Devido ao aumento da maldade a caridade de muitos se esfriará, mas, aquele que perseverar até o fim será salvo”. Mt 24, 12-13.
Com estas palavras podemos entender muitas coisas. O que
cerca o coração e a vontade humana. Os cristãos de hoje não se espelham mais
nos cristãos de outrora, nem naqueles do início, cujos quais preferiam ficar
nus a ver seu irmão passando frio.
Os templos estão cheios e os corações vazios. Se enchem de pompa,
mas, não tem a coragem de ajudar ao que está à beira da calçada. Como entender
as palavras do Mestre que diz: “cuide dele e o que gastares a mais na volta te
recompensarei?” – Lc 10, 35 – Ainda somos capazes de compreender a parábola do “bom
samaritano?”.
Diante de nossa pressa do dia a dia, de querer ganhar o
mundo inteiro, enchemos nossas bocas para “louvar” e “adorar” o Senhor, mas,
agimos como apenas como aquele religioso que ao passar viu o pobre caído, machucado,
ferido não só no corpo, mas em sua dignidade, passa adiante sem mesmo dar uma
palavra, uma atenção. Ou ainda, como o levita. O levita, assim como o sacerdote
era a pessoa que cuidava do Templo, tinha uma missão importante, mas, também
estava ocupado em cuidar da casa do Senhor e não cuidava do seu coração. Ambos agiam
como o “coelho da Alice” sem tempo e sempre com pressa.
De repente um samaritano, por assim dizer, alguém que não
fazia parte daquela comunidade e que era tido como inimigo, ele se aproxima,
vê, tem compaixão e acolhe. Não importa se é um judeu, não importa as
diferenças, importa é fazer aquilo que os outros não fizeram. Importa é o amor.
Que apesar das diferenças, não importa a situação ali está um irmão precisando
de ajuda e de cuidados médicos.
Essa parábola não muda, se torna muito atual nos nossos
dias. Quando nós valorizamos muito a nós mesmos e quem nos cerca, mas
esquecemos dos outros que estão à nossa volta. Somos ricos, temos posses, não é
preciso se preocupar com quem está lá fora, no frio, nas drogas, na sarjeta.
Enchemo-nos de hipocrisia diante de Deus em nossos templos,
como os religiosos daquele tempo, mas, o que Jesus pede, o que o Evangelho
ensina ficou para trás. A Bíblia que carrego em baixo do braço é mais importante
que meu irmão com fome, com sede, machucado e ferido, marginalizado,
desempregado, drogado, doente e quase morto pelas feridas que eu enquanto sociedade
lhe causei.
Ah! Se soubéssemos o quanto Deus pedirá de nós diante do juízo...
Nosso Senhor disse “é preciso dar esmolas”, não dou porque fico
na dúvida se quem receber vai comer ou se drogar. Mas Jesus não está
interessado nisso, está interessado na sua atitude, na sua caridade, porque o
amor em primeiro lugar faz com que sejamos pessoas melhores.
Não dou emprego porque mesmo que seja a um simples faxineiro,
não importa o que ele é, não importa sua capacidade, sua necessidade de levar o
pão para sua mesa. Importa para mim é sua formação, sua escolaridade, se não
tem não pode ao menos ser alguém... Exige-se tanto de quem quer tão pouco. Onde
está a caridade? Onde está o amor?
E abrimos a boca em nossos templos, nas missas, nos cultos para
dizer “Senhor, Senhor”, mas Jesus não disse que bem-aventurado não é aquele faz
a vontade do Pai e que põe em práticas suas palavras? Mt 7, 21.
E quando aparece alguém que não é do nosso meio, da nossa
crença, (como aquele samaritano), para fazer a caridade então criticamos, apontamos
o dedo, acusamos e inventamos calunias para prejudica-lo.
Os templos estão, cheios, mas, os
corações estão vazios.
Se voltarmos nossos olhares para os
cristãos dos primeiros séculos, se lêssemos mais a Sagrada Escritura, não para
criticar às outras religiões, mas, para nos educarmos. Se entendêssemos o que
São Paulo nos que “ainda que se fale a língua dos anjos” o que isso importa sem
a caridade?
É o amor que nos une, o amor de
Cristo. Quantos santos deram de tudo por amor a Cristo. Quantos santos como São
Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, São Martinho de Lima, Santo Antônio
de Pádua, São Nicolau, Santa Madre Teresa de Calcutá, Santa Dulce, e tantos outros
que lendo suas biografias encontramos vários exemplos de amor, de caridade.
Esses grandes homens e mulheres abnegavam suas vidas para ajudar o próximo,
cada de sua maneira.
Ao entrar em uma Igreja, ao ver a Imagem
do Senhor Crucificado no Altar somos capazes de perceber que Ele continua
crucificado na pessoa do irmão necessitado que está lá fora?
“Estive preso, nu, com frio, doente ou
com fome” [...] fostes me visitar, me destes de comer, me destes de beber?
Mt25, 35-45, [...] Não Senhor! Estava orando em minha Igreja esqueci que
disseste “onde está o próximo, ali está eu”; esqueci o que disseste “o que fizerdes
a um desses pequeninos é a mim que fazeis”. Mt25, 45.
Não
posso nem chamar a Deus de “Pai Nosso”, se não reconheço a todos como meus
irmãos. Não posso nem ao menos dizer santificados seja teu nome se eu não busco
a santidade, ser santo como Ele é santo implica que eu viva tudo o que Ele
ensinou.
Não
posso pedir que “venha a nós o teu Reino!”, se não posso fazer um mundo melhor,
se não amo o suficiente para me entregar ao amor como fez seu Filho Jesus.
Não
posso dizer seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu, se a vontade
do Pai é que todos sejam um só em Cristo. E para isso é preciso que eu ame meus
irmãos acima de tudo e e reconheça neles a face de Jesus Cristo.
Não
posso pedir o “pão nosso de cada dia nos dai hoje”, porque o pão que eu recebo
deve ser repartido com quem precisa, principalmente o pão da Palavra.
Não
posso dizer “perdoai-nos as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido”, se meu desejo é sempre me vingar, desejar o mal a quem me ofende. Se
esqueço as palavras de Jesus que diz “ofereça a outra face”.
Não
posso pedir “nos deixes cair em tentações e livrai-nos do mal” se eu busco nas
coisas do mundo as tentações, se desvio meu olhar de Cristo para dar atenção
aos ídolos, as coisas vãs. Se não aceito viver a Sã Doutrina, se busco nas
coisas do mundo o falso “gozo espiritual”, os prazeres, os vícios e a maldade.
Se sou para o outro pedra de tropeço.
Nem
posso dizer “Amém”, porque amém significa assim seja. E se eu não faço a vontade
de Deus nada está concluído, nada está feito. Haverá sempre uma pendência entre
o Criador e eu, entre fazer a vontade de Deus ou fazer a minha vontade.
O
“Pai-Nosso” é a oração do amor. Rezá-lo pé mais que pedir, é em primeiro lugar
enxergar aquilo que o Evangelho nos diz “somos todos irmãos” devemos nos amar, nos
ajudar. Devemos compreender que fazemos parte de uma família.
Sabe
porque os judeus embora sendo perseguidos e humilhados e odiados durante séculos
se reergueram mesmo depois da II Guerra? Porque eles se unem, se amam apesar
das divisões. Em tempos difíceis eles se lembram que é o povo escolhido de Deus,
são irmãos e não importa as diferenças nem situação é preciso ficar unidos,
numa só fé e numa só caridade. E Jesus, como judeu nos ensinou isso, somos capazes
de compreender?
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