(Catecismo
da Igreja Católica, Artigo 2, parágrafos: 998 – 1004)
Professamos
no Credo quem cremos na ressurreição da carne e na vida eterna.
Todos
os anos celebramos o dia de finados sem ao menos meditarmos o que significa
este artigo do Credo.
Os
batizados que morrendo em estado de graça, por meio de Cristo lhe é concedida a
graça da vida eterna. Mesmo aqueles que estão no purgatório aguardam a
purificação da alma para entrar definitivamente nas núpcias do Cordeiro.
Assim
explica o Catecismo:
O
Credo cristão – profissão de nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e em
sua ação criadora, salvadora e santificadora – culmina na proclamação da
ressurreição dos mortos no fim dos tempos e na vida eterna.
[Vale
lembrar que a doutrina da reencarnação não serve para o cristão. Porque
doutrina espírita da reencarnação é oposta à doutrina cristã e a Sagrada
Escritura. Os espíritas ensinam que o espírito sai do corpo, isto é, desencarna
e volta reencarnando-se várias vezes até atingir um estado puro e quando este
atinge este estado puro se transforma em espírito de luz. Para atingir tal
perfeição o espírito passará por esse processo quantas vezes for necessário até
conseguir seu total objetivo. Enquanto que a Palavra de Deus nos ensina que o
homem morre uma só vez, depois virá o juízo e a ressurreição. Em particular, o
primeiro juízo logo após a morte e sem segundo lugar o juízo final quando todos
ressuscitarão e serão destinados uns para a salvação eterna, outros para a
condenação eterna. Não existe meio termo.]
Cremos
firmemente – e assim professamos – que, da mesma forma que Cristo ressuscitou
verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também, depois da morte,
os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que os ressuscitará no
último dia. Como a ressurreição de Cristo, também a nossa será obra da
Santíssima Trindade:
“Se
o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós,
aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos
mortais, pelo Espírito que habita em vós” (Romanos8, 11).
O
termo “carne” designa o homem em sua condição de fraqueza e de mortalidade. A
“ressurreição da carne” significa que, após a morte, não haverá somente a vida da
alma imortal, mas que também nossos “corpos mortais” (Romanos8, 11)
readquirirão vida.
Crer
na ressurreição dos mortos foi, desde o início, um elemento essencial da fé
cristã. “Fiducia christianorum resurrectio mortuorum; ilíam credentes, sumus –
A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos
cristãos”.
“Como
podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há
ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não
ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento é a nossa fé.
Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que
morreram”.
1Coríntios15,
12.14-20)
[Portanto,
o cristão não pode crer e nem professar a doutrina da reencarnação; porque
nossa fé está na ressurreição. Porque Cristo ressuscitou para que um dia nós
também pudéssemos ressuscitar.]
A
ressurreição de Cristo e a nossa revelação progressiva da ressurreição.
A
ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus ao seu povo. A
esperança na ressurreição corporal dos mortos foi se impondo como consequência
intrínseca da fé em um Deus criador do homem por inteiro, alma e corpo. O
Criador do céu e da terra é também aquele que mentem fielmente sua aliança com
Abraão e sua descendência. Nesta dupla perspectiva, começará a se exprimir a fé
na ressurreição. Nas provações, os mártires Macabeus confessam:
“O
Rei do Universo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que moremos por
suas leis (2Macabeus7, 9). É melhor para nós, entregues à morte pelos homens,
esperar, da parte de Deus, que seremos ressuscitados por Ele” (2Macabeus7, 14)
Os
fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição.
Jesus a ensina com firmeza. Aos saduceus que a negavam, ele responde: “Acaso
não estais errados, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus?
(Marcos12, 14). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que “é Deus não
dos mortos, mas de vivos” (Marcos12, 27).
Mais
ainda: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: “Eu sou a
ressurreição e a vida” (João11, 25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há de
ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem comido seu corpo e bebido
seu sangue. Desde já, ele fornece um sinal de garantia disto, restituindo a
vida a alguns mortos, anunciando com isso a própria ressurreição, que, no
entanto, será de outra ordem. Deste acontecimento único ele fala como do ‘sinal
de Jonas’, do sinal do Templo: anuncia sua ressurreição, quer ocorrerá no
terceiro dia depois de ser entregue à morte.
Ser
testemunha de Cristo é ser “testemunha de sua ressurreição” (Atos1, 22), “nós,
que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (Atos10,
41). A esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros com
Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos com ele, por ele.
Desde
o início, a fé cristã na ressurreição deparou com inúmeras compreensões e
oposições. Em nenhum ponto da fé cristã se depara mais com mais contradição do
que em torno da ressurreição da carne. Aceita-se muito comumente que, depois da
morte, a vida da pessoa humana prossegue de modo espiritual. Como, porém, crer
que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para vida eterna?
De
que maneira os mortos ressuscitam?
O
que é ressuscitar? Na morte, que é a separação da alma do corpo, o homem cai na
corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de
ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência,
restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os as
nossas almas, pela virtude da ressurreição de Jesus.
Quem
ressuscitará? Todos os homens que morreram: “Aqueles que fizeram o bem
ressuscitarão para a vida; aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para a
condenação” (João 5, 29).
De
que maneira? Cristo ressuscitou com seu próprio corpo – “Vede minhas mãos e
meus pés: sou eu mesmo!” (Lucas24, 39).
Ele,
porém, voltou à vida terrestre. Da mesma maneira, nele “todos ressuscitarão com
seu próprio corpo, que têm agora”; porém este corpo será “transfigurado em
corpo de glória”, em corpo espiritual” (1Corínmtios 14, 44).
“Mas,
dirá alguém, em que forma é que os mortos vão ressuscitar? Com qual corpo
voltarão? Insensato! Aquilo que semeias morre primeiro e só depois é
vivificado; e o que semeais não é a planta já desenvolvida – como será mais
tarde – mas um simples grão digamos, de trigo ou de qualquer outro cereal
[...]. Coisa semelhante acontece com a ressurreição dos mortos: semeado
corruptível, o corpo ressuscita incorruptível [...]. É preciso que este ser
corruptível se vista de incorruptibilidade e este ser mortal se vista de
imortalidade” (1Coríntios15, 35-37.42.52-53).
Este
“como” ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo acessível
somente na fé. Nossa participação na Eucaristia, no entanto, já nos dá um
antegozo da transfiguração de nosso corpo por Cristo:
“Assim
como o pão, fruto da terra, depois de ser recebido a invocação de Deus, não é
mais pão comum, mas Eucaristia, constituída por duas realidades, uma terrestre
e outra celeste, da mesma forma nossos corpos que participam da Eucaristia não
são mais corruptíveis, pois têm a esperança da ressurreição”.
Quando?
Definitivamente “no último dia” (João6, 39-40.44-54), “no fim do mundo”. Com
efeito, a ressureição dos mortos está intimamente associada à Parusia, isto, é
a segunda vinda de Cristo:
“Pois
o Senhor mesmo, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do céu.
E então ressuscitarão, em primeiro lugar” (1Tessaloniossenses 4, 16).
Ressuscitado
com Cristo
Se
é verdade que Cristo nos ressuscitará no “último dia”, também é verdade que, de
certo modo, já ressuscitamos com Cristo, graças ao Espírito Santo, a vida
cristã é, já na terra uma participação na morte e ressurreição de Cristo:
“No
Batismo, fostes sepultados com ele, com ele também fostes ressuscitados, pela
fé na força de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. [...] Se ressuscitastes
com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de
Deus”. (Colossenses2, 12; 3,1)
Unidos
a Cristo pelo Batismo, os crentes, já participam realmente da vida celeste de
Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus”
(Colossenses3,3). “Ele nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez sentar nos
céus, em seu Corpo na Eucaristia, já pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos,
no último dia, nós também seremos “manifestados com Ele, cheios de glória”.
(Colossenses3, 4)
Enquanto
aguardam esse dia, o corpo e alma do crente participam desde já da dignidade de
ser “de Cristo”; daí a exigência do respeito para com seu próprio corpo, mas
também para com o de outrem, particularmente quando este sofre.
“O
corpo não é para a prostituição, ele é para o Senhor, e o Senhor é para o
corpo; Deus, que ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará também a nós, pelo seu
poder. Acaso ignorais que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em
vós e que recebestes de Deus? [...] Não pertenceis a vós mesmos. [...] Então,
glorificai a Deus no vosso corpo”. (1Coríntios6,5.19-20)

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