cristo é um novo legislador. Na sua demência nada entendem do Evangelho, representam-no fantasticamente como um código de novas leis, à semelhança do que sonham os turcos do Corão. O Evangelho não prega o que devemos fazer, não exige nada de nós. Antes, como em vez de dizer-nos: faze isto ou aquilo, manda-nos simplesmente estender as vestes e receber: toma meu caro, o que Deus fez por ti; por teu amor Ele vestiu de carne humana o próprio Filho [...] aceita este dom, crê e serás salvo”.

“Não só com as palavras, mas também com as nossas ações e com nosso procedimento, exercitemo-nos com diligência em separar Cristo de qualquer legislador, afim de apresentando-se o demônio sob a figura de Cristo para molestar-nos, saibamos que não é Cristo, mas, verdadeiramente o diabo.”

“A isto reduz todo o cristianismo: a sentir que não tens pecado ainda quando pecas, a sentir teus pecados aderem a Cristo, que é salvador do pecado”.

Qual é o problema aqui? Podermos nos perguntar: Como seguir essa falsa doutrina? Onde fica a minha consciência que me acusa quando cometo um pecado?

Primeiramente, observe que Lutero negou as Leis de Cristo retirando-lhe o poder legislador e com isso ele retira a autoridade da Igreja. Algo muito conveniente para quem é insubordinado, rebelde, arrogante e orgulhoso. Segundo ele mente e contradiz com a Bíblia quando afirma ao dizer que o homem não tem pecado embora peque, pois, aquele que julga não ter pecado é mentiroso – 1João 1, 8-10 - “Quem nega ter pecado se engana a si mesmo, tornando Deus um mentiroso e não tendo a verdade em si”. Logo, poderá achar verdade nesta doutrina de Lutero se a própria Bíblia o desmente?

Por outro lado, Lutero retira a autoridade de Cristo ao afirmar que ele não é um legislador. É evidente que ele tenta justificar o injustificável. Sabendo que Cristo não veio abolir a Lei, mas, aperfeiçoá-la conforme Mateus 5, 17-18 – Jesus disse: “Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não passarão”. Com isso, podemos entender que Jesus deixa claro que sua Lei é para sempre. Em outra ele disse: “Se me amas, guardareis os meus Mandamentos!”  - João14, 15

 Não é necessário pesquisar muito nos Evangelhos para identificar o erro desta afirmação de Lutero. Se Cristo não é legislador ele não poderia afirmar que "veio aperfeiçoar a Lei" porque para alguém aperfeiçoar uma Lei deverá antes ter autoridade para tal. Essa autoridade de Cristo vem do seu próprio poder e sua missão de Legislador Universal. Tomamos como exemplo as nossas Leis, sempre haverá o poder legislador para aperfeiçoá-las para tornar mais justa ou mais compreensível sem precisar alterar a Constituição Federal. Assim, Jesus é o legislador. Jesus não alterou a Lei máxima que é os Mandamentos, mas, vai deu um novo sentido tornando-a mais compreensível. E foi assim que Ele fez  ao dizer: "Eu vos dou um novo Mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei!" (João13, 34) [...] porque todos os outros Mandamentos depende desses dois. Jesus resume os Mandamentos e dois. O que diz a Lei? Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Alterou a Constituição dos 10 Mandamentos? Não. Mas, ficou mais compreensível. Isso é o papel do legislador que Lutero rejeitou.  

Sabendo deste pensamento de Lutero, podemos entender a seguinte interpretação quando ele afirma: “Se pregas a graça, pregas uma graça verdadeira e não falsa.; se a graça é verdadeira, que o pecado seja verdadeiro e não falso. Deus não pretende salvar os falsos pecadores. Sê pecador, e peca fortemente, mas confia e rejubila-te mais fortemente ainda no Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo. Temos que pecar enquanto somos o que somos. Esta vida não é a estância da justiça, mas esperamos, segundo a palavra de São Pedro, novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. É o bastante, para nós, haver conhecido, pelas riquezas da glória, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele nos tirará o pecado, ainda quando mil vezes por dia tornássemos fornicários ou assassinos. Considera como nos sai barata a redenção de nossos pecados em um tal e grande cordeiro!”  (Carta a Melanchthon / agosto de 1521)

 Como já disse, Lutero na sua incapacidade de emendar-se de seus pecados, procurava de certa forma algo que aplacasse sua consciência. Ele desenvolveu essa doutrina para justificar a sim próprio dos pecados que ele cometia e que era incapaz de se arrepender-se. Não há nenhuma base bíblica para tal afirmação. A própria Sagrada Escritura o desmente do Gênese ao Apocalipse. Mas, não é necessário buscar textos Bíblicos para refutar essa falsa doutrina. Basta observar que já no Antigo Testamento os profetas chamavam o povo de Deus à conversão. João Batista, o último dos profetas entre o Antigo e o Novo Testamento convidava as pessoas ao arrependimento para a vinda do Messias. Encontramos nos Evangelhos, Jesus a dizer que é preciso ‘nascer de novo para entrar no Reino de Deus’ (Cf. Jão3, 5-7); ou ainda quando Ele diz à pecadora: ‘vais e não peques mais!’ (Cf. João8, 11); O que agrada a Deus é um coração aquebrantado. (Salmo 5, 17).

Não podemos negar que Lutero não sabia disso. Ele sabia e tinha consciência de seus pecados. Mas, se a sua consciência lhe acusava, muito mais era seu espírito de rebeldia. Propôs como doutrina a si mesmo uma fé fideísta e fiduciária na qual, ele retira o peso do pecado e a culpa do pecador e dá um “jeitinho” malandro para escapar da culpa sem fugir do pecado, simplesmente achando que basta crer e isso lhe basta;  e que se Cristo veio para vencer o pecado é o suficiente, já está perdoado ainda que continue pecando gravemente não terá importância. Basta a graça, basta apenas crer. 

A dificuldade de Lutero em vencer em si mesmo o pecado o levou a uma tática ‘quase perfeita’ – como aquele criminoso que procura o advogado para ajudá-lo a se livrar da pena imposta achando uma brecha na Lei. Lutero buscou essa ‘brecha’ interpretando a seu bel prazer as palavras da Escritura e invertendo o papel de Cristo que agora passa ser esse ‘advogado do jeitinho’ e não mais Juiz e legislador.

Lutero não só retirou a autoridade de Cristo, que é Senhor e Juiz de todas as coisas, como também retirou a autoridade da sua Igreja. A revolta de Lutero com a Igreja não era por causa da crise moral e política que a Igreja Católica enfrentava naquele tempo. Porque para alguém, que depois a história o chamou de "reformador", ele em outro momento aplicou para si o que condenava. Se para ele era preciso reformar porque durante a sua vida não o fez pelo exemplo? Pelo contrário, casou-se com uma ex-freira, que ele mesmo persuadiu no convento; a sua biografia o aponta como alguém extremamente desequilibrado, beberrão, fornicador, perseguidor de judeus e anabatistas.         Criou a inquisição protestante. Vivia na opulência e, segundo cometeu suicídio. Ora!, bem sabemos que não se reforma uma casa de fora para dentro, mas, de dentro para fora. Lutero quis reformar o exterior, mas, as suas divergências doutrinárias não o eximiu da sua culpa. Ele não aceitava a sã doutrina e criou uma para si como se o Evangelho fosse diferente para cada pessoa. E foi o que a Sola Scriptura fez, uma doutrina diferente, um evangelho diferente, uma interpretação diferente para cada denominação protestante. a doutrina dos Pentecostais não serve para os reformados. O batismo de uma, não serve para a outra. A mesma bíblia, mas, interpretada de várias maneiras. Lutero passou o final de sua vida arrependido da burrada que fez porque nem mesmo ele conseguiu unidade no protestantismo deixando, já no seu tempo, várias denominações que já não comungavam com suas ideias e se separaram.  

  Nessas filiais de Lutero Jesus deixa de ser único e se multiplica de acordo com cada interpretação e cada arrecadação. Jesus não é o mesmo para todos, mas ele é melhor ou pior de acordo com o dízimo que dou. Pode-se chamar  isso de reforma?

O que pensava Lutero sobre o pecado?      

Para Lutero quando mais pecar melhor é. Depois do seu rompimento com a Igreja não lhe restava mais nada e mais ainda piora seu drama interior. Não encontrava paz para seu espírito atribulado. Remorsos, inquietações, tentações e crises de consciência nunca lhe abandonaram. 

A sua doutrina é diabólica, no sentido em que ele forja para si uma consolação diabólica apoiando-se cegamente na confiança em Cristo para ser tranquilamente livre da Lei de Cristo. Lançando muitas almas ao desespero por dizer que é preciso pecar com mais força ainda para vencer o pecado. 

Essa doutrina, além de estar em total desacordo com a Sagrada Escritura, é uma consolação diabólica que se apoia na cega confiança em Cristo para viver tranquilamente livre de todas as leis, todas as culpas e tem como consequência lançar as almas à perdição.

           Lutero ainda afirma que “Deus faz muitas coisas que não nos mostra na sua palavra. Quer muitas coisas que pela sua palavra não nos mostra querer. Assim não quer a morte, isto é, na palavra; mas quer por aquela sua vontade imperscrutável. O que quer esta vontade, porque quer, até onde quer, a nós não é lícito investigar, desejar, procurar ou tocar, mas somente temer e adorar”.

          Quer dizer que, segundo ele, Deus vai condenar as pessoas sem culpa alguma uma vez que elas não são livres de suas ações. Estas palavras atentam contra a misericórdia do Deus. Se pensarmos assim de nada serviu o sacrifício de Cristo na cruz que nos remiu dos pecados e de nada vale o arrependimento dos pecados uma vez que, segundo ele já estamos condenados e não somos livres para pensar e agir. Tomar consciência e arrepender-se?

          João Calvino, o pai dos reformados,  toma a mesma linha (doutrina da predestinação) ao dizer que já nascemos predestinados, uns para a salvação eterna, outros para a condenação eterna por um decreto irrevogável que ele mesmo chama de ‘decreto horrível’. Lutero não usa essa expressão, mas, sua doutrina contém o mesmo elemento de Calvino ao afirmar na doutrina do ‘arbítrio escravo’ e diz que “Deus joga com as criaturas a seu bel prazer operando nelas o bem e o mal, encaminhando-as inelutavelmente para o céu ou o inferno”. 

    Mas, a Escritura diz que Deus quer a salvação de todos, ou que ele não deseja morte do pecador, mas que ele se converta e viva, Lutero, assim como Calvino distingue entre a vontade de Deus revelada e a vontade de Deus oculta. A vontade de Deus revelada é aquela que Deus nos quer fazer crer nas escrituras e a vontade oculta é que muitos se percam e que não haja senão um certo número de eleitos no Céu. Veja o absurdo do que está a afirmar esta falsa doutrina!

          E quando nós deparamos como os protestantes em todas as denominações que ainda persistem em concordar com isso [...] primeiramente o negacionismo das boas obras como fator primordial que nos faz aproximar da salvação, segundo a fé fideísta de crer e crer tão somente por si só é capaz de salvar o pecador. E aqui vale ressaltar que se levarmos em conta essa doutrina de Lutero nem mesmo resta crer, pois o homem se é escravo de Deus e não tem o livre-arbítrio, se já está condenado, para que esforçar-se em buscar a salvação? Se como ele mesmo afirma “que o homem é um jumento que Deus cavalga e leva aonde quer’, parta quê crer? Par que buscar a Igreja? De que adianta os sacramentos?

Podemos agora entender a revolta de Lutero e a sua negação dos sacramentos. Podemos entender o seu ódio à Santa Missa e ao Papa. Podemos entender que sua revolta se dá mais no intelecto, por rebeldia espiritual do que a história afirma que ele queria reformar a Igreja. Longe de ser um reformador Lutero lutava contra si mesmo interiormente para se livrar da culpa de seus pecados. Sua doutrina nada mais é do que a negação de si mesmo.

O que a Igreja Católica ensina sobre a fé?

Ter fé significa submeter-se livremente à palavra ouvida, visto que sua verdade é garantida por Deus, a própria Verdade. O modelo desta obediência proposto pela Sagrada Escritura é Abraão. A virgem Maria é sua mais perfeita realização.

A Epístola aos Hebreus, no grande elogio à fé dos antepassados, insiste particularmente na fé de Abraão. “Pela fé, ao ser chamado, Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde iria” (Hebreus 11,8). Pela fé, Sara recebeu a graça de conceber o filho da promessa. Pela fé, por fim Abraão ofereceu seu filho único em sacrifício.

Abrão realiza, assim, a definição da fé dada pela Epístola aos Hebreus. “A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hebreus 11,1). “Abraão creu em Deus, e isto lhe foi levado em conta como justiça” (Romanos4, 11-18).

O Antigo Testamento é rico em testemunhas desta fé. A Epístola aos Hebreus fez o elogio da fé exemplar dos antigos que deram “um bom testemunho” (Hebreus11,2.39). No entanto, “Deus previa para nós algo melhor”: a graça de crer em seu Filho Jesus, “que vai à frente da nossa fé e leva a perfeição” (Hebreus 11, 40; 12,2). 

Maria é bem-aventurada porque acreditou. 

A Virgem Maria realiza, da maneira mais perfeita, a obediência da fé. Maria acolheu o anúncio e a promessa trazidos pelo anjo Gabriel, acreditando que “para Deus nada é impossível” (Lucas 1, 37) e dando se assentimento: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a sua palavra” (Lucas1, 38). Isabel a saudou: “Feliz aquela que acreditou, pois o que foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lucas 1, 45). Em virtude da fé, todas as gerações a proclamarão bem-aventurada.

Durante toda a sua vida e até sua última provação, quando Jesus, seu filho, morreu na cruz, sua fé não vacilou. Maria não deixou de crer “no cumprimento” da Palavra de Deus. Por isso, a Igreja venera, em Maria, a realização mais pura da Fé.  

 (Artigo1, Catecismo da Igreja Católica 144 – 149). 

Aqui vemos no Catecismo, o ensinamento sobre a fé, que não para por aí, mas podemos de maneira clara entender a contradição entre Lutero e o verdadeiro sentido da fé, que não basta apenas crer. Crer faz parte da fé, mas não é o suficiente para ser. Crer no sentido comum é dar credito a algo e nesse sentido todos os personagens bíblicos creram.

          E neste sentido Lutero é antagônico porque dá um sentido oposto ao verdadeiro significado da fé segundo o que é ensinado pela própria Sagrada Escritura.

          Quem tem fé é obediente à Palavra de Deus. Mas, ainda a fé é algo livre. Como o catecismo mesmo afirma “é submeter-se livremente”. Logo, para ter fé é necessário o livre-arbítrio, algo que Lutero não acreditava. Portanto, como poderá ao homem ter fé sem o livre-arbítrio?

           Os dois exemplos citados pelo texto: Abraão e Maria vem contrapor toda doutrina luterana porque traz desses dois personagens o exemplo de fé obediente, mas, ao mesmo tempo livre. Tanto Abraão como Maria poderiam dizer não e, no entanto, aceitaram a missão que lhe foi imposta pelo Senhor.

          Ora, se hoje estamos discutindo sobre a fé é porque herdamos deles esta mesma fé, não fideísta, não fiduciária, mas de livre obediência.

          Mas, entenda! Lutero não encarava a fé como ato de obediência. Para ele a fé era simplesmente crer, crer e crer. E crendo desta forma poderia ser salvo. O oposto disso é que a Sagrada Escritura vai dizer que a Fé consiste e mais que que crer, mas em submissão à vontade de Deus e à sua Lei. Para Lutero, o homem não é capaz de obedecer a Lei porque a ele não lhe resta nada porque Deus age no ser humano como que um jumentinho, o homem é o jumento e Deus o cavalgador.

Nota-se aqui o espírito rebelde de Lutero que muitos, infelizmente até os dias de hoje insistem em observar sem ao mesmo parar para pensar se isto é certo ou não. 

          Continua o Catecismo:

          A fé é primeiro uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda verdade que Deus revelou. Como adesão pessoal a Deus e assentimento à verdade que ele revelou, a fé cristã é diferente da fé em uma pessoa humana. É justo e bom entregar-se totalmente a Deus e crer incondicionalmente no que ele diz. Seria vão e falso pôr tal fé em uma criatura. (Catecismo da Igreja Católica, capítulo 2, - 150).  

          Ou seja, quando cremos, aderimos livremente a Deus e entregamos totalmente a sua vontade. A partir daí é entregar-se totalmente a Deus incondicionalmente. Crer é confiar e depender de Deus. Nossos olhos, nossa vontade e todo nosso ser deve estar diretamente ligado a Deus e a nenhum outro ser. A Fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por ele.

Quando São Pedro confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, O Senhor Jesus lhe declarou que esta revelação só foi possível porque veio da parte do Pai. (Mateus16, 17). Para que alguém possa manifestar a sua fé, é necessária a graça de Deus, que provê e socorre, e a ajuda interior do Espírito Santo, que move o coração e o leva a Deus, abre os olhos da mente e confere a todos a docilidade no consentimento e na crença da verdade.  (Cf. Catecismo da Igreja Católica, capítulo 3, - 153). 

A fé também é um ato humano. E é aqui que quero chamar atenção do leitor. Lutero contrapôs toda a lógica do que é “crer”. A fé, que é dom, também é algo livre. Podemos ter fé e mesmo assim viver sem fé. Isto é a fé deve ser algo trabalhado em nós ao longo da nossa existência. A fé não é só para fazer milagres, mas, deve ser trabalhada ao longo de nossa vida. Como é que podemos trabalhar a fé?

A fé é trabalhada através da prática cristã, participação sacramental, observância dos Mandamentos e do Evangelho, prática das boas obras, fuga do pecado, vida de oração.    

 

Dizem os protestantes baseado naquilo que afirma o pai do protestantismo: “crê no Senhor Jesus e será salvo!” – Para o cristão é muito claro que devemos crer, mas, crer com fidelidade à Palavra de Deus; crer em Jesus significa crer em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Porque é assim que Deus se apresenta Uno e Trino. E o “crê” está ligado à maneira como vivemos a fé. De tal maneira que a fé é para aquele que tem intimidade com Deus.

Onde trabalhamos a fé?

Trabalhamos a fé em todos os momentos e lugares, pois, a fé também está ligada ao testemunho de vida. Assim, Nosso Senhor Jesus Cristo explicava quando falava sobre os talentos. Todos nós recebemos a fé que deve ser aumentada ao durante nossa caminhada e nunca diminuída. E será a fé o peso e a medida para nossa salvação. Por isso é muito importante guardar a fé como um tesouro (2Timóteo4, 7-8). Por isso, a liberdade que Deus nos dá é tão importante porque ela nos permite trabalhar a Fé. Os apóstolos pediram “Senhor, aumenta-nos a fé!” (Lucas 17, 5-6)

Mas, Lutero não via na fé algo a ser trabalhado, pois, para ele o valor da fé está precisamente em achar Deus justo; ou Ele coroe os indignos ou condene os inocentes. Diz ele: “Mas, quando condena os inocentes, porque isto não agrada, se considera iníquo e intolerável, aqui se reclama, aqui se murmura, aqui se blasfema [...] Ora, se te agrada Deus coroando os indignos, não deve desagradar Deus condenando inocentes. Se Ele é justo de uma forma, porque não será de outra? Aqui se espalha a graça e a misericórdia nos indignos, ali se espalha a graça ira e severidade nos inocentes; em ambos os casos pode ser o iníquo exagerado aos olhos dos homens, mas, é justo e veraz e si mesmo. Como é justo que ele coroe os indignos é incompreensível agora; veremos, porém, quando chegarmos ali onde já não crê, mas se vê face a face. Como é justo que Ele condene os inocentes, é incompreensível agora; contudo se crê, até que seja revelado o Filho do homem”.

Ou seja, Lutero afirmava que “Deus é bom fazendo o mal”. "Assim o homem é mau fazendo o bem".

Não doutrina melhor que essa para lançar as almas à perdição. Além disso, Lutero é egoísta porque procurou para si mesmo a certeza da salvação, mas, para os outros pouco lhe interessa. O diabo que os carregue, e o pior ainda sem nenhuma culpa, pois, não gozam de livre-arbítrio.

Podemos perceber que “crer” não está em abraçar a fé livremente e fazer dela um meio para ser salvo. Mas, o crer de Lutero é viver cegamente enganado de que Deus “pode te salvar ou  te condenar” se assim o desejar porque ao homem não resta mais nada senão crer já que Deus é bom fazendo o mal.

Portanto, está bem claro que uma pessoa que desenvolve uma doutrina nefasta a respeito de Deus nunca poderia concordar com a doutrina católica e com a própria Sagrada Escritura. Porque mesmo se quisesse permanecer católico não poderia.

Depois de tanto tempo, as pessoas que vão para o protestantismo ainda não conhecem realmente qual era o pensamento de seu fundador. Está bem evidente que esses pensamentos não são de uma pessoa normal, mas, de alguém totalmente desequilibrado psicologicamente. 

Podemos compreender que Lutero tentava de certa forma escapar do juízo divino colocando “arranjos” na maneira de interpretar a Escritura. E como não havia meios de fugir da verdade criou a “sola Scriptura” como meio de desenvolver sua falsa doutrina e interpretar a seu bel prazer o que lhe interessa e desprezou a doutrina da Igreja para criar a sua própria doutrina que justificasse seu erro sem que isso lhe incorresse em juízo de valor moral e espiritual.

Assim, os protestantes de hoje comungam do mesmo pensamento sem ao menos entender que Lutero criou a Sola Scriptura e a Sola Fide por egoísmo, para satisfazer seu próprio ego e escapar de seus erros. Lutero tentava vencer a sua guerra interior vomitando em cima da própria Verdade.   

                              

     

        

 

 

 

 

 

      

                

         

               

    

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