sábado, 8 de novembro de 2025

MARIA, CORREDENTORA OU COOPERADORA? MEDIANEIRA? Explicações sobre a polêmica do documento "Mater Populis Fidelis"

         


A polêmica em torno do documento do "Mater Populi Fidelis", publicada pelo Prefeito, Cardeal Victor Manuel Fernadez e pelo secretário da seção doutrinária, Monsenhor Armando Matteo,  aprovada pelo Papa Leão XIV em 7 de outubro de 2025 e publicado no dia 4 de novembro, tem provocado polêmica sobretudo em alguns católicos que não entenderam o real propósito do documento.

Esses católicos de “IBGE” trouxeram o debate para as redes sociais lançando a polêmica em torno desse documento sem ao menos na analisar ou procurar entender as razões pelas quais a Igreja se pronunciou a respeito. Aqui vamos explicar de modo a fazer o amigo(a) leitor católico entender as razões que o documento foi publicado e o seu verdadeiro significado. 

Um grupo de católicos havia pedido aos Papas  que proclamasse mais dois dogmas a respeito de Nossa Senhora: O primeiro, “Maria Corredentora” e, o segundo, “Maria Medianeira de todas as graças”.

Mas, embora alguns santos utilizassem ou desse esse título à Maria como “corredentora” e “medianeira”, o fizeram dentro de um contexto particular, mas a Igreja não aceitou isso como dogma.

O Padre Gabriel Vila Verde veio nas redes sociais nos esclarecer sobre o assunto e aqui eu vou transcrever as falas dele para que todos possam compreender. Esclarece o padre:

“O grande problema do católico é querer levar as coisas na emoção e nunca pelo lado da razão", disse o padre.

Existem dois livros que todo católico deveria conhecer assim, de A ao Z, do alfa ao ômega, um é a bíblia sagrada e, vamos confessar, a grande maioria não conhece, por preguiça porque a Igreja orienta. O outro grande livro é o Catecismo da Igreja Católica, que até muita gente tem, mas, não lê e não conhece. Se perguntar qualquer coisa a respeito do catecismo, até fala, ‘o catecismo, catecismo, catecismo’... Mas não tem conhecimento nenhum do que está escrito nele.

Então, como sacerdote é meu dever explicar aos fiéis católicos. Porque eu digo assim, existem dois tipos de protestantes: aqueles que estão fora da Igreja e, esses protestam por natureza e existem os protestantes de dentro da Igreja que fazem muito mal, aliás, nenhum bem.

Vamos entender, vejam bem! A Igreja ela já proclamou 4 dogmas a respeito da Virgem Maria: A maternidade divina (Maria Mãe de Deus), A virgindade perpétua (ela permaneceu virgem antes, durante e depois do parto), a Imaculada Conceição (foi concebida sem a mancha do pecado original) e, esse último é que vai entrar a questão da redenção de Jesus, e a Assunção ao Céu em corpo e alma, que foi o último dogma proclamado pelo Papa Pio XII em 1950.

De lá pra cá alguns grupos dentro da Igreja, não é a totalidade da Igreja, pediram ao Papa que proclamasse mais dois dogmas: o primeiro que Maria é “Corredentora” e o segundo que Maria Santíssima é “Medianeira de todas as graças”.

O Papa João Paulo II, mesmo utilizando essa palavra corredentora, claro, dentro de um contexto, dentro de uma explicação correta, ele não se atreveu a proclamar esses “títulos” como dogmas, porque? Porque ele não encontrou muito fundamento nessa palavra. Também foi solicitado ao Papa Bento XVI, mas, ele também não quis entrar nesse assunto até porque ele preferia o título de “Cooperadora” e não “Corredentora”. Papa Francisco também disse não. E agora o Papa Leão XIV autorizou que o Cardeal Fernandez publicasse esse documento esclarecendo ao povo de Deus o porquê de não proclamar esses “títulos” como dogmas.

Então, tem muita gente, inclusive, amigos meus, na Internet falando de coisas que não entendem. Não entendem mesmo. Se for peneirar sai pouca coisa, “pouca farinha”, no que diz respeito ao conhecimento da doutrina católica. Eu não falo de amor e devoção à Nossa Senhora. Vejam bem! Quem tem amor à Nossa Senhora, quando ouve uma notícia dessas vai achar que Nossa Senhora não é corredentora nem medianeira. [...] É como se ofendesse a nossa mãe biológica, entende? Mas, quem disse que não proclamar esses “títulos” como dogma a ofende?

Pelo contrário, isso não ofende em nada a Virgem Maria. O Catecismo que muita gente diz conhecer, mas não conhecem. Se pegarmos o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 963, “Maria Mãe de Cristo, mãe da Igreja”, esses parágrafos vão falar da relação que Nossa Senhora tem com seu Filho Jesus. Mas, o parágrafo 969 em diante, e esse é o que nos interessa, vamos ver o que a Igreja diz. O católico não pode se apegar em algo que pessoas dizem, “porque fulano diz isso e tem autoridade pra falar”, não tem! A autoridade na Igreja é o Catecismo, a autoridade na Igreja é o Magistério. Se eu que sou padre dizer algo contrário ao que está escrito aqui e contra o que está escrito na Sagrada Escritura, eu não tenho autoridade, a igreja não me deu autoridade pra isso. No dia da minha ordenação a Igreja disse: “Você promete ensinar a fé católica?” E a fé católica é o que está escrito aqui, neste livro. Não é a opinião de A ou de B, ou a devoção de isto ou aquilo que é a verdade. A Verdade está na Bíblia e na doutrina do Catecismo definida pelo Magistério.  

Assim diz o catecismo: “Essa maternidade de Maria na economia da graça perdura initerruptamente , a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação e, que sob a cruz, resolutamente manteve até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou        este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a nos alcançar os dons da salvação eterna. [...] Por isso, a Bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora e medianeira”. (CIC-969)

        Note que: Não existe este título “Corredentora” no Catecismo. A Igreja utiliza os títulos: Advogada nossa, Auxiliadora, Protetora e Medianeira. Nós vamos entrar mais à frente na explicação do que significa “Medianeira”.

        Vamos continuar...

Parágrafo 970 do catecismo: “A maternidade de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação única de Cristo, ao contrário, mostra sua eficácia. De fato, toda salutar ação da Bem-aventurada Virgem [...] deriva dos superabundantes méritos de Cristo, apoia-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda sua força”.

Ou seja, tudo que há em Maria depende de Jesus Cristo. Ela é o que é por causa dele não o contrário. Jesus não é Jesus por causa de Maria, Maria é Maria por causa de Jesus.

Continua o parágrafo [...] “Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo Encarnado e Redentor. Entretanto, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos – seja pelos ministros, seja pelo povo fiel – e a da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas diversificada cooperação que participa de uma única fonte”.

 

Ou seja, tudo que há em Maria depende de Jesus Cristo. Ela é o que é por causa dele e não o contrário. Nenhuma criatura pode ser equiparada, (ou seja, colocada em pé de igualdade) a Jesus Cristo, nem mesmo Nossa Senhora.

A palavra “Corredentora”, os santos no passado já utilizam este título. É errado? Depende de como o sentido desta palavra é explicado. Mas, se a Igreja proclamar isso como dogma fica uma coisa sem sentido. Por exemplo: Existem algumas paróquias pelo Brasil afora que possui um padroeiro, mas ali naquela mesma paróquia existe um santo de muita devoção, até mesmo de mais devoção que o próprio padroeiro. E aí a Igreja coloca aquele santo como Co padroeiro, ou seja, padroeiro ao lado do principal. Quando eu utilizo a palavra corredentora, o que é que pode gerar na cabeça dos menos esclarecidos? Não falo dos protestantes, não! Ah! Mas, a Igreja fez isso para agradar os protestantes. Nada a ver. É porque se eu digo é Maria é  “corredentora” pode causar uma confusão na mente dos fiéis, como se a redenção oferecida por Jesus precisasse também da redenção da Virgem Maria, ou Maria estivesse em pé de igualdade com Jesus, o que seria  heresia, é um absurdo teológico porque a Sagrada Escritura e o catecismo da Igreja e o Magistério sempre apontaram Jesus Cristo como Único e necessário Redentor. E a aí o catecismo vai afirmar dizendo: Que nenhuma criatura pode ser equiparada, em matéria de redenção”, a redenção é de Cristo.

Eu já havia explicado, que Nossa Senhora está tão unida a Jesus que se naquele tempo houvesse exame de DNA, e que se alguém pegasse um algodão e na hora que Jesus estava lá na cruz colhesse um pouquinho do sangue e levasse para fazer DNA, ali daria o sangue de Nossa Senhora.               Porque Jesus,  como Verbo não tem corpo, ele assumiu a natureza humana quando Nossa Senhora deu o seu sim. Então ali ele se tornou carne, então o sangue que correu nas veias de Jesus é um sangue humano e o material genético de Jesus homem é o mesmo material genético de Maria. 

Mas, eu não posso dizer que para Jesus me salvar ele depende de uma corredentora ao seu lado. Isso não tem base teológica. É por isso que a Igreja preferiu usar o título de “Cooperadora” no lugar de "corredentora", mesmo que lá no passado alguns santos tenha utilizado o título de “Corredentora”, sim, mas a Igreja ela vai compreendendo que certas palavras não precisam ser utilizadas, existem outras que podem explicar de forma melhor sem nenhum problema. 

Isso em nada diminui o papel da Virgem Maria na história da Salvação. Ela cooperou gerando o Redentor no seu ventre, dando à luz, cuidando de Jesus em toda sua vida até a descida do Espírito Santo. Desse modo ela estava lá cooperando, colaborando com Cristo na história da salvação.

Mas, corredentora? [...] a palavra “redentor” é exclusiva a Cristo.

Tem gente bradando e não leu o documento, pegou uma frase tipo, “Papa diz que Maria não é corredentora”, pronto! Eis o prato cheio para fazer minha live. Ou até para ganhar seguidores, e visualizações. 

Tem muita gente por aí usando Nossa Senhora para ter engajamento e seguidores. Não é para defender a Fé católica, porque se fosse para defender a Virgem Maria não colocaria o povo contra a Igreja de Cristo. Porque se existe uma coisa que Maria é, é ser mãe de Igreja. E uma coisa que ela não quer é divisão na Igreja.

Como disse Dom Henrique Soares, “Quando colocamos na posição acima da Igreja para julgá-la já deixou de ser católico”.  A Igreja é mãe e mestra.

Ela é mãe na fé e ensina os cristãos. Estamos lendo o que diz o Catecismo. Ou alguém aqui vai dizer que o catecismo está errado?

É preciso repensar a compreensão de catolicismo.  Repito! Cuidado com essas pessoas que estão utilizando dessas polêmicas para ganhar seguidores, para ter engajamento, porque engajamento na internet é clientela. Quanto mais seguidores eu tenho, mais aumenta a minha clientela, mais conteúdo continuo vendendo. Não seja um católico tolo!

 

Continua o sacerdote [...] Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo Encarnado e Redentor. Entretanto, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos – seja pelos ministros, seja pelo povo fiel – e a da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas diversificada cooperação que participa de uma única fonte”. 

Olha a palavra “cooperação” aparecendo no Catecismo. Eu posso dizer que Maria cooperou no mistério da salvação? Sim, posso e isso não é heresia porque ela cooperou mesmo. O sacerdote, a partir do momento que a Igreja o ordena, ele participa do sacerdócio de Cristo. Quando o sacerdote absolve os pecados, ele absolve na pessoa de Cristo, quando consagra o pão e o vinho, o sacerdote consagra na pessoa de Cristo, ou seja, o sacerdote de certo modo coopera, colabora, mas o sacerdote não redime ninguém. Quem vai redimir é Cristo. E essa redenção não precisa de ajuda. O sacerdote colabora com o mistério de Cristo, mas, ele é o Redentor, único e exclusivo de todas as criaturas, inclusive de Nossa Senhora.

 

Vamos entender o mistério da Imaculada Conceição – quando a Igreja afirma que Maria é imaculada, a Igreja não está dizendo que ela não precisou de salvação. Até porque no canto do Magnificat Nossa Senhora diz assim, “a minha alma se engrandece no Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu salvador”.  Se Nossa Senhora disse, “meu Salvador”, então é porque ela assumiu que foi salva por Deus. Mas, a salvação de Maria acontece no momento de sua concepção. Aí a Igreja vai dizer, “em vista dos méritos de Cristo, Maria foi isenta do pecado original”, ou seja, naquela hora ela foi salva por Jesus". O Cristo a salvou, ela foi redimida no primeiro instante de sua concepção. Ali aconteceu um grande milagre de salvação e ela entra no grupo dos salvos.

O problema do povo católico é deixar se levado pela emoção. O documento não traz nada de errado e só reafirma aquilo que a Igreja ensina e prega a séculos. Os padres formados em mariologia estão também de acordo com o documento e afirmam que nele não há erros doutrinários. A redenção é única de Jesus e Maria também foi redimida no momento de sua concepção, aí está o dogma.

Ah! diriam, "Maria estava aos pés da cruz, Maria sofreu, derramou lágrimas" [...] Todo aquele sofrimento de Maria o Pai aproveitou de alguma forma.  Como aproveita o meu e o seu sofrimento, como por exemplo, quem oferece os seus sofrimentos pelos sacerdotes.

Essa palavra “corredenção” mal explicada ou mal compreendida causa muita confusão. Não se trata de diminuir Nossa Senhora, de tirar a Virgem Maria de seu lugar de honra e coloca-la em um lugar comum, não é isso.

Quanto ao título de “Medianeira”, quer dizer que agora a Igreja lhe tirou o seu título de medianeira? Não. A Igreja só pediu cuidado ao utilizar o título “Medianeira de todas as graças”. [Esse complemento 'de todas as graças' que é o X da questão]. Sim, ela é medianeira, mas, ela alcança as graças de Jesus, seu filho para nós.

Não é a toa que a devoção da Medalha Milagrosa, quando Nossa Senhora apareceu à Santa Catarina de Labouré, Nossa Senhora aparece derramando graças e diz: “Essas são as graças que as pessoas não me pedem”. E no verso da medalha milagrosa, aparece entrelaçada aos pés da cruz a letra M, (de Maria), simbolizando a cooperação de Maria na obra da salvação. Mas, na primeira aparição de Nossa Senhora à Santa Catarina de Labouré, na madrugada do dia 18 para 19 de julho de 1830 ela aponta para o Sacrário e diz para ela que: “no momento de provação ela fosse aos pés do altar e lá ela encontraria consolo.” [Ou seja, no momento da provação ela deveria procurar conforto, não nela, mas, em seu Filho Jesus, presente no Santíssimo Sacramento.]  

Ou seja, quando eu digo que Maria participa do mistério da salvação é porque ela aponta Jesus, ela não aponta para si. [Ela própria reconhece seu lugar, mas, muitas vezes os católicos é que dão o lugar que Maria não tem.]

E quando dizemos que ela é "Medianeira", é porque ela participa da única mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo. [E é Nosso Senhor Jesus Cristo dispõe as graças que ela nos traz]. 

Porque só há um mediador entre Deus e os homens, afirma a Sagrada Escritura. Assim como o sacerdote participa do único sacerdócio de Jesus Cristo, Maria Santíssima participa da única mediação de Jesus.  Então, ela é sim, medianeira. A Igreja não proibiu de chama-la de medianeira, porque até está no Catecismo. A Igreja só pede no documento uma cautela ao dizer ‘medianeira de todas as graças’ porque isso deve ser explicado [E nem todos tem essa explicação]. 

E como ela é medianeira de todas as graças?  A partir do momento em que ela participa da única mediação de Cristo. A Igreja não vai lhe tirar esse título, existem até paróquias e comunidades com esse nome “Medianeira”, a Igreja vai tirar esses nomes? Não vai. Agora a palavra “corredentora” utilizada poucas vezes, nessas poucas vezes foi utilizada dentro de um contexto. Agora proclamar como dogma a Igreja disse que não há necessidade.

Nossa Senhora tem o seu lugar, esse lugar jamais será ocupado por ninguém. Agora o que ela não quer é ocupar o lugar de Jesus. E digo mais, todas as vezes que a gente honra o Filho, Nossa Senhora fica imensamente feliz porque como ela mesmo disse nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser!”       


Fonte: (Padre Gabriel Vila Verde, Youtube) 


 É coisa de protestante tirar versículos isolados da Bíblia para construir um argumento teológico que lhes agrada e tanto o versículo, quanto o argumento, na maioria das vezes fica sem contexto e o explicável torna inexplicável. E existem os católicos protestanizados que não estudam, que não conhecem a doutrina e, quando a Igreja se levanta para esclarecer alguma coisa acham que o Papa e os bispos são hereges. Aí criam polêmicas e difamam a Santa Igreja. Há ainda,  outros que inventam doutrinas que não existem. Outros que correm atrás de achismos, falsas aparições e locuções interiores, sem ao menos discernir se isso é certo ou errado, se vem de Deus ou do diabo.  

No meio protestante acontece pelo livre exame das Escrituras (Sola Scriptura), e a falta do Magistério. Com isso, muitas doutrinas absurdas e heresias surgem nestas seitas todo dia, pois, sem um consenso entre as denominações, a doutrina em uma determinada igreja não é a mesma de outra causando ainda mais divisões, brigas disputas e confusões. No meio católico acontece por pessoas, os católicos de "IBGE, e os acomodados que não estudam o Catecismo, não leem a Bíblia, não se interessam em pesquisar ou ir atrás das verdadeiras fontes. Esses são os piores porque são como ervas daninhas destruindo a plantação. Essas pessoas criam polêmicas e divisões na Igreja. E o pior vão para a internet dizer besteiras e encher a cabeça das pessoas simples, causando escândalo.

 Mais absurdo ainda é ver padres e religiosos discordando do documento sem ao menos ler e analisar o seu conteúdo. Pessoas que ao invés de buscar o entendimento na Doutrina preferem causar ainda mais polêmica e confusão dentro da Igreja. Nós lemos acima as sábias palavras do padre Gabriel Vila Verde. Em seu vídeo, ele mostra a sua preocupação com essas pessoas que em nada ajuda e só causa mais confusão comentando aquilo que não conhecem. O Papa não ia aprovar tal documento e ele estivesse em desacordo com a Doutrina da Igreja. Devemos entender de uma vez por todas que nas redes sociais existem muitos que se acham "teólogos" ou sabedores da doutrina, mas, desconhecem até mesmo o próprio Catecismo. Como bem lemos, devemos ter cuidado com essas pessoas. 

O Magistério da Igreja, ou melhor, o Dicastério para a Doutrina da Fé, é um órgão dentro do Vaticano que tem o dever de zelar pela verdadeira doutrina e, em certos casos, corrigir o que está de errado. E foi isto que aconteceu. Porque esses títulos de Nossa Senhora, pode parecer bonitos, louvável até, dentro da piedade popular, mas, se não usados dentro de um contexto esbarra em contradições doutrinárias. E contradições doutrinárias gera heresias. 

Os santos que utilizaram estes títulos, os usaram dentro de um contexto específico e não fora da Doutrina e da Sagrada Escritura. Sem um contexto, a afirmação de Maria ser "corredentora" e "medianeira de todas as graças", sem uma explicação do que isto significa esbarra da Redenção e Mediação que é única de Jesus. Maria não salva ninguém, temos que entender isso. Ela aponta Jesus, nos conduz ao verdadeiro caminho que é Cristo. Em tudo ela colaborou no plano da Salvação. Ela é a "cheia de graça", mas a graça que enche Maria é de Cristo e só ele é o Mediador de todas as graças. Maria é a "fiel cooperadora", é "medianeira" quando ela intercede ao seu Filho por nós. O Catecismo deixa isso bem claro. Então o caráter mediador aqui, não é de Redimir, mas, de interceder. E quando ela alcança para nós alguma graça, é por meio de seu Filho e não dela.

O caráter "corredentora", no qual os santos aplicavam à Nossa Senhora, é de "colaboração", ela no momento de seu "sim" aceitou colaborar para que o Mistério da Salvação acontecesse. Mas, a Redenção é obra única de Cristo. O anjo Gabriel disse a ela no momento da anunciação que ela seria a "Mãe do Filho do Altíssimo" mas, não disse "você vai redimir a humanidade junto com Jesus". E qual foi a resposta de Maria? "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra". Maria se pôs à disposição, ela foi humilde e em condição de criatura se dispôs a colaborar, a cooperar com Deus no plano da Salvação. Ela, desde o início reconheceu o seu lugar. Mas, existem alguns que querem dar à Maria um lugar que nem ela quis ter, pois, ela se fez "humilde serva do Senhor".             

O Documento "Mater Populi Fidelis" foi escrito com o objetivo de esclarecer de uma vez por todas qual é o verdadeiro papel de Nossa Senhora na Igreja. Não se trata de diminuir Nossa Senhora, não! Mas, dar-lhe o lugar que ela teve desde sempre na Igreja.    

Na Igreja Católica, o livre exame das Escrituras é vedado. Porque isso cabe ao Magistério da Igreja (aos bispos legítimos sucessores dos Apóstolos), como também a doutrina é uma só em toda parte. Uma só fé, um só Batismo, uma só doutrina.

Nenhum padre, religioso, religiosa, nenhum leigo evangelizador ou catequista, não pode sair por aí ensinando algo que não está no Catecismo e na Sagrada Escritura. O padre Gabriel Vila Verde deixou isso bem claro em seu vídeo quando ele diz, “Eu quando me tornei sacerdote jurei ensinar a Doutrina da Igreja”, isto é nenhum católico pode construir uma doutrina diferente e sair por aí pregando, fazendo vídeos e atacando o Magistério. E Santo Agostinho vai dizer: "Eu creio nas Escrituras porque a Igreja me diz para crer nelas", ou seja a palavra final é do Magistério, não é minha, nem sua. A Palavra final é da Igreja.   

Quando a Igreja lança um documento, primeiro temos que ler, entender o que está no documento e se não entender procurar alguém que ajude a compreender. O padre Gabriel Vila Verde disse em seu vídeo, “Eu procurei dois dos maiores mariólogos brasileiros para ter a opinião deles sobre este documento e todos eles disseram que não há nada de errado com ele”. Ora, se ele que é padre procura opinião de outros sábios, porque nós devemos ficar tirando conclusões de algo que não conhecemos? Tem gente que nem leu o documento, não sabe nem o que o documento diz e já está chamando o Papa de herege. Ah, me poupe!  

Quando nós damos o título de “Corredentora” à Virgem Maria, sem uma explicação, [e isso é muito complicado explicar], fora de contexto pode parecer que nós estamos afirmando que, para redimir a humanidade Jesus precisou de Maria. E como o padre mesmo explicou, afirmar isso é heresia grave. Maria cuidou do lado humano de Jesus, esteve com ele até aos pés da cruz. Esteve com a Igreja em Pentecostes. Mas, a redenção é única de Cristo porque somente a Deus coube essa missão. Maria, foi serva, ajudou, sim, mas não tem a atribuição redentora. Dizer isso não é ofensa, é colocar Maria no seu devido lugar, que ela sabe muito bem, mas, que alguns católicos não sabem. Maria não pode salvar ninguém porque ela também foi salva, ainda que antecipadamente, como afirma o dogma da Imaculada Conceição, ela aponta para o seu filho Redentor. O problema de alguns católicos é inverter a seta. Atribuem a ela uma função que nem ela mesma ousou dizer, “eis aqui a serva do Senhor faça-se em mim segundo a vossa palavra”, disse Maria ao anjo no momento da Anunciação.        

No passado, alguns santos usaram esse título, mas dentro de um contexto muito específico, no sentido de que ela colaborou em tudo após seu sim no mistério da Redenção.

Jesus feito homem, o Verbo encarnado, precisou de cuidados como toda pessoa humana. Maria e José cuidaram de Jesus. José até certo ponto, Maria até aos pés da cruz. Ela sofreu na alma tudo por nós, conforme Simeão havia predito, “e uma espada vos trans passará a alma”, no entanto, não podemos dizer que Maria é corredentora neste sentido, algo que é obra exclusiva de Jesus.

Então, a palavra corredentora é utilizada muitas vezes de forma errada e causa problemas teológicos graves e é isso que o documento vem tratar.

A Igreja prefere a palavra cooperadora, porque de fato, Maria foi cooperadora da obra da Redenção. Ela foi Mãe, fiel discípula e esteve presente até aos pés da Cruz.

O Catecismo, no parágrafo 960, vai dizer isso. Um dos títulos de Nossa Senhora é “Cooperadora” – Corredentora, não!

Outro fato, é que o documento pede cautela sobre o título de Maria “Medianeira de todas as graças”. "Medianeira", mas,  devemos entender bem essa palavra, o que ela significa.

Significa o caráter intercessor de Maria. Ou seja, ela roga por nós, intercede por nós junto ao seu filho Jesus. Por ser a Mãe de Deus, ela caminha, roga e zela por nós.  

Mas se colocarmos essa palavra “medianeira” no mesmo patamar (em pé de igualdade) de “Mediador” que é Jesus está errado porque damos à Maria uma função que ela não tem. Ao dizermos damos à Maria o papel de salvadora na Mediação única de Cristo e, isso é heresia grave, damos a ela o papel que ela não tem, pois, a Mediação é única e exclusivamente de Cristo. Porém a mediação de Nossa Senhora e de todos os santos só tem sentido porque está ligada à Mediação única de Cristo. Nesse sentido nós também ainda neste mundo podemos mediar, isto é interceder uns pelos outros porque fazemos parte da comunidade dos redimidos, ou seja, da Igreja. 

E mais ainda, é perigoso e errado dizer que Maria é medianeira de todas as graças porque seria certo se pudéssemos excluir a única graça suficiente que é a Salvação. Maria não tem esse papel, a graça da salvação não passa por Maria, ela é exclusiva de Cristo. Então ela é medianeira? Sim, ela é, mas, no caráter de intercessão e não de salvação. Ela é o canal de inúmeras graças, mas, a graça que ela nos concede é por meio de seu filho Jesus Cristo.

O cuidado que devemos ter com essa afirmação “medianeira de todas as graças” é importante, porque devemos analisar também, que no sentido de intercessão todos os santos tem esse papel, de serem canais da graça. Tanto Nossa Senhora, quanto os demais santos são intercessores, porém, a Igreja destaca o papel de Maria em primeiro lugar, não porque ela é maior que os outros no céu, mas, porque ela é a Mãe de Deus.

As palavras se forem bem colocadas e bem aplicadas podem produzir efeitos bons ou ruins, depende do contexto e é isso que a Igreja quer explicar com o documento “Mater Populi Fidelis”. Para que os católicos entendam que certas palavras, se usadas fora de contexto pode provocar confusão. E a Igreja não quer isso, ela quer união.         

Porque os Papas não quiseram proclamar esses títulos como dogmas?

Simplesmente porque não existe fundamento Bíblico e doutrinário. Os dogmas que já foram proclamados são consistentes e estão de acordo com a Sagrada Escritura e com a Doutrina católica. Os títulos, "corredentora" e "medianeira de todas as graças" não têm base sólida nem na Doutrina Católica, nem na tampouco na Sagrada Escritura. Uma coisa é dizer "Maria é Mãe de Deus" é um dogma, uma verdade de fé, pois, Jesus Cristo é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, se ela é Mãe do Filho de Deus, ela é Mãe de Deus, Theotokos"Concebida sem pecado" ou "Imaculada Conceição", é uma verdade de fé, porque Maria foi salva antecipadamente pelos Méritos de Cristo, ela foi preservada do pecado original a fim de conceber o Verbo. "Assunta ao Céu de corpo e alma", porque sendo preservada do pecado original, e tendo sido salva desde a sua concepção, o Autor da vida, pelos seus próprios Méritos, após a sua morte terrena, a elevou ao céu de corpo e alma e a fez entrar na Glória. Mas, dizer que Maria é "corredentora" é equiparar Maria e Cristo no ato da Redenção que é única de Jesus Cristo. 

Ao dizer, "Maria é medianeira de todas as graças", isso não é possível porque ela é sim, "Medianeira", no sentido de ser "intercessora" junto com todos os santos. Mas, essa mediação faz parte da comunhão de todos os santos (conforme está no Credo), aos que participam do Sacerdócio único de Cristo, o qual é o Único Mediador entre nós e Deus. E quando conseguimos uma graça seja de Nossa Senhora ou dos santos, a graça não é dada por eles, mas, por Cristo que é o Autor da graça. Nossa Senhora e os santos, são canais. 

Desse modo, a nossa mediação, (enquanto vivos), a de Maria Santíssima e dos demais santos é necessária, enquanto somos partícipes do Corpo Místico de Cristo, devemos e podemos orar, interceder ou mediar uns pelos outros. Mas, uma coisa é mediar, no sentido de interceder. Outra coisa é Mediar no sentido de salvar. "Mediar todas as graças" não é tarefa nem de Maria Santíssima, nem de nenhum santo(a), mas, unicamente de Cristo.

A Igreja proibiu os títulos de Corredentora e Medianeira? Não. Apenas pediu que os fiéis católicos tenham cautela ao utilizar esses títulos sem contexto. O documento não fala em proibição, fala em cautela para não causar confusão teológica.              

   

 

 

      

 

             

      

       

 

      

 

             

      

       

 

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