INTRODUÇÃO
Caros amigos leitores.
Neste artigo, tratarei de oferecer a você através de uma maneira simples como ler a Sagrada Escritura.
Muitas pessoas tem dificuldade em ler a Sagrada Escritura. Isso acontece porque a formação dos livros não foram compostos em ordem cronológica. O Cânon bíblico foi escrito por escritores diferentes em épocas e diferentes.
Quem escreveu a Sagrada Escritura?
A Sagrada Escritura foi escrita pelos escribas judeus sob inspiração divina, no caso do Antigo Testamento e também por escritores cristão no caso do Novo Testamento.
Quantos livros tem a Bíblia?
A Igreja Católica Apostólica Romana considera como oficiais e devidamente inspirados 73 livros, sendo 46 livros no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento. A Igreja Católica Ortodoxa contém 78 livros 5 a mais que a católica e 12 a mais que a Bíblia Protestante.
Porque há essa diferença?
A diferença está na aceitação dos livros. No início havia muito mais. Cada Igreja em particular tinha seu Cânon próprio. Isso dificultava a credibilidade da Sagrada Escritura. O Concílio de Hipona em 393 - Séc. IV (no Norte da África) hoje Argélia.
Havia muitas divergências sobre quais deveriam ser os livros verdadeiramente inspirados e quais eram os não inspirados. Havia por parte de alguns clérigos e bispos uma ameaça de cisma. E para reforçar a Unidade da Igreja o Papa Sirício convocou o Concílio, embora não tenha participado pessoalmente por cauda de sua saúde e idade avançada, mandou seus representantes. Depois desse houve também mais dois Concílios regionais em 394 e 397 e neles confirmaram quais livros entrariam na Bíblia e também reafirmou o Celibato Clerical.
O Concílio discutiu e
reafirmou a origem apostólica do celibato clerical, definindo-o como um
requisito para todos os ordenados.
No entanto, os bispos
foram convocados sobretudo a fim de discutir e deliberar sobre a lista oficial
dos livros que deveriam ser considerados como de divina inspiração e que,
portanto, deveriam compor a Bíblia e ser proclamados no culto nas comunidades.
A motivação nascia das dúvidas geradas no Século III sobre o emprego, pelos
cristãos, dos livros assim chamados Deuterocanônicos. As causas originavam-se
das discussões com os judeus que, depois do Concílio de Jamnia – sínodo judaico
realizado no início do Século II que, entre outras coisas, estabeleceu um cânon
próprio – rejeitavam a canonicidade destes livros e de trechos de Ester,
Cântico dos Cânticos e Daniel.
Alguns Padres da
Igreja, por sua vez, também relataram tais questionamentos em seus escritos,
como, por exemplo, Atanásio de Alexandria (373), Cirilo de Jerusalém (386), e
Gregório de Nazianzo (389); ao passo que outros mantiveram-nos como inspirados,
como, por exemplo, Basílio de Cesareia (379), Agostinho de Hipona (430),
Jerônimo de Estridão (420) e Leão I (461).
As discussões do
Concílio se concentraram, todavia, sobre uma lista que já havia sido proposta
no Sínodo de Laodiceia, em 363, e pelo Papa Dâmaso I, em 382.
O Summarium do Concílio
Ainda que os originais
do documento conciliar tenham se perdido, seu Summarium foi transcrito e
devidamente aprovado no Concílio de Cartago, nestes termos:
Cânon XXXVI: Além das Escrituras
Canônicas, nada deve ser lido sobre o título de Divinas Escrituras. E as
Escrituras Canônicas são:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio,
Josué, Juízes, Rute, os quatro Livros dos Reis [ I, II, III e IV ], os dois
Livros do Paralipômenos [ I Crônicas e II Crônicas ], Jó, o Saltério de Davi,
os cinco Livros de Salomão [ Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos,
Sabedoria, Sirácida ], os doze Livros dos Profetas [ Oseias, Joel, Amós,
Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias
], Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, os dois Livros de
Esdras [ Esdras e Neemias ] e dois Livros dos Macabeus [ I e II ]. E do Novo
Testamento: quatro Livros dos Evangelhos, um Atos dos Apóstolos, treze
epístolas de Paulo, uma do mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma
de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João. Sobre a confirmação deste cânon
se consultará a Igreja do outro lado do mar. A leitura da Paixão dos Mártires
será permitida na celebração de seus respectivos aniversários.
A Bíblia cristã,
portanto, possuía 71 livros (ou 73, se, ao contrário da Septuaginta, contarmos
Jeremias, Lamentações e Baruque distintamente): 44 no Antigo Testamento e 27 no
Novo Testamento. O Cânon definido pelo Concílio de Hipona é adotado pela Igreja
Católica também atualmente. A Igreja Ortodoxa o aceita, acrescentando-lhe
outros textos, como III Macabeus, IV Macabeus, Odes de Salomão, Prece de
Manassés, Saltério de Salomão, além do Salmo 151: prática também adotada pela
Igreja Anglicana, não obstante rejeitar o Salmo 151.
Mesmo que Martim Lutero
tenha traduzido e publicado na sua célebre versão alemã da Bíblia todos os
livros cânon hipônico, os Protestantes adotam as decisões deste Concílio apenas
no que tange à definição do Cânon para o Novo Testamento, excluindo os Deuterocanônicos, considerados por eles como apócrifos no Antigo Testamento,
conforme os judeus a partir do Concílio de Jamnia.
Já nos primórdios do
cristianismo houve uma necessidade por parte dos judeus em definir quais eram
os livros do Antigo Testamento. Os Judeus para diferenciar o Cânon.
A diferença entre a Bíblia
Protestante e a Bíblia Católica se deve pelo fato de que existe uma diferença
no Cânon do Antigo Testamento.
Nós Católicos temos 46 livros no A.T e os Protestantes
tem 39 livros. Ou seja, falta no Cânon protestante 7 livros: Tobias, Judite,
Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirac), I e II Macabeus e algumas partes do
livro de Ester e Daniel.
No Século XVI houve uma
separação com a “Reforma Protestante” encabeçada por Martinho Lutero e outros “reformadores” se separaram do Magistério da Igreja. Lutero decidiu traduzir a
Bíblia para o Alemão e decide por conta própria deixar a parte 7 livros do A.T,
e mais, decide excluir uma carta do Novo Testamento, a carta de São Tiago
Apóstolo porque tal carta dizia que a Salvação se complementa pelo uso das boas
obras, ou seja, para alcançar a Salvação a Fé só não basta, é preciso que a Fé
seja manifestada pelas boas obras. Lutero chamava a Carta de S. Tiago de “carta
de palha” – e por não concordar com ela decidiu retirá-la, mas, depois decidiu
incluí-la no seu “Cânon”, decidindo como apócrifos somente os 7 livros (os Deuterocanônicos), pois, Lutero queria diferenciar a Bíblia protestante da
Bíblia Católica pelo fato de que não acreditava na oração pelos mortos e na
existência do Purgatório, na intercessão dos santos e tais livros davam bases para a doutrina católica na intercessão
dos santos, na oração pelos fiéis defuntos e na existência do Purgatório. Resolve-se seguir então
o Cânon judaico (Tanakh) e não a Septuaginta (tradução dos 70) que é tradução que
os Apóstolos usavam desde o Século I e que a Igreja Católica usa até hoje.
Mas, a princípio Lutero
não excluiu de vez esses livros. Eles continuaram na Bíblia protestante por um
tempo à parte. Somente depois foram retirados definitivamente.
Além do mais, Lutero
estabeleceu que somente a Escritura basta, a “Sola Scriptura” para definir as
questões de fé, excluindo o Magistério da Igreja e a Tradição Apostólica Oral. Tradição
Apostólica é o Ensinamento dos Apóstolos transmitido de forma oral que a Igreja
Católica conserva e considera que os dois formam a Palavra de Deus, composta
pela Sagrada Escritura (a Bíblia) e a Tradição Oral. E que somente a Igreja
pode e tem autoridade para interpretar a Sagrada Escritura e zelar pela Fé e
pela Doutrina. O Magistério da Igreja Católica, pela sucessão apostólica, através
dos bispos é que pode garantir que o Evangelho que nós lemos e a fé que
professamos é o Evangelho de Cristo.
Lutero e outros
reformadores, no entanto, não reconhecia o Magistério da Igreja e definiu que
qualquer um pode interpretar a Sagrada Escritura e isso foi seguido pelas demais
igrejas que se sucederam até hoje como as evangélicas e os pentecostais, etc.
Os protestantes e evangélicos,
no entanto, acham que a Igreja se corrompeu e nós teremos que voltar aos tempos
da Igreja primitiva através de um esforço arqueológico, ou seja, o
protestantismo nasce com essa ideia arqueológica de que nos últimos 1200 anos a
Igreja traiu Jesus. Mas, não é verdade e as fontes nos mostram o contrário de como era a Igreja no princípio.
Os protestantes foram
pesquisar quais são os livros do A.T; descobriram que os judeus tinham uma lista
diferente da lista do Cânon Católico. Então, se os judeus tem 39 livros no seu
Cânon e o Cânon católico 46 certamente
foi a Igreja Católica que acrescentou esses livros?
Foram assim que alguns
protestantes começaram a tirar tais livros. Interessante notar que isso foi um
lento processo não foi Lutero quem tirou os 7 livros do A.T porque Lutero
continuou publicando na sua Bíblia esses 7 livros quase como em separado.
Ele
sabia que os livros tinham sido acrescentados numa segunda fase, por isso, nós
chamamos esses livros de Deuterocanônicos, ou seja, havia uma primeira lista e
uma segunda lista. Esses livros entraram numa segunda lista. Lutero publicava
mesmo assim e várias igrejas protestantes publicaram até que finalmente no Século
XIX a maior parte das igrejas protestantes retiraram definitivamente os (7)
livros Deuterocanônicos.
Nem mesmo no processo os protestantes não tiveram
unanimidade, porque levou bastante tempo. A razão é que a igreja protestante padece de
um problema: Ela crê mais na sua pesquisa histórica que na Fé que a Igreja transmitiu ao longo dos séculos. E exatamente aí está a fragilidade da eclesiologia protestante, ou seja, o protestantismo
nasceu na religião de um livro, a religião da Bíblia ou a “Sola Scriptura”.
Enquanto que nós católicos cremos que somos a continuação do Corpo de Cristo ao
longo da história. A Igreja é o Corpo de Cristo e nós somos Igreja, cremos na
fé da Igreja e a fé da Igreja que nos dá a Bíblia de presente.
A ORIGEM HISTÓRICA DAS
DUAS BÍBLIAS:
A TORÁ OU TANAKH E A SEPTUAGINTA (Tradução dos LXX)
O Antigo Testamento que
foi escrito em hebraico. Torá, Os Profetas e os Escritos, são as três partes da
Bíblia hebraica, também chamada de Tanakh. Que teve um processo lento de
canonização.
A Torá, sendo os 5 primeiros livros do A.T foram os primeiros a serem fixados.
Isso aconteceu de forma lenta. Depois foi fixado os Profetas, e somente num período
posterior é que fechou o Cânon dos Escritos. A diferença que existe entre a Bíblia
Católica e a Bíblia judaica ou protestante está nos escritos que são diferentes.
Porque esta última fase da Bíblia não estava ainda definida, não estava fechada
a lista na época de Jesus e dos Apóstolos. O que nós temos é o seguinte: Os
judeus na época de Jesus tinham um grande debate à respeito de quais eram os
livros sagrados. Os saduceus, por exemplo, só acreditavam na Torá. Os fariseus
acreditavam nos profetas e nos escritos e tinham a convicção de que a inspiração
dos escritos ainda não estava concluída. Ou seja, o processo da Sagrada Escritura
não estava fechado. Foi assim então que Jesus veio ao mundo e os Apóstolos
começaram a pregar o Evangelho. Quando os Apóstolos foram pregar o Evangelho
eles tiveram que pregar não somente ali
na terra santa, eles tiveram que ir para toda parte, outras regiões fora da Palestina.
Naquela época o idioma mais falado era o grego, o grego era a “linguagem do
comércio”; então os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho em grego. Mas, a
Bíblia estava escrito em hebraico.
Os Apóstolos pegaram
uma tradução grega da Bíblia que é a Septuaginta, a tradução que tinha sido
feita em Alexandria ainda antes de Cristo. Acontece que essa tradução dos 70
possui nela esses 7 livros a mais que chamamos de Deuterocanônicos e nós vemos que
os Apóstolos utilizavam esta tradução porque várias passagens do N.T, quando
para referir-se ao A.T cita-se muitos são
da Septuaginta e não na tradução hebraica.
Existe coincidência, por exemplo,
quando São Mateus diz que “eis que uma virgem conceberá e dará a luz a um filho” , é um texto do
Profeta Isaías, se lermos na tradução hebraica na Tanakh, não se fala de
virgem, se fala de uma moça, donzela, ou jovem dará a luz a um filho. Essa
palavra moça poderia ser interpretada como virgindade; até mesmo porque o
tradutor sabia que era proibido pela Lei de Moisés que uma jovem pudesse engravidar
sem se casar ou perder a virgindade antes do casamento era punição de morte. O
tradutor da Septuaginta traduziu como uma virgem. E Mateus cita conforme a
tradução dos 70. Assim a Igreja conserva até hoje a Septuaginta e não a Tanakh.
Seja como for, o Cânon
estabelecido por este sínodo foi posteriormente confirmado pelo III Concílio de
Cartago, em 397, e reafirmado em 1441 pela resolução Decretum pro Iacobitis do
Concílio de Florença e, finalmente, em 1546, por meio do decreto De Canonicis
Scripturis, do Concílio de Trento.
Aos livros que sobraram
deram o nome de Apócrifos. Significa que foram colocados à parte. Cabe
esclarecer os Apócrifos não tem o sentido ou significa “escondidos” ou “ocultos”
como muitos “interpretes” da internet queiram atribuir somente para difamar a
Igreja Católica Apostólica Romana. Pois, como vemos nem todas as Igrejas
adotaram o cânon com os 73 livros como, por exemplo, a Igreja Católica Ortodoxa
e a Igreja Católica Copta (no Egito), possuem mais livros em seus cânones. No entanto
a Igreja reconhece tais Escrituras, sendo que nelas contém por exemplo o Livro
de Enoc, cujo não faz parte do Cânon bíblico Católico Romano, mas aparece nas
bíblias das Igrejas Ortodoxas.
A VULGATA LATINA
A palavra Vulgata
deriva da palavra vulgar é usado para definir o termo tradução popular da Bíblia.
Ela é a tradução da Escritura
Sagrada para o Latim de forma que as Igrejas tivessem uma tradução comum e
simples.
Foi escrita entre fins
do século IV início do século V, por São Jerônimo, a pedido do Papa Dâmaso I,
que foi usada pela Igreja Cristã Católica e ainda é muito respeitada.
Nos seus primeiros
séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi
escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo,
bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.
No século IV, a
situação já havia mudado, e é então que o importante biblista São Jerónimo
traduz pelo menos o Antigo Testamento para o latim e revê a Vetus Latina.
A Vulgata foi produzida
para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi
a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho
Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como
Septuaginta. No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou textos.
Chama-se, pois, Vulgata a esta versão latina da Bíblia que foi usada pela
Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é fonte para
diversas traduções.
O nome vem da expressão
vulgata versio, isto é "versão de divulgação para o povo", e foi
escrita em um latim cotidiano.
A Vulgata constitui um
marco para a Igreja de língua latina. Até então circulavam diversos textos e extratos
latinos, todos eles baseados sobre a tradução grega e em estado precário.
Quando o papa Dâmaso encarregou S. Jerônimo de estabelecer um texto digno de
confiança para a Igreja Católica, em 384, não o encarregou de preparar uma nova
tradução, mas apenas de rever e corrigir esses textos que circulavam em Roma,
com a ajuda da tradução grega.
S. Jerônimo começou a
fazer essa revisão, mas a partir de 391, já estabelecido na Palestina, resolveu
retraduzir todo o Antigo Testamento com base nos textos em hebraico e aramaico,
inclusive Tobias e Judite, que encontrou em aramaico (os demais
deuterocanônicos, baseou-se no texto grego), concluindo tudo por volta do ano
406.
De início, sua tradução
sofreu grande oposição, devido principalmente ao emprego de termos
não-tradicionais ou certos afastamentos da tradução grega; no tempo de S.
Gregório Magno, porém, passou a desfrutar de iguais direitos que as demais
traduções, fixando-se como texto principal para a Igreja latina entre os
séculos VIII e IX (a denominação “Vulgata”, contudo, só começou a ser usada a
partir do séc. XIII).
O Papa Pio X mostrou a
intenção de um projeto de revisão da Vulgata Latina para torná-la mais similar
ao texto escrito por São Jerônimo.
Pio XI instituiu um Mosteiro Beneditino
em Roma – Mosteiro de São Jerônimo – para tal fim. Os monges trabalharam até
depois do Concílio Vaticano II, quando ocorreu a dissolução do mosteiro, tendo
concluído o Antigo Testamento.
Hoje, há uma versão não
oficial chamada Vulgata Stuttgardencia que aproveita a edição dos monges do
Mosteiro de São Jerônimo para o Antigo Testamento e uma edição crítica feita em
Oxford para o Novo Testamento.
Após o Concílio
Vaticano II, por determinação de Paulo VI, foi criada uma nova comissão para a
revisão da Vulgata, sobretudo para uso litúrgico. A nova revisão,
diferentemente do método anterior utilizado pelo Mosteiro em Roma para
verificar se a versão corrente da vulgata era igual a de São Jerônimo, utilizou
o texto crítico de Oxford da Vulgata Stuttgardensia, fazendo o texto latino
coincidir com o hebraico do texto massorético e o texto grego crítico. Foi
utilizado o códex Leningradensis, do século XI, e a versão crítica de
Nestle-Alland.
Esta revisão, terminada em 1975, e promulgada pelo Papa João
Paulo II, em 25 de abril de 1979, é denominada Nova Vulgata e ficou
estabelecida como a edição típica da Bíblia para a Igreja Católica.
Prólogos da Vulgata
Além do texto bíblico
da Vulgata, ela contém prólogos dos quais a maioria foi escrita por Jerônimo.
Esses prólogos são escritos críticos e não eram destinados ao público em geral.
O tema recorrente dos
prólogos se refere à primazia do texto hebraico sobre os textos da Septuaginta
(LXX), em grego koiné.
Entre os mais notáveis
prólogos se destaca o Prologus Galeatus, de Jerônimo.
Jerônimo traduziu os
deuterocanónicos, que traduziu do aramaico. Os deuterocanónicos foram incluídos
na edição da Vulgata conforme estavam na Antiga Latina.
O prólogo Primum
Quaeritur, de autoria desconhecida, defende a autoria paulina para a carta aos
Hebreus.
Prólogos
Pentateuco
Josué
Reis - Prologus
Galeatus
Crônicas
Esdras
Tobias
Judite
Ester
Jó
Salmos (LXX)
Livros de Salomão
Isaías
Jeremias
Ezequiel
Daniel
12 Profetas (menores)
Os evangelhos
Epístolas Paulinas -
Primum Quaeritur
Notas
Salmos (Hebreus)
Adições de Ester
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Os Apócrifos
A
palavra apócrifa significa “o que está separado” ou “à parte”.
E
se refere aos livros faziam parte dos livros da Bíblia antes do Concílio de
Hipona (Séc III d.C).
Cabe esclarecer que nos últimos tempos e sobretudo, com o uso da internet,
pessoas de má fé ou que simplesmente não vão atrás para estudar a fundo e
pesquisar sobre o assunto ou ainda, tentam denegrir a imagem da Igreja Católica
divulgam a falsa afirmação de que a Igreja tirou esses livros porque queria
esconder a verdade do povo ou ainda que a Igreja por interesse de dominação e
político temendo enfraquecer seu poder preferiu tirar tais livros, etc... São
acusações mentirosas, maldosas e totalmente sem nexo com o objetivo de difamar a Igreja Católica. Se a Igreja Católica tivesse ocultado ou proibido tais escritos ninguém teria acesso a eles, no entanto as obras dos apócrifos estão aí publicadas pelas editoras ou pela internet.
Aqui
vamos esclarecer os principais motivos que levou a Igreja a definir o Cânon
Bíblico como temos hoje.
Padre
Paulo Ricardo explica muito bem em seu canal do Youtube a respeito de como foi
feito todo o processo de montagem do Cânon. Quem quiser pode pesquisar. Aqui
vou trazer resumidamente segundo o que Padre Paulo explica mesmo explica porque é o mais fácil de
entender.
1) É
falsa a acusação de que a Igreja por interesses próprios tentou esconder esses
livros?
Sim,
essa acusação essa acusação é falsa e não tem sentido, pois, os livros apócrifos
estão aí para consulta pública a quem quiser.
Na
antiguidade era quase impossível o acesso à Bíblia porque ela não era como
conhecemos hoje encadernada, com zíper e tudo mais. A Bíblia como conhecemos
hoje, só veio ser conhecida por muitos após a invenção da impressa e o uso do
papel. Naquele tempo eram muitos rolos de pergaminhos que não caberiam em uma
sala comum era preciso ter toda uma estrutura para guardar os rolos de
pergaminhos. Ela era escrita à mão e reproduzida ou recopilada nos mosteiros.
Então é por isso que a população em geral não tinha acesso à Sagrada Escritura
escrita, mas, ela era passada oralmente. Naquele tempo grande parte da
população era analfabeta e somente os nobres e os clérigos sabiam ler e por
isso tinham facilidade de acesso aos textos sagrados. A Igreja ao longo dos anos
tratou de criar escolas para o ensino das pessoas, mas, isso foi um longo processo.
Até então o jeito mais fácil de explicar a Sagrada Escritura era a pregação e o
uso dos ícones e das imagens sagradas. É por isso que a gente vê nas catedrais
medievais grandes vitrais sobre a vida dos santos, grandes pinturas com
passagens bíblicas.
2) Porque
os livros apócrifos não foram considerados?
Esses
livros não entraram de certa forma no Cânon oficial por que: A) Foram escritos
tardiamente alguns 100 anos depois. Não se equiparavam à verdade histórica e
seus autores eram desconhecidos. Seus autores para darem credibilidade aos seus
escritos atribuíam as suas obras aos Apóstolos, por exemplo, o Evangelho de
Judas, Tomé e Maria Madalena. Mas, na verdade não foram os Apóstolos que
escreveram. B) Nos primeiro século surgiu uma seita entre os cristãos que era o
gnosticismo. A Igreja teve que lutar muito para combater esses hereges que ensinavam
muitas coisas erradas, doutrinas falsas, o gnosticismo negava que Jesus tivesse
encarnado de fato uma vez que considerava a matéria má. Desta forma anula-se a
obra redentora de Cristo. E para se chegar ao estado de perfeição somente
através do conhecimento. (História da
Igreja, Vol. I, Prof. Felipe Aquimo, pág 151ss)
Pois
bem. Muitos desses livros, nem todos, foram escritos por esses hereges contendo
falsas doutrinas e por isso, foram excluídos do Cânon Bíblico.
C)
Nem todos os Apócrifos são considerados livros heréticos, alguns datados do
primeiro século contém verdades, ensinamentos que a igreja usa até hoje, como,
por exemplo, a Didaqué, que é considerado por muitos estudiosos como sendo o
primeiro catecismo dos Apóstolos. O Pastor de Ermas, A carta de São Policarpo, etc. Outros ainda contêm assuntos históricos e
certas verdades históricas que servem para pesquisa e são deles que conhecemos
os nomes de alguns santos, como, por exemplo, os dos avós de Jesus S. Joaquim e
Santa Ana. A Igreja faz uma seleção do que pode ou não ser aproveitado e utiliza
os livros que contém verdades ou fundamentos históricos.
D)
Os livros Apócrifos trazem em sua maioria contradições. Ensinamentos ou fatos
que são meramente inventados para trazer à luz certas dúvidas ou lacunas que os
Evangelhos canônicos não citam. Por exemplo: Surgiu nos primeiros séculos uma
curiosidade em saber sobre a vida oculta de Jesus. A vida oculta de Jesus se
refere do período em que era criança até a sua adolescência até a idade adulta. Nos evangelhos canônicos
não encontramos nada à respeito disso porque a preocupação dos escritores era
mostrar que Jesus era o Messias, o Cristo nos seus ensinamentos e não contar
uma história sobre um personagem, ou uma biografia. Os evangelistas Mateus,
Marcos, Lucas e João estavam preocupados em transmitir um ensinamento e não uma
biografia.
E
foi nesse sentido que tentando explicar essa “lacuna” que faltava nos evangelhos é que alguns escribas escreveram alguns evangelhos escrevendo sobre a infância de
Jesus, mas, por conter muitas fantasias a respeito tornaram esses escritos sem
credibilidade; basta ler essas obras para ver que elas contêm não verdades
históricas, mas, fábulas, ideias fantasiosas sobre Jesus.
Outras
ainda contam sobre o período em que Jesus foi preso e crucificado (Ex. a
Sentença de Pilatos), ou ainda o livro de José de Arimatéia etc. Nada disso
corresponde como a verdade histórica. Ou ainda o Evangelho de Judas que tenta passar a
ideia de que Jesus aceitou a traição de Judas, fazendo-o passar como vítima da história.
Outros
escritos do Antigo Testamento também ficaram de fora como, por exemplo, o Livro
de Enoc. Embora Enoc seja citado no Novo Testamento, não existe nada que prove
que ele tenha existido de fato, sendo mais uma fábula judaica. Que conta
histórias absurdas sobre a criação.
É
por isso que a igreja teve o cuidado para selecionar e definir a lista do que era
ou não inspirados. Outra seleção foi feita a partir da proximidade histórica
com os Apóstolos; quanto mais perto dos primeiros séculos, mais, confiante era.
Sabemos
que o primeiro Evangelho escrito é o de Marcos (+/- 60 d.C).
Outra
maneira que selecionou as obras que hoje conhecemos como inspirados foi a comparativa histórica
dos textos, ou a maneira que esses livros foram escritos, a grafia, a linguagem.
Pois, a grafia e a linguagem muda variam de tempos em tempos. Basta observar as
variações de linguagem e ortografia de tempos em tempos, por exemplo, a grafia
do grego antigo é diferente do grego de hoje. Assim, acontece com todos os
idiomas. Nesse sentido a Igreja pode fazer uma comparação histórica dos
escritos para selecionar e dizer que tais foram ou não escritos pelos
escritores oficiais. Mesmo assim tem alguns, biblistas e exegetas (uma pequena
parte) que defendem que o Evangelho de João não foi escrito por ele. O que
discorda a maioria dos estudiosos.
Mas, as Igrejas Ortodoxas ainda conservam alguns livros que na nossa Bíblia não são considerados inspirados. O que é apócrifo para nós, para eles não. Nem assim podemos criticar e dizer que eles estão errados como fazem nossos irmãos evangélicos ao dizer que a Igreja Católica é errada em conter na nossa Bíblia os 7 livros a mais que são os Deuterocanônicos que já explicamos aqui como e porque esses livros foram acrescentados posteriormente no Cânon oficial da Igreja.
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PRIMEIRA PARTE
APRENDENDO SOBRE A SAGRADA ESCRITURA
Prof. João Claudio Rufino - PUC/Professor de Teologia
Como ler as profecias do Antigo Testamento?
A primeira
coisa a entender é o que é a lei.
Quando nós olhamos para o texto bíblico temos
aquilo que chamamos de Torá ou Pentateuco. Torá é um termo hebraico e
Pentateuco é um termo grego. Penta significa 5 e Teuco significa rolo ou “Cinco
Rolos”.
Refere-se aos cinco primeiro livros do Antigo
Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. A esse conteúdo
chamamos de Lei Escrita.
Qual o
significado da Torá?
A Torá deriva do verbo Yarah para “ensinar”
ou “instruir”, então seria mais sábio traduzir a Torá como instrução.
O termo Torá pode ser traduzido por Lei,
porém, é melhor que a traduza pela expressão instrução porque de fato o
conteúdo desses cinco primeiros livros da Bíblia é um conteúdo mais amplo do
que um conteúdo legislativo, nós temos narrativas também.
Por que chamamos o Pentateuco de Lei ou
Instrução (ensinamento)?
Daí a gente olha esses livros como Gênesis
está cheio de instruções sobre a a natureza de Deus, sobre a História da
humanidade, sobre a História de Israel e sua família.
Mesmo nos textos narrativos o Livro de
Gênesis tem muita instrução.
É muito interessante quando a gente olha para
o Livro do Êxodo, na sua parte narrativa detém diversas instruções. Ele nos
instrui sobre o perigo do poder nas mãos de um louco como o Faraó. Ele nos
instrui como Deus pensa desse “poder” iníquo.
Deus destrona o Faraó, é uma instrução.
Quando a gente olha para a epopeia do povo
durante a travessia do deserto também todo aquele conteúdo é uma instrução.
Então, aquele conteúdo nos instrui sobre a misericórdia de Deus; sobre o Deus
que cuida de seu povo durante a peregrinação pelo deserto.
O interessante é que o Livro do Deuteronômio
é um conjunto de instruções. Claro, em forma de Leis; então, é muito
interessante entendermos de modo mais amplo aquilo que é a Torá. Ele é um
conjunto de instruções. Ora temos instruções em textos narrativos, ora em
textos legislativos.
É preciso que nós entendamos que há uma
relação entre as leis e as narrativas dentro do Pentateuco. Para entendermos as
leis é preciso entender que há uma relação entre as Leis e as narrativas. A
estimativa percentual é que há 50% textos legislativos e 50% textos narrativos
dentro do Pentateuco. Essa é a estimativa.
Outro detalhe importante sobre essa relação
Leis e narrativa é que justamente todas as leis do Pentateuco elas foram
inseridas dentro de contextos narrativos. O que isso quer dizer? Quer dizer que
conta-se uma narrativa e no meio dela tem conjunto de leis. Essas narrativas
dão horizonte para a interpretação dessas leis. Portanto, para entendê-las é
necessário observarmos o processo narrativo onde estas leis encaixam. Há um
contexto e um cotexto.
Ainda nessa relação entre leis e narrativas
quando a gente trata sobre a história da composição, a história escrita esse
conjunto chamado Pentateuco é preciso que tenhamos a clareza de que muitas leis
foram inseridas em edições mais tardias do Pentateuco. Há um longa
história redacional do Pentateuco.
Passaram-se séculos até a conclusão final do Pentateuco como o temos hoje. De
tal que muitas leis são leis tardias que foram inseridas posteriormente. O fato
é que todo texto de Gênesis a Deuteronômio passou por um processo redacional
longo e leis foram inseridas na edição final ou o longo do processo de edição.
Outro dado que a gente precisa ressaltar é
justamente que quando nós olhamos para as Leis dentro das narrativas a gente
precisa entender que essas leis e narrativas iluminam a interpretação dessas
leis. Há uma relação profunda. Para entender uma lei precisa-se olhar onde ela
se encontra dentro do processo narrativo do Pentateuco.
Como as Leis
da Torá são compreendidas?
Uma das características que a gente ressalta
das leis do Pentateuco é que essas leis são representadas como Leis que forma
comunicadas ao povo diretamente da parte
de Deus. As Leis no seu contexto literário teológico devem ser compreendidas
assim. E isso nos leva aquilo que´é a aliança entre Deus e o povo. Deus faz uma
aliança com seu povo e essa aliança tem um contrato.
Esse contrato é justamente é esse conjunto de
normas que o povo deveria seguir. As leis vão ser fundamentais dentro da
relação entre Deus e o povo que vão
firmar uma aliança.
Importante! Na antiguidade era comum que os
povos fizessem uma aliança com suas respectivas divindades e geralmente essas
alianças eram feitas com um contrato. Como é que era esse contrato? Você tem as
normas deveriam ser seguidas pelo povo e
em muitos casos acontecia que o rei seria o intermediário da aliança, do
contrato. As leis dentro do A. T. têm essa característica que fazem parte da
influência do mundo cultural antigo no qual o povo da Bíblia está inserido. As
leis precisam ser entendidas assim.
Outro ponto
é: A quebra da Lei vai gerar
consequências ao povo, ao mesmo tempo a obediência à Lei traz consequências
positivas para o povo.
Tendo então
esse panorama de compreensão da Lei nós precisamos fazer a pergunta:
Como devemos agrupar essas leis?
As leis não
podiam ficar soltas, então os redatores foram organizando essas leis em blocos,
alguns maiores, outros menores.
A primeira
forma de agrupar essas leis é em série de 10 preceitos. Os dez preceitos ou Dez Mandamentos na verdade é uma forma de organizar
esse conjunto de leis. Aos 10 preceitos nós chamamos de Decálogo. Deca em grego significa 10, e Logus significa palavra = dez palavras, pois
seu aprendizado era facilitado pelo recurso dos dedos das mãos. O povo usava os
dedos das mãos para memorização dessas leis. Nós temos na Bíblia conjuntos de
10 mandamentos.
Os mais
famosos são o “decálogo ético” – Os Dez Mandamentos - Êxodo20, e ele vai se repetir com algumas
variações em Deuteronômio cap.5. É desse
conjunto que temos a forma dos Dez Mandamentos que temos hoje.
Existe outro conjunto que foi organizado em
forma de Dez Leis, que é o “Decálogo do Culto” ( Cf. Êxodo 34). Então temos um
conjunto de dez ordenanças que vão se referir ao culto. Organizar em dez as
leis é algo realmente presente no modo de se agrupar o conteúdo legislativo.
Também
parece provável que tenha havido um “decálogo” para a administração da
justiça.
E outro caso,
temos uma série de 12 preceitos, promulgados em Siquém, e por isso é conhecido
como “Decálogo Shequemita”. Na Bíblia além da fórmula dez temos a fórmula 12.
Ou seja, com doze instruções.
Em Deuteronômio
27, 15ss, nós temos um Dodecálogo. Que são 12 preceitos ou doze Leis
organizadas; e porque essas 12 Leis de acordo com o texto bíblico foram
promulgadas em Siquém será chamado de “Dodecálogo Shequemita”. É uma forma de organizar a Lei em 12 preceitos
ao invés de 10.
Além disso,
nós temos uma formulação muito parecida com essa formulação das 12 leis. Em Êxodo21, 12-18 – temos algo parecido,
embora nessa passagem seja referente ao conjunto de leis que está em referência
do homicídio, golpes e ferimentos, etc.
Mas, é
interessante aqui nós temos o mesmo tipo de formação numérica das Leis.
Outra forma
que temos de classificar essas leis dentro do Antigo Testamento é o conteúdo
delas. Não apenas os números, mas, o conteúdo. Então, nós temos por exemplo
leis nas Escrituras no livro do Levítico 18, 6-23 que essas são leis agrupadas
pelo tema de relações sexuais ilícitas; ao mesmo tempo que nós temos em
Êxodo23, 14-19 leis cujo o tema trata justamente das peregrinações anuais. É
muito importante percebermos esse processo colocado de agrupar as leis por
conteúdo.
Agora, nós
também temos na bíblia códigos mais extensos, temos conjuntos de leis que não
seguem exatamente um tipo de lógica e, portanto as formas dessas leis são um
pouco mais caóticas. Por essa razão é que muitas vezes quando lemos esses
textos de lei a gente fica perdido porque vem uma lei que trata de um assunto,
daqui a pouco outra lei que trata de outro assunto. Um grupo de Leis que
apontam para um determinado tema. Daqui a pouco vem outro grupo de Leis que
tratam de outro tema e a gente está lendo sem se dar conta.
Então, na
Bíblia a gente vai ter essas formas de organizar essas leis. Isso é muito
interessante e vale apena ler e compreender os textos.
Quais são os principais códigos de leis do
Antigo Testamento?
Os
principais códigos são:
CÓDIGO DA
ALIANÇA (EX21, 23) - esse código é o
mais antigo, ele é colocado logo na narrativa da saída do povo da escravidão do
Egito e ele vai, portanto, ser colocado quando o povo chaga ao Monte Sinai.
CÓDIGO
DETERONÔMICO (Dt12, 26) – embora ele esteja no final do Pentateuco ele é um
código mais recente que o Código de Santidade do ponto de vista da composição
da escrita ao longo da história.
CÓDIGO DE
SANTIDADE (Lev17,26) – esse Código é o mais recente, data do período do pós
exílio, (400 a.C)
Agora que
entendmos o que são essas leis, nós já entendemos como é que elas são
classificadas e comoelas devem ser entendidas. Agora vamos ver justamente quais
são os tipos de Lei. Como identificar ao ler o texto essas várias formas de
escrita da Lei.
Quais são os tipos de Lei no Antigo
Testamento?
Basicamente
nós teremos as chamadas Leis causuísticas
e as leis apodíticas.
A Lei Casuística é a jurisprudência.
Apresenta um caso particular e descreve as punições a ele associadas. Ou seja, ela parte de um caso particular e
depois ela traz as punições que estão associadas a esse caso. Ela vai ser
montada justamente com esses dois elementos: O caso e a punição.
Por exemplo:
Ex22, 14-15
– “Se alguém pedir emprestado a seu
próximo um animal, e este ficar aleijado ou morrer, não estando presente o
dono, pagá-lo-á. Se o dono esteve presente, não pagará. Se foi alugado, o preço
do aluguel será o pagamento”.
Veja o
detalhe, o caso “se alguém pedir emprestado ao seu próximo, e este ficar
alijado ou morrer, não estando presente o dono pagá-lo-á”.
Observe até
aqui temos o caso. A lei apresenta uma situação e depois uma legislação
pertinente. Na segunda parte é a mesma coisa. Apresentou o caso “não pagarás” e
no terceiro a mesma coisa: a situação
depois a legislação “o aluguel será o pagamento”.
Isso é
aquilo que chamamos de Lei Casuística.
Geralmente
essa Lei Casuística vai ter essa dinâmica, “se” e “então”, (...) geralmente vai
aparecer em toda a Sagrada Escritura nesse
conjunto de Lei.
A Lei
Apodítica é aquela lei que é afirmação ou negação categórica do
comportamento certo e errado.
Elma não
apresenta um caso, ela já fala diretamente o conteúdo.
Por exemplo,
os 10 Mandamentos. “Não Matarás”, “Não Cometerás adultério”, etc.
Quando
quiser fazer uma interpretação de uma lei você deve usar esses dois parâmetros,
ela é casuística ou apodítica?
Aí também
vamos observar que as Leis também tem subformas de tipos.
As Leis segundo suas categorias
tradicionais.
Uma segunda
maneira de se categorizar as leis é atribuí-las às categorias tradicionais de
leis civis cerimoniais ou morais. No entanto, essas categorias não são
particularmente úteis para interpretação.
Vamos dar
uma olhada e aprofundar um pouco mais nas classificações das leis. Então, a
gente tem também as leis segundo o seu tipo.
As leis segundo seu tipo.
Vamos
perceber como isso é importante.
Uma terceira
maneira de classificar as leis é de acordo com seu tipo. Na Torá, existem leis
de muitos tipos diferentes. A melhor maneira é pegar essas leis e fazer a
organização por tipo. Por exemplo, as leis criminais especificam delitos
considerados contrários aos melhores interesses da comunidade. (Por exemplo,
Ex21,16; 23,1; Dt 19, 14).
Quando
estiver lendo a Bíblia é preciso compreender essas leis criminais.
Outro tipo é
a jurisprudência são leis como as leis casuísticas. Você tem casos particulares
e depois tem a legislação colocada. A jurisprudência descreve vasos
particulares e como eles devem ser resolvidos (por exemplo, Ex22, 5-15).
Depois temos
outros tipos de leis que são as leis de família. Regulam os relacionamentos
dentro das famílias e as responsabilidades dos membros de uma família,
incluindo o papel do patriarca (pai) (por exemplo, Ex20, 12; 21-17, Dt21,
15-17).
Quando a
gente avança nós também encontraremos dentro das leis bíblicas as leis do
sacrifício, elas vão trazer regulamentos quanto a prática do sacrifício , como
por exemplo quando e como esses sacrifícios devem ser feitos. Como deve ser
realizado. Por exemplo, Lev1-7; Dt17, 1.
Além das
leis do sacrifício, temos algumas leis que são leis que chamamos de “leis
simbólicas” que descrevem e estabelecem o sistema de limpo e impuro, que pode
ser entendido como “lições objetivas” culturamente apropriadas destinadas a
lembrar às pessoas de seu relacionamento com Deus e sua missão de ser uma
testemunha paradigmática para os gentios. (Por exemplo, Lev11-15, Dt14, 1-21).
Elas vão
justamente apontar para aquilo que era apropriado uma pessoa viver dentro da
comunidade dos Israelitas. E porque essas leis eram colocadas? Justamente para
distinguir os israelitas dos outros povos. Além disso, essas leis são leis que
vão apontar para uma tentativa de salvaguardar a comunidade das enfermidades,
das doenças porque elas vão prevenir, por exemplo, que alguém que tenha algum
tipo de doença contagiosa essa pessoa não contamine os demais.
Existem as
leis do Calendário Sagrado que vão regular as datas sagradas, por exemplo, os
sábados, as festas, os festivais e elas vão organizar o modo como Israel vai se
celebrar o seu Deus. A própria liturgia do povo. As leis, da Páscoa, de Pentecostes, A festa
dos Pães Ázimos, etc.
Elas
fornecem um ritmo para a vida de Israel em relação a Yhaweh (como por exemplo: Ex20, 8-11; 23-10-17; Lev251-22; Dt5,
12-15; 16-1-17).
Depois temos
as leis compassivas. Elas vão regular exatamente a maneira como as pessoas
devem tratar umas às outras. Como por exemplo, “amar o próximo como a ti mesmo”
é uma lei compassiva; “não matarás é uma lei compassiva”. É muito interessante
termos esse entendimento justamente para não ter uma leitura
fundamentalista.
Passo a
passo para interpretar as leis do Antigo Testamento.
1) É preciso
identificar o contexto da perícope. É preciso olhar o
contexto. Entender que a identificação do contexto da passagem é vital na
interpretação da Lei. Tanto o contexto sócio-histórico, quanto ao contexto
literário (muitas vezes, referido como co-texto para distingui-lo do cenário
sócio-histórico) devem ser identificados. Qual é o período sócio histórico? É o
período em que o povo estava vivendo. É o período em que aquela determinada Lei
foi redigida. É olhar para aquilo que está para além das informações dadas na
linha do texto. Porque embaixo do texto existe um “chão”, ou uma base, existe
uma história acontecendo. Esse é contexto sócio-histórico. Ao mesmo tempo a
prória narrativa ela tem o co-texto, o co-texto é o contexto literário, o que
vem antes e o que vem depois do texto que se está lendo. É preciso fazer esta
identificação. Como exemplo desse processo podemos pegar o texto de Dt17, 14-20.
Observe o fato que de acordo com o texto essa lei está sendo dada por
Deus e Moisés é o intermediário, esse é o contexto literário. Onde é que o povo
de Deus está quando ouve está lei? O povo estava em Moab. Moab é um local que
faz fronteira com a terra prometida. Portanto, o povo ainda não estava na terra
prometida d e acordo com o texto, mas essa lei é uma legislação sobre o rei de
Israel. Mas como existe uma lei sobre o rei se ainda não existia rei em Israel?
Quando nós observamos o contexto literário ele traz para nós à tona aquilo que
são questão do texto como essa realidade, aí nós para o contexto sócio-histórico
ou histórico social porque ai podemos entender que historicamente o povo de
Israel terá um rei lá pelo ano 1000 a.C.
Nós vamos logo perceber portanto, que essa legislação possivelmente ela
é uma inserção posterior no texto. Ela é colocada na boca de Moisés no ano 1220
a.C mas esse é um processo posterior. Aí a gente começa a entender que várias
narrativas bíblicas sobre os reis vão se pautar nessa lei de Dt17, 14-20. E
assim coseguimos melhorar a nossa interpretação.
Você identificou
o contexto sócio-histórico e o contexto literário, o segundo passo é
identificar o tipo da lei.
2) Identificar o tipo da Lei (conforme a parte anterior). Vamos
continuar no nosso exemplo que está colocado anteriormente em Dt17, 14-20. Se
nós pegarmos essa lei vemos ver que ela começa: “Quando tiveres entrado na
terra que o Senhor teu Deus te dará, tomado posse dela e nela habitareis e
disseres e queres estabelecer nela um rei sobre todas as nações que me rodeiam,
deverás estabelecer sobre ti um rei que tenha sido escolhido pelo Senhor teu
Deus ...” o que está acontecendo aqui é uma lei casuística.
3) Determinar a natureza do requisito legal. O que é isso? É exatamente entender o que as
pessoas estavam solicitadas a fazer ou não fazer. Deve-se fazer tal coisa ou
não? Nesse caso o texto de Dt17. 14-20 vai trazer tanto coisas que se devem
fazer como coisas que não se deve fazer.
Então, a gente está entendendo a natureza do requisito legal. O que está
solicitando.
Então ela
diz que o rei deve ser um dos seus irmãos, não pode ser um rei estrangeiro...
aí entende-se o requisito da lei.
4) É preciso
descrever o propósito da lei no Antigo Israel. Uma vez estabelecida a natureza do requisito
agora o seguinte essa lei qual é o seu propósito? O propósito dela é que não
podia ter qualquer rei em Israel e esse rei não podia agir de qualquer forma.
Daí vamos entender que as narrativas
posteriores em I e II Samuel, I e II Reis; I e II Crônicas que contam a
história de reis toda essa narrativa é pautada em cima dessa lei para mostrar
que rei foi bom e que rei não foi bom.
Nós
estamos entendendo qual é o poder da lei
em Israel. Cercear o poder do rei, o rei não pode tudo.
Tendo feito
esse tipo de análise onde descrevemos o propósito dessa lei lá no Antigo
Israel, podemos ir para a aplicabilidade dessa lei hoje. Para pensar a
aplicabilidade dessa lei hoje a gente tem que perguntar afinal de contas o que
há de propósito nesta lei que serve para iluminar nossa realidade hoje. Existem muitos que pesquisam e pesquisaram as
relações das leis bíblicas com as relações das leis atuais. Tanto no Direito
Humano, quanto no Direito Internacional, de vários países. Várias leis de hoje
provem dessas leis bíblicas, portanto, entender esse processo seria
maravilhoso.
Qual é a
relação das Leis e do Novo Testamento?
Aqui nós
precisamos entender uma coisa: Na perspectiva teológica o que há é um Deus que
firma uma aliança com seu povo. Dá as leis para que seu povo possa viver bem,
viver na fidelidade à sua vontade. Porém é bom a gente perceber justamente que
esse povo não foi fiel, que esse povo não respondeu à Aliança e ao longo do
Antigo Testamento que olham para a Lei e para as atitudes do povo eles vão começar a dizer que o povo não está
vivendo de acordo com o Senhor . A esperança desses profetas é que chegasse um
tempo em que ali fosse gravada nos corações. Que a lei não fosse uma experiência de fora para dentro mas que fosse
uma experiência de dentro para fora no sentido de uma atuação de Deus no
coração convertendo esse coração, daí entendemos teologicamente a operação da graça na vida humana. Daí nós
vamos entender muitas coisas no Novo Testamento e o que faz a pessoa ser fiel
não é a obediência de fora para dentro, mas, é deixar se tocar e transformar
pela graça de Deus. O sujeito não ama não por causa de uma lei mas porque se
abre para a graça de Deus que ao operar nele, ele realiza o ato querido por
Deus. |
Daí nos
vamos entender o que Paulo nos fala mais à frente que a Lei foi boa para
revelar o que certo e errado, mas a lei não torna justo o homem, a lei não
transforma o coração do homem, o que transforma é a graça de Cristo. A atuação
da graça é preponderante. Por isso na carta aos Gálatas Paulo vai falar dos frutos do Espírito. Que é
aquilo que nasce da operação do próprio Deus em nós. Não é uma imposição, mas é
uma atuação da graça. Por isso nós temos nas Escrituras essa ideia de que é na
operação do Espírito que há uma transformação do homem em relação a fidelidade
Deus.
Também no
Novo Testamento há uma perspectiva de
compreender que existiam alguns que usavam essas leis não em nome da vida mas,
para praticar violência, exclusão, serem tão rígidos na sua interpretação que
não acabam por fazer a vontade de Deus.
Esses são de acordo com o Novo Testamento, alguns deles fariseus e nesse
sentido Jesus vai dizer que o principal é amar a Deus e ao próximo como ele
ama. E nesse sentido toda vontade de e Deus está posta. É o Novo Mandamento e
aí que está o mais interessante para o Novo Testamento muitos nós em nome da
lei somos infiéis a Deus. Isso é um legalismo que acontece até hoje quando alei
não é usada para a vida. Essa não é a vontade de Deus. Aquilo que Paulo fala e que Jesus fala é
dessa forma que a gente vai entender e parece tão obscuro. Agora quando agente
lê de forma mais profunda o NT percebemos a direção que a gente deve ter diante
da lei. A lei ela é boa, ela aponta e direciona mas não é ela que transforma o
coração humano. E se eu faço uma coisa só porque a lei manda fazer isso não
significa que eu de fato sou uma
pessoa ética , porque uma pessoa
ética de acordo com o texto bíblico é
aquele que faz o fruto do Espírito.