sábado, 8 de novembro de 2025

CORREDENTORA OU COOPERADORA? MEDIANEIRA? Explicações sobre a polêmica do documento "Mater Populis Fidelis"

         


A polêmica em torno do documento do "Mater Populi Fidelis", publicada pelo Prefeito, Cardeal Victor Manuel Fernadez e pelo secretário da seção doutrinária, Monsenhor Armando Matteo,  aprovada pelo Papa Leão XIV em 7 de outubro de 2025 e publicado no dia 4 de novembro, tem provocado polêmica sobretudo em alguns católicos que não entenderam o real propósito do documento.

Esses católicos de “IBGE” trouxeram o debate para as redes sociais lançando a polêmica em torno desse documento sem ao menos na analisar ou procurar entender as razões pelas quais a Igreja se pronunciou a respeito. Aqui vamos explicar de modo a fazer o amigo(a) leitor católico entender as razões que o documento foi publicado e o seu verdadeiro significado. 

Um grupo de católicos havia pedido aos Papas  que proclamasse mais dois dogmas a respeito de Nossa Senhora: O primeiro, “Maria Corredentora” e, o segundo, “Maria Medianeira de todas as graças”.

Mas, embora alguns santos utilizassem ou desse esse título à Maria como “corredentora” e “medianeira”, o fizeram dentro de um contexto particular, mas a Igreja não aceitou isso como dogma.

O Padre Gabriel Vila Verde veio nas redes sociais nos esclarecer sobre o assunto e aqui eu vou transcrever as falas dele para que todos possam compreender. Esclarece o padre:

“O grande problema do católico é querer levar as coisas na emoção e nunca pelo lado da razão", disse o padre.

Existem dois livros que todo católico deveria conhecer assim, de A ao Z, do alfa ao ômega, um é a bíblia sagrada e, vamos confessar, a grande maioria não conhece, por preguiça porque a Igreja orienta. O outro grande livro é o Catecismo da Igreja Católica, que até muita gente tem, mas, não lê e não conhece. Se perguntar qualquer coisa a respeito do catecismo, até fala, ‘o catecismo, catecismo, catecismo’... Mas não tem conhecimento nenhum do que está escrito nele.

Então, como sacerdote é meu dever explicar aos fiéis católicos. Porque eu digo assim, existem dois tipos de protestantes: aqueles que estão fora da Igreja e, esses protestam por natureza e existem os protestantes de dentro da Igreja que fazem muito mal, aliás, nenhum bem.

Vamos entender, vejam bem! A Igreja ela já proclamou 4 dogmas a respeito da Virgem Maria: A maternidade divina (Maria Mãe de Deus), A virgindade perpétua (ela permaneceu virgem antes, durante e depois do parto), a Imaculada Conceição (foi concebida sem a mancha do pecado original) e, esse último é que vai entrar a questão da redenção de Jesus, e a Assunção ao Céu em corpo e alma, que foi o último dogma proclamado pelo Papa Pio XII em 1950.

De lá pra cá alguns grupos dentro da Igreja, não é a totalidade da Igreja, pediram ao Papa que proclamasse mais dois dogmas: o primeiro que Maria é “Corredentora” e o segundo que Maria Santíssima é “Medianeira de todas as graças”.

O Papa João Paulo II, mesmo utilizando essa palavra corredentora, claro, dentro de um contexto, dentro de uma explicação correta, ele não se atreveu a proclamar esses “títulos” como dogmas, porque? Porque ele não encontrou muito fundamento nessa palavra. Também foi solicitado ao Papa Bento XVI, mas, ele também não quis entrar nesse assunto até porque ele preferia o título de “Cooperadora” e não “Corredentora”. Papa Francisco também disse não. E agora o Papa Leão XIV autorizou que o Cardeal Fernandez publicasse esse documento esclarecendo ao povo de Deus o porquê de não proclamar esses “títulos” como dogmas.

Então, tem muita gente, inclusive, amigos meus, na Internet falando de coisas que não entendem. Não entendem mesmo, se for peneirar sai pouca coisa, “pouca farinha” no que diz respeito ao conhecimento da doutrina católica. Eu não falo de amor e devoção à Nossa Senhora. Vejam bem! Quem tem amor à Nossa Senhora, quando ouve uma notícia dessas vai achar que Nossa Senhora não é corredentora nem medianeira. [...] Como se ofendesse a nossa mãe biológica. Mas, que foi que disse que não proclamar esses “títulos” como dogma a ofende?

Pelo contrário, o catecismo que muita gente diz conhecer, mas não conhece. Se pegarmos o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 963, “Maria Mãe de Cristo, mãe da Igreja”, esses parágrafos vão falar da relação que Nossa Senhora tem com seu filho Jesus. Mas, o parágrafo 969 em diante, vamos ver o que a Igreja diz. O católico não pode apegar em algo que pessoas dizem, “porque fulano diz isso e tem autoridade pra falar”, não tem, a autoridade na Igreja é o catecismo, autoridade na Igreja é o Magistério. Se eu que sou padre dizer algo contrário ao que está escrito aqui e contra o que está escrito na Sagrada Escritura, eu não tenho autoridade, a igreja não me deu autoridade pra isso. No dia da minha ordenação a Igreja disse: “Você promete ensinar a fé católica”; e a fé católica é o que está escrito aqui. Não é a opinião de A ou de B, a devoção de isto ou aquilo.

Assim diz o catecismo: “Essa maternidade de Maria na economia da graça perdura initerruptamente , a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação e, que sob a cruz, resolutamente manteve até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou        este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a nos alcançar os dons da salvação eterna. [...] Por isso, a Bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora e medianeira”. (CIC-969)

        Note que não existe este título “Corredentora” no catecismo. A Igreja utiliza os títulos: Advogada nossa, Auxiliadora, Protetora e Medianeira. Nós vamos entrar mais à frente na explicação do “Medianeira”.

        Vamos continuar...

Parágrafo 970 do catecismo: “A maternidade de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação única de Cristo, ao contrário, mostra sua eficácia. De fato, toda salutar ação da Bem-aventurada Virgem [...] deriva dos superabundantes méritos de Cristo, apoia-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda sua força”.

Ou seja, tudo que há em Maria depende de Jesus Cristo. Ela é o que é por causa dele não o contrário. Jesus não é Jesus por causa de Maria, Maria é Maria por causa de Jesus.

Continua o parágrafo [...] “Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo Encarnado e Redentor. Entretanto, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos – seja pelos ministros, seja pelo povo fiel – e a da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas diversificada cooperação que participa de uma única fonte”.

 

Ou seja, tudo que há em Maria depende de Jesus Cristo. Ela é o que é por causa dele e não o contrário. Nenhuma criatura pode ser equiparada, (ou seja, colocada em pé de igualdade) a Jesus Cristo, nem mesmo Nossa Senhora.

“Corredentora” os santos no passado já utilizam este título. É errado? Depende de como o sentido desta palavra é explicado. Mas se a Igreja proclamar isso como dogma fica uma coisa sem sentido. Por exemplo: Existem algumas paróquias pelo Brasil afora que possui um padroeiro, mas ali naquela mesma paróquia existe um santo de muita devoção, até mesmo de mais devoção que o próprio padroeiro. E aí a Igreja coloca aquele santo como Co padroeiro, ou seja, padroeiro ao lado do principal. Quando eu utilizo a palavra corredentora, o que é que pode gerar na cabeça dos menos esclarecidos, não falo dos protestantes, não! Ah! Mas, a Igreja fez isso para agradar os protestantes. Nada a ver. É porque se eu digo é “corredentora” pode causar uma confusão na mente dos fiéis, como se a redenção oferecida por Jesus precisasse também da redenção da Virgem Maria, o que seria uma heresia, é um absurdo teológico porque a Sagrada Escritura e o catecismo da Igreja e o Magistério sempre apontaram Jesus Cristo como único e necessário Redentor. E a aí o catecismo diz “que nenhuma criatura pode ser equiparada, em matéria de redenção”, a redenção é de Cristo.

Eu já havia explicado, que Nossa Senhora está tão unida a Jesus que se naquele tempo houvesse exame de DNA, e que se alguém pegasse um algodão e, na hora que Jesus estava lá na cruz e se colhesse um pouquinho do sangue e levasse para fazer DNA, ali daria o sangue de Nossa Senhora. Porque Jesus como filho, como Verbo não tem corpo, ele assumiu a natureza humana quando Nossa Senhora deu o seu sim. Então ali ele se torna carne, então o sangue que correu nas veias de Jesus é um sangue humano e o material genético de Jesus homem é om material genético de Maria. Mas, eu não posso dizer que para Jesus me salvar ele depende de uma corredentora ao seu lado. Isso não tem base teológica. É por isso que a Igreja preferiu usar o título de “Cooperadora”, mesmo que lá no passado alguns santos utilizou o título de “Corredentora”, sim, mas a Igreja ela vai compreendendo que certas palavras não precisam ser utilizadas, existem outras que podem explicar de forma melhor sem nenhum problema. Em nada diminui o papel da Virgem Maria na história da Salvação. Ela cooperou gerando o Redentor no seu ventre, dando à luz, cuidando de Jesus em toda sua vida até a descida do Espírito Santo. Desse modo ela estava lá cooperando, colaborando com Cristo na história da salvação.

Mas, corredentora? [...] a palavra “redentor” é exclusiva a Cristo.

Tem gente bradando e não leu o documento, pegou uma frase tipo, “Papa diz que Maria não é corredentora”, pronto! Eis o prato cheio para fazer minha live. Ou até para ganhar seguidores e visualizações. Tem muita gente por aí usando Nossa Senhora para ter engajamento e seguidores. Não é para defender a Fé católica, porque se fosse para defender a Virgem Maria não colocaria o povo contra a Igreja de Cristo. Porque se existe uma coisa que Maria é, é ser mãe de Igreja. E uma coisa que ela não quer é divisão na Igreja.

Como disse Dom Henrique Soares, “Quando colocamos na posição acima da Igreja para julgá-la já deixou de ser católico”.  A Igreja é mãe e mestra.

Ela é mãe na fé e ensina os cristãos. Estamos lendo o catecismo. Ou alguém aqui vai dizer que o catecismo está errado?

É preciso repensar a compreensão de catolicismo.  Repito! Cuidado com essas pessoas que estão utilizando dessas polêmicas para ganhar seguidores, para ter engajamento, porque engajamento na internet é clientela. Quanto mais seguidores eu tenho, mais aumenta a minha clientela, mais conteúdo continuo vendendo. Não seja um católico tolo!

 

Continua [...] “Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo Encarnado e Redentor. Entretanto, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos – seja pelos ministros, seja pelo povo fiel – e a da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas diversificada cooperação que participa de uma única fonte”. 

Olha a palavra “cooperação” aparecendo no Catecismo. Eu posso dizer que Maria cooperou no mistério da salvação? Posso e isso não é heresia porque ela cooperou mesmo. O sacerdote, a partir do momento que a Igreja o ordena, ele participa do sacerdócio de Cristo. Quando o sacerdote absolve os pecados, ele absolve na pessoa de Cristo, quando consagra o pão e o vinho, o sacerdote consagra na pessoa de Cristo, ou seja, o sacerdote de certo modo coopera, colabora, mas o sacerdote não redime ninguém. Quem vai redimir é Cristo. E essa redenção não precisa de ajuda. O sacerdote colabora com o mistério de Cristo, mas, ele é o Redentor, único e exclusivo de todas as criaturas, inclusive de Nossa Senhora.

 

Vamos entender o mistério da Imaculada Conceição – quando a Igreja afirma que Maria é imaculada, a Igreja não está dizendo que ela não precisou de salvação. Até porque no canto do Magnificat Nossa Senhora diz assim, “a minha alma se engrandece no Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu salvador”.  Se Nossa Senhora disse, “meu Salvador”, então é porque ela assumiu que foi salva por Deus. Mas, a salvação de Maria acontece no momento de sua concepção. Aí a Igreja vai dizer, “em vista dos méritos de Cristo, Maria foi isenta do pecado original”, ou seja, naquela hora ela foi salva por Jesus. O Cristo a salvou, ela foi redimida no primeiro instante de sua concepção. Ali aconteceu um grande milagre de salvação e ela entra no grupo dos salvos.

O problema do povo católico é se levar pela emoção. O documento não traz nada de errado e só reafirma aquilo que a Igreja ensina e prega a séculos. Os padres formados em mariologia estão também de acordo com o documento e afirmam que nele não há erros doutrinários. A redenção é única de Jesus e Maria também foi redimida no momento de sua concepção, aí está o dogma

Ah! Mas Maria estava aos pés da cruz, Maria sofreu, derramou lágrimas e todo aquele sofrimento o Pai aproveitou de alguma forma.  Como aproveita o meu e o seu sofrimento, como por exemplo quem oferece os sofrimentos pelos sacerdotes.

Essa palavra “corredenção” mal explicada ou mal compreendida causa confusão. Não se trata de diminuir Nossa Senhora, de tirar a Virgem Maria de seu lugar de honra e coloca-la em um lugar comum, não é isso.

Quanto ao título de “Medianeira”, quer dizer que agora a Igreja tirou o seu título de medianeira? Não. A Igreja só pediu cuidado ao utilizar o título “Medianeira de todas as graças”. Sim ela é medianeira, mas ela alcança de Jesus, seu filho para nós.

Não é a toa que a devoção da Medalha Milagrosa, Nossa Senhora apareceu à Santa Caratina de Labouré, Nossa Senhora aparece derramando graças e diz: “Essas são as graças que as pessoas não me pedem”. E no verso da medalha milagrosa, aparece entrelaçada à cruz a letra M, de Maria, simbolizando a cooperação de Maria na obra da salvação. Mas, na primeira aparição de Nossa Senhora à Santa Catarina, na madrugada do dia 18 para 19 de julho de 1830 ela aponta para o Sacrário e disse que “no momento de provação ela fosse aos pés do altar e lá ela encontraria consolo.”

Ou seja, quando eu digo que Maria participa do mistério da salvação é porque ela aponta Jesus, ela não aponta para si.

E quando dizemos que ela é Medianeira, é porque ela participa da única mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Porque só há um mediador entre Deus e os homens, afirma a Sagrada Escritura. Assim como o sacerdote participa do único sacerdócio de Jesus Cristo, Maria Santíssima participa da única mediação de Jesus.  Então, ela é sim, medianeira. A Igreja não proibiu de chama-la de medianeira, porque até está no Catecismo. A Igreja só pede no documento uma cautela ao dizer ‘medianeira de todas as graças’ porque isso deve ser explicado. E como ela é medianeira de todas as graças?  A partir do momento em que ela participa da única mediação de Cristo. A Igreja não vai tirar esse título, existem até paróquias e comunidades com esse nome “Medianeira”, a Igreja vai tirar esses nomes? Não vai. Agora a palavra “corredentora” utilizada poucas vezes, nessas poucas vezes foi utilizada dentro de um contexto. Agora proclamar como dogma a Igreja disse que não há necessidade.

Nossa Senhora tem o seu lugar, esse lugar jamais será ocupado por ninguém. Agora o que ela não quer é ocupar o lugar de Jesus. E digo mais, todas as vezes que a gente honra o Filho, Nossa Senhora fica imensamente feliz porque como ela mesmo disse nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser!”       


Fonte: (Padre Gabriel Vila Verde, Youtube) 

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 É coisa de protestante tirar versículos isolados da Bíblia para construir um argumento teológico que lhes agrada e tanto o versículo, quanto o argumento, na maioria das vezes fica sem contexto e o explicável torna inexplicável.

Isso acontece pelo livre exame das Escrituras (Sola Scriptura), e a falta do Magistério. Com isso, muitas doutrinas absurdas e heresias surgem nestas seitas todo dia, pois, sem um consenso entre as denominações, a doutrina em uma determinada igreja não é a mesma de outra causando ainda mais divisões, brigas disputas e confusões. [...] Esse documento quer esclarecer de uma vez por todas qual é o verdadeiro papel de Nossa Senhora na Igreja. Não se trata de diminuir Nossa Senhora, não! Mas, dar-lhe o lugar que ela teve desde sempre na Igreja.    

Na Igreja Católica, o livre exame das Escrituras é vedado. Porque isso cabe ao Magistério da Igreja (aos bispos legítimos sucessores dos Apóstolos), como também a doutrina é uma só em toda parte. Uma só fé, um só Batismo, uma só doutrina.

Nenhum padre, religioso, religiosa, nenhum leigo evangelizador ou catequista, não pode sair por aí ensinando algo que não está no Catecismo e na Sagrada Escritura. O padre Gabriel Vila Verde deixou isso bem claro em seu vídeo quando ele diz, “Eu quando me tornei sacerdote jurei ensinar a Doutrina da Igreja”, isto é nenhum católico pode construir uma doutrina diferente e sair por aí pregando, fazendo vídeos e atacando o Magistério.

Quando a Igreja lança um documento, primeiro temos que ler, entender o que está no documento e se não entender procurar alguém que lhe ajude. O padre Gabriel disse em seu vídeo, “Eu procurei dois dos maiores mariólogos brasileiros para ter a opinião deles sobre este documento e todos eles disseram que não há nada de errado com ele”.

Quando nós damos o título de “Corredentora” à Virgem Maria, sem uma explicação [e isso é muito complicado explicar] dentro de um contexto pode parecer que nós estamos afirmando que para redimir a humanidade Jesus precisou de Maria. E como o padre mesmo explicou, afirmar isso é heresia grave. Maria cuidou do lado humano de Jesus, esteve com ele até aos pés da cruz. Esteve com a Igreja em Pentecostes. Mas, a redenção é única de Cristo porque somente a Deus coube essa missão. Maria, foi serva, ajudou, sim, mas não tem a atribuição redentora. Dizer isso não é ofensa, é colocar Maria no seu devido lugar, que ela sabe muito bem, mas, que alguns católicos não sabem. Maria não pode salvar ninguém porque ela também foi salva, ainda que antecipadamente, como afirma o dogma da Imaculada Conceição, ela aponta para o seu filho Redentor. O problema de alguns católicos é inverter a seta. Atribuem a ela uma função que nem ela mesma ousou dizer, “eis aqui a serva do Senhor faça-se em mim segundo a vossa palavra”, disse Maria ao anjo no momento da Anunciação.        

No passado, alguns santos usaram esse título, mas dentro de um contexto muito específico, no sentido de que ela colaborou em tudo após seu sim no mistério da Redenção.

Jesus feito homem, o Verbo encarnado, precisou de cuidados como toda pessoa humana. Maria e José cuidaram de Jesus. José até certo ponto, Maria até aos pés da cruz. Ela sofreu na alma tudo por nós, conforme Simeão havia predito, “e uma espada vos trans passará a alma”, no entanto, não podemos dizer que Maria é corredentora neste sentido, algo que é obra exclusiva de Jesus.

Então, a palavra corredentora é utilizada muitas vezes de forma errada e causa problemas teológicos graves e é isso que o documento vem tratar.

A Igreja prefere a palavra cooperadora, porque de fato, Maria foi cooperadora da obra da Redenção. Ela foi Mãe, fiel discípula e esteve presente até aos pés da Cruz.

O Catecismo, no parágrafo 960, vai dizer isso. Um dos títulos de Nossa Senhora é “Cooperadora” – Corredentora, não!

Outro fato, é que o documento pede cautela sobre o título de Maria “Medianeira de todas as graças”. "Medianeira", mas,  devemos entender bem essa palavra, o que ela significa.

Significa o caráter intercessor de Maria. Ou seja, ela roga por nós, intercede por nós junto ao seu filho Jesus. Por ser a Mãe de Deus, ela caminha, roga e zela por nós.  

Mas se colocarmos essa palavra “medianeira” no mesmo patamar (em pé de igualdade) de “Mediador” que é Jesus está errado porque damos à Maria uma função que ela não tem. Ao dizermos damos à Maria o papel de salvadora na Mediação única de Cristo e, isso é heresia grave, damos a ela o papel que ela não tem, pois, a Mediação é única e exclusivamente de Cristo. Porém a mediação de Nossa Senhora e de todos os santos só tem sentido porque está ligada à Mediação única de Cristo. Nesse sentido nós também ainda neste mundo podemos mediar, isto é interceder uns pelos outros porque fazemos parte da comunidade dos redimidos, ou seja, da Igreja. 

E mais ainda, é perigoso e errado dizer que Maria é medianeira de todas as graças porque seria certo se pudéssemos excluir a única graça suficiente que é a Salvação. Maria não tem esse papel, a graça da salvação não passa por Maria, ela é exclusiva de Cristo. Então ela é medianeira? Sim, ela é, mas, no caráter de intercessão e não de salvação. Ela é o canal de inúmeras graças, mas, a graça que ela nos concede é por meio de seu filho Jesus Cristo.

O cuidado que devemos ter com essa afirmação “medianeira de todas as graças” é importante, porque devemos analisar também, que no sentido de intercessão todos os santos tem esse papel, de serem canais da graça. Tanto Nossa Senhora, quanto os demais santos são intercessores, porém, a Igreja destaca o papel de Maria em primeiro lugar, não porque ela é maior que os outros no céu, mas, porque ela é a Mãe de Deus.

As palavras se forem bem colocadas e bem aplicadas podem produzir efeitos bons ou ruins, depende do contexto e é isso que a Igreja quer explicar com o documento “Mater Populi Fidelis”. Para que os católicos entendam que certas palavras, se usadas fora de contexto pode provocar confusão. E a Igreja não quer isso, ela quer união.          

   

 

 

      

 

             

      

       

 

      

 

             

      

       

 

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