domingo, 13 de junho de 2010

UM CORAÇÃO MISERICORDIOSO

(texto de D. Murilo S. R. Krieger, Scj)



O evangelista São João descreve somente sete milagres realizados por Jesus. Um deles se refere ao cego de nascença, ocupa um capítulo inteiro, (o nono), de seu evangelho - o que é muito, num texto de 21 capítulos, tento resumir o fato:  

Jesus ao passar viu um cego de nascença. Ao passar: Jesus é aquele que continuamente passa pelos caminhos dos homens e mulheres. Viu um cego de nascença: os apóstolos, expressando o que pensavam as pessoas de seu tempo a respeito das doenças, queriam saber quem havia pecado para ele ser cego. Ele próprio ou seus pais. Jesus os repreendeu. dizendo que nem eles, nem seus pais pecaram.  Neste cego se manifestariam as obras de Deus. Depois Jesus ungiu os olhos do cego e mandou-o lavar na piscina de Siloé em Jerusalém. O cego ficou curado. O que deveria ser motivo de alegria para todos foi motivo de confusão. Os fariseus  não se concentravam no milagre mas no fato de a cura ter sido realizado no dia de sábado, (cuja a Lei de Moisés proibia); Jesus aproveitou o episódio para ensinar que ele era a luz do mundo; que era enviado por Deus para que tinha vindo ao mundo para que os cegos vissem.

É conveniente dizer que esse milagre aconteceu quando se celebrava a Festa das Tendas. Que recordava o tempo que os judeus passaram no deserto. Os israelitas  ofereciam ao Senhor, por ocasião dessa festa, os frutos da terra; o sacerdote ia tirar a água da piscina de Siloé para purificar o Altar. À noite acendiam as tochas sobre os muros do Templo a fim de iluminar a cidade. Esses detalhes são importantes: a cura do cego  de nascença mostra que Jesus é Água que nos lava da cegueira do egoísmo e a luz que faz brilhar os olhos da fé.

Toda narração da cura do cego de nascença é muito bem elaborada. Ora há elementos dramáticos, ora há cenas marcadas de ironia ou mesmo de humor. De um lado fica ressaltado a misericórdia de Jesus  e abertura de um cego à ação de graça e do outro, surpreende a dureza do fechamento dos corações daqueles que não aceitavam Jesus. Percebemos que o evangelista mais que contar um milagre, quer descrever um processo de fé. Marra a história de um homem que pela misericórdia de Jesus, vai passando das trevas da cegueira para a visão ocular da luz.  E dessa, para o encontro daquele que é a Luz do mundo.

O cego uma vez curado tornou-se testemunha da misericórdia divina. 
Que curiosas reações provocaram o milagre de Jesus. O cego passou a ver e passou a aceitar Jesus como "Senhor" . Os fariseus julgavam conhecer a Deus mas fechavam-se na medilcridade e na falta de caridade e não acolheram o Enviado dos Céus.

Das lições que podemos tirar deste episódio destaco três:
  1. Uma enfermidade pode ser para glória de Deus. O Apóstolo Paulo testemunha: "Agora me alegro nos sofrimentos suportado por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo-as na minha carne, por seu corpo que é a Igreja". (Cl1, 24)
  2. Jesus é aquele que cura nossos males. Espera que lhe peçamos isso e que tenhamos fé em seu poder. 
  3. Na maioria dos milagres Jesus curou atendendo o pedido feito pelo próprio doente, por algum familiar e amigo do enfermo. Nesse, ele próprio tomou a iniciativa. Ensina-nos assim, que a salvação é um gesto gratuito fruto de sua misericórdia.                         

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