quinta-feira, 22 de maio de 2025

A FÉ DO CRISTIANISMO DE ONTEM E A FÉ RELATIVISTA EVANGÉLICA DE HOJE

       


 

          É com estas palavras de Jesus que vamos iniciar nossa reflexão.

 

O MERCADO DA FÉ

 

Uma reportagem da Folha de São Paulo, edição de 29.11.2009, apenas com os registros da assembleia de fundação e de um estatuto maroto, comprovou-se que bastaram dois dias e R$ 218,42 para uma equipe do jornal fundar uma igreja. Com mais três dias e R$ 200,00, a fictícia “Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangelho” já tinha CNPJ, conta bancária aberta e toda imunidade fiscal. Seus ministros, uma vez escolhidos, também gozam de vários privilégios. Se a “Lei Geral das Religiões”, já aprovada na Câmara, se materializar, novas vantagens serão incorporadas. Com tantas facilidades e concessões, fundar uma igreja virou um bom negócio. Tanto assim, que hoje existe uma explosão de igrejas e de seitas religiosas, principalmente nos bairros periféricos. Como óbvio, mais pregadores impostores e bispos espertalhões no mercado.

 

O propósito básico da vida é a felicidade. Nesse sentido, como ponte de interação com a espiritualidade e o divino, através do evangelho, o cultivo de uma religião sadia e confiável é fundamental na vida do ser humano. Ela também é altamente benéfica como instrumento agregador da família e disseminador dos valores éticos e morais. Em difundir a verdade e a virtude. No estímulo da solidariedade, compaixão e amor. A própria ciência já admite o aspecto positivo da oração e da meditação, bem como da salutar prática da fé sem intolerância ou radicalismo.

 

Obviamente, que existem, tanto do lado católico, como do evangélico, eminentes pontífices religiosos, pastores sérios e de elevado grau espiritual, homens sábios e iluminados e legítimos representantes de Deus. Portanto, cuidado para não confundir uma verdadeira igreja com um templo suntuoso religioso, bonito de fachada, que abusa da credulidade dos fiéis para subtrair-lhes o suado dinheirinho e o sacrificado patrimônio. Ao invés do tão ansiado paraíso celestial, você corre o risco de embarcar num indesejável inferno.

 

          O Evangelho é uma proposta de amor e deve ser vivido de forma simples. Jesus ao visitar esta terra, ou seja, ao ter se encarnado e se tornado humano vem trazer um novo jeito e uma nova realidade de vida contrapondo até mesmo aqueles que julgavam melhor do que os outros para impor uma lei que oprimia os necessitados.

 

Jesus mostrou em suas ações que Javé não é um Deus que só juiz, mas, Ele é nosso Pai, ensinou-nos a chama-lo de Pai. Ele, como Pai quer nos abraçar como amor e perdão. Somos seus filhos pródigos. Para aqueles que o buscam de coração sincero Jesus insiste nos seus ensinamentos e mostra-nos nas suas atitudes que Deus ama cada um de nós não importa se é pobre ou rico, se é preto ou branco, se deste ou daquele partido.

 

Jesus sempre esteve do lado dos doentes, dos pobres pecadores, dos coxos, dos cegos, das prostitutas e dos publicanos. Ele esteve rodeado de gente simples que necessitavam de um conforto não só material, mas espiritual. Ele mesmo disse “não vim para os sãos, mas, para os doentes” – é o doente, ou seja, o pecador que precisa do remédio e esse remédio é a salvação. Se queremos prosperidade devemos busca-la na salvação.

Ele veio para dar vista aos cegos, curar os doentes, ressuscitar os mortos e anunciar o tempo da graça do Senhor. (Lucas4, 14-21)

Em toda sua vida Jesus insistia que é preciso amar sem querer algo em troca. Jesus não curava por dinheiro, mas ele o fazia de graça mediante a fé de cada um. Também não disse e nem prometeu à sua Igreja que aqueles que se tornassem seus discípulos iria ter prosperidade, como os falsos pastores prometem por aí: emprego, o carro do ano, a casa sonhada, etc. Tudo isso Deus dá segundo sua vontade, mas, pelo nosso esforço e nosso trabalho. Deus não é um comerciante. O que Deus nos exige? Apenas a Fé. E a fé não é para conseguir bens materiais. A Fé é a condição para quem deseja ser salvo. No dia do Juízo seremos jugados: a) Pela Fé que tivemos, b) Pelo bem que praticamos. Ou seja, pelas boas obras. Lembre-se: “Tive fome e me deste de comer, tive sede e me destes de beber; estava nu e me vestistes, na prisão e fostes me visitar”.    

Todas as vezes que os evangelistas narram Jesus fazendo um milagre, em muitos casos encontramos Jesus dizer: “Vai! seja feito conforme tua fé.”; “Vai! Tua fé te curou!”; “Credes no Filho do Homem para que ele possa te curar?”.

O Centurião Romano soube expressar muito bem sua fé diante de Jesus ao pedir pela cura de seu criado. Jesus elogiou a fé daquele homem, sua confiança no poder de Jesus era maior do que qualquer israelita. Ele sendo estrangeiro, um pagão tinha mais fé do que os judeus que viam os milagres, estavam com ele e o conheciam de perto, mas, não tinham fé. Jesus disse: "Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém em Israel". (Mateus8, 5-10)

 

   A humildade e a fé do centurião são destacadas nos relatos bíblicos. Ele reconheceu a autoridade de Jesus e acreditou que uma palavra seria suficiente para curar o servo, mesmo sem que Jesus entrasse na sua casa.

A lição da fé:

A história da cura do servo do centurião é um exemplo da fé que agrada a Deus e do poder que a fé pode trazer. A humildade, a reconhecimento da autoridade de Jesus e a fé inabalável do centurião são elementos que nos ensinam sobre a importância de crer em Jesus e confiar na Sua promessa. A fé parte da confiança.

Maria Madalena, após ser liberta de sete demônios abraçou sua fé e não mais se separou do Mestre tornou-se discípula. E ao longo dos séculos quantos santos quiseram e fizeram de tudo para jamais abandonar a sua Fé.

O milagre só acontece na vida de alguém se este lhe servir para aumentar a fé. A bênção, a cura, o perdão que Deus nos concede não é objeto de troca e nem é por nosso merecimento, mas, é por amor. É porque ele nos ama.

Ao mesmo tempo Jesus que liberta e cura, encontramos o Mestre exigir para que cumpramos os Mandamentos, mas, não de qualquer forma, mas, da forma como deve ser. Pelo amor de uns para com os outros.

Para isso Ele veio. Por isso que: “Ninguém poderá segui-lo se não renunciar e tomar a sua própria cruz”. Ou ainda: “Aquele põe a mão no arado e olha para trás, esse não é digno de mim!”

 

Ele amou-nos até o fim e se entregou no madeiro por nós.

E aqui nós temos que nos perguntar: O que significa ser salvo nos nossos tempos? Qual é a importância da salvação dada por Jesus para cada um de nós?

Não há outra lei a ser seguida senão a do amor. Esta é a chave para quem deseja ser salvo. Enganam aqueles que ficam presos em seus mundinhos, em suas confissões denominacionais achando que basta apenas crer e aceitar Jesus. Não! Esse é o pensamento mais egoísta que um crente pode ter diante da proposta do Evangelho. Porque Jesus só pode nos salvar se vivermos segundo o Evangelho. Encarnando tudo aquilo que ele viveu e deixou como meios para nossa salvação. É por isso que Jesus muitas vezes vai contradizer os fariseus quando esses por exemplo usavam da Lei para oprimir os mais pobres e não agiam como verdadeiros servos de Deus.

Pobres homens que influenciados pelo poder e pelo dinheiro deixavam se corromper naquilo que era de mais puro e sagrado. Estavam podres por dentro, “sepulcros caiados”.

Quantos ‘sepulcros’ caiados nós podemos encontrar hoje também se passando por servos de Deus insuspeitos, bem vestidos, mas cheios de carniça por dentro.

 

Jesus veio nos ensinar que se somos filhos da luz (de Deus) temos que agir como filhos de Deus temos que ser luz também. Nossa vida deve ser direcionada para Cristo. Andar na luz é seguir os passos do Mestre: “Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.” – João 8, 12.

 

Nós vamos encontrar a ressonância deste amor de Cristo nos primeiros cristãos, na vida dos Apóstolos e dos santos. Eles negaram o mundo para ter em troca o Reino de Deus. Não exigiam nada em troca. Não cobravam altos dízimos. Não precisavam dar shows.

 

Não cobravam pelas curas e milagres porque sabiam que apenas eram instrumentos de Deus. Não adoravam falsos deuses, não se sujeitavam ao poder dos imperadores. Tinham tudo em comum e viviam felizes por serem perseguidos por cauda de Cristo. Basta ler o Livro dos Atos dos Apóstolos para entender que a Comunidade de Jesus é a “comunidade do amor”.

Os mais abastados vendiam o que tinham e repartiam com os necessitados. As ofertas não eram para enriquecer as igrejas, (até porque não havia templos ainda), mas, as ofertas eram recolhidas para as obras de caridade. Para a assistência aos órfãos e às viúvas que eram as pessoas mais marginalizadas daquele tempo. Cada um vivia de seu próprio trabalho e não do dinheiro das ofertas. Perseveravam na doutrina, guarde isso!

Isto significa que eles viviam cotidianamente aquilo que Jesus ensinou e que no início não estava ainda escrito em pergaminhos, mas, a Palavra de Jesus já estava encarnada em seus corações. (Atos 2, 43-47).

São Paulo, também chamado de “Apóstolo da caridade” nos ensina que nada podemos ser sem o amor. Ele nos ensina que a Fé é sim uma condição para ser salvo. Não basta apenas aceitar Jesus e já está salvo como pensam muitos crentes de hoje. Não! A Fé é algo racional. Porque a maioria lê a primeira parte de Romanos 10, 9: “Portanto se com tua boca professares que Jesus é o senhor e em teu coração crerdes, (e, crer aqui, não é aceitar, mas, confiança na salvação), que Jesus ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

 

A SALVAÇÃO

 

Ah! Mas, então basta eu crer que Jesus ressuscitou e pronto estou salvo? Aí não lê a segunda parte: Romanos 10, 10: “E crendo de coração, isto é, aceitando a salvação que obtém através da Justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação”; e ela é para todos sem distinção para os que invocam o nome do Senhor. O problema é a interpretação que os protestantes dão a esse versículo. "Credes no senhor Jesus e sê batizado e serás salvo". Nesses dois casos, para quem lê vai achar que já está salvo só por crer e aceitar Jesus, mas, o verbo será no texto não está no presente, está no futuro.

Muitos interpretam esse texto colocando um "já" está salvo antes do verbo "será". Interpretando dessa forma dá mesmo a ideia de que basta que crer, aceitar e ser batizado e está salvo.

Essa foi a interpretação que Martinho Lutero fez para se justificar os pecados por ser incapaz de emendar-se não conseguia buscar o perdão pelo sacramento da Confissão. E os protestantes insistem nessa falsa interpretação até hoje.

 Aquele que interpreta dessa forma mente a si mesmo porque se fosse assim não era necessário nem mesmo a morte de Cristo na Cruz e tampouco sua ressurreição. E São Paulo nos ensina que: “é porque Cristo ressuscitou que nossa fé se justifica” e que um dia seremos ressurretos como Ele. E que se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé.

 Por outro lado, se somente basta crer, ser batizado e já está salvo não é necessário praticar o Evangelho e nem mesmo a ação de Jesus na sua Igreja. Essa falsa autoconfiança além de egoísta joga fora todo o ensinamento de Jesus a respeito da salvação.

Porque para ser salvo não basta só crer, não basta só aceitar, não basta ser batizado. Essas são as três condições para ser salvo, mas, há outras. A salvação passa por diversas etapas. Uma delas é a Igreja, fora da Igreja não há salvação porque é nela que estão todos os meios para o crente ser salvo.

A salvação ainda exige do crente: Vida de intimidade com Deus pela oração, prática da caridade, vivência dos sacramentos, vida Eucarística, vivência e prática do Evangelho. Só assim a salvação se concretiza. Não é assim que São Paulo se expressou no final de sua vida? "Combati um bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora só né resta esperar a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz me dará naquele dia".

Do que São Paulo estava se referindo quando disse “agora estou a esperar pela coroa da justiça?” Ele falava da sua salvação. Se ele cresse do modo como interpretam os protestantes às suas palavras de que só basta crer, aceitar Jesus e ser batizado e já está salvo porque ele disse que aguardava pela salvação simbolizada pela coroa da justiça?

 

E veja que: Esse mesmo Paulo que disse “que se crerdes e com a boca confessar que Jesus é o senhor e for batizado será salvo”. É o mesmo que disse em outras palavras: 'fiz tudo que era pra ser feito. Cumpri todas as etapas: Preguei o Evangelho e o pratiquei, fui caridoso, combati contra as forças do mal, [...] Agora só me resta aguardar pela minha salvação'. É isso. Veja que o "será salvo" de Paulo se conclui quando ele disse "terminei a minha carreira, [...] Estou só no aguardo do prêmio eterno, isto é, a Salvação que o senhor me dará naquele dia.

São Paulo com isso deixa claro, ele não estava salvo já, mas, ele tinha certeza da salvação porque fez de tudo para alcançá-la num tempo vindouro. Portanto, é mentiroso e egoísta aquele que pregar ou afirmar que basta só crer e aceitar Jesus, ser batizado e está salvo. Somente Lutero com sua insensatez e egoísmo pode afirmar tal coisa.

 

Ah! Mas a Bíblia diz “quem crer está salvo e quem não crer está condenado”. Sim, a Bíblia diz isso, mas, não em um contexto isolado. Ela diz assim porque uma das condições da salvação é crer. Quem não crê não pode ser salvo. Crer desse modo até o diabo crê. Para ser salvo é necessário passar pelos meios, elas são etapas, são as setas que Jesus deixou estabelecidas para que dentro da vivência da fé verdadeira, dentro da sua Igreja possamos alcançá-la um dia.

 

Então vejam! O que Paulo está a confirmar? A fé comodista não salva ninguém ela vem acompanhada de uma ação: a decisão incondicional e pessoal de crer, de confiar e de depender de um Salvador que é Jesus Cristo.

 Logo, a ação é uma obra primeiramente de Cristo e depois uma atitude em buscar para si e aceita-la provém da razão, ou seja, com inteligência por palavras confessar no que crê. Se eu creio que Jesus é meu salvador então eu vou seguir todos os meios para merecer esta salvação.

A fé só de crer e crer, a fé fideísta é aquela pregada por Lutero. Para o ‘crente’ só é necessário crer para ser salvo. Mas, o que é crer? Crer é dar crédito, dar confiança. Crer também é aceitação da Palavra. Crer também é ser fiel, é ser obediente, é ter submissão amorosa e adesão total da natureza humana ao divino.

 

Vejamos alguns exemplos:

 

A fé vem através da Palavra, da pregação, do ensinamento. Jesus explica na parábola do semeador:

 

        Certo homem saiu para semear. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram.  Outra parte caiu no meio de pedras, onde havia pouca terra. Essas sementes brotaram depressa pois a terra não era funda, mas, quando o sol apareceu, elas secaram, pois não tinham raízes.  Outra parte das sementes caiu no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram. Uma outra parte ainda caiu em terra boa e deu frutos, produzindo trinta, sessenta e até mesmo cem vezes mais do que tinha sido plantado. (Mateus 13, 18)

– O semeador é Cristo, a semente é a Palavra, o solo aonde é lançada a semente é o nosso coração. Nosso coração pode ser terra boa ou ruim; E essa semente pode crescer e dar frutos ou pode ser terreno pedregoso, espinhoso e a semente ou ficará sufocada por causa dos espinhos ou não crescerá ou então morrerá. Ou seja, os frutos dessa semente são muitos e o principal deles é a Fé.

        A fé é como aquele fruto se torna maduro e saudável. Esta Fé leva à salvação. Mas, uma fé, cuja é fruto de uma semente que nasceu sufocada e jogada em terreno pedregoso não produzirá frutos levará à perdição. Jesus ensina que é preciso ter Fé, ainda que pequenina como uma semente, (Mateus 17, 20), mas, ela poderá se tornar grande como uma árvore se praticarmos o bem, se vivermos aquilo que o Evangelho propõe. É por isso que as boas obras ajudam aumentar a fé. Os milagres que acontecem também são incentivos par aumentar a Fé.

 

Outro exemplo: Mateus14, 22-32. Os discípulos estavam na barca, Jesus veio até eles caminhando sobre as águas [...] e, quando viram achando que era um fantasma ficaram com medo, mas Jesus os tranquilizou dizendo quem era. Pedro ainda sem acreditar pediu para ir ao encontro dele. Jesus permitiu. Enquanto Pedro confiava tudo ia bem e ele caminhava sobre as águas, mas, quando por medo da violência das águas e do vento forte duvidou e começou a afundar. [...] Jesus segurando-o pela mão disse: “Homem de pouca fé, porque duvidaste?” Se cremos em Cristo como nosso Senhor, nosso Deus e salvador não temos o direito de duvidar. Quem duvida é porque tem pouca ou nada de Fé.  Uma das facetas da Fé é a confiança em Deus.

Assim é a Fé. Ela é o que nos aproxima do poder de Deus. Ela move nosso consciente e nosso inconsciente. Ela é a força motriz que nos coloca na direção certa. Ela não se vende e nem se compra. A Fé é um dom de Deus. A Fé e a Palavra estão ligadas intimamente de modo que depois do oxigênio ela é a mais importante porque se o oxigênio mantém vivo o corpo a fé mantém viva a alma. Por isso, Jesus insiste que devemos ter Fé e aumentá-la a cada dia. Quem tem Fé não precisa ver para crer como fez Tomé. Quem tem fé confia, espera e ama.

 

O que fazem os mercenários do Evangelho hoje? Vendem uma fé que não existe. Uma fé que leva as pessoas a desejar coisas materiais. Dinheiro, casa, carro, emprego bom. Tudo isso é necessário, mas, essa não é a proposta de Jesus.

  A fé protestante é uma fé egoísta, como a de Lutero que na sua prepotência e arrogância achava-se desnecessário as praticar as virtudes e as boas obras, mais orgulhosamente sentia-se autossuficiente desprezando a caridade, a justiça, a santidade, a vida regrada do ambiente religioso, os sacramentos pelos quais a graça de Deus vem até nós.

Por outro lado, aquele crê não crê porque já está salvo, mas crê porque confia, espera e ama. A exemplo disso temos como exemplo os santos que dentro de espiritualidades específicas, cada um ao seu modo viveram a sua Fé.

Desde os mártires que tinham uma fé inabalável até os demais que de forma mais íntima viveram uma comunhão direta com Cristo na vivência do Evangelho e deram suas vidas pelo testemunho de Cristo até os outros que viveram na vida contemplativa ou nos serviços de caridade. Porque quem tem fé é chamado a dar testemunho com a vida seja por palavras, seja pelas obras através dos exemplos ser evangelhos vivos para os outros. A ordem de pregar o Evangelho que Jesus deu, não foi para sair com a Bíblia debaixo do braço gritando e berrando aos quatro ventos somente. Mas, pregar o Evangelho implica dar exemplo com o próprio corpo. São Paulo disse: “Sede meus imitadores como seu sou de Cristo!” (1Coríntios 11,1).  

A Fé deve ser exercitada. Você pode ter fé a vida inteira, mas, se no final da vida por um instante duvidar perderá a salvação. Como Pedro que começou a afundar quando duvidou. A Fé não é importante só para realizar milagres, ela é importante porque ela é o combustível da alma. A fé é um tesouro. Quem perde a fé perde a chance de ser feliz.                  

 

O que os pastores ensinam a fé fideísta e fiduciária que é crer, crer, crer, basta crer e que a fé não necessita das obras como se crer não fosse uma obra de Deus em nós e de nós para Deus. Então a salvação verdadeira é a fé pela ação das obras, pois crer implica fazer a vontade de Deus e o primeiro que fez a obra de Deus foi Jesus Cristo o filho de Deus.

 

Nesse sentido que São Tiago vai dizer “a fé sem obras é morta”. “Mas, alguém dirá: “Tu tens fé e eu tenho as obras”. Mostra-me atua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas obras. Crês que há um só Deus. Fazes bem. Mas, também os demônios creem e tremem”. (Tiago2, 18-19)

 

Vejam! São Tiago é claro ao falar desta fé fiduciária e fideísta. Porque se fosse assim para que Jesus e os Apóstolos, os santos e doutores da Igreja iria insistir tanto nas boas obras. Porque Jesus iria dizer que no Juízo Final seremos julgados por ela. Mateus 25, 31-45.

 

Se crer somente bastaria então o demônio seria salvo e ele não é.

 

O problema de hoje é o relativismo com a Fé, descompromissada com a verdadeira raiz do Evangelho. A fé é vendida em cada esquina como se fosse um produto que se pegas na prateleira do supermercado quando na verdade ela é uma conquista, ela passa muitas vezes pelos sofrimentos, pelas cruzes, pelos encontros e desencontros.

 

O que importa para Deus não é o que você tem, ou as quantias exorbitantes dadas nos falsos templos. O que importa para Deus é um coração contrito e humilde. (Salmo 51, 17) Lembremos da história do fariseu e do publicano em Lucas128, 9-14. Ou ainda do óbolo da viúva - Marcos12, 41-44 - A viúva pobre que doou duas pequenas moedas no Templo de Jerusalém, enquanto os ricos doam grandes quantias. Jesus observa a cena e destaca que a oferta da viúva, embora pequena em valor, foi mais significativa do que as dos ricos.

Aqui não podemos achar como alguns pensam que é preciso contribuir com tudo que tem para a Igreja ou para certos pastores gananciosos. Mas, Jesus está ensinando que o que importa não é a quantidade, mas, a qualidade, o despojamento de si mesmo. A nossa disposição em doar-nos ao serviço do Evangelho. A viúva representa o bom cristão e as duas moedas o nosso coração. Deus valoriza os humildes e os faz grandes. Observemos também que aquele jovem rico, que era um judeu cumpridor das Leis de Moisés e dos Mandamentos, foi interrogar Jesus sobre como ter a vida eterna.

Jesus impôs três condições:

 A primeira cumprir os mandamentos.

A segunda é a caridade "vai venda tudo que tens e dê aos pobres!"

A terceira é: "depois vem e segue-me!". Jesus esperava uma resposta positiva, mas ficou triste porque o jovem preferiu as riquezas que seguir o Mestre. (Mateus 16, 16-30).

 

    Aqui poderá haver falsa interpretação do que Jesus está a dizer. Jesus estava falando do chamado, do seguimento a Ele, ou seja, do discipulado. Ele está pedindo desapego dos bens materiais, pois, o poder do dinheiro impede muitas vezes que o cristão cumpra seu papel de ser discípulo de Jesus.

 Por outro lado, Jesus está pedindo um gesto de amor, de caridade. Podemos encarar isso como uma prova. "Vai vende tudo que tens e dê aos pobres!" - ele não diz para vender e dar tudo aos pastores ou às igrejas, mas, aos pobres.

Engana-se aqueles que pensam que podem comprar a salvação com a paga do dízimo e a doação de ofertas. Se entenderes isso deixarás de cair na armadilha dos falsos pastores. Devemos contribuir? Sim. Mas, para fazer a obra de Deus e manter o templo. Nunca ponha a salvação em segundo lugar, ou acredite que ser fiel na contribuição lhe dará o primeiro lugar no céu. Jesus disse aos fariseus que guardavam a Lei, que cumpria um a um dos preceitos da Lei: "Até as meretrizes vos precederão n reino de Deus". (Mateus21, 31-32) 

Lembram-se das palavras de Jesus o sermão da montanha? “Bem-aventurados os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os que choram, os perseguidos por causa do meu nome, os caluniados” [...] estes terão seu galardão. Quem tem Fé sólida, bem enraizada tem o maior tesouro que se pode encontrar. A Fé os permite questionar, mas também nos dá respostas. A fé verdadeira permite que confiemos unicamente no poder de Deus. Ela permite acharmos soluções para os conflitos, mas, nunca que apontemos o dedo para o outro; a Fé é individual.  

 

A Palavra diz: "Crê no Senhor Jesus, sê batizado e será salvo". Essa é a condição. Mas, tem que tomar cuidado e se perguntar: Como eu creio? Em quem eu creio? DE que maneira creio?

Porque acreditar, por acreditar em Jesus sem a Fé tem várias maneiras. Por exemplo:

 Os muçulmanos, acreditam em Jesus como um profeta, mas, não como Filho de Deus. Os espíritas creem em Jesus, mas não como Filho de Deus, mas, como um ser iluminado. As Testemunhas de Jeová não creem em Jesus como segunda pessoa da Santíssima Trindade. Os adventistas negam a divindade de Jesus porque acreditam que ele é o anjo Miguel.

O Cristão de verdade crê em Jesus porque ele é o Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, consubstancial ao Pai, segunda pessoa da Santíssima Trindade e que desceu dos céus para nossa salvação, para nos salvar morreu na cruz e ao terceiro dia ressuscitou e de novo virá para julgar os vivos e os mortos. O cristão de verdade crê a Igreja Católica e na comunhão dos santos. Conforme professada no Credo.

 O cristão acredita que pertencendo à Igreja participa da comunhão dos batizados e de um novo povo, o povo da Nova Aliança. Esse povo inserido na verdadeira Videira que é Cristo recebe pelo batismo a adoção filial e fazendo parte da comunidade dos eleitos em direção à eternidade. E tudo isso é uma meta, uma luta e corrida como diz São Paulo em 2Timóteo 4, 7-8; e a meta é o prêmio terno, isto é, a santidade. Tudo começa aqui com sua Fé. Então, primeiramente eu creio, aceito Jesus, sou batizado, recebo a salvação, mas devo ao logo da vida trabalhar, polir e seguir a corrida par se chegar ao objetivo.

São Paulo se compara a um maratonista olímpico que depois de vencer a corrida recebe um coroa de flores. No caso ele diz: "Completei a corrida" [...] "Guardei a fé" [...] "Agora só me resta esperar a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz me dará naquele dia" [...] então não é só crer e ser batizado, mas, é depois de crido e batizado seguir a carreira, isto é andar pelo caminho que o próprio Senhor Jesus traçou para que passássemos. Que caminho é este? Vida de santidade. Vida espelhada nos valores do Evangelho. E quem é que nos auxilia nesse caminho? Quem é a ponte? O caminho é Cristo e a ponte que nos liga a Deus é a Igreja. Na Igreja deus usa sua graça para podermos sempre buscar andar na direção certa. Quais são os canais que a Igreja usa? São os Sacramentos. Nesse caminho precisamos reabastecer não só o corpo, mas, também a alma. Sabendo disso, de nossas fraquezas, Ele mesmo, Jesus quis se tornar alimento e nos deixou a Eucaristia.

Pronto! tudo que precisamos para chegar ao Céu está na verdadeira Igreja. Não é necessário que eu caia na lábia dos falsos pastores se eu agora sei que acreditar por acreditar não é o suficiente para a salvação. Sei que ao aceitar Jesus e ser batizado me envolve em um compromisso e que minha fé é como a chama de uma lamparina que precisa ser reabastecida pela Eucaristia, pela Palavra e pela Oração. Então não é só crer, é crer e viver o que creio, isto é viver a Fé que recebi dentro e fora da Igreja. A Fé vai acompanha o batizado a vida toda.

 

Para ajudar a nossa Fé é que a Igreja conserva a biografia e os ensinamentos dos santos, isto é, daqueles que viveram de forma mais íntima a Palavra de Deus. Os santos, cada um de maneira muito particular, viveram sua Fé com laços muito estreito e deram suas vidas em favor de Cristo. Cada um viveu sua espiritualidade, mas sempre irrigaram sua Fé ao longo do cainho sem trocá-la por nenhuma condição. Uns deram seu sangue em testemunho de Cristo, outros dera testemunho pelas obras de caridade, outros pela pregação, outros pela vida de oração intensa.                     

 

O cristianismo de hoje pouco segue ou dá importância às palavras de Cristo e aqui vou te ensinar a discernir o cristianismo falso do verdadeiro. E quando falamos de cristianismo estamos falando das protestantes e subjacentes.

 

Embora sabemos que ainda existem algumas poucas igrejas sérias nós sabemos que tudo começou com Lutero, seguido por Calvino, Zuíglio e outros. Mas foi Lutero que desenvolveu a falsa doutrina da salvação sem as obras. E assim os demais ramos do protestantismo seguiram esse falso ensinamento e hoje o que mais se vê são pessoas que carregam no peito o mesmo sentimento orgulhoso de Lutero. Lutero desenvolveu esta doutrina não é porque ele não conhecia as Escrituras, mas, era para satisfazer o seu ego e porque ele era pecador contumaz da fornicação e não se achava capaz de emendar-se mesmo indo em confissão. E com isso os protestantes em sua maioria acham que basta crer, crer e crer para estarem salvos. São Tiago mostra que esse pensamento de que basta crer e estar salvo é falso porque nisso até o diabo crê.  

 

São Paulo nos ensina que amor, a caridade deve estar acima de tudo na vida do cristão, pois, é dela que depende a verdadeira fé. É ela que produz em nós os frutos necessários para chegar à salvação e ela passa por três pilares: A Fé, a Esperança e a Caridade que na teologia chamamos de “virtudes teologais”. Ou seja, não basta crer e crer, mas a Fé possui três facetas: Crer, confiar e depender de Deus, pois, a fé é um dom de Deus. Os apóstolos pediram: “Senhor aumenta-nos a fé!” – Lucas 17, 5, mas, esta fé vem acompanhada de compromissos: a esperança e a caridade.

 

Em 1Coríntios13, 1-13, São Paulo vai nos dizer que “ainda que falasse a língua dos homens e dos anjos sem amor, ou sem a caridade ele nada seria. E no final, ele diz que é preciso usar da razão ter uma fé madura e parar de agir como criança e se quisermos ver Deus face a face um dia é preciso ter amor. “Por ora subsiste a fé, a esperança e a caridade – as três, porém, a maior é a caridade”. 1Coríntios 13, 13.

 

Logo, eu não devo ser cristão porque apenas creio, mas, eu sou cristão porque a minha fé leva a amar a Deus e ao próximo e ter a esperança da salvação com a ajuda das boas obras. Nisso se cumprirá o 1º Mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

 

 

O CRISTIANISMO DE HOJE OPOSTO AO EVANGELHO

 

"Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado. Movidos por cobiça, eles vos hão de explorar por palavras cheias de astúcia. Há muito tempo a condenação os ameaça, e a sua ruína não dorme". 2Pedro1, 1-3.

 

É aqui que devemos perceber que o cristianismo, sobretudo no meio evangélico se distanciou daquilo que é a verdadeira essência do cristianismo. Porque o que se vê hoje é um evangelho pura e simplesmente superficial desfocado daquilo que Jesus deixou como ensinamento e que foi transmitido até nós pelos apóstolos. Falsas doutrinas, falso evangelismo, doutrinas estranhas, espírito de cobiça. São Pedro já estava advertindo que isso ia acontecer e que devemos ficar atentos.

 

O cristianismo contemporâneo perdeu a essência do verdadeiro evangelho a partir do momento em que não se fala mais em caridade, em uma fé pura e o amor ao próximo que deveria ser a maior prioridade da comunidade foi trocada por promessas de cura e prosperidade vendidas pelos falsos pastores.

 

Nas igrejas, se fala mais em dízimo do que no amor ao próximo. Os líderes enriquecem e os fiéis empobrecem físico e espiritualmente.

 

Os pastores estão mais preocupados em julgar as outras denominações e esquecem que nenhum cristão tem o direito julgar o outro.

 

Em outros casos estão preocupados somente com a arrecadação e usam de metodologias psicológicas para por medo nas pessoas. Outros amaldiçoam aqueles que não pertencem ao seu grupo. Outros ainda recorrem às falsas promessas e falsos milagres para enganar os fiéis.

 

      São poucos aqueles que se envolve com as causas sociais. Outros se metem na política incitando o povo contra as autoridades constituídas colocando os irmãos uns contra os outros.

 

     As Igrejas viraram mercados onde se vende e se compra os “favores de Deus”. Desde que seja fiel nos dízimos e nas ofertas está tudo certo.

 

Mas onde fica a Fé, a Esperança e a caridade então? Não fica. Porque perder tempo com isso se eu posso empregar melhor a teologia para arrecadar mais e mais?

 

          Assim os cristãos dessas denominações são levados por promessas de prosperidade e embora os templos estejam cheios há uma multidão de corações vazios.

 

          Jesus disse não ajunteis tesouros nesse mundo. (Mateus6, 19) Os pastores querem altos salários e muito dinheiro em caixa. Usam de várias estratégias para enganar as pessoas. Pregar sobre a caridade, sobre o amor não enche os cofres da Igreja. O ideal é vender salvação, cura e prosperidade e fazer uma bela propaganda nas mídias sociais. “Amanhã vai acontecer uma grande concentração de milagres!” – Quem já não ouviu esse jargão?

 

E quando a pessoa chega lá a decepção: Deus cura somente aquele que der mais, que contribui mais e que é fiel na paga do dízimo e das ofertas. 

 

          Os pastores transformaram a salvação em um negócio lucrativo. “Basta ser fiel”. Mas, fiel aqui é no sentido de ser leal às contribuições e não no sentido bíblico porque ser fiel biblicamente falando é praticar o Evangelho. “Se queres entrar na vida eterna obedeça aos mandamentos!” disse Jesus. [Mateus 19, 16-20]; e ainda: “Se me amas obedeça aos meus mandamentos” [João 14, 15].

 

    Jesus veio mostrar a face do Pai. Veio mostrar o perdão e a misericórdia e pediu que sejamos misericordiosos como Pai do Céu. (Lucas 6, 36-38). E não pede para vendermos ou comprarmos sabão ungido, lenço ungido, sal ungido, tijolo, feijão ungido, etc. Para o quem tem fé basta pedir (Mateus 7, 7-8). 

 

          Há uma inversão dos valores cristãos na maioria dos seguimentos evangélicos que levam o fiel ao desespero por achar que aquilo que o pastor pregou no púlpito é verdade. O Costume de amedrontar as pessoas como frases intimidatórias tais como: “Se não for fiel no dízimo o espírito devorador virá”. Ou ainda, “as maldições, falta de prosperidade, certos tipos de doença são causados pela falta de fidelidade do crente”, etc. Tudo isso não passa de uma estratégia bem articulada e combinada para arrecadar dinheiro.

 

Aliás, essa ideia de que se alguém tiver uma doença sem explicação, ou uma deficiência era maldição de antepassados ou causada pelos pecados cometidos; é coisa da crendice herdada dos judeus. Jesus várias vezes combateu esse pensamento mostrando que Deus é amor. Ele não amaldiçoa ninguém e que Ele estava ali para mostrar isso. Por esse motivo curava muitos doentes, expulsava os demônios, ressuscitava os mortos e a única coisa que ele exigia era o abandono ao pecado e a Fé. Vejamos no episódio da cura do cego Bartimeu:

 

 Cegueira e mendicância: Bartimeu era um cego que vivia como mendigo, sentado na beira do caminho em Jericó.

 

O clamor: Bartimeu ouviu a multidão e percebeu que Jesus de Nazaré passava. Ele sabia quem era Jesus. Embora não o visse, confiou, teve Fé gritou, clamando por Jesus como "Filho de Davi", pedindo para que tivesse misericórdia.

 

Repreensão e insistência: Apesar da multidão o repreender para que se calasse, Bartimeu gritou ainda mais, mostrando a sua perseverança na sua Fé.

 

A resposta de Jesus: Jesus, movido pela fé de Bartimeu, parou e mandou que ele fosse chamado.

 

A cura: Jesus perguntou a Bartimeu o que ele queria que lhe fosse feito. Bartimeu pediu para que Jesus lhe restaurasse a visão, e Jesus disse que a sua fé o curou, e ele imediatamente viu.

 

O seguimento: Após a cura, Bartimeu começou a seguir Jesus pelo caminho.

 

Moral da história: Se a Fé nos acomoda ela não é verdadeira, se é superficial não é verdadeira. A Fé não é não é para trazer comodismo e tranquilidade, mas, compromisso. Qual é o compromisso? É o seguimento de Jesus. Por isso que não basta crer por crer, mas crer e se compromissar com Cristo no seguimento do Evangelho; com exemplos e atitudes. Conhecereis os frutos pela árvore [Mateus7, 16-20] - É segui-lo e andar lado a lado com Ele. É carregar a cruz.  A Fé é compromisso e não é comodista. A Fé não salva, não liberta, não cura.

 

Bartimeu se tornou um exemplo de fé, perseverança e esperança. A sua história nos ensina que devemos ter fé em Jesus, mesmo quando enfrentamos dificuldades, e que devemos perseverar na nossa busca por Deus.

 

          O que temos que aprender com a Palavra de Deus é:

 

          Todos nós somos cegos e diante de certas situações não sabemos como agir. Não é preciso nenhuma promessa para Deus agir em nossa vida. A busca pelo bem pelo amor é uma decisão de parte de cada um. Jesus faz o convite. Jesus nunca pediu para seus discípulos cobrarem o que quer que seja. As igrejas estão cheias de falsos pastores ensinando que Deus só faz milagre e dará prosperidade para quem contribuir ou ser leal na paga do dízimo.

 

Mas, isso é verdade

 

          Veja o que Jesus disse em Mateus10, 7-13:

 

Jesus instruiu seus discípulos sobre como agir. Enviados para anunciar o Reino dos Céus eles deveriam curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demónios, pois "de graça receberam, de graça devem dar". Além disso, devem anunciar que o Reino dos Céus está próximo e procurar alguém que os receba em casa, onde devem abençoar a casa e, se for digna, a paz de Deus permanecerá sobre ela.

 

Jesus não dá outra ordem senão essa e isso vale também para as igrejas, mas o que se vê hoje é um Evangelho morto onde o fiel é convidado a dar mais e mais para a igreja e para o pastor a fim de receber a graça. Ora, a graça é dom de Deus e não é merecimento humano. Outro exemplo que temos é a cura do coxo. Atos 3, 1-8; Pedro e João iam rezar no Templo quando lhe trouxeram um coxo. Este era um pedinte que ficava na porta do Templo. Quando Pedro e João aproxima para curá-lo ele diz “não tenho ouro nem prata, mas o que tenho te dou em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” e tomando-o pela mão direita o levantou [...] todo povo que viu pôs-se a louvar a Deus.  Veja! Pedro não exigiu nada pela cura, nem mesmo um agradecimento. Porque sabia que foi jesus que curou aquele homem e não ele.

Outro fato é que: Aquela cura não serviu apenas para o coxo, mas para a conversão de muita gente. O milagre aconteceu não só com o coxo. É isso. É assim que Deus age quando ele precisa fazer sua obra. Os milagres, as curas, a pregação só têm um sentido aumentar a fé das pessoas, converter corações. O cristianismo de hoje ensina o quê? Ensina que só será contemplado aquele que pagar. Esse é o evangelho falso do demônio usado pelos falsos pastores diferente do verdadeiro Evangelho.      

 

Jesus não cobrou nada pela nossa salvação, mas deixou-se entregar por amor e ainda nos deu de presente a Eucaristia e os sacramentos que são canais de sua graça. Deu-nos o Espírito santo para auxiliar e nos santificar. Deu-nos Maria por Mãe como modelo de santidade, obediência e fidelidade.

 

 

Atos3,42-47 nos ensina que na Comunidade cristã não pode haver necessitados, não pode haver fome, nem falta de caridade, não pode haver preconceitos. Se há é porque essa comunidade há muito tempo deixou de ser cristã e passou a ser a sinagoga de satanás.

 

Jesus veio acolher a todos e chamar todos a salvação. Nem todos os caminhos levam a Deus, mas o único que leva a Deus é Jesus. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida." (João14, 6) No entanto, o caminho que Jesus trilhou é o mesmo que devemos trilhar. Jesus não promete prosperidade para quem o seguir, pelo contrário, Jesus promete a cruz. A cruz que ele carregou também nós vamos carregar. Sofrimento e perseguição fazem parte deste combo.

Nesse caminho teremos as cruzes: perseguição, doenças, injúrias, seremos interrogados, falsas acusações. É preciso carregar a cruz até o fim. Mas, com a certeza de que a ressurreição virá.

 

Não podemos esquecer que o verdadeiro cristão e o verdadeiro cristianismo estão no amor, na caridade fraterna e não na luta de classes.

 

E para aqueles que seguem o cristianismo moderno onde tudo é felicidade onde se compra até terreno no céu. Onde estar na igreja é sinônimo de prosperidade é melhor começar a pensar no que disse São Paulo na carta aos Romanos nos capítulos 12 ao 15. Onde São Paulo vai ensinar sobre a verdadeira religião, como deve ser a maneira de proceder do cristão. É uma cartilha.

 

Se quiseres a partir daí poderá discernir se você e sua comunidade, também seus líderes estão sendo fiéis a esse ensinamento de Cristo através de São Paulo.

 

Discernir os falsos pastores é necessário porque muitos estão desviando as ovelhas do verdadeiro aprisco de Jesus. Eles vêm com falsas promessas, iludem as pessoas, mas não passam de ‘lobos em pele de ovelha’, são ladrões e salteadores.

 

Aprendam a discernir os falsos pastores:

 

 

 

a)   Prometem milagres com dia e hora marcada. As seitas vendem objetos e amuletos tais como: rosas, sal, sabão, chave, água, tijolo, feijão, lenços dizendo serem ungidos. Tudo isso é falso.

 

b)   Promete prosperidade: casa, carro, emprego, curas desde que seja fiel nos dízimos e nas ofertas.

 

c)    Cobram para fazer evangelismos e altos cachês de shows.

 

d)   Nas pregações usam maior parte do tempo para acusar outras denominações e pedir contribuições.

 

e)   Ameaçam e põem medo nas pessoas usando a palavra de Deus aos que não podem ou não pagam os dízimos e as ofertas.

 

f)      Utilizam da Bíblia em proveito próprio.

 

g)   Usam do dinheiro que recebem para enriquecimento ilícito.

 

h)   Não aceitem que seus fiéis busquem conhecimento em outros movimentos como forma de mordaça. Esses são os mais perigosos porque eles usam de artifícios e até da Bíblia para fazer lavagem cerebral nas pessoas a fim de criar grupos de fanáticos.

 

i)      Exigem tudo de seus fiéis como forma de contribuição: dinheiro, casa, carro, herança, etc.

 

j)      Agem de má fé quando rotula o poder de Cristo em si mesmo para convencer as pessoas que se deve determinar certas curas, milagres, etc. Isso não é bíblico porque faz de Deus um negociante.

 

 

Guarde esse ensinamento:

 

 

·       Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro.

 

·       A Fé consiste de três coisas: Crer, confiar e depender de Deus. Não basta crer, porque isto até o diabo crê. “Bem aventurado não é o que me diz ‘Senhor, Senhor, mas, o que ouve as minhas palavras e as pratica’ - (Mateus 7:21), significa que não é suficiente apenas professar fé em Jesus para entrar no Reino dos Céus. É necessário também colocar em prática a vontade de Deus, que está nos céus. A expressão "Senhor, Senhor" pode ser interpretada como uma forma de reconhecimento de Jesus, mas é a obediência e a vida em conformidade com seus ensinamentos que realmente contam. Mas, é preciso aceitar com amor salvação e os meios pelos quais ela chega até nós.

 

·       A Salvação é gratuita, mas ela depende da fé mediante as obras. Somente pela Fé obediente mediante as obras poderemos ser salvos. “A fé sem obras é morta”.

 

·       O maior tesouro que podemos ajuntar não é neste mundo, mas no Céu. O tesouro é a Fé é ela que nos levará até Cristo. Disse Jesus onde estiver seu tesouro aí está teu coração.

 

·       O reino de Deus é para os pecadores, Jesus veio chamar a todos à salvação, portanto nada de apontar o dedo como fazem a maioria hoje. Jesus não veio para os sãos, mas, para os doentes. “Os são não precisam de remédio, as, sim os doentes” (Marcos 2, 17). Se na sua igreja os pecadores são vistos com maus olhos, sem há preconceitos então esse não é o verdadeiro cristianismo.

 

·       Seremos julgados pelas boas ou más obras. (Mateus25, 31-46) – quando alguém disser a você que as obras não são importantes para a salvação, (falsa doutrina de Lutero), lembre-se desse ensinamento de Jesus. Se a sua igreja através de seus líderes prega isso ela está contradizendo Jesus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

                  

 

 

 

       

 

 

 

quinta-feira, 8 de maio de 2025

HABEMUS PAPA - NO CONCLAVE MAIS RÁPIDO DA HISTÓRIA NOVO PAPA É ELEITO - ROBERT PREVOST - PAPA LEÃO XIV

 




Após a morte do Papa Francisco, no último dia 7 de maio de 2025, os cardeais se reuniram para o início do Conclave que durou apenas dois dias. Um recorde na história da Igreja Católica Apostólica Romana.

Foi eleito o cardeal americano Robert Prevost, religioso da Ordem Dominicana. Escolheu o nome de seu pontificado e passa a ser chamado de “Papa Leão XIV”. Uma homenagem ao Papa Leão XIII (1878 – 1903).

É o papa mais jovem eleito nos últimos 35 anos. Nasceu em 14 de setembro de 1955. Filho Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola. Ele tem dois irmãos: Louis Martín e John Joseph. Desde 1990, não há um Papa com menos de 70 anos comandando a Igreja Católica. É natural de Chicago – EUA.

O anúncio foi feito pelo cardeal Dominique Mamberti em latim, seguindo a tradição da Igreja Católica. "Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam". ("Anuncio-vos uma grande alegria: temos um papa"), afirmou.

O nome papal costuma homenagear santos, apóstolos ou ser uma referência a papas anteriores. O último papa Leão é conhecido pela promulgação em 1891 da encíclica Rerum Novarum, primeira a tratar dos temas ligados à Doutrina Social da Igreja.


No seu pronunciamento ele recordou o trabalho do Papa Francisco em dar uma nova maneira de interpretar o Evangelho para os dias atuais. Recordou ainda que a Igreja precisa continuar de onde parou com a morte do Papa Francisco. Uma igreja que seja mais acolhedora e Sinodal, isto é, com mais participação dos fiéis. Recordou ainda o esforço do Papa Francisco em favor da paz mundial e da aproximação com as outras religiões como, por exemplo, o Islã e o judaísmo.

No final, em tom emocionado disse:

"Obrigado, Papa Francisco", disse ele, agradecendo a seus colegas cardeais por elegê-lo. Leão 14 dirigiu-se aos mais de 1,4 bilhão de católicos: "A paz esteja com todos vocês" foram suas primeiras palavras, em italiano com sotaque americano.

Frequentemente descrito como discreto e reservado, Robert Prevost passou anos mergulhando nas "periferias", aqueles territórios que até então eram remotos ou negligenciados pela Igreja, assim como seu antecessor. Foi Francisco quem o chamou para o governo do Vaticano. Era muito próximo do Papa Francisco.

Não é comum que um Papa faça algum discurso após ser apresentado pós eleito. Mas, Leão XVI fez um discurso invocando no final a proteção da Virgem Maria. Sob o Título de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia, cujo hoje 08/05 também o dia dedicado a ela sob esse título. Convidou todo povo reunido na Praça São Pedro no Vaticano a rezar a “Ave-Maria e no final deu a bênção “Ut et Orbi” - (utilizada para se referir à bênção papal solene que o Papa pronuncia na sacada da Basílica de São Pedro) com indulgência plenária, conforme é de costume  o novo Papa fazer após ser apresentado.  

Foi bispo de Chiclayo (750 km ao norte de Lima) e depois se tornou prefeito do Dicastério. Em 2023, foi para Roma, o Papa Francisco o tornou arcebispo e prefeito do Dicastério para os Bispos. Também foi presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, ou seja, liderava um cargo importante, encarregado de nomear bispos em todo o mundo.

Ele é o primeiro papa agostiniano, no discurso disse ser um "filho de Santo Agostinho". Sua caminhada começou na igreja em 1978, fez votos solenes em 1981 e entrou para a Comunidade Agostiniana.

Com inspiração na vida e nos escritos de Santo Agostinho, ele une espiritualidade profunda com compromisso intelectual e social. Os agostinianos tem como uma de suas marcas a assistência aos pobres.

Que Deus conceda ao novo Papa muita proteção, saúde e sorte em seu pontificado e que Nossa Senhora o proteja. Amém!  

 

  

terça-feira, 1 de abril de 2025

AS RAZÕES PELAS QUAIS CONSTANTINO NÃO FUNDOU A IGREJA CATÓLICA (Refutando o Dr. Rodrigo Silva) Parte 1

 



    Um vídeo que tem sido divulgado nas redes sociais de uma entrevista com o adventista e Dr. Rodrigo Silva, professor, teólogo protestante e arqueólogo, tem provocado polêmicas sobre suas afirmações mentirosas contra Igreja Católica. 
   O Dr. Rodrigo Silva, sendo um homem inteligente que é não deveria fazer tais afirmações porque é dotado de formação acadêmica. Porém, seus ataques e suas atribuições o fazem dentro do parâmetro protestante.
      O protestante olha a história da igreja a partir do século XVI, época em que Martinho Lutero se rebelou contra a Igreja Católica. 
    Também é característico de todo protestante acreditar que a Igreja Católica, o papado se iniciou no século IV a partir de Constantino, desprezando assim 03 séculos anteriores da história da Igreja. 
          Recentemente vi uma postagem de um outro pastor, desta vez é o pastor presbiteriano Augustus Nicodemus. Ele solta uma uma falsa afirmação, "os Pais da Igreja influenciaram na instituição do papado". Outra bobagem sem tamanho porque o papa nada mais é do que o bispo primás da Igreja. a palavra Papa é um título do bispo de Roma que é o sucessor do Apóstolo São Pedro. E essa sucessão de bispos qualquer pessoa com inteligência sabe que ela acontece desde São Pedro. E se os Pais da Igreja sustentam isso é porque muitos deles, como São Policarpo que conviveu com o Apóstolo São João, ou beberam de fontes fidedignas para sustentar o que é óbvio. Depois, percorrendo a própria História da Igreja, ela vai nos apontar esta linha sucessória dos Papas até os nossos dias. E essa linha de sucessão prova que a Igreja já estava presente em Roma desde o princípio e para lá foi levada pelos Apóstolos Pedro e Paulo. 
    O ex-pastor presbiteriano Scot Hahn, (este era  a maior autoridade nos Estados Unidos em teologia e era extremamente anticatólico), é doutor em teologia, ao contrário do Augustus Nicodemus, reconheceu a Igreja Católica como a única Igreja de Cristo e se converteu após deixar o fundamentalismo e mergulhar no estudo sobre a Eucaristia.
    Ele e sua esposa escreveram um livro chamado "Todos os Caminhos Levam à Roma", que recomendo o leitor a lê-lo explicando sua trajetória de conversão. Nele podemos aprender que quando se abandona o fundamentalismo protestante e deixa-se mergulhar no estudo da verdadeira fé pode-se chegar a um só destino: Cristo e a sua Igreja. Se Scot  Hahn percebeu isso porque muitos pastores como Rodrigo Silva e Augustus Nicodemus não percebem? Porque para isso é preciso "cair do cavalo" como aconteceu com São Paulo e eles não estão dispostos a descer de suas prepotências e deixam o orgulho protestante falar mais alto. Quando Scot Hahn desceu do seu status e percebeu que estava enganado sobre a Eucaristia, ele abriu as portas para sua conversão e de anticatólico passou a ser o grande defensor da Fé católica.    

        O Dr. Rodrigo Silva nada mais é do que um simples repetidor, nada mais, de antigas acusações sem fundamento e bases históricas que trataremos de explicar a fim de desmascarar este senhor que como disse, é apenas mais um daqueles que usam de má fé e de argumentos falsos, sobre o pretexto de convencer as pessoas que o que ele fala está certo. Mas, não é assim. Para quem estuda e conhece os fatos históricos verá que não é verdade e que o único objetivo dessa pessoa é denegrir a Igreja Católica da mesma maneira como fez seus predecessores.           
    O Dr. Rodrigo Silva é um adventista e, como tal, vende sua sardinha estragada em embalagem nova. Como sabemos a igreja adventista é uma das principais seitas que inventou e continua inventando muitas mentiras contra a Igreja Católica. E é dela que este senhor faz parte. Ele é penas um dos muitos que têm surgido por ai tentando colocar na cabeça das pessoas fatos mentirosos e desconexos inventados contra a Igreja Católica e a grande maioria não o fazem por desconhecimento, mas, agem assim por pura maldade e ódio contra a Igreja de Cristo. Por isso é necessário que cada vez mais as pessoas procurem se informar e estudar mais para buscar o entendimento correto e estar a par da verdade. Pois, a verdade é como uma luz que não se pode abafar com uma peneira, a verdade liberta.    

Parece que este senhor ou não sabe ou não conhece a História da Igreja sobre o que está dizendo ou age por maldade tentando denegrir distorcendo fatos históricos relevantes da História da Igreja. Com conceitos sem fundamento histórico baseado em achismos sem procurar transmitir a verdade histórica.   

 Em entrevista o mesmo usa de frases mentirosas e totalmente desprovidas de qualquer fundamento histórico e aqui vamos esclarecer que a Igreja Católica foi sempre a primeira e, portanto, a mais antiga Igreja criada pelos Apóstolos Pedro e Paulo, seguida pelas demais Igrejas Orientais que seguem a mesma sucessão apostólica desde os primeiros séculos do cristianismo.

Para um católico bem preparado estas acusações são antigas e não há o que espantar vindo de um protestante. Partem daqueles que acusam a Igreja Católica de muitas coisas e não é nenhuma novidade, mas, para aqueles que estão chegando agora ou ainda não estão acostumados a ir atrás da verdade sob fontes seguras e verdadeiras é bom esclarecer e provar com bases sólidas que as acusações são falsas e de cunho maldoso com o fim de fazerem as pessoas desacreditarem na Igreja e se debandar para o lado deles.

A entrevistadora pergunta:

“A questão de Roma também é algo que ficou na minha cabeça; a gente vê na história como que os cristãos foram perseguidos, queimados, aquela loucura em Roma; como que Roma de repente se tornou a base do cristianismo? Porque foi escolhido lá onde o povo foi caçado, queimado? [...]”

A resposta maldosa de Rodrigo Silva:

“Tudo isso aconteceu pela suposta conversão de um homem chamado Constantino. No ano 313, (Século IV), depois de Cristo, Constantino; ele estava lutando pelo poder em Roma. Roma tinha ficado muito grande e tinha perdido um pouco da força ali. Aí tinha um imperador que chamava Diocleciano que acabou se aposentando, o único que se aposentou  e na briga pelo poder Constantino foi eleito imperador e ele sabia que os cristãos na época era uma força muito grande ...” 

Em resposta à pergunta foi que Roma vai se tornar o centro do cristianismo ocidental, (o catolicismo), por causa de Constantino. Uma resposta totalmente desprovida de verdade histórica. Eu me pergunto: aonde foi que este senhor estudou e tirou seu diploma de doutor? Certamente se ele aprendeu isso em alguma faculdade devemos passar bem longe dela. Porque nem mesmo a história dele por si só não se sustenta. 

A pergunta da entrevistadora foi razoável para quem sabe que os cristãos foram perseguidos quer entender como Roma se tornou a base ocidental da Fé cristã. Mas, vale lembrar que os cristãos não só foram perseguidos em Roma. Eles foram perseguidos em todo o Império Romano no Oriente e no Ocidente por imperadores romanos diferentes, não só apenas Dicleciano perseguiu. No Oriente Licínio também perseguia os cristãos, porém no Ocidente a perseguição foi mais intensa. 

O doutor Rodrigo Silva é tão entendido de história que não sabe que se fosse para um imperador romano fundar a igreja católica com um edito não seria Constantino, mas, Galério que antes de Constantino já tinha publicado o "Edito de Tolerância", também chamado de "Decreto da Indulgência" no qual pretendia dar harmonia política ao Império tornando anticristã a perseguição aos cristãos. 

Galério, sim, usou de estratégia política para promover a paz romana e estabilizar o Império. Então, dizer que Constantino foi quem fundou a igreja é como acreditar em fábulas porque se fosse assim esse mérito era de Galério. Constantino nasceu no final do Século III e se tornou imperador de Roma por volta do ano 305. É graças a ele segundo Rodrigo Silva que a cidade de Roma terá uma importância tão grande para o cristianismo. Então, vejam só! Se é colocada uma questão para ele porque a cidade de Roma se tornou tão importante, a resposta dele sempre será Constantino.

 Mas, quando ele faz uma afirmação deste tipo é de se esperar que antes de Constantino essa importância da cidade de Roma não existisse. Porque se foi feita essa pergunta para ele e ele responde “com Constantino” significa que antes de Constantino não há indícios de que Roma tivesse importância especial para o cristianismo.

Cem anos antes de Constantino nascer nós encontramos várias provas de que Roma já era uma cidade dotada de uma particular importância para o cristianismo no meio das perseguições. É o que lemos no Livro III – Contra as Heresias, de Santo Irineu de Lion, bispo de Lion na Gália, atual França. Ele foi discípulo de São Policarpo de Esmirna, que foi discípulo de São João Evangelista apóstolo de Cristo. 

Assim disse S. Irineu disse a respeito de Roma:

“Mateus publicou na língua dele os escritos do Evangelho enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja”. (...) “A Igreja de Roma é a maior e a mais antiga fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos Apóstolos Pedro e Paulo, com efeito deve necessariamente estar de acordo com ela, por causa de sua origem mais excelente toda Igreja”.

Ou seja, todas demais Igrejas devem estar de acordo (em comunhão) com a Igreja de Roma. Isto é, os fiéis de todos os lugares porque nela sempre foi conservada de maneira especial tradição que deriva dos Apóstolos. 

Mais adiante ele diz: “Os Bem-Aventurados Apóstolos que edificaram a Igreja transmitiram ao governo episcopal a Lino, (o Lino que Paulo lembra na Carta a Timóteo), Lino teve como sucessor Anacleto, depois dele em terceiro lugar, Clemente, a este sucedeu Evaristo, depois Alexandre, depois Sixto, Telésforo, depois Iginio, depois Pio, depois Aniceto, Aniceto sucedeu Sotero e presentemente Eleutério em 12º lugar detém o pontificado e hoje, o pontificado está com o Papa Francisco. 

Com essa sucessão chegou até nós a tradição apostólica e pregação da verdade. Essa é a demonstração mais bela de que uma só é a fé vivificante que foi conservada transmitida na Igreja desde Pedro e Paulo até agora.

O que Constantino tem a ver com isso? Isso foi escrito um século antes de Constantino. Constantino não teve e não tem nada a ver com a solidificação da Igreja em Roma porque como provado em documentos da Patrística, a Igreja Católica já existia muito antes em Roma, desde o princípio. Tanto é que Santo Irineu listou com clareza a sucessão dos primeiros Papas que sucederam S. Pedro. E nós podemos procurar várias outras fontes e citações que mostram a Igreja de Roma é especial porque aquela Igreja foi fundada por Pedro e Paulo.

Dionísio de Corinto no Século II disse: “Tendo ambos vindo a Corinto os dois Apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na Doutrina do Evangelho a seguir indo para a Itália nos transmitiram os mesmos ensina mentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente”.

Tertuliano na virada do Século II para o Século III escreve: “A Igreja foi construída Sobre Pedro. A Igreja dos Romanos demonstra instrumentos públicos e provas que Clemente (IV Papa) foi Ordenado por São Pedro. Feliz Igreja, na qual os Apóstolos verteram o seu sangue por sua doutrina integral, onde a paixão de Pedro se fez com a Paixão do Senhor. Nero foi o primeiro a banhar no sangue do "berço da Fé". Pedro então segundo a promessa de Cristo foi por outrem cingido quando o suspenderam na cruz”. (É aquela profecia que Cristo faz e que está no final no final do Evangelho de São João – João21, 15-19. Quem é o berço da fé segundo Tertuliano? É Roma.)

São Cipriano de Cartago (Século III) escreveu: “Sobre um só foi construída a Igreja. Pedro, a cátedra de Roma é a cátedra de Pedro. A Igreja principal de onde se origina a unidade do sacerdócio”.

Poderíamos procurar várias citações, várias provas, não apenas que a Igreja de Roma era conhecida como especial, mas, também que o bispo de Roma, o Papa. Título esse que era dado aos demais bispos, mas, que depois passou a ser aplicado somente ao bispo de Roma. Provas desde o século I com S. Clemente I, do reconhecimento da importância especial da Igreja de Roma, do bispo de Roma.

Então como vemos, Rodrigo Silva começa a responder de maneira totalmente equivocada e sem nenhum fundamento a pergunta que lhe foi colocada. Não é por causa de Constantino que a Igreja de Roma é a mais importante, mas é por causa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo que lá estiveram e lá fundaram desde o primeiro século a Igreja Católica.

Outra falácia de Rodrigo Silva é dizer que Constantino se beneficiou com a Igreja de Roma. Disse ele: “Há uma frase de Tertuliano de que o sangue dos cristãos é como semente, quanto mais mata, mais cristãos surgem”. “Então Constantino no ano 313, ele teve uma estratégia política; ele estava passando a ponte do rio Nívea com os soldados que veio para lutar contra Maxcentius ou Maxcêncio pelo poder, aí Constantino caiu do cavalo e disse estou tento uma visão”. “Nesta época o império romano adorava o deus Mitras, principalmente os soldados, que é o deus sol e todo o exército ficou sim, que ele teve a visão do deus Mitras, o sol apareceu para ele falou para os soldados Mitras vai nos dar o poder, o deus sol. Só que de maneira muito engenhosa Constantino disse que Jesus apareceu para ele no sol e que Jesus é o próprio Mitras e que ele viu no sol uma frase em latim a frase “in hoc signo vinces”. – Que quer dizer, “sobre esse símbolo vencerás!” Ele viu uma cruz (que não é verdade) no sol. Então ele fez uma simbiose, uma mistura, um sincretismo entre cristianismo e Mitraismo. Ele deu liberdade de culto aos cristãos...”  

Disse bem, deu liberdade de culto, mas, não criou nem estabeleceu o catolicismo como religião do Império.

E o exército era em sua maioria da religião de Mitras. Fica a pergunta. Porque afirmar que se converteu ao cristianismo e que Jesus é Mitras? Não faz sentido o que ele está afirmando. Na verdade, são uma série de colocações de orações tão desprovidas de sentido como que jogadas sem encadeamento lógico que fica até difícil de responder. Em primeiro lugar é isso. Se o exército no qual ele se apoiava era seguidor de Mitras porque ele dizer que era Jesus no sol? (o que é mentira porque a visão de Constantino não foi isso); e porque dizer que Jesus era o deus sol Mitras?; mas, porque ele não disse logo que viu Mitras?

Afinal, que sinal Constantino viu no céu?

Constantino vê no céu, ao pôr-do-sol de 27 de outubro, as letras X (chi) e P (ro) do alfabeto grego (pronunciadas respectivamente “Ch” e “R”; trata-se das iniciais do nome de Cristo, “Christós“). 

Foi esse o verdadeiro sinal e não uma cruz como disse Rodrigo Silva ou como afirmam alguns. Junto com elas, a seguinte inscrição em latim: “In hoc signo vinces” (“Com este sinal vencerás!”). Constantino mandou gravar o símbolo nos escudos dos soldados e, ao dia seguinte, dia da batalha, derrotou Maxêncio e se tornou o único imperador no Ocidente

O símbolo, de caractere , é formado pela sobreposição das duas primeiras letras (iniciais) chi e rho (ΧΡ) da palavra grega "ΧΡΙΣΤΟΣ" (que quer dizer Cristo) de tal modo a produzir o monograma

A questão toda que ele coloca aí é: A ideia que converter ao cristianismo era favorável e traria um favorecimento político a Constantino. Isso é tão absurdo e tão desenraizado da realidade histórica que existe um historiador Ferdinand Lot, escritor Medievalista, em seu livro a ‘O Fim do mundo Antigo e o início da Idade Média’. Ele faz uma reflexão a respeito disso, porque essa questão de que Constantino teria se convertido por razões políticas e que é uma das principais alegações protestantes e de historiadores modernos que não tem religião, para negar a conversão de Constantino é justamente dizer que ele teria sido movido por um interesse político, tornando-o um político do renascimento, uma espécie de “Napoleão” que finge ser católico para agradar ao Papa, enfim, algo que não tem nada a ver com o tempo de Constantino e com a pessoa de Constantino. Que todos os historiadores sérios dizem que era um homem extremamente atento à realidades espirituais com todos seus problemas, com o que ele julgava ser a verdade, (há de se lembrar que a mãe de Constantino Helena a muito tempo  já era cristã, e isso também contribuiu para a sua conversão), e que não ia adotar uma atitude religiosa por interesses políticos. 

Mas, vamos supor que ele tenha tomado essa decisão conforme diz Rodrigo Silva por razões políticas. Haveria razões políticas para ele se tornar cristão? Ferdinand Lot diz em seu livro: “Pretender que Constantino aderiu ao cristianismo por questões políticas equivale a crer que teria interesse em fazê-lo”, mas, qual interesse? Ou seja, o quê? Tornando-se cristão traria o quê para Constantino? 

Um soberano como Henrique IV (1589-1610), que era herdeiro do trono francês e era Calvinista totalmente incapaz de levar os seus súditos a aderirem sua fé, pois, este na sua grande maioria professava uma doutrina diferente da dele, no caso, ele era protestante, mas, a maioria dos seus súditos era católica, pôde julgar necessário abandonar seus sentimentos pessoais realizar a unidade da crença considerada como indispensável ao bom funcionamento da sociedade. No caso o Henrique IV se converteu ao catolicismo para se tornar rei da França em 1589. Nesse caso, se fosse para adquirir o poder Constantino mesmo se tivesse sido um cristão convicto deveria ter-se feito pagão e não cristão já que a maioria de seu povo era pagão.

A respeito de sua prodigiosa força de propagação durante os três primeiros séculos o cristianismo estava longe de conquistar a maioria dos habitantes do mundo romano. As únicas regiões do início do século IV poderia englobar cerca de metade da população são: a Ásia Menor, atual Turquia, uma parte da Trácia, Chipre e Edessa. Exercia ainda uma notável influência nas classes dirigentes em Antioquia, na Selecíria, em Alexandria, incluindo o Egito e Atebaida, em Roma onde havia cerca de 30.000 cristãos, ou seja, um décimo da população, na Baixa Itália, algumas partes da Alta Itália, na África Proconsular e na Numídia, e ainda algumas parcelas da Tessália, em partes da Macedônia e algumas na costa meridional da Gália. Ou seja, essa era algumas regiões que o cristianismo tinha alguma força. 

Mas, estava muito pouco espalhado na Palestina onde o judaísmo voltara a impor-se, na Fenícia, na Arábia Romana, interior da Acaia, da Macedônia, da Tessalia, da Eber, da Dardânia, da Dalmácia, da Mésia, da Panônia, na Itália do Norte, na Mauritânia e Tripolitania. E era quase inexistente nas costas do Mar Negro, na parte Ocidental da Alta Itália, na Gália Central e Setentrional, na Bélgica, na Germânia, na Rétia e na Bretanha. 

Ou seja, apesar do cristianismo já ter alcançado no começo do século IV todo o Império Romano, na maior parte dele era extremamente minoritário. Assim, os países onde nasceu Constantino e onde seu próprio pai reinou até 312, no caso parte Ocidental do Império Romano, inclui-se os menos cristãos do Império. É paradoxal que o Imperador Constantino, um Ocidental tenha imposto uma que só viera difundir-se na parte oriental do Império. Se houve um Imperador que tivesse algum interesse em abraçar o cristianismo tal foi o caso de Galerius (Galério), e Maximinius Daia que era, no tempo de Constantino Imperadores do Oriente. Os quais foram seus piores inimigos e os maiores perseguidores do cristianismo. Mas, para o soberano reinante no Ocidente, Constantino aliar-se ao cristianismo representava um perfeito absurdo político, mas, era mesmo perigoso, já que o exército, a única força real do Estado Romano era todo ele pagão. Sendo principalmente dedicado ao culto do sol e seria por muito tempo.

Visto que temos constatado que Constantino tinha tudo a perder e aparentemente nada a ganhar ao abraçar o cristianismo, só nos resta uma conclusão possível a que cedeu a um impulso súbito de ordem patológica divina à escolha, jogou a sua sorte ao apostar no Deus dos cristãos. Os espíritos sentiam perturbados pelo trágico destino de todo aqueles que tinham perseguido os cristãos. 

O próprio Galério seu mais feroz adversário acabava de reconhecer-se culpado e implorava as suas vítimas para que rezasse por ele, no caso, Galério antes de morrer editou um Édito de tolerância e colocava fim à perseguição. 

Em Roma Maxcêncio que dispunha de um exército bem mais numeroso fizera encantações a todas as potências divinas e infernais do mundo pagão conhecidas e desconhecidas inflamando a imaginação com suas práticas mágicas. A Constantino só lhes restava tentar a sorte apelando para o novo Deus, o Deus dos cristãos.  

Aí ele pergunta: “Mas, ter-se-á realmente convertido?” Se entender por conversão uma reformulação moral e interna a resposta será sem dúvida negativa. Mas, não se trata disso, trata-se de saber se o imperador após sua vitória sobre Maxcêncio deu mostras oficiais de sua adesão a nova Fé. Tais mostras são inegáveis aí ele (Ferdinando Lot) lista em seguida as provas de que ele teria mesmo aderido ao cristianismo.

Então, equivocadamente afirma Rodrigo Silva e todos os historiadores modernos. Não havia para Constantino interesses políticos em converter ao cristianismo, interesses militares muito menos. Ele tinha tudo a perder, foi uma grande aposta política que deu certo, mas, não, Constantino não foi movido por interesses políticos ao abraçar o cristianismo.

Diz Rodrigo Silva que “Constantino deu liberdade de culto aos cristãos, proibiu as perseguições aos cristãos, e elevou o cristianismo a religião estatal” – sobre isso já foi respondido mas, reforçando que Constantino deu sim liberdade de culto aos cristãos e proibiu a perseguição dentro do Império Romano Ocidental, mas, não foi ele que estabeleceu o cristianismo como religião oficial do Império, mas, o Imperador Teodósio 43 anos depois da morte de Constantino com o Edito de Milão em 06/313; - O Acordo de Milão garantiu a liberdade religiosa aos cristãos do Império Romano. 

Os governantes romanos Constantino I, imperador do Ocidente, e Licínio, imperador do Oriente concordaram com a liberdade de crença para toda população do império, incluindo os cristãos. Devolvendo, inclusive os locais de culto aos cristãos, incluindo até os que já haviam sido vendidos. Porém como já vimos antes da emissão do Édito de Milão, Galério ou Galério, em 30 de abril de 311, promulgou o Édito de Tolerância, também chamado de "Decreto da Indulgência", no qual, buscando harmonia política, reconhece o cristianismo e dá fim à perseguição anticristã. Mas, somente em 380 com o Edito de Tessalônica tornou-se então o Catolicismo a religião oficial do Império Romano,  também conhecido como Cunctos Populos ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador romano Teodósio I (a 27 de fevereiro de 380 d.C), elo qual estabeleceu que o cristianismo tornar-se-ia, exclusivamente, a religião de estado, no Império Romano abolindo todas as práticas politeístas dentro do império e fechando templos pagãos.

Portanto, é um absurdo a afirmação de Rodrigo Silva que busca senão desvirtuar o contexto histórico sem fundamento algum, (e ele como doutor sabe que mente descaradamente), ao afirmar tais coisas que não condiz com a realidade e com os documentos históricos. 

É de uma irresponsabilidade sem tamanho. Uma pessoa, por mais que tenha todos os títulos de doutorado que se propõe a isso em dizer que Constantino tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano, essa pessoa é desprovida de qualquer credibilidade.

Segundo Rodrigo Silva, Constantino pegou as basílicas, que eram templos pagãos de Roma e transformou essas basílicas em templos cristãos.

Um grande absurdo para uma pessoa que se diz doutor, e arqueólogo. As basílicas romanas, antes, eram locais de reunião pública. Utilizadas para o comércio, para os julgamentos, para as grandes assembleias e discussões públicas não eram templos.

Continua Rodrigo Silva... “Quem já foi para a Itália já deve ter visto muito dessas basílicas lá, tem um panteão lá dessa época que você vê que é uma coisa estrondosa. Nos nichos que tinham os deuses pagãos ele tirou e colocou imagens de santos”. “Constantino começo a mudança e a Igreja cristã que até então era Apostólica, agora se tornou Apostólica Romana.”

Talvez ele não sabe que o Panteão se tornou igreja somente em 609; (Em 609, o imperador bizantino Focas ( r. 602–610) deu o edifício ao papa Bonifácio IV ( r. 608–615), que a converteu em uma igreja cristã e consagrou-a a "Santa Maria e os Mártires" em 13 de maio de 609.) 

E não há mal nenhum em reutilizar algo que antes era do mal em favor do bem. Pois, se fosse assim os cultos evangélicos também não poderiam acontecer em salões de festa, em clubes e estádios de futebol. Ou mesmo em locais onde antes eram usados com outros fins. No entanto, os evangélicos alugam prédios que já foram até bares e boates e transforma-os em igrejas.

Também é mentirosa essa afirmação de que foi a partir de Constantino que a Igreja se tornou Apostólica e Romana. Quando nós sabemos pelos escritos dos documentos  que muito antes de Constantino nascer ela já existia em Roma, e o nome Romana só veio a ser acrescido depois para distinguir a Igreja cristã de Roma das demais. Porque a Igreja de Roma é a mais antiga e uma das várias Igrejas Católicas que existem até hoje. 

Não tem nada a ver com Constantino. Igreja, porque é fundada por Jesus Cristo, Católica, porque é uma só em todo mundo. Uma só fé, uma só Igreja, um só batismo. Apostólica porque descende dos Apóstolos Pedro e Paulo, e Romana porque sua Sede oficial está em Roma.  A Igreja de Roma é a mãe de todas as outras Igrejas. Tendo à sua frente o bispo de Roma que também é o Papa.

Um outro ponto que é preciso considerar é que a conversão de Constantino não favoreceu a importância, a cristalização da primazia da Sé Romana, mas, conspirava contra. Não é preciso ser um grande conhecedor de história para entender. Para isso, basta conhecer os fatos. Alguns dos fatos mais fundamentais e fazer breves raciocínios.

Constantino tirou a capital do Império Romano de Roma. Ele não gostava de Roma que trazia para ele lembranças negativas. Roma lembrava crimes que ele lá cometera. Em 324 Constantino resolveu construir uma nova capital que é Constantinopla que foi inaugurada em 330. Levando para lá todos os órgãos de estado tornando aquela capital a capital do Império Romano. Abandonou Roma e nunca mais voltou. Quando ele morreu o império foi dividido entre seus 3 filhos, mas depois foi reunificado pelo seu segundo filho e sucessor Constâncio II, que foi a Roma uma vez por volta de 356. 

Roma foi abandonada pelos imperadores. Se Constantino tivesse interesse em tornar alguma cidade como a capital da Igreja não Roma, mas, Constantinopla. E mesmo quando o Império Romano foi dividido em dois e o Império Romano Oriental seguiu seu caminho e o Império Romano Ocidental voltou a ter um imperador no Ocidente, os imperadores não viveriam em Roma, mas, no norte da Itália, em Milão, em Pávia, em Ravena.

Ainda, segundo Rodrigo Silva, uma das mudanças de Constantino foi o calendário romano. Diz ele: “O calendário foi mudado na época de Júlio Cesar, depois na época do Papa Gregório, a gente fala do calendário juliano e do calendário gregoriano e nessas mudanças que Roma fez tanto na fase imperial como na fase cristã, a gente percebe uma coisa: Nós estamos em que ano agora? (resposta) novembro... mas, é o mês 11. Outubro lembra que número? (resposta) Oito, mas é o mês 10. Dezembro lembra que número? (resposta) 10. Mas é o mês 12. Quem mudou tudo isso? Diz ele, Roma."

Em relação a mudança do calendário, ele fala que Roma modificou o calendário. O que ele não sabe é que Roma fez o calendário, os meses que ele fala em seguida, Roma fez. Mas, aí a gente entende porque ele faz tal afirmação. Porque ele quer justificar (sem nenhum fundamento) uma profecia do Antigo Testamento correspondente a modificação de calendário. Aí, ele pega o calendário juliano que é um calendário pré-cristão, coloca no bojo dessas mudanças do calendário feitas por Roma para justificar uma suposta mudança de calendário que seria a realização da profecia do Antigo Testamento. 

Ele menciona até mesmo a modificação do calendário feito pelo Papa Gregório XIII (denominado de “calendário gregoriano” por causa desse Papa) em 1582 doze séculos depois de Constantino, ou seja, esse argumento dele é chamado de “falácia de conclusão irrelevante”. 

A mudança de calendário do século XVI como uma decorrência imediata do que aconteceu no século IV, para ele demonstrar que o que foi feito a partir de Constantino era uma realização de uma profecia do Antigo Testamento.

 Roma não mudou o calendário Roma fez esses calendários antes de Cristo. E depois o Papa Gregório XIII para fazer uma correção porque se concluiu de acordo com os cálculos astronômicos que estava equivocado, mas essa mudança foi feita na correção dos dias do ano e não nos meses. Os meses sempre foram romanos e continuam assim.

Rodrigo Silva continua seus ataques dizendo que Constantino mudou também as leis de Deus. Diz ele: “Eu convido todo mundo que está em casa a fazer um exercício, no Google você acha isso. Procure em qualquer Bíblia seja de editora católica, ortodoxa ou protestante Êxodo capítulo 20, os dez Mandamentos. E leia como os dez Mandamentos estão em qualquer Bíblia. Depois que você ler os dez Mandamentos como estão na Bíblia, procure o catecismo da Igreja Católica e veja como os dez Mandamentos estão no catecismo. No Catecismo está assim: Amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar o seu santo nome em vão, guardar domingos e festas , honrar pai e mãe, não pecar contra a castidade. Mudaram os Mandamentos.” Para ele quem mudou os Mandamentos? ... Roma. Porque tudo se deu a partir de Constantino uma deformação, etc. porque estava profetizado no Antigo Testamento.

Falta de conhecimento deste senhor que não sabe que as primeiras modificações da estrutura dos Mandamentos já remontavam aos Rabinos. Nós encontramos Filon de Alexandria que foi um grande pensador judeu do século I, fazendo uma simplificação da ordem dos Mandamentos, diferente do que está estruturado no Antigo Testamento. A Igreja católica se quisesse mexer na estruturação dos 10 Mandamentos teria o feito na própria Bíblia. Mas, não. A Bíblia católica está do mesmo jeito que uma bíblia protestante ou na Torah judaica. Os 10 Mandamentos tal como estão no Catecismo não altera a fórmula original como está no Antigo Testamento, apenas o simplifica e reformula à linguagem da Igreja. 

A estrutura atual apresentada pelo Catecismo da Igreja Católica dos 10 Mandamentos remete à Santo Agostinho. Ela é obra principalmente de Santo Agostinho. Mas, nós precisamos considerar três coisas: 

1) Santo Agostinho, não foi Roma. Ele era um bispo de fato da civilização romana pós Constantino, mas, cuja autoridade era reconhecida universalmente pela Igreja por causa da sua grande sabedoria e seu vasto conhecimento e que fez esta estruturação que nós conhecemos. Mas, no final das contas, nem foi Santo Agostinho. A divisão que nós encontramos dos Mandamentos nós já encontramos na Igreja no século II e III na obra de Teófilo de Antioquia (Séc. II) e na de Clemente de Alexandria (Séc. III) e na virada do século IV para o Século V na África com Santo Agostinho. Ou seja, nós encontramos fontes pré- Constantino que servem de base para futura estruturação de Santo Agostinho.

Ou seja, é sempre isso. Eles vão apontar alguma coisa que teria sido uma inovação pós-Constantino e nós encontramos um paralelo, um prelúdio pré-Constantino. 

Qual que é a única tentativa coerente dessas pessoas a final das contas? É retornar ao infinito até Cristo e dos Apóstolos para frente é tudo corrupção. Porque tudo que eles atribuem de essencial, claro, após Constantino as raízes já estão lá na igreja pré-constantiniana. 

2) Lutero e Calvino também fizeram as suas subdivisões próprias dos Mandamentos. 

3) Ele falou "vá em qualquer bíblia, procure na internet...", o que este senhor não sabe, ou se esqueceu que ele nasceu já no tempo da imprensa. Hoje, a Bíblia é acessível a todo mundo. No entanto, na época de Santo Agostinho não era assim. O livro não era acessível a qualquer um. Além de caro, eram rolos e mais rolos de pergaminhos. 

A Escritura era copilada à mão e foi graças aos monges copistas católicos que a Bíblia se espalhou. A simplificação que Santo Agostinho faz baseado na tradição da Igreja pré-Constantino visava facilitar às pessoas que não tinham acesso ao texto bíblico por questões práticas a decorarem, e mais, os Mandamentos tais como estão no Catecismo da Igreja que se alicerça nessa divisão feita por Santo Agostinho, ela visa atender às correções que Jesus fez no Novo Testamento. Por exemplo: “Está escrito não cometerás adultério! Eu, porém, vos digo: Quem olhar para uma mulher e a cobiçar já terá cometido adultério em seu coração”. Não cometerás adultério é o mesmo que não pecar contra a castidade que é o pecado de adultério.

“Não matarás!,  Não adulterarás!,  Não darás falso testemunho!, Honra teu pai e tua mãe!,  Ame ao próximo como a si mesmo!”. (Mt19, 16-19) Veja aqui um clássico exemplo que nem Jesus usa citar os 10 mandamentos como está em Êxodo20. 

 “Eu vos dou um novo Mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos tenho amado!” (Jo13, 34) - o Novo Mandamento de Jesus. Ele não acrescentou mais um nos 10 e fez 11 Mandamentos. Ele deu um Novo Mandamento, o Mandamento da Nova Aliança é o "Amor". Parece simples, mas, ele pede que amemos uns aos outros como o mesmo amor que ele amou e nos ama. AMAR COM O AMOR DE DEUS.

 E aí, tem sentido o que Rodrigo Silva afirma? Claro que não.

 "O amor não faz o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da Lei." Rm13, 10 então, não importa se observamos os Mandamentos tal como está no AT. em Êx.20 ou como está no Catecismo importa que cumpramos o Mandamento de Jesus. AMAR COMO JESUS AMOU! Se conseguirmos isso estamos cumprindo toda a Lei. 

Jesus Cristo, segundo os evangelhos, também não mencionou os 10 Mandamentos da mesma forma que está em Êxodo 20. Pelo contrário, Jesus até os simplificou em dois, amar a Deus e ao próximo. Visto que os nove Mandamentos da Lei de Deus se resumem nestes dois. Quanto à substituição da guarda do sábado pelo domingo e festas de guarda como está estabelecido no Catecismo da Igreja Católica se deve ao fato de que os cristãos desde o início não guardavam mais o sábado como dia do Senhor, mas, o domingo. A guarda do sábado está ligada ao dia da criação e à Páscoa judaica na Antiga Aliança. A guarda do domingo está ligada à Páscoa de Jesus, à sua ressurreição conforme está descrito nos Atos dos Apóstolos. Jesus ressuscitou no domingo, apareceu ressuscitado no domingo, a Eucaristia, também chamada de “fração do pão” e as orações era feita pelos primeiros cristãos no domingo. E aí Rodrigo Silva diz que foi Constantino, que mudou o calendário e a guarda do sábado e a parte que fala não terás outros deuses diante de mim.

Santo Inácio de Antioquia que foi discípulo de São João em sua carta a Magnesius (107 d.C), portanto, bem antes de Constantino, ele combatendo as heresias judaizantes disse: “Nós que antes guardávamos o sábado agora não mais o guardamos, mas, guardamos o dia em que o Senhor ressuscitou, o domingo”. Isso não é no tempo de Constantino. Duzentos anos antes já fora dito sobre a guarda do domingo. Isso só demonstra que não há que se levar em conta por questões históricas de Rodrigo Silva a sério.

Os adventistas (que é o caso de Rodrigo Silva) e as outras denominações sabatistas que atacam a Igreja Católica o fazem ou por falta de conhecimento por maldade. Das duas uma ou ele mente, ou ele sabe e age com desonestidade, ou ele não sabe e vende-se como alguém que sabe.

O que este senhor diz em suas entrevistas muitas vezes de forma maldosa e inescrupulosa, visto que se trata de um doutor em arqueologia, teologia protestante e em patrística não poderia agir senão, com segundos interesses pelos quais é denegrir a Igreja Católica com suas falsas afirmações. O cristão que busca na arqueologia razões para provar sua fé, age como fez o apóstolo Tomé que não acreditou na ressurreição de Jesus e precisou por a mão nas feridas do Ressuscitado para crer.

É lamentável quando vemos pessoas desse naipe mentindo com falsas afirmações a respeito das verdades históricas, não por falta de conhecimento, mas por querer dar crédito à sua denominação.

A Igreja Católica, porém, ao longo de mais de 2000 anos sempre manteve a mesma fé e a mesma doutrina dos Apóstolos. Mesmo nos tempos mais sombrios em que a Igreja passou e mesmo agora com tantas pessoas de dentro ou de fora tentando derrubá-la ela está confiante na promessa de Cristo “as portas do inferno não prevalecerão contra ela!”


Fonte:

Das explicações do Prof.  Lucas Lancaster, História da Igreja. 

     

    

 

 

  

 

 

A FÉ DO CRISTIANISMO DE ONTEM E A FÉ RELATIVISTA EVANGÉLICA DE HOJE

           “Eu vos dou um novo mandamento: Que vos ameis uns aos outros assim como eu vos tenho amado!” – João 13, 34.             É com...