O Advento é tempo de preparação
para a grande festa do Natal de Jesus
O
Ano Litúrgico começa com o Tempo do Advento; um tempo de preparação para a
Festa do Natal de Jesus.
A
Igreja se prepara, não para celebrar o aniversário de Jesus porque não se sabe
a data exata de seu nascimento. A Igreja celebra o Nascimento de Jesus. Ele que
desceu do céu e se fez carne no ventre de Maria. Fez parte da história humana e
por amor aos homens se entregou por nós na Cruz.
Esse
foi o maior acontecimento da história: o Verbo se fez carne e habitou entre
nós. (Jo1, 14) Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus.
O Natal de Jesus, precisa ser preparado e celebrado a cada ano. São quatro
semanas de preparação e, no decorrer delas, somos convidados a esperar Jesus
que vem no Natal e virá no final dos tempos.
Por
isso, é um tempo de preparação e de alegre espera do Senhor considerada sob
diversos aspectos. Em primeiro lugar, a expectativa do Antigo Testamento pela
vinda do Messias, do que falaram os profetas, agradecendo a Deus o dom inefável
da salvação que se realizou na vinda do divino Redentor. Agora, a vinda do
Salvador deve atualizar-se no coração de todos os homens, enquanto a história
se encaminha para a Parusia, ou seja, a vinda gloriosa do Senhor. É, nesta
perspectiva, que devem ser escutadas as leituras do Advento. “Vinde, caminhemos
à luz do Senhor!”.
Nas
duas primeiras semanas do advento, a liturgia nos convida a vigiar e a esperar
a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na
história humana, mas o nosso encontro com Ele, também, está marcado para logo
após a morte.
Nas
duas últimas, lembramos a espera dos profetas e de Maria. Nos preparamos mais
(especialmente), para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas
anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes; nascerá da tribo de
Judá, em Belém, a cidade de Davi e seu Reino não terá fim. Maria O esperou com
zelo materno e O preparou para a missão terrena.
A coroa do Advento
A
Guirlanda ou Coroa do Advento é o primeiro anúncio do Natal. A coroa é verde,
sinal de esperança e vida, enfeitada com uma fita vermelha que simboliza o amor
de Deus que nos envolve e, também, a manifestação do nosso amor que espera
ansioso o nascimento do Filho de Deus.
A
Coroa do Advento é composta por 4 velas nos seus cantos – presas aos ramos
formando um círculo. A cada domingo acende-se uma vela. As velas representam as
várias etapas da salvação. Começa-se no 1º
Domingo, acendendo apenas uma vela e, à medida que, vão passando os
domingos, acendem-se as outras velas, até chegar o 4º Domingo, quando todas devem estar acesas. Os ramos em círculo,
são de cipreste, de pinheiro ou de outra árvore ornamental, esses ramos são
para lembrar a esperança cristã, alimentada com a proximidade do Natal. O
círculo representa Deus que não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus
que é eterno e, também, da nossa ininterrupta dileção ao Criador e ao próximo.
Durante
o advento prevalece a cor roxa,
símbolo da conversão, que é fruto da revisão de vida. As velas querem
representar as várias etapas da salvação, sobretudo, para significar a espera
d’Aquele que é “a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo” (João 1,9) e
que está para chegar, então, nós, O esperamos com luzes, porque O amamos e,
também, queremos ser, como Ele, Luz.
Nesse
tempo surge um personagem importante que é João Batista. João Batista foi o
primeiro profeta do Novo Testamento. Primo de Nosso Senhor foi escolhido por
Deus para ser seu precursor. Isto é, preparar o chão, o terreno (o coração das
pessoas) para a chegada do Messias a quem ele disse que não seria digno de
desatar as correias de suas sandálias. João deixava claro que o seu batismo era
sinal de conversão, mas Aquele que viria batizaria a com Espírito Santo e com
fogo. Com essas palavras ele chamava as pessoas à mudança de vida, a proposta
de conversão de João era para que todos pudessem abrir o coração para a chegada
do Messias que ele mais tarde vai chamar de “o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo” – é para esse Jesus que a humanidade deve estar voltada, é Ele
o Redentor prometido por Deus desde a eternidade.
João
Batista vem nos ensinar que nossa vida deve ser um advento contínuo à espera do
Senhor. Para isso é preciso estar limpos, com o coração preparado na esperança
da salvação.
Ao
mesmo tempo somos chamados a estar preparados, pois o Senhor virá uma segunda
vez como Juiz. Ele vai restaurar toda criação. No primeiro domingo do Advento,
sobretudo, somos convidados a meditar e estar atentos à essa realidade que vai
acontecer. É por isso que em nossa vida vivemos um advento constante, pois, o
Senhor virá a qualquer momento, seja na Parusia ou Juízo Final ou no último dia
de nossa vida.
Jesus
disse que devemos estar preparados, assim como as cinco virgens prudentes,
(Mt25, 1-13) devemos estar com nossas lâmpadas acesas e com reserva de óleo –
para não sermos pegos de surpresa. O reino de Deus é como uma festa de casamento.
Eis que o noivo virá buscar sua noiva (a Igreja) para as núpcias; Será uma
grande festa com Jesus, mas só entrará aquele que fizer a vontade de Deus. Esse
dia será surpresa devemos estar vigilantes.
O tempo do Advento é o momento de
unirmos o nosso coração ao coração de Deus
Os
cristãos se preparam para a celebração do Natal de Jesus em um tempo chamado
advento, com momentos de espiritualidade e celebrações que recuperam a sintonia
dos corações com o coração de Deus. Um tempo de esperança, que pode fecundar um
futuro melhor sonhado por todos, particularmente quando se avalia o peso dos
muitos percalços vividos na contemporaneidade – a desolação provocada pelos
esquemas de corrupção, as irresponsabilidades e o gravíssimo descaso pelo outro,
que é um irmão. De modo muito especial, o advento da vinda do Messias tem
propriedade para reavivar sensibilidades perdidas, o gosto pelo bem, e
sedimentar a convicção da importância de todas as pessoas, sem distinções.
Isso
pode parecer mera teoria diante da dificuldade para se vivenciar a beleza e a
delicadeza deste tempo, pois há uma avalanche de apelos nessa época para
estimular o consumismo e as festas. Convive-se com a fantástica e ilusória
sensação do belo, a partir de luzes e cores com fugacidade própria – logo após
esse período vem a realidade com seus desafios. A força necessária para todos
vem justamente do amor e da experiência de se encontrar com Jesus Cristo. Ora,
o que define a vida e as pessoas não são as circunstâncias, nem mesmo os desafios
da sociedade. Acima de tudo, o que define a autenticidade da condição humana e
os rumos novos da história é o amor. E o amor torna-se realidade na experiência
de se buscar Jesus Cristo. Eis o sentido da celebração do Natal, oportunidade
singular e inigualável para se desenhar um horizonte diferente, conferir à vida
uma orientação decisiva.
Se aproxime do Messias
A
alegria que nasce do encontro com Jesus não é artificial, diferentemente das
que são produzidas por mecanismos ilusórios, efêmeros. É a felicidade que nasce
da experiência de aproximar-se da fonte inesgotável do amor de Deus, Pai
misericordioso, que transforma, recria e salva. Sem esse encontro, não há como
passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o
sentido profundo da existência, do desalento para a esperança. Não aproximar-se
do Messias Salvador é perder a chance de se qualificar como ser humano e,
assim, contribuir para melhorar a sociedade. Distante dessa necessária
espiritualidade profunda, que deve ser experimentada na dimensão existencial –
longe de misticismos ou fundamentalismos – a humanidade não avançará rumo aos
avanços almejados. As estatísticas serão sempre vergonhosas, revelando que a
sociedade adoece cada vez mais, convivendo com o medo e o desespero. Permanecem
as dinâmicas que levam ao desrespeito, à violência e à desigualdade social.
Sem
o encontro com Cristo, que promove transformações nas pessoas, a humanidade
continuará regida pela economia da exclusão, pela falta do compromisso com a
solidariedade e com a busca pelo bem da coletividade. A idolatria perversa do
dinheiro será sempre doença incurável e o povo permanecerá carente de
governantes competentes, com sólida moral. Somente com uma profunda
espiritualidade, temperando todas as práticas, será possível promover reformas
fundamentadas na ética.
O
convite permanente, com força singular no tempo do advento, é fixar o olhar
n’Ele, Cristo, o Messias Salvador. Conhecê-Lo, dialogar com Ele, deixar-se
transformar por suas propostas e lições – os valores do Evangelho. Essa
experiência espiritual qualifica a existência, as ações e escolhas do ser
humano. Por isso, é hora de aceitar a proposta de se encontrar com Jesus Cristo
– abertura ao advento de um novo tempo.
Tempo
do Advento: reconhecimento e acolhimento do Senhor que vem. Ao refletirmos, liturgicamente, numa dimensão
celebrativa que vise o comprometimento de vida, celebramos, nesse período,
Jesus Cristo, no tempo e na história dos homens. É Ele quem vem nos trazer a
salvação. É, portanto, o tempo da expectativa, e todo cristão é chamado a
vivê-lo em plenitude, para que, dignamente preparado, esteja em condições de
receber o Senhor que vem.
O
Advento contempla, no conjunto do seu sentido espiritual, duas dimensões
fundamentais. A primeira observa o mistério da Encarnação, Jesus que se
encarnou, assumindo nossa humanidade. Já a segunda dimensão nos leva ao
coração, para a promessa de Cristo Jesus acerca de Sua segunda vinda.
Encarnação e segunda vinda de Jesus, eis os dois aspectos que devem iluminar,
como um farol, a boa vivência da nossa espiritualidade nesse tempo litúrgico.
Quais
são as atitudes interiores próprias para que o tempo do Advento não passe sem
realizar um efeito eficaz na nossa história de vida?
Algumas
indicações para uma boa preparação para a vinda do Senhor
1-
Manter-se vigilante na fé e na oração, numa abertura atenta e disponível para
reconhecer os “sinais” da vinda do Senhor em todas as circunstâncias e momentos
da vida, até o fim dos tempos. Ou seja, viver essa saudável e tão necessária
tensão escatológica, daqueles que não enfraquecem no zelo e na expectativa do
cumprimento das promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nas promessas de Jesus,
repousa e baseia-se a solidez da nossa esperança. Uma esperança que não é circunstancial,
mas sobrenatural e eterna. Rever a vivência do batismo, à luz dessas verdades
fundamentais, ajuda-nos a dispor o coração para Deus.
2-
Colocar a vida no caminho traçado por Deus, no projeto divino de salvação, ou
seja, na vontade salvífica do Senhor. Isso significa não se extraviar por
caminhos tortuosos, mas converter-se para seguir Jesus rumo ao Reino de Deus
Pai. Essa constitui outra tensão saudável, que também não pode estar ausente da
vida de todo cristão que se preze: a tensão de conversão. Sem essa conversão
ninguém agrada a Deus, pois se perde a essência do homem novo, o qual se
encontra em contínua construção, rumo à plenitude, que é Deus. Aquele que busca
conversão caminha para o Tudo que é Deus; já o que não a busca, caminha para o
nada de si mesmo, para o nada da vida.
3-
Ser testemunha da alegria que Jesus Salvador nos traz com caridade afável e
paciência para com os outros. Tendo por comportamento uma abertura para todas
as iniciativas de bem, por meio das quais já se constrói o Reino futuro na
alegria sem fim. Isso significa que a alegria salvífica deve estar sempre
presente na vida testemunhal do cristão, mesmo em meio às dificuldades da vida.
Jesus Cristo é a nossa alegria e salvação, rejubilemos sempre pela graça que
nos foi concedida.
4-
Manter um coração pobre e vazio de si, imitando São José, Nossa Senhora, João
Batista e os outros pobres do Evangelho, na humildade de quem sabe reconhecer e
acolher Jesus, o Filho de Deus, Salvador da humanidade. Buscar e atualizar, na
vida, a centralidade do mistério de Cristo, que sempre nos favorece na
preparação rumo ao encontro do Senhor Jesus que vem a nós.
Acolher e reconhecer o Senhor
Participar
da Celebração Eucarística, nesse tempo do Advento, significa acolher e
reconhecer o Senhor, o qual, continuamente, vem ficar no meio de nós; é
segui-Lo no caminho que leva ao Pai. Com Sua vinda gloriosa, no fim dos tempos,
que Ele nos introduza, todos juntos, no Reino, para nos fazer “tomar parte na
vida eterna” com os bem-aventurados e santos do céu.
Que
a vivência desse tempo litúrgico seja fecundo na vida de todos nós. Uma
caminhada de recolhimento, que traz em si o potencial de purificar a vida na
justiça e na verdade, preparando os caminhos do Senhor. Que o Cristo não nos
encontre passivos, indiferentes, excessivamente preocupados com aquilo que
passa, aponto de não percebermos o valor e a presença do Eterno que vem a nós.
Sejamos todos ativos e comprometidos nas atitudes interiores que o Senhor nos
chama a viver, para que nossa esperança seja vivificada.
Tomemos
cuidado com o materialismo e o excesso de atividades terrenas. Tais realidades
são perigosas e capazes de desviar e esvaziar a vida do seu verdadeiro e mais
profundo mistério: apontar para uma caminhada perseverante rumo à eternidade! Seja
ativo e concreto nas suas respostas de vida, em função do mistério celebrado e
vivido. Creia para viver com sabedoria a vida terrena, e viva intensamente de
acordo com sua fé, que deve sempre apontar para o Céu. Eis o cristão de
verdade, sem falsidade, que caminha com sabor de eternidade!
Pe
Eliano Gonçalves SJS
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