Esses
católicos de “IBGE” trouxeram o debate para as redes sociais lançando a
polêmica em torno desse documento sem ao menos na analisar ou procurar entender
as razões pelas quais a Igreja se pronunciou a respeito. Aqui vamos explicar de
modo a fazer o amigo(a) leitor católico entender as razões que o documento foi
publicado e o seu verdadeiro significado.
Um
grupo de católicos havia pedido aos Papas que proclamasse mais dois
dogmas a respeito de Nossa Senhora: O primeiro, “Maria Corredentora” e, o
segundo, “Maria Medianeira de todas as graças”.
Mas,
embora alguns santos utilizassem ou desse esse título à Maria como
“corredentora” e “medianeira”, o fizeram dentro de um contexto particular, mas
a Igreja não aceitou isso como dogma.
O
Padre Gabriel Vila Verde veio nas redes sociais nos esclarecer sobre o assunto
e aqui eu vou transcrever as falas dele para que todos possam compreender.
Esclarece o padre:
“O
grande problema do católico é querer levar as coisas na emoção e nunca pelo
lado da razão", disse o padre.
Existem
dois livros que todo católico deveria conhecer assim, de A ao Z, do alfa ao
ômega, um é a bíblia sagrada e, vamos confessar, a grande maioria não conhece,
por preguiça porque a Igreja orienta. O outro grande livro é o Catecismo da
Igreja Católica, que até muita gente tem, mas, não lê e não conhece. Se
perguntar qualquer coisa a respeito do catecismo, até fala, ‘o catecismo,
catecismo, catecismo’... Mas não tem conhecimento nenhum do que está escrito
nele.
Então,
como sacerdote é meu dever explicar aos fiéis católicos. Porque eu digo assim,
existem dois tipos de protestantes: aqueles que estão fora da Igreja e, esses
protestam por natureza e existem os protestantes de dentro da Igreja que fazem
muito mal, aliás, nenhum bem.
Vamos
entender, vejam bem! A Igreja ela já proclamou 4 dogmas a respeito da Virgem
Maria: A maternidade divina (Maria Mãe de Deus), A virgindade perpétua (ela
permaneceu virgem antes, durante e depois do parto), a Imaculada Conceição (foi
concebida sem a mancha do pecado original) e, esse último é que vai entrar a
questão da redenção de Jesus, e a Assunção ao Céu em corpo e alma, que foi o
último dogma proclamado pelo Papa Pio XII em 1950.
De
lá pra cá alguns grupos dentro da Igreja, não é a totalidade da Igreja, pediram
ao Papa que proclamasse mais dois dogmas: o primeiro que Maria é “Corredentora”
e o segundo que Maria Santíssima é “Medianeira de todas as graças”.
O
Papa João Paulo II, mesmo utilizando essa palavra corredentora, claro, dentro
de um contexto, dentro de uma explicação correta, ele não se atreveu a
proclamar esses “títulos” como dogmas, porque? Porque ele não encontrou muito
fundamento nessa palavra. Também foi solicitado ao Papa Bento XVI, mas, ele
também não quis entrar nesse assunto até porque ele preferia o título de
“Cooperadora” e não “Corredentora”. Papa Francisco também disse não. E agora o
Papa Leão XIV autorizou que o Cardeal Fernandez publicasse esse documento
esclarecendo ao povo de Deus o porquê de não proclamar esses “títulos” como
dogmas.
Então,
tem muita gente, inclusive, amigos meus, na Internet falando de coisas que não
entendem. Não entendem mesmo, se for peneirar sai pouca coisa, “pouca farinha”
no que diz respeito ao conhecimento da doutrina católica. Eu não falo de amor e
devoção à Nossa Senhora. Vejam bem! Quem tem amor à Nossa Senhora, quando ouve
uma notícia dessas vai achar que Nossa Senhora não é corredentora nem
medianeira. [...] Como se ofendesse a nossa mãe biológica. Mas, que foi que
disse que não proclamar esses “títulos” como dogma a ofende?
Pelo
contrário, o catecismo que muita gente diz conhecer, mas não conhece. Se
pegarmos o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 963, “Maria Mãe de
Cristo, mãe da Igreja”, esses parágrafos vão falar da relação que Nossa Senhora
tem com seu filho Jesus. Mas, o parágrafo 969 em diante, vamos ver o que a
Igreja diz. O católico não pode apegar em algo que pessoas dizem, “porque
fulano diz isso e tem autoridade pra falar”, não tem, a autoridade na Igreja é
o catecismo, autoridade na Igreja é o Magistério. Se eu que sou padre dizer
algo contrário ao que está escrito aqui e contra o que está escrito na Sagrada
Escritura, eu não tenho autoridade, a igreja não me deu autoridade pra isso. No
dia da minha ordenação a Igreja disse: “Você promete ensinar a fé católica”; e
a fé católica é o que está escrito aqui. Não é a opinião de A ou de B, a
devoção de isto ou aquilo.
Assim
diz o catecismo: “Essa maternidade de Maria na economia da graça perdura
initerruptamente , a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação
e, que sob a cruz, resolutamente manteve até a perpétua consumação de todos os
eleitos. Assunta aos céus, não abandonou
este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a nos
alcançar os dons da salvação eterna. [...] Por isso, a Bem-aventurada Virgem
Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora e
medianeira”. (CIC-969)
Note que não existe este título
“Corredentora” no catecismo. A Igreja utiliza os títulos: Advogada nossa,
Auxiliadora, Protetora e Medianeira. Nós vamos entrar mais à frente na
explicação do “Medianeira”.
Vamos continuar...
Parágrafo
970 do catecismo: “A maternidade de Maria em favor dos homens de modo algum
obscurece nem diminui a mediação única de Cristo, ao contrário, mostra sua
eficácia. De fato, toda salutar ação da Bem-aventurada Virgem [...] deriva dos
superabundantes méritos de Cristo, apoia-se em sua mediação, dela depende
inteiramente e dela aufere toda sua força”.
Ou
seja, tudo que há em Maria depende de Jesus Cristo. Ela é o que é por causa
dele não o contrário. Jesus não é Jesus por causa de Maria, Maria é Maria por
causa de Jesus.
Continua
o parágrafo [...] “Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada
ao Verbo Encarnado e Redentor. Entretanto, da mesma forma que o sacerdócio de
Cristo é participado de vários modos – seja pelos ministros, seja pelo povo
fiel – e a da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida
nas criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não
exclui, antes suscita nas criaturas diversificada cooperação que participa de
uma única fonte”.
Ou
seja, tudo que há em Maria depende de Jesus Cristo. Ela é o que é por causa
dele e não o contrário. Nenhuma criatura pode ser equiparada, (ou seja,
colocada em pé de igualdade) a Jesus Cristo, nem mesmo Nossa Senhora.
“Corredentora”
os santos no passado já utilizam este título. É errado? Depende de como o
sentido desta palavra é explicado. Mas se a Igreja proclamar isso como dogma
fica uma coisa sem sentido. Por exemplo: Existem algumas paróquias pelo Brasil
afora que possui um padroeiro, mas ali naquela mesma paróquia existe um santo
de muita devoção, até mesmo de mais devoção que o próprio padroeiro. E aí a
Igreja coloca aquele santo como Co padroeiro, ou seja, padroeiro ao lado do
principal. Quando eu utilizo a palavra corredentora, o que é que pode gerar na
cabeça dos menos esclarecidos, não falo dos protestantes, não! Ah! Mas, a
Igreja fez isso para agradar os protestantes. Nada a ver. É porque se eu digo é
“corredentora” pode causar uma confusão na mente dos fiéis, como se a redenção
oferecida por Jesus precisasse também da redenção da Virgem Maria, o que seria
uma heresia, é um absurdo teológico porque a Sagrada Escritura e o catecismo da
Igreja e o Magistério sempre apontaram Jesus Cristo como único e necessário Redentor.
E a aí o catecismo diz “que nenhuma criatura pode ser equiparada, em matéria de
redenção”, a redenção é de Cristo.
Eu
já havia explicado, que Nossa Senhora está tão unida a Jesus que se naquele
tempo houvesse exame de DNA, e que se alguém pegasse um algodão e, na hora que
Jesus estava lá na cruz e se colhesse um pouquinho do sangue e levasse para
fazer DNA, ali daria o sangue de Nossa Senhora. Porque Jesus como filho, como
Verbo não tem corpo, ele assumiu a natureza humana quando Nossa Senhora deu o
seu sim. Então ali ele se torna carne, então o sangue que correu nas veias de
Jesus é um sangue humano e o material genético de Jesus homem é om material
genético de Maria. Mas, eu não posso dizer que para Jesus me salvar ele depende
de uma corredentora ao seu lado. Isso não tem base teológica. É por isso que a
Igreja preferiu usar o título de “Cooperadora”, mesmo que lá no passado alguns
santos utilizou o título de “Corredentora”, sim, mas a Igreja ela vai
compreendendo que certas palavras não precisam ser utilizadas, existem outras
que podem explicar de forma melhor sem nenhum problema. Em nada diminui o papel
da Virgem Maria na história da Salvação. Ela cooperou gerando o Redentor no seu
ventre, dando à luz, cuidando de Jesus em toda sua vida até a descida do
Espírito Santo. Desse modo ela estava lá cooperando, colaborando com Cristo na
história da salvação.
Mas,
corredentora? [...] a palavra “redentor” é exclusiva a Cristo.
Tem
gente bradando e não leu o documento, pegou uma frase tipo, “Papa diz que Maria
não é corredentora”, pronto! Eis o prato cheio para fazer minha live. Ou até
para ganhar seguidores e visualizações. Tem muita gente por aí usando Nossa
Senhora para ter engajamento e seguidores. Não é para defender a Fé católica,
porque se fosse para defender a Virgem Maria não colocaria o povo contra a
Igreja de Cristo. Porque se existe uma coisa que Maria é, é ser mãe de Igreja.
E uma coisa que ela não quer é divisão na Igreja.
Como
disse Dom Henrique Soares, “Quando colocamos na posição acima da Igreja para
julgá-la já deixou de ser católico”. A
Igreja é mãe e mestra.
Ela
é mãe na fé e ensina os cristãos. Estamos lendo o catecismo. Ou alguém aqui vai
dizer que o catecismo está errado?
É
preciso repensar a compreensão de catolicismo. Repito! Cuidado com essas pessoas que estão
utilizando dessas polêmicas para ganhar seguidores, para ter engajamento,
porque engajamento na internet é clientela. Quanto mais seguidores eu tenho,
mais aumenta a minha clientela, mais conteúdo continuo vendendo. Não seja um
católico tolo!
Continua
[...] “Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo
Encarnado e Redentor. Entretanto, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é
participado de vários modos – seja pelos ministros, seja pelo povo fiel – e a
da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas
criaturas de modos diversos, assim também a única mediação do Redentor não
exclui, antes suscita nas criaturas diversificada cooperação que participa de
uma única fonte”.
Olha
a palavra “cooperação” aparecendo no Catecismo. Eu posso dizer que Maria
cooperou no mistério da salvação? Posso e isso não é heresia porque ela
cooperou mesmo. O sacerdote, a partir do momento que a Igreja o ordena, ele
participa do sacerdócio de Cristo. Quando o sacerdote absolve os pecados, ele
absolve na pessoa de Cristo, quando consagra o pão e o vinho, o sacerdote
consagra na pessoa de Cristo, ou seja, o sacerdote de certo modo coopera,
colabora, mas o sacerdote não redime ninguém. Quem vai redimir é Cristo. E essa
redenção não precisa de ajuda. O sacerdote colabora com o mistério de Cristo,
mas, ele é o Redentor, único e exclusivo de todas as criaturas, inclusive de
Nossa Senhora.
Vamos
entender o mistério da Imaculada Conceição – quando a Igreja afirma que Maria é
imaculada, a Igreja não está dizendo que ela não precisou de salvação. Até
porque no canto do Magnificat Nossa Senhora diz assim, “a minha alma se
engrandece no Senhor, e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu salvador”. Se Nossa Senhora disse, “meu Salvador”, então
é porque ela assumiu que foi salva por Deus. Mas, a salvação de Maria acontece
no momento de sua concepção. Aí a Igreja vai dizer, “em vista dos méritos de
Cristo, Maria foi isenta do pecado original”, ou seja, naquela hora ela foi
salva por Jesus. O Cristo a salvou, ela foi redimida no primeiro instante de
sua concepção. Ali aconteceu um grande milagre de salvação e ela entra no grupo
dos salvos.
O
problema do povo católico é se levar pela emoção. O documento não traz nada de
errado e só reafirma aquilo que a Igreja ensina e prega a séculos. Os padres formados
em mariologia estão também de acordo com o documento e afirmam que nele não há
erros doutrinários. A redenção é única de Jesus e Maria também foi redimida no
momento de sua concepção, aí está o dogma
Ah!
Mas Maria estava aos pés da cruz, Maria sofreu, derramou lágrimas e todo aquele
sofrimento o Pai aproveitou de alguma forma. Como aproveita o meu e o seu sofrimento, como
por exemplo quem oferece os sofrimentos pelos sacerdotes.
Essa
palavra “corredenção” mal explicada ou mal compreendida causa confusão. Não se
trata de diminuir Nossa Senhora, de tirar a Virgem Maria de seu lugar de honra
e coloca-la em um lugar comum, não é isso.
Quanto
ao título de “Medianeira”, quer dizer que agora a Igreja tirou o seu título de
medianeira? Não. A Igreja só pediu cuidado ao utilizar o título “Medianeira de
todas as graças”. Sim ela é medianeira, mas ela alcança de Jesus, seu filho
para nós.
Não
é a toa que a devoção da Medalha Milagrosa, Nossa Senhora apareceu à Santa
Caratina de Labouré, Nossa Senhora aparece derramando graças e diz: “Essas são
as graças que as pessoas não me pedem”. E no verso da medalha milagrosa,
aparece entrelaçada à cruz a letra M, de Maria, simbolizando a cooperação de
Maria na obra da salvação. Mas, na primeira aparição de Nossa Senhora à Santa
Catarina, na madrugada do dia 18 para 19 de julho de 1830 ela aponta para o
Sacrário e disse que “no momento de provação ela fosse aos pés do altar e lá
ela encontraria consolo.”
Ou
seja, quando eu digo que Maria participa do mistério da salvação é porque ela
aponta Jesus, ela não aponta para si.
E
quando dizemos que ela é Medianeira, é porque ela participa da única mediação
de Nosso Senhor Jesus Cristo. Porque só há um mediador entre Deus e os homens,
afirma a Sagrada Escritura. Assim como o sacerdote participa do único sacerdócio
de Jesus Cristo, Maria Santíssima participa da única mediação de Jesus. Então, ela é sim, medianeira. A Igreja não
proibiu de chama-la de medianeira, porque até está no Catecismo. A Igreja só
pede no documento uma cautela ao dizer ‘medianeira de todas as graças’ porque
isso deve ser explicado. E como ela é medianeira de todas as graças? A partir do momento em que ela participa da
única mediação de Cristo. A Igreja não vai tirar esse título, existem até
paróquias e comunidades com esse nome “Medianeira”, a Igreja vai tirar esses
nomes? Não vai. Agora a palavra “corredentora” utilizada poucas vezes, nessas
poucas vezes foi utilizada dentro de um contexto. Agora proclamar como dogma a
Igreja disse que não há necessidade.
Nossa
Senhora tem o seu lugar, esse lugar jamais será ocupado por ninguém. Agora o
que ela não quer é ocupar o lugar de Jesus. E digo mais, todas as vezes que a
gente honra o Filho, Nossa Senhora fica imensamente feliz porque como ela mesmo
disse nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser!”
Fonte: (Padre Gabriel Vila Verde, Youtube)
Isso
acontece pelo livre exame das Escrituras (Sola Scriptura), e a falta do
Magistério. Com isso, muitas doutrinas absurdas e heresias surgem nestas seitas todo
dia, pois, sem um consenso entre as denominações, a doutrina em uma determinada
igreja não é a mesma de outra causando ainda mais divisões, brigas disputas e confusões. [...] Esse documento quer esclarecer de uma vez por todas qual é o verdadeiro papel de Nossa Senhora na Igreja. Não se trata de diminuir Nossa Senhora, não! Mas, dar-lhe o lugar que ela teve desde sempre na Igreja.
Na
Igreja Católica, o livre exame das Escrituras é vedado. Porque isso cabe ao
Magistério da Igreja (aos bispos legítimos sucessores dos Apóstolos), como também a doutrina é uma só em toda parte. Uma só fé,
um só Batismo, uma só doutrina.
Nenhum
padre, religioso, religiosa, nenhum leigo evangelizador ou catequista, não pode
sair por aí ensinando algo que não está no Catecismo e na Sagrada Escritura. O
padre Gabriel Vila Verde deixou isso bem claro em seu vídeo quando ele diz, “Eu
quando me tornei sacerdote jurei ensinar a Doutrina da Igreja”, isto é nenhum
católico pode construir uma doutrina diferente e sair por aí pregando, fazendo
vídeos e atacando o Magistério.
Quando
a Igreja lança um documento, primeiro temos que ler, entender o que está no
documento e se não entender procurar alguém que lhe ajude. O padre Gabriel
disse em seu vídeo, “Eu procurei dois dos maiores mariólogos brasileiros para
ter a opinião deles sobre este documento e todos eles disseram que não há nada
de errado com ele”.
Quando
nós damos o título de “Corredentora” à Virgem Maria, sem uma explicação [e isso
é muito complicado explicar] dentro de um contexto pode parecer que nós estamos
afirmando que para redimir a humanidade Jesus precisou de Maria. E como o padre
mesmo explicou, afirmar isso é heresia grave. Maria cuidou do lado humano de
Jesus, esteve com ele até aos pés da cruz. Esteve com a Igreja em Pentecostes.
Mas, a redenção é única de Cristo porque somente a Deus coube essa missão.
Maria, foi serva, ajudou, sim, mas não tem a atribuição redentora. Dizer isso
não é ofensa, é colocar Maria no seu devido lugar, que ela sabe muito bem, mas,
que alguns católicos não sabem. Maria não pode salvar ninguém porque ela também
foi salva, ainda que antecipadamente, como afirma o dogma da Imaculada
Conceição, ela aponta para o seu filho Redentor. O problema de alguns católicos
é inverter a seta. Atribuem a ela uma função que nem ela mesma ousou dizer, “eis
aqui a serva do Senhor faça-se em mim segundo a vossa palavra”, disse Maria ao
anjo no momento da Anunciação.
No
passado, alguns santos usaram esse título, mas dentro de um contexto muito
específico, no sentido de que ela colaborou em tudo após seu sim no mistério da
Redenção.
Jesus
feito homem, o Verbo encarnado, precisou de cuidados como toda pessoa humana. Maria
e José cuidaram de Jesus. José até certo ponto, Maria até aos pés da cruz. Ela
sofreu na alma tudo por nós, conforme Simeão havia predito, “e uma espada vos
trans passará a alma”, no entanto, não podemos dizer que Maria é corredentora neste
sentido, algo que é obra exclusiva de Jesus.
Então,
a palavra corredentora é utilizada muitas vezes de forma errada e causa
problemas teológicos graves e é isso que o documento vem tratar.
A
Igreja prefere a palavra cooperadora, porque de fato, Maria foi cooperadora da
obra da Redenção. Ela foi Mãe, fiel discípula e esteve presente até aos pés da
Cruz.
O
Catecismo, no parágrafo 960, vai dizer isso. Um dos títulos de Nossa Senhora é “Cooperadora”
– Corredentora, não!
Outro fato, é que o documento pede cautela sobre o título de Maria “Medianeira de todas as graças”. "Medianeira", mas, devemos entender bem essa palavra, o que ela significa.
Significa
o caráter intercessor de Maria. Ou seja, ela roga por nós, intercede por nós
junto ao seu filho Jesus. Por ser a Mãe de Deus, ela caminha, roga e zela por nós.
Mas
se colocarmos essa palavra “medianeira” no mesmo patamar (em pé de igualdade) de “Mediador” que é Jesus está errado
porque damos à Maria uma função que ela não tem. Ao dizermos damos à Maria o papel de salvadora na Mediação única de Cristo e, isso é heresia grave, damos a ela o papel que ela
não tem, pois, a Mediação é única e exclusivamente de Cristo. Porém a mediação de Nossa Senhora e de todos os santos só tem sentido porque está ligada à Mediação única de Cristo. Nesse sentido nós também ainda neste mundo podemos mediar, isto é interceder uns pelos outros porque fazemos parte da comunidade dos redimidos, ou seja, da Igreja.
E
mais ainda, é perigoso e errado dizer que Maria é medianeira de todas as graças
porque seria certo se pudéssemos excluir a única graça suficiente que é a Salvação.
Maria não tem esse papel, a graça da salvação não passa por Maria, ela é
exclusiva de Cristo. Então ela é medianeira? Sim, ela é, mas, no caráter de
intercessão e não de salvação. Ela é o canal de inúmeras graças, mas, a graça
que ela nos concede é por meio de seu filho Jesus Cristo.
O
cuidado que devemos ter com essa afirmação “medianeira de todas as graças” é importante,
porque devemos analisar também, que no sentido de intercessão todos os santos
tem esse papel, de serem canais da graça. Tanto Nossa Senhora, quanto os demais
santos são intercessores, porém, a Igreja destaca o papel de Maria em primeiro lugar,
não porque ela é maior que os outros no céu, mas, porque ela é a Mãe de Deus.
As
palavras se forem bem colocadas e bem aplicadas podem produzir efeitos bons ou
ruins, depende do contexto e é isso que a Igreja quer explicar com o documento “Mater
Populi Fidelis”. Para que os católicos entendam que certas palavras, se usadas
fora de contexto pode provocar confusão. E a Igreja não quer isso, ela quer
união.

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