No
Capítulo 18, 15-18:21-35 do evangelho de São Mateus encontramos o ensinamento
do Senhor Jesus a respeito de três coisas:
b)
O
perdão dos pecados
c)
O
uso da misericórdia
Como
o cristão deve proceder diante dos seus próprios erros e diante dos erros do
irmão e como fazer o uso da misericórdia.
Esta
narrativa é o centro do Sermão da Comunidade (Mateus 18). Ali, encontramos o
evangelho de hoje e nele estão os assuntos da correção fraterna (18,15-18), da
oração em comum (18,19) e da presença de Jesus na comunidade (18,20).
Em
Mateus, a organização das palavras de Jesus em cinco grandes Sermões mostra
que, já no fim do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas
de catequese. O Sermão da Comunidade, por exemplo, traz instruções atualizadas
de como proceder, caso algum conflito surgisse entre os seus membros. E o
evangelho de hoje propõe três setas no caminho que apontavam o rumo da
caminhada e ofereciam critérios concretos para solucionar conflitos.
Logo, no início do versículo 15, o Senhor Jesus já nos
mostra que somos uma família, a família de Deus e portanto, somos irmãos. E
como irmãos devemos ter atitudes de irmãos. Se somos filhos de Deus, o Senhor
Jesus é nosso irmão “mais velho”. E não podemos nos esquecer que Ele também é
nosso Senhor e também é Senhor da Igreja. E como tal nos ensina como proceder
diante de um irmão que errou.
1
Tratar a pessoa humana com dignidade.
Uma boa conversa em particular, procurando mostrar que a pessoa está errada.
Oferecer ajuda. Não se deve repreender a pessoa em público. Muitas vezes uma
boa conversa resolve melhor do que provocando escândalos. Saber ouvir o outro
lado. Saber as palavras certas na hora certa. Aconselhar se preciso lembrando sempre
que um bom conselho também é um gesto de caridade.
Repreender
não é falar mal, não é dizer xingamentos, mas é dizer a verdade, a verdade dói,
mas, ela também liberta.
É
preciso lembrar que todos têm o direito de uma segunda chance e que atitudes
arbitrárias levam às piores consequências. A falta de diálogo cria situações
irreversíveis muitas vezes sem necessidades. É por isso que Jesus pede que
evitemos o escândalo. Lembremos que cada um de nós batizados somos templos do
Espírito Santo e por isso, quando nos escandalizamos ou escandalizamos nosso
irmão estamos escandalizando o Espírito Santo que mora em cada um de nós.
A
sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os
pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As
sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Nas
comunidades, o rigor de alguns na observância da Lei levava para a convivência
os mesmos critérios injustos da sociedade e da sinagoga. Assim, nas comunidades
começaram a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade e na sinagoga
entre rico e pobre, dominação e submissão, falar e calar, carisma e poder,
homem e mulher, raça e religião. Em vez de a comunidade ser um espaço de
acolhimento, tornava-se um lugar de condenação. Juntando palavras de Jesus
neste Sermão da Comunidade, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e
das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de
solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma boa-nova para os pobres.
2
Depois de uma boa conversa, se ele não
te escutar, mesmo assim, não queira tomar decisão pelas próprias mãos procure
duas ou três pessoas para que vejam e sejam testemunhas de que você está
tentando fazer com o irmão saia do erro e se arrependa.
Mas,
veja bem! Jesus não está dizendo que as testemunhas devem se intrometer no
problema em questão. Mas, que elas em decisão conciliadora após conhecer de
perto o problema ajude-a a resolver.
Veja
que Jesus se preocupa com a dignidade humana. Ele não quer que nenhum de nós
fiquemos no erro.
Jesus
é o Bom Pastor. Ele é aquele Pastor que vai atrás da ovelha perdida e não
descansa até encontrá-la. (Mt18, 12-13)
O
Pecado se não corrigido pela conversão nos tira a dignidade. Ele é como o vício
das drogas. Sabendo disso o Senhor Jesus insiste para que ajudemo-nos uns aos
outros a se livrar dele.
3
Se o irmão não te ouvir e nem ouvir as
pessoas pelas quais você convidou para ajudar. Deves então apresenta-lo à
Igreja. Como última tentativa. Porque levá-lo à Igreja. Porque a Igreja
representa a autoridade de Deus na terra.
Veja
que há dois capítulos atrás (Cap. 16) o Senhor Jesus dá a Pedro a autoridade
divina do Governo Igreja representado pelas chaves. É Pedro e os Apóstolos que
agora recebem de Jesus autoridade para ensinar e perdoar os pecados, de ligar e
desligar.
E
por essa autoridade que Jesus está dizendo: “leve-o à Igreja” – para que a
Igreja com a autoridade conferida por Jesus admoeste-o na Verdade. Para que com
a Palavra de Deus e da Igreja ele possa buscar a conversão.
E
se mesmo assim ele não quiser ouvir nem a você, nem as outras pessoas, nem a
Igreja não é preciso brigar, se estressar, você já cumpriu sua obrigação.
Então
nada mais resta a fazer senão deixá-lo com suas escolhas.
Não
se trata se deixar a pessoa ao abandono, deixar-lhe de oferecer ajuda, mas, de
aceitar e respeitar sua escolha.
Deus
nos criou livres, ele respeita nossa liberdade e quer que nós respeitemos a
liberdade uns dos outros. Cada um é livre para escolher o caminho do bem e do
mal e terá que arcar com suas consequências de suas escolhas. No entanto, o
senhor Jesus sempre está de braços abertos para quem voltar a Ele de coração
sincero.
No
versículo 21 do Cap. 18, Pedro faz uma pergunta a Jesus. Essa pergunta tem uma
justificativa:
Ora,
recordamos o que Jesus dito "se o irmão que errou não ouvir Igreja esse deve ser
tratado como um qualquer". O Evangelho diz que a pessoa deve ser tratado como um
fariseu ou um publicano.
Na
literatura bíblica, a comunidade judaica considerava o fariseu e o publicano como as pessoas mais
baixas, consideradas as mais pecadoras depois das prostitutas e eram tidos como
impuros e tratavam essas pessoas com preconceito. O mendigo, o pobre, o cego, o deficiente, o leproso, a viúva - todos aqueles que estavam à margem da sociedade eram tratados com desprezo e indiferença. Jesus acolheu a todos.
Os judeus não tinham consideração pelos publicanos porque eles eram os "funcionários públicos" da época que exploravam as pessoas aumentando o valor dos impostos, além dos valores estabelecidos por Roma e com isso ficavam ricos com apropriação indébita.
E os fariseus porque sobrecarregavam o povo com as leis e seus dízimos, mas, eles mesmos não cumpriam. Tanto é verdade que o Senhor Jesus censurou os fariseus e chamou-lhes de hipócritas e sepulcros caiados tamanha era a falsidade em que viviam.
Jogavam pesados fardos da Lei sobre as pessoas mas eles mesmos não as cumpriam. Não entram no céu e nem deixam os outros entrarem. Porque para Jesus e para nós de nada vale cumprir os Mandamentos simplesmente por obediência e preceito se não for por amor a Deus. (Cf. Mt23, 1-32) - Essa é uma observação que devemos estar atentos.
Devemos também ser cumpridores das leis de Deus e de nosso País. Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Não podemos apontar os erros dos outros sem antes corrigir nossos próprios erros.
Os judeus não tinham consideração pelos publicanos porque eles eram os "funcionários públicos" da época que exploravam as pessoas aumentando o valor dos impostos, além dos valores estabelecidos por Roma e com isso ficavam ricos com apropriação indébita.
E os fariseus porque sobrecarregavam o povo com as leis e seus dízimos, mas, eles mesmos não cumpriam. Tanto é verdade que o Senhor Jesus censurou os fariseus e chamou-lhes de hipócritas e sepulcros caiados tamanha era a falsidade em que viviam.
Jogavam pesados fardos da Lei sobre as pessoas mas eles mesmos não as cumpriam. Não entram no céu e nem deixam os outros entrarem. Porque para Jesus e para nós de nada vale cumprir os Mandamentos simplesmente por obediência e preceito se não for por amor a Deus. (Cf. Mt23, 1-32) - Essa é uma observação que devemos estar atentos.
Devemos também ser cumpridores das leis de Deus e de nosso País. Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Não podemos apontar os erros dos outros sem antes corrigir nossos próprios erros.
Pedro
estava preocupado, queria entender e pergunta a Jesus: -"Quantas vezes
então eu devo perdoar?" "Sete vezes como diz a
Lei judaica?"
Jesus responde a Pedro: - “Não sete vezes mas, setenta vezes sete”. Isto é, devemos
perdoar quantas vezes for necessário. Perdoar sempre. Esta deve ser a atitude do cristão, pois, se Deus que é amor enviou seu Filho para nos Salvar e perdoar nossas dívidas, não temos o direito de negar o perdão aos nossos irmãos. O perdão não só nos aproxima do irmão, mas, também nos aproxima de Jesus, o Filho de Deus que está na pessoa do irmão.
Não
importa a situação. O perdão deve ser dado a quem pede. Teu irmão errou, se
arrependeu e pediu perdão você deve perdoar. Sempre perdoar. Essa é nossa
missão e a missão da Igreja pois, Jesus veio para Salvar e não para condenar.
Todas as vezes que perdoamos um irmão, Deus também nos perdoa de nossos
pecados.
Varias
vezes por dia, e com diversas pessoas, nós sentimos a necessidade de pedir perdão.
Isto acontece principalmente quando nossas atitudes magoam as pessoas que
amamos e/ou quando vemos nos rostos destas pessoas a tristeza que causamos.
Esse pedido de perdão nem sempre é tão simples, principalmente se temos o
orgulho latente em nós e não queremos reconhecer o erro. Quando as pessoas
magoadas não são as que amamos, esta atitude de humildade torna-se ainda mais
difícil.
Esse ensinamento do Senhor Jesus não é apenas para ser aplicado lá fora mas, também deve ser aplicado em nossas casas. É dentro de nossas casas que os mais variados conflitos acontecem causados muitas vezes por falta de diálogo e de respeito pelos pais e irmãos.
Uma família cristã não resolve seus problemas atirando pedras, ou seja, atirando acusações para todos os lados. A família cristã resolve seus problemas pela oração, pelo perdão, pela compreensão, pelo diálogo e pela escuta da Palavra de Deus. E quando não achar respostas suficientes, estas devem ser buscadas também na autoridade da Igreja. A Igreja é uma mãe e como mãe zela pelos seus filhos.
A GRAÇA DO PERDÃO
Jesus não deseja que desprezemos o irmão que errou, mas respeitemos suas decisões. Há um ditado que diz que a maior escola que temos é a escola da vida. É uma verdade que outrora o Senhor Jesus retratou na parábola do filho pródigo.
Na história o filho mais novo saiu de casa e percebeu com os sofrimentos que passou lá fora que o maior tesouro não era as riquezas. Não era os falsos amigos e as prostitutas, mas, era sua família. E quando voltou a si reconheceu o erro e voltou para seu pai que o acolheu, perdoou e restaurou-lhe a dignidade perdida. Seu irmão mais velho censurou a atitude do pai mas, recebeu a resposta mais bonita: "era preciso que fosse assim, pois teu irmão estava morto e agora vive, estava perdido e foi encontrado". Nessa história há um detalhe muito importante: O filho lá fora, sem dar notícias, gastando tudo que tinha sem se preocupar com o pai. Enquanto que o Pai olhava todos os dias o horizonte à espera do regresso do filho.
Não é assim que agimos com Deus nosso Pai? - Pedimos várias coisas e quando Deus nos concede nós deixamos sua casa, esquecemos seus conselhos e vamos para o mundo. No entanto, quando chega os problemas ao invés de tentarmos superá-los corremos para Deus e é claro, Deus nos acolhe. Mesmo não atendendo na hora, mesmo não fazendo nossas vontades na hora ele nos acolhe de volta pois, é um pai amoroso e zeloso e não quer que nenhum de seus filhos se perca.
Assim também nós somos filhos pródigos, desobedientes. Somos pecadores!
Por isso não podemos cair na prepotência de achar que o outro deve ser igual a nós, o santo, o perfeito... É nesse sentido que Deus quer enxergamos o irmão que mesmo diante do erro seja ela qual for merece o arrependimento e o perdão.
Lembremos que o perdão do alto da Cruz, não foi para um povo mas, foi para toda humanidade!
Quando perdoamos, perdoamos com o amor de Jesus porque quando somos perdoados, somos perdoados com o amor de Jesus.
Esse ensinamento do Senhor Jesus não é apenas para ser aplicado lá fora mas, também deve ser aplicado em nossas casas. É dentro de nossas casas que os mais variados conflitos acontecem causados muitas vezes por falta de diálogo e de respeito pelos pais e irmãos.
Uma família cristã não resolve seus problemas atirando pedras, ou seja, atirando acusações para todos os lados. A família cristã resolve seus problemas pela oração, pelo perdão, pela compreensão, pelo diálogo e pela escuta da Palavra de Deus. E quando não achar respostas suficientes, estas devem ser buscadas também na autoridade da Igreja. A Igreja é uma mãe e como mãe zela pelos seus filhos.
A GRAÇA DO PERDÃO
Jesus não deseja que desprezemos o irmão que errou, mas respeitemos suas decisões. Há um ditado que diz que a maior escola que temos é a escola da vida. É uma verdade que outrora o Senhor Jesus retratou na parábola do filho pródigo.
Na história o filho mais novo saiu de casa e percebeu com os sofrimentos que passou lá fora que o maior tesouro não era as riquezas. Não era os falsos amigos e as prostitutas, mas, era sua família. E quando voltou a si reconheceu o erro e voltou para seu pai que o acolheu, perdoou e restaurou-lhe a dignidade perdida. Seu irmão mais velho censurou a atitude do pai mas, recebeu a resposta mais bonita: "era preciso que fosse assim, pois teu irmão estava morto e agora vive, estava perdido e foi encontrado". Nessa história há um detalhe muito importante: O filho lá fora, sem dar notícias, gastando tudo que tinha sem se preocupar com o pai. Enquanto que o Pai olhava todos os dias o horizonte à espera do regresso do filho.
Não é assim que agimos com Deus nosso Pai? - Pedimos várias coisas e quando Deus nos concede nós deixamos sua casa, esquecemos seus conselhos e vamos para o mundo. No entanto, quando chega os problemas ao invés de tentarmos superá-los corremos para Deus e é claro, Deus nos acolhe. Mesmo não atendendo na hora, mesmo não fazendo nossas vontades na hora ele nos acolhe de volta pois, é um pai amoroso e zeloso e não quer que nenhum de seus filhos se perca.
Assim também nós somos filhos pródigos, desobedientes. Somos pecadores!
Por isso não podemos cair na prepotência de achar que o outro deve ser igual a nós, o santo, o perfeito... É nesse sentido que Deus quer enxergamos o irmão que mesmo diante do erro seja ela qual for merece o arrependimento e o perdão.
Lembremos que o perdão do alto da Cruz, não foi para um povo mas, foi para toda humanidade!
Quando perdoamos, perdoamos com o amor de Jesus porque quando somos perdoados, somos perdoados com o amor de Jesus.
Mas
apesar de tudo saiba que Perdoar é uma decisão. Ora veja!
Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete. Há pessoas que dizem que é difícil perdoar. No entanto, creio que esta afirmação surge porque muita gente não sabe ao certo o que é perdoar.
Neste ensinamento de Jesus aprendemos que devemos perdoar setenta vezes sete. Mas, então, o que é perdoar? Perdoar não é um sentimento. Perdoar não é esquecer tudo, ou melhor, não é ter uma amnésia!
Perdoar
é uma decisão. O que sente não interessa, porque a decisão de perdoar está no
seu coração e você está livre. Você pode perdoar e continuar a sentir-se
incomodado, aborrecido com a pessoa, mas pela Palavra de Deus, podemos ver que
perdoar é fácil: não é um sentimento, é uma decisão.
Há
pessoas que se recusaram a perdoar a outros e acabaram doentes ou paralisadas,
sem que nada funcionasse na sua vida. Você sabia que a falta do perdão pode
causar doenças terríveis em nós? Muitas doenças estão relacionadas com a falta
de perdão. Você tem que perdoar a esposa, ao marido, ao seu vizinho, ao colega,
ao patrão, seja a quem for. Senão é você que vai ficar mal na vida, pois se não
perdoarmos os nossos pecados uns dos outros, também Deus não nos perdoará os
nossos.
Em
Mateus 18:33-35, Jesus disse que se nós não perdoarmos do coração, cada um ao
seu irmão, as suas ofensas, Deus também não nos perdoaria as nossas ofensas e
até nos deixaria nas mãos dos atormentadores que são demônios. Deus perdoou-nos
as nossas maiores ofensas e nos deu salvação. Nós não temos o direito de não
perdoar aos outros.
Veja
este exemplo: Você também pode ter que acordar cedo para ir trabalhar e não lhe
apetecer, mas você sabe que tem que ir, por isso, levanta-se não porque lhe
apeteça, mas porque é uma obrigação. Quando tiver que perdoar alguém faça-o
quer sinta ou não. Diga a Deus: Oh Deus, eu perdoo aquela pessoa que me magoou
e partir de agora não guardo nada no meu coração contra ela. Mesmo que no dia
seguinte você se sinta ainda magoado, o que interessa é a sua decisão feita na
véspera e a pessoa está perdoada e o seu coração está limpo. Se a outra pessoa
não quiser perdoar o problema é dela, já não é seu.
Ouvimos
a pouco que certo homem devia muito dinheiro ao rei, e quando foram fazer
contas, o rei teve misericórdia, e perdoou-lhe toda a dívida. Quando este homem
saiu da presença do rei foi ter com aqueles que lhe deviam pequenas quantias, e
como não lhe podiam pagar, lançou-os na prisão. Quando o rei soube disto
entregou este homem aos carrascos, confiscou todos os seus bens, e toda a sua
família foi vendida como escravos, até que pagasse toda a dívida.
E,
indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o
que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não
perdoardes, cada um, a seu irmão, as ofensas.
Algumas
pessoas dizem: Eu perdoo, mas não posso esquecer. Mas, quando Deus lhe perdoa
alguma falta, você fica como se nunca tivesse pecado. Ele não se lembra mais
disso. Nós também temos que fazer o mesmo, i.é., perdoar e esquecer o mal que
nos fizeram; é apagar de coração as ofensas cometidas contra si.
A
razão de algumas pessoas sofrerem de artrite, úlceras no estômago e até
esgotamentos cerebrais, noites sem dormir, etc., é porque elas se recusam a
perdoar. E porque não perdoam Deus também não lhes pode perdoar; por
conseguinte, sofrem as maldições que o diabo lhes quiser pôr.
Se
alguém o ofender perdoe-lhe nesse mesmo instante, não deixe passar um dia sem
perdoar. Por quê? Porque está a dar lugar ao diabo, que virá a si com
pensamentos errados acerca dessa pessoa. E à medida que o tempo passa, rancor
começa brotar do seu coração e a sua comunhão com Deus fica cortada.
Quando
Jesus ensinou que nos devemos perdoar 70 vezes sete, estava a dizer que, se for
necessário devemos perdoar 490 vezes por dia, isto é perdoar sempre sem
esmorecer, porque é assim que Deus faz também. Portanto, trata-se de tomar uma
decisão. Perdoar é uma decisão hoje aqui e agora! Decida-se!
E
para terminar, Jesus conta a parábola do rei
justo e do servo cruel.
Mat18, 13-35
“Por
isso, o Reino dos céus pode comparar-se com um rei que quis fazer contas com os
seus servos; e, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia
dez mil talentos. E, não tendo ele com
que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem
vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
Então,
aquele servo, prostrando-se por terra suplicava-lhe: Senhor, sê generoso para
comigo, e tudo te pagarei. Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão,
soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo
dali encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários.
Agarrou-o e quase estrangulou, dizendo: Paga-me o que me deves!
Então,
o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso
para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na
prisão, até que pagasse a dívida. Vendo,
pois, os seus servos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao
seu senhor tudo o que se passara.
Então,
o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo mau, perdoei-te toda
aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão
do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos algozes,
até que pagasse toda a dívida.
Assim vos fará também meu Pai celestial, se do
coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.
Qual é a mensagem que Jesus nos
ensina nesta parábola?
Esta
parábola é uma das mais fortes e delicadas quanto a interpretação e aplicação
de seus ensinos. Mateus usa como pano de fundo o Reino dos céus.
Ela
se divide claramente em duas partes distintas: A primeira é inspiradora e
maravilhosa. Ela aborda a atitude nobre e graciosa de um Rei que ao observar o
desespero e a suplica de seu servo que lhe devia uma quantia impagável,
perdoa-lhe completamente a dívida deixando-o livre para seguir em frente de
cabeça erguida e sem temores. Entretanto, a segunda parte é vergonhosa e
deprimente. Este mesmo servo alvo do perdão e da graça do Rei, encontra-se com
um de seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória tendo o coração
endurecido o maltrata, lançando-o na prisão sem misericórdia, mesmo diante do
desespero e da súplica desse pobre homem.
Os
servos do Rei observam a cena triste e a comunicam ao Rei que chama este homem
perverso, lembra-lhe da grandeza do perdão e da misericórdia as quais lhe foram
dadas. Irado o lança na prisão para ser atormentado até que pague a dívida. No
final, Jesus ainda comenta e ratifica que da mesma forma o Pai celestial agirá
se de todo o coração não perdoarmos.
Antes
de adentrarmos, como de costume, nas lições práticas da parábola preciso
elucidar uma questão:
1-Embora
a parábola pareça sugerir que o “perdão de Deus esteja associado ao perdão ao
próximo” tal conceito precisa ser analisado com cuidado à luz do restante das
Escrituras.
É espantoso alguém aceitar esta interpretação
sem perceber o que ela traz em seu bojo. Há pelo menos duas razões pelas quais
não compartilho esta interpretação:
1. Se
esse fosse o critério, quem seria perdoado? Quem alcançaria misericórdia? O
perdão de Deus seria impossível para nós.
2. Sabemos
que nossa salvação é dada por Jesus mediante a graça alcançada pela Fé e pelo
uso das boas obras (Ef 2:8-9); O perdão dos pecados e a justificação se dão
pelo sangue de Cristo (Ef 1:13; Ef 5:1) mediante ao arrependimento e ao ato de
crer (Atos 3:19;16:31). Crer não é só acreditar em Deus. Crer significa confiar e depender de Deus em tudo.
Aceitar
tal posição nos obrigaria a descartar a mais central e essencial das doutrinas:
A doutrina da graça!
Assim,
entendo que não se trata de um ensino sobre a revogação do perdão justificador
e salvador de Jesus, imputando sobre nós novamente a dívida que outrora
tínhamos com Deus por causa de nossos pecados.
Mas
uma exaltação da graça de Deus a nosso favor e um alerta bastante incisivo
sobre as consequências da falta de perdão daquele que já foi por Ele perdoado.
Baseio-me também no fato de que no tempo de Jesus o Rei não voltava atrás na
sua palavra. Uma vez concedido o perdão este não poderia ser de forma alguma
revogado. Sendo assim, a primeira dívida não poderia ser cobrada uma segunda
vez. Em termos espirituais entendo que se aplica de modo ainda mais severo. Se
concebermos a ideia de que Deus pode revogar o perdão a nós concedido teremos
que admitir que tal atitude invalidaria a perfeição de Deus em seus atributos e
tornaria o seu perdão condicionado a atitudes humanas, o que não se sustenta
pelas Escrituras. A dívida aqui cobrada agora era outra: o fruto da ingratidão
e do comportamento inadequado deste servo.
Abaixo
listo algumas lições que podemos aprender acerca desta parábola:
1-O
reino de Deus deve ser compreendido sob o enfoque bidimensional: Vertical (Deus-Homem) e horizontal
(Homem-homem). Estas duas dimensões estão intimamente ligadas. Não há como
dissociar o relacionamento com Deus e o relacionamento com o outro (1 João
1:9-11). A falta de perdão ao próximo interferirá certamente na sua relação com
Deus. A dívida, as atitudes que se temos com o próximo são levadas em conta
diante de Deus (Mt 6:14-15).
2
– No Reino de Deus o perdão não é opcional – Quando adentramos no Reino de Deus
por meio da graça e do amor incondicional de Jesus se torna nosso dever
perdoar. E isto fica evidente por algumas razões:
2.1)
Porque o perdão ao próximo sempre estará ao nosso alcance – Não importa o
tamanho da dívida que o outro tem para conosco, ela nunca se comparará com a
dívida que tínhamos para com Deus da qual fomos perdoados; Se estamos imersos
no oceano da graça, do amor e do perdão de Deus o perdão ao próximo sempre será
possível e estará ao nosso alcance. Enxergamos o próximo sob a ótica cristã.
2.2)
Porque perdão ao próximo é incondicional: Ele não depende do outro, não depende
de sentimentos, não depende de fé extraordinária, mas de uma decisão sensata de
quem já foi alvo do perdão de Deus;
2.3)
Porque o perdão ao próximo é uma atitude natural de um coração cheio de
gratidão e da graça de Deus – Uma vez convertido você tem o Espírito de Deus e
todos os recursos para ser capaz de perdoar alguém. A falta de perdão pode ser
um indicio bastante significativo que você ainda não entendeu e nem recebeu o
perdão de Deus. Seu coração ainda está endurecido e por natureza incapaz de
reproduzir o perdão de Deus ao próximo.
3
– No Reino de Deus a falta de perdão gera terríveis consequências:
3.1
– O aprisionamento da vida e das Emoções - A falta de perdão nos torna reféns
de sentimentos altamente destrutivos como: mágoa, ressentimento, ira, vingança,
além de nos fazer carregar o ofensor o tempo todo. Não fomos projetados por
Deus para abrigar tais sentimentos e é por isso que são tão nocivos a nossa
saúde. Como se não bastasse, os malefícios se estendem por todos os lados e em
todas as dimensões (família, amigos etc).
3.2-A
retenção das bênçãos e do favor de Deus sobre minha vida – Enquanto não libero
perdão o meu relacionamento com Deus fica estagnado. O meu culto não é
recebido. Minha oferta não é aceita. Além disso, as bênçãos do fluir de Deus e
de seu Espírito em minha vida ficam retidas. É uma atitude de disciplina de
Deus sobre os que não exercitam a graça e a misericórdia que receberam.
O
perdão é um dos temas principais do Reino de Deus. Por meio do perdão de Deus
somos ingressados nele e somente quando mantemos a mesma atitude e o mesmo
coração perdoador é que usufruímos integralmente de seus benefícios. Por isto,
não caia na armadilha de satanás, não se prive da graça de Deus, não permita a
retenção das bênçãos dele sobre sua vida. Permita que suas atitudes sejam
coerentes com o coração transformado e cheio da graça e do amor de Jesus que
você recebeu.
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