quarta-feira, 5 de novembro de 2025

CREIO NA COMUNHÃO DOS SANTOS (PARTE 2) "CREIO NA RESURREIÇÃO DA CARNE E NA VIDA ETERNA"

 



(Catecismo da Igreja Católica, Artigo 2, parágrafos: 998 – 1004)

 

Professamos no Credo quem cremos na ressurreição da carne e na vida eterna.

Todos os anos celebramos o dia de finados sem ao menos meditarmos o que significa este artigo do Credo.

Os batizados que morrendo em estado de graça, por meio de Cristo lhe é concedida a graça da vida eterna. Mesmo aqueles que estão no purgatório aguardam a purificação da alma para entrar definitivamente nas núpcias do Cordeiro.

Assim explica o Catecismo:

 

O Credo cristão – profissão de nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e em sua ação criadora, salvadora e santificadora – culmina na proclamação da ressurreição dos mortos no fim dos tempos e na vida eterna.

 

[Vale lembrar que a doutrina da reencarnação não serve para o cristão. Porque doutrina espírita da reencarnação é oposta à doutrina cristã e a Sagrada Escritura. Os espíritas ensinam que o espírito sai do corpo, isto é, desencarna e volta reencarnando-se várias vezes até atingir um estado puro e quando este atinge este estado puro se transforma em espírito de luz. Para atingir tal perfeição o espírito passará por esse processo quantas vezes for necessário até conseguir seu total objetivo. Enquanto que a Palavra de Deus nos ensina que o homem morre uma só vez, depois virá o juízo e a ressurreição. Em particular, o primeiro juízo logo após a morte e sem segundo lugar o juízo final quando todos ressuscitarão e serão destinados uns para a salvação eterna, outros para a condenação eterna. Não existe meio termo.]

 

Cremos firmemente – e assim professamos – que, da mesma forma que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também, depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que os ressuscitará no último dia. Como a ressurreição de Cristo, também a nossa será obra da Santíssima Trindade:

 

“Se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo Espírito que habita em vós” (Romanos8, 11).

 

O termo “carne” designa o homem em sua condição de fraqueza e de mortalidade. A “ressurreição da carne” significa que, após a morte, não haverá somente a vida da alma imortal, mas que também nossos “corpos mortais” (Romanos8, 11) readquirirão vida.

Crer na ressurreição dos mortos foi, desde o início, um elemento essencial da fé cristã. “Fiducia christianorum resurrectio mortuorum; ilíam credentes, sumus – A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos”.

 

“Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento é a nossa fé. Mas, na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram”.

1Coríntios15, 12.14-20)

 

[Portanto, o cristão não pode crer e nem professar a doutrina da reencarnação; porque nossa fé está na ressurreição. Porque Cristo ressuscitou para que um dia nós também pudéssemos ressuscitar.]

 

A ressurreição de Cristo e a nossa revelação progressiva da ressurreição.  

 

A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus ao seu povo. A esperança na ressurreição corporal dos mortos foi se impondo como consequência intrínseca da fé em um Deus criador do homem por inteiro, alma e corpo. O Criador do céu e da terra é também aquele que mentem fielmente sua aliança com Abraão e sua descendência. Nesta dupla perspectiva, começará a se exprimir a fé na ressurreição. Nas provações, os mártires Macabeus confessam:

“O Rei do Universo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que moremos por suas leis (2Macabeus7, 9). É melhor para nós, entregues à morte pelos homens, esperar, da parte de Deus, que seremos ressuscitados por Ele” (2Macabeus7, 14)

 

Os fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição. Jesus a ensina com firmeza. Aos saduceus que a negavam, ele responde: “Acaso não estais errados, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus? (Marcos12, 14). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que “é Deus não dos mortos, mas de vivos” (Marcos12, 27).

Mais ainda: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: “Eu sou a ressurreição e a vida” (João11, 25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há de ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem comido seu corpo e bebido seu sangue. Desde já, ele fornece um sinal de garantia disto, restituindo a vida a alguns mortos, anunciando com isso a própria ressurreição, que, no entanto, será de outra ordem. Deste acontecimento único ele fala como do ‘sinal de Jonas’, do sinal do Templo: anuncia sua ressurreição, quer ocorrerá no terceiro dia depois de ser entregue à morte.

Ser testemunha de Cristo é ser “testemunha de sua ressurreição” (Atos1, 22), “nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (Atos10, 41). A esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos com ele, por ele.

Desde o início, a fé cristã na ressurreição deparou com inúmeras compreensões e oposições. Em nenhum ponto da fé cristã se depara mais com mais contradição do que em torno da ressurreição da carne. Aceita-se muito comumente que, depois da morte, a vida da pessoa humana prossegue de modo espiritual. Como, porém, crer que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para vida eterna?

 

De que maneira os mortos ressuscitam?

 

O que é ressuscitar? Na morte, que é a separação da alma do corpo, o homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os as nossas almas, pela virtude da ressurreição de Jesus.

Quem ressuscitará? Todos os homens que morreram: “Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para a condenação” (João 5, 29).

De que maneira? Cristo ressuscitou com seu próprio corpo – “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo!” (Lucas24, 39).

Ele, porém, voltou à vida terrestre. Da mesma maneira, nele “todos ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm agora”; porém este corpo será “transfigurado em corpo de glória”, em corpo espiritual” (1Corínmtios 14, 44).

 

“Mas, dirá alguém, em que forma é que os mortos vão ressuscitar? Com qual corpo voltarão? Insensato! Aquilo que semeias morre primeiro e só depois é vivificado; e o que semeais não é a planta já desenvolvida – como será mais tarde – mas um simples grão digamos, de trigo ou de qualquer outro cereal [...]. Coisa semelhante acontece com a ressurreição dos mortos: semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível [...]. É preciso que este ser corruptível se vista de incorruptibilidade e este ser mortal se vista de imortalidade” (1Coríntios15, 35-37.42.52-53).

 

Este “como” ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo acessível somente na fé. Nossa participação na Eucaristia, no entanto, já nos dá um antegozo da transfiguração de nosso corpo por Cristo:

 

“Assim como o pão, fruto da terra, depois de ser recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, constituída por duas realidades, uma terrestre e outra celeste, da mesma forma nossos corpos que participam da Eucaristia não são mais corruptíveis, pois têm a esperança da ressurreição”.

 

Quando? Definitivamente “no último dia” (João6, 39-40.44-54), “no fim do mundo”. Com efeito, a ressureição dos mortos está intimamente associada à Parusia, isto, é a segunda vinda de Cristo:

 

“Pois o Senhor mesmo, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do céu. E então ressuscitarão, em primeiro lugar” (1Tessaloniossenses 4, 16).

 

Ressuscitado com Cristo

Se é verdade que Cristo nos ressuscitará no “último dia”, também é verdade que, de certo modo, já ressuscitamos com Cristo, graças ao Espírito Santo, a vida cristã é, já na terra uma participação na morte e ressurreição de Cristo:

“No Batismo, fostes sepultados com ele, com ele também fostes ressuscitados, pela fé na força de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. [...] Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus”. (Colossenses2, 12; 3,1)

Unidos a Cristo pelo Batismo, os crentes, já participam realmente da vida celeste de Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus” (Colossenses3,3). “Ele nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez sentar nos céus, em seu Corpo na Eucaristia, já pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos, no último dia, nós também seremos “manifestados com Ele, cheios de glória”. (Colossenses3, 4)

Enquanto aguardam esse dia, o corpo e alma do crente participam desde já da dignidade de ser “de Cristo”; daí a exigência do respeito para com seu próprio corpo, mas também para com o de outrem, particularmente quando este sofre.

 

“O corpo não é para a prostituição, ele é para o Senhor, e o Senhor é para o corpo; Deus, que ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará também a nós, pelo seu poder. Acaso ignorais que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus? [...] Não pertenceis a vós mesmos. [...] Então, glorificai a Deus no vosso corpo”. (1Coríntios6,5.19-20)  

 

        

 

 

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