quarta-feira, 3 de abril de 2019

A DEVOÇÃO À NOSSA SENHORA DAS DORES



Dentre as muitas devoções marianas que temos na Igreja Católica uma delas é a devoção à Nossa Senhora sob o título de Nossa Senhora das Dores ou em latim "Mater Dolorosa".
A devoção iniciou-se no século XIII (1221) no mosteiro de Schönau na Germânia. Sua veneração na Itália iniciou-se 1239 na cidade de Florença, pela Ordem dos Servitas ou Servos de Maria e de lá se espalhou pelo mundo.

Ela está baseada  nos Evangelhos. Enumeram-se sete dos muitos momentos pelo qual Maria sofreu em virtude de seu Filho. Desde o momento em que precisou fugir para uma terra estrangeira para proteger o Menino Jesus até o momento de sua morte na Cruz.

A Igreja nos ensina que Maria é  "Correndentora". O que significa isso? 
Sabemos que Jesus Cristo é o único mediador entre  Deus e os homens. É verdade. Ele é o único Salvador. Maria não se encaixa nesse papel porque ela é um ser humano. 
Um ser humano aos nossos olhos e muito especial aos olhos de Deus.
No entanto ela foi chamada para ser a Mãe do Salvador, e portanto, a colaborar com Deus no plano da Salvação. Foi escolhida por Deus desde o início dos tempos para ser a Mãe do seu Filho feito homem. É por isso que o anjo Gabriel saudando-a chamou-lhe de "cheia de graça", em latim ainda soa mais bonito a "gracia plena", aquela que é plena, repleta de graça. (Lc1, 28.

Ela, embora tenha sido escolhida  por Deus teve a liberdade de escolha. Poderia ter recusado aquela responsabilidade tão grande para uma jovem de apenas doze anos que ainda estava noiva e cheia de planos para seu casamento. Deus não a forçou. Ela disse seu sim livremente e obedeceu a vontade do Senhor e se colocou com toda humildade de seu coração. Deu o seu sim com generosidade se colocando como a serva, a humilde serva para cumprir a vontade do Senhor. Lc1, 38. 
Já ouvimos dizer: Maria não Salva  ninguém, etc. 
Sim, ela não salva ninguém, não do ponto de vista da Redenção que única de Jesus. Ela não é corredentora ou medianeira neste sentido. 
Ela é corredentora no sentido de colaboração porque ela participou diretamente de toda a vida do seu Filho e do seu plano de Salvação. 

Ela é intercessora porque Deus assim o quis. É bem-aventurada porque  Deus Pai o quis (Lc1, 48);  se tornou Mãe de Deus - a Theotokos - porque de seu ventre nasceu o Verbo Divino, o Filho de Deus feito homem (Lc1, 42-43). E é nossa Mãe porque Jesus deixou estabelecido. Nesse sentido ela é Corredentora (Jo19, 25-26). 
A partir da Concepção do Verbo aquela jovem passou a ter um papel importantíssimo na obra da salvação. Já não era mais a jovenzinha de Nazaré, mas, era a toda Agraciada de Deus Pai e Mãe de Deus Filho e a Esposa do Espírito Santo que a acompanhou durante todo o sempre conforme havia dito o Anjo: "E o Espírito Santo lhe cobrirá e envolverá com sua sombra" Lc1, 35.  

É nesse ponto que entra a corredenção de Maria. Ela participou em tudo, ajudou em tudo para que o Filho de Deus pudesse vir a este mundo nos salvar. 
Jesus é o mediador da salvação. Isto é, só Ele morreu na Cruz para nos salvar. Maria colaborou com  esse plano de Deus e se tornou com Jesus colaboradora e corredentora.    

A maternidade de Maria não acabou na Cruz. Ela continua. Jesus entregou a ela a maternidade da Igreja quando do alto da Cruz disse ao discípulo João: "Mulher, eis aí o teu filho". E olhando para João disse: "Filho eis aí tua mãe"
Os santos padres da Igreja nos ensinam que naquele momento, o seu último desejo era dar-nos uma Mãe, a sua Mãe na pessoa de João, o discípulo amado, estava representada ali, aos pés da cruz toda a humanidade que viria a ser salva por Jesus e que desde então seria abrigado nos braços de Maria. Deus é nosso Pai, Jesus nosso irmão e Maria nossa mãe.

Então, é a partir daí que ela se torna a "Medianeira" aquela que Cheia, plena de graça, cheia do Espírito Santo seria o canal de todas as graças de Deus. Não por seus méritos, mas, pelos méritos da Encarnação de seu Filho. 
Não por si mesma, mas, porque muito antes do Pentecostes acontecer no Cenáculo nela já habitava o Espírito Santo de Deus. 
Ela se tornou a primeira discípula e foi a primeira a receber o Espírito Santo.

Agora ela não só sofre pelas diversas ingratidões que os homens causam ao seu Filho, mas, também sofre quando desviados do verdadeiro caminho que é Jesus, nos afastamos dele pelo pecado. Ela sofre pela humanidade corrompida que não aceita seu Filho como Salvador e tampouco obedece seus mandamentos.
Ela sofre quando vê a Igreja de Cristo manchada, atacada e difamada. Ela sofre pelas blasfêmias dirigidas a seu Filho e sua Igreja. Ela sofre enquanto Mãe pelas almas que vão para o inferno por não acreditar no seu Filho. 
Maria não está morta, ela está no Céu com seu Filho e quer que nós um dia também estejamos ao seu lado.    

O Concílio Vaticano II vai dizer:

     Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao Céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Mas isto se entende de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo.



    Efetivamente, nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde variamente pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte.



    Esta função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamá-la; sente-a constantemente e inculca-a aos fiéis, para mais intimamente aderirem, com esta ajuda materna, ao seu mediador e salvador. [10]

Demonstrado o fundamento de nossa fé na cooperação de Maria — cooperação esta que se manifestou "de modo singular, com sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural" [11] —, tornam-se mais lúcidas as suas aparições, cujas mensagens resumem-se a uma maior fidelidade à religião cristã, ou seja, ao chamado à santidade.

Maria nunca quer nada para Ela. Ao contrário, a Virgem sempre direciona-nos para o Seu Filho, a fim de que deixemos de ofendê-lO com nossos pecados.

Maria fala contra a indiferença e a tibieza dos corações que já não dão espaço para Jesus.

Mais: a Mãe de Deus escolhe almas inocentes para livremente sofrerem pela conversão dos pobres pecadores. Maria, por meio da consagração que lhe fazem, instrui e protege Seus filhos na batalha contra a serpente maligna, forjando-os no mesmo fogo no qual quis ser forjado o próprio Filho de Deus. Portanto, não há como negar as palavras de São Luís Maria Grignon de Montfort: "Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio. Mas é tão o contrário [...], esta devoção só nos é necessária para encontrar Jesus Cristo, amá-lO ternamente e fielmente servi-lO" [12].

Maria é, realmente, corredentora e medianeira de todas as graças.

AS DORES DE NOSSA SENHORA

As dores de uma mãe são muitas. Desde quando o bebezinho está em seu ventre até a vida inteira a mãe se preocupa, chora, sorri, padece, entristece com o(s) filho(s). 

O amor de mãe nunca acaba mesmo sofrendo decepções.
Se para uma mãe normal é assim como foi então para Nossa Senhora?
Muitas foram as alegrias, mas muito foi as angústias e tristezas que ela teve que enfrentar para educar e proteger seu filho Jesus.
Jesus nunca a decepcionou mas, qual mãe que não passaria por sofrimentos e por dificuldades para proteger seu filho?

Já no início de sua gravidez divina não foi fácil. Como encarar a sociedade?  Ela, a noiva de José chegou a ser mal compreendida e quase foi apedrejada por adultério. 
Como explicar que não teve relações sexuais com um homem, sendo que ela estava grávida?
A lei de Moisés era muito dura e punia com pena de morte a mulher que cometesse adultério. O casamento judeu começa com o noivado, que é um contrato entre o noivo e a noiva. Depois que acontecia a bênção dos cônjuges é que o esposo levava a noiva pra casa e aí acontecia as núpcias.
José tinha preparado tudo com muito carinho. A casa, os móveis... a ansiedade de um noivo à espera da noiva. Recebe de Maria um banho de água fria: "Estou grávida!" - de quem? De mim não é. Oh! ela me traiu! - mesmo Maria contando como tudo aconteceu, sua gravidez à lógica humana não era aceitável. 
Se está grávida e se o pai não era José era de outro. Quem?
Ah! que sofrimento e que angústia para aquele casal. Imagino a tristeza e o sofrimento de Maria e a decepção de José. Podia entrar na cabeça de José tudo aquilo se não fosse a intervenção de Deus?
José por amor quis até separar secretamente de Maria, para que ela não sofresse a pena de morte. José quis até se passar por um cafajeste somente para proteger sua amada, assim, todos iam pensar que ele era o pai e que abandonou-os; ela seria poupada.

Mas, o Senhor interveio comunicando a José sobre o que e quem era aquela criança que estava no útero de Maria. Ele seria o pai, o Patrono do Filho de Deus. 
Depois, as consequências de uma gravidez. Um casal pobre sem muitos recursos naquele povoado insignificante que era Nazaré. Maria era uma mulher normal tinha que cuidar da casa, cuidar da família, cuidar de seu filho.            

                                   *******************
As dores de Maria, como as dores de toda mãe são muitas. Mas a Igreja enumera sete delas. As principais relacionadas com a História da Salvação.
Para nos lembrar que Jesus sofreu no corpo todos os castigos por causa de nossos pecados, para nossa salvação ele tomou sobre si o peso de nossas culpas como diz o profeta Isaías, (Is53, 1-12).
Maria porém, sofreu  na alma conforme já havia profetizado o velho Simeão: "E uma espada vai transpassar seu coração", referindo-se aos acontecimentos futuros quando ela o veria preso, ferido, açoitado, coroado de espinhos, com a cruz nas costas, pregado na cruz, morto e sepultado. 
Você que é mãe, como reagiria vendo tudo isso acontecer com o seu filho? 
Maria, sofreu a paixão de seu filho Jesus na alma. Ela foi crucificada na sua alma. 
Cada, chibatada, cada espinho que fincava a cabeça de seu filho, cada queda, cada xingamento, cada cusparada, cada ofensa ao Salvador, cada martelada que fazia aos pregos rasgarem as mãos e pés do seu Filho; quando o soldado rasgou o peito de Jesus, rasgou também o seu coração, ela sentiu na alma, rasgava também o seu coração, como bem disse Simeão. 
O Sangue de Jesus tem o DNA de Maria, as lágrimas de seu filho são as lágrimas de Maria.
 

AS SETE DORES DE MARIA 

A Igreja enumera sete momentos em que a espada de dor lhe transpassou a alma.

"O vos ómines qui transítis per viam. Atténdite et vidéte. Si est dolor, símilis sícut dólor méus." 

Ó vos todos que passais pelo caminho. Atendei e vede se existe dor semelhante a minha dor. (Lamentações 1, 12)

Esse trecho do livro das Lamentações explica a dor da Mãe Santíssima. Poderia haver tamanha dor igual aquela que ela sofreu junto do seu Filho, justo e inocente chagado, torturado, cuspido, açoitado, coroado de espinhos, xingado, crucificado, transpassado pela laça e morto? 

Que desespero para Nossa Senhora quando lhe disseram: "Maria, seu filho foi preso está sendo torturado na prisão e seus acusadores o condenaram a ser crucificado". Podre Senhora, que mesmo sabendo da missão do Filho era demais para uma mãe ver o seu filho conduzido para a morte sem nada poder fazer. Oh! como doeu seu coração santíssimo por amor a nós seu Filho iria morrer. Ela sofre com seu bambino lembrando todos os momentos desde seu nascimento até aquele dia. O doce bambino adorado pelos pastores, louvado pelos anjos, adorado pelos magos, agora perseguido pelos ingratos homens. Seu Filho que tanto fez o bem recebia toda ingratidão possível em uma fúria descomunal. O que estão fazendo com meu filho? - Pergunta a Mãe no silêncio de seu coração. Ela chora, vê consola com seu olhar de Mãe e aceita sofrer junto com seu filho. Como não chamá-la de Corredentora?
Muitas são as dores da Mãe Santíssima mas, a Igreja enumera 07 delas as principais para que meditemos no amor de Mãe e Filho por nós.
       
1ª. Dor - Apresentação de meu Filho no templo - A Profecia de Simeão - Lc2, 22-35  

"Concluídos os dias para a purificação, levaram o Menino Jesus para ser apresentado ao Senhor (Ex13, 2) conforme ordenara a Lei de Moisés... 
Havia em Jerusalém um homem velho justo e piedoso. Simeão que esperava as promessas de Israel. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem ver o Cristo... 
E quando seus pais o apresentaram ele movido pelo Espírito Santo disse: 
"Agora Senhor deixai vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante dos povos, como luz para iluminar as nações e para a glória de Israel." ... Simeão abençoou-os e disse:
"Esse menino será causa de queda e erguimento de muitos  homens em Israel, e será um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados muitos pensamentos de muitos corações. E uma espada lhes transpassará a alma".   





Nesta primeira dor veremos como meu coração foi transpassado por uma espada, quando Simeão profetizou que meu Filho seria a salvação de muitos, mas também serviria para ruína de outros. A virtude que aprendereis nesta dor é a da santa obediência.



Ao ouvir essa profecia Maria continuou firme na fé, confiando no Senhor: “Em vós confio”. Quem confia em Deus jamais será confundido. Nas vossas penas, nas vossas angústias, confiai em Deus e jamais vos arrependereis dessa confiança. Mesmo prevendo dores e sofrimentos em procurar fazer a vontade de Deus, continuemos firmes e confiantes no Senhor.



2ª. Dor - A fuga para o Egito - Mt2, 13

"Depois da partida dos Magos, um anjo do Senhor apareceu em sonho à José e disse: "Levanta-te! Toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fique lá até que eu te avise, pois, Herodes procura o menino para matar". 





Após o nascimento de Jesus, o Rei Herodes quis matá-Lo e, por causa disso, um anjo do Senhor apareceu a São José e disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise". Obediente, "José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito." (Mt 2, 13-14).



Unidos à dor que Maria sentiu nessa ocasião, peçamos forças e graças para suportarmos com paciência as dores de nossas vidas, e para nos mantermos afastados dos pecados. Estejamos unidos a tantos que sofrem perseguição e são obrigados a fugir de seus países.



3ª Dor - Perda do Menino Jesus - Lc2, 41-51  - 


Seus pais iam todos os anos para a festa da Páscoa. Tendo ele atingido a idade de 12 anos, foram à Jerusalém. Acabados os dias da festa, quando voltavam, o menino Jesus ficou em Jerusalém sem que eles percebessem, (*os homens viajam em caravanas separadas das mulheres). Pensando que estivesse junto aos seus companheiros de comitiva, andaram caminho de 01 dia e o buscaram entre os parentes e conhecidos. Mas, não o encontraram. Voltaram à Jerusalém à procura dele. Três dias depois acharam-no no Templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os lhes interroga. Todos que o ouviam ficavam admirados com sua sabedoria e suas respostas. Quando eles viram ficaram admirados. Sua mãe disse-lhe: "Meu filho porque fizeste isto? Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição". Respondeu-lhes: "Porque me procuráveis? Não devias saber que devo ocupar-me das coisas do meu Pai? Eles compreenderam o que dissera. Em seguida voltaram para Nazaré...    

A dor de Maria pela perda de Jesus foi sem dúvida uma das mais acerbas; porque ela então sofria longe do Filho, e a humildade fazia-lhe crer que Ele se tinha apartado dela por causa de alguma negligência sua. Sirva-nos esta dor de conforto nas desolações espirituais, e ensine-nos o modo de buscarmos a Deus, se jamais para nossa desgraça viermos a perdê-Lo por nossa culpa.



Aqui nos unimos a tantas situações de famílias que “perdem” seus filhos em tantas dependências e situações. Somente no retorno ao Senhor representando pelo templo é que serão reencontrados.



Um dos momentos mais pungentes da Paixão é o encontro de Jesus com Sua Mãe no caminho do Calvário. Na ocasião, a troca de olhar com o Filho, a constatação das crueldades que Ele estava sofrendo, tudo causava imensa dor no Seu Coração de Mãe. Unidos à dor que Maria sentiu nesta ocasião, peçamos forças e graças para suportarmos com paciência todas as dores de nossas vidas, e para nos mantermos afastados do pecado.



Nós nos unimos à dor de tantas mães que trocam olhares com seus filhos que carregam tantas cruzes e tantas dores no mundo de hoje.  Aprendamos a sofrer em silêncio, como Maria e Jesus sofreram neste doloroso encontro no caminho do Calvário.

4ª Dor - O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário - Lc 23, 27-31 -


Seguia uma grande multidão de povo e mulheres, que lamentavam batendo no peito. Voltando para elas disse Jesus: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim. Chorai antes por vós e por vossos filhos. Porque dias virão em que direis: Felizes as mulheres estéreis, os ventres que não amamentaram. Então direis aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos! Porque se eles fazem isso com  a lenha verde, o que fará quando estiver seco?"   

A caminho da sua crucificação, Jesus teve de carregar ao ombro a sua própria cruz até ao calvário. A dado ponto do percurso, Jesus encontra-se com sua Mãe, que vê o martírio do seu filho.
O Evangelho não fala desse encontro, mas, podemos crer que no meio de tantas mulheres uma especial lá estava, Maria sua mãe. Ela nunca o abandonou; e como outrora procuraram-no por três dias angustiados. Ela como mãe angustiada o seguia até o Calvário.


5ª. Dor - Aos pés da Cruz - Jo19, 25-27

"Stabat Mater Dolorosa juxta crucem lacrimosa" 
"Estava a Mãe Dolorosa junto a Cruz cheia de lágrimas".

Junto à cruz de Jesus estava de pé, sua mãe, a irmã de sua mãe Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.







Maria acompanhou de perto todo o sofrimento de Jesus na Cruz, e assistiu de pé à sua morte: "junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena" (Jo 19, 25). Depois de três horas de tormentosa agonia, Jesus morre. Maria, sem duvidar um só instante, aceitou a vontade de Deus e, no seu doloroso silêncio, entregou ao Pai sua imensa dor, pedindo, como Jesus, perdão para os criminosos.



Quantas situações de cruzes e de morte em nossa sociedade! Inseguranças, injustiças, maldades, maledicências! Quantas dores nos fazem sofrer! Unidos a Maria, estejamos em pé diante da Cruz.



6ª. Dor - Maria recebe o corpo do seu Filho




Consideremos como, depois da morte do Senhor, dois de seus discípulos, José e Nicodemos, O descem da cruz e O depõem nos braços da aflita Mãe que, com ternura O recebe e O aperta contra o peito. Um "último adeus" - Talvez a pergunta de outrora quando o acharam no Templo: "Filho, porque fizeste isso?" - essas palavras ecoam novamente no coração da Mãe com seu filho amado morto em seus braços: "Porque fizeste isso?" - No silêncio da alma a resposta: - "Mãe, era preciso porque já estava determinado desde o início dos tempos que assim o fosse pela salvação dos pecadores!" - Nossa Senhora no seu silêncio, no seu coração angustiado, pois ainda que soubesse, não imaginaria a dor que ela teria que sofrer junto ao seu Filho pelos homens ingratos. 
O momento fotografado nas imagens de Nossa Senhora da Piedade nos mostra o amor de mãe ao ver o filho sem vida nos braços.



É a unidade com tantas situações que a Igreja, como mãe que é, vê seus filhos sem vida nos seus braços, seja pelos pecados, seja pelas injustiças ou perseguições. Com a mesma coragem e fé de Maria vivamos esses momentos difíceis deste conturbado século.



7ª. Dor - Jesus é sepultado - A Soledade de Maria - Jo19, 57-61

José de Arimatéia foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus para ser sepultado. Tomou um lençol de linho branco e o depositou num sepulcro novo que tinha mandado talhar na rocha. Depois selaram-no com uma pedra e foi embora. Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá defronte ao túmulo.
O certo na vida é que o filho enterre os pais e não o contrário.  A mãe de Jesus retrata todas as mãe que por diversas circunstâncias da vida são obrigadas a passar pelo calvário de sofrer pela perda do filho. 
Nossa Senhora teve também o seu momento de "calvário" - mesmo ela sabendo de tudo e da missão de seu Filho diante da morte não há palavras nem consolo que chegue para um coração rasgado, despedaçado de dor. Se para nós é assim o que dirá da Mãe do Senhor que tudo suportou em sua alma em prol da nossa Redenção. A a espada de dor  feriu seu coração. Poderia haver dor maior que essa? Nos diz o profetas. Poderá haver alguém que a console? E ainda somos filhos ingratos que vê em Nossa Senhora uma mulher qualquer e não a Mãe Santíssima de Deus.
 



Consideremos como a Mãe dolorosa quis acompanhar os discípulos que levaram Jesus morto à sepultura. Depois de tê-Lo acomodado com suas próprias mãos, diz um último adeus ao Filho e ao Seu sepulcro, e volta para casa com as perguntas que toda mãe faz, ao mesmo tempo em que mergulha no mistério de Deus. Nós também, à imitação de Maria, encerremos o nosso coração no santo Tabernáculo onde reside Jesus, já não morto, mas vivo e verdadeiramente como está no céu.



Mas procuremos também encontrá-Lo na pessoa dos irmãos, em especial dos mais pobres que nos fazem descobrir que Ele vive e está no meio de nós.



Quantas dores Maria passou e suportou, e sempre esteve ao lado do Filho. Maria é exemplo de fiel discípula e missionária. É aquela que vive a dor na esperança da Ressurreição.

SIMBOLISMO DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DAS DORES

A imagem de Nossa Senhora das Dores se refere justamente às dores de Nossa Senhora. Retrata a imagem da Mãe  de Jesus aflita e chorosa. É representada por Nossa Senhora tendo uma espada ou punhal cravado no seu  peito ou no coração. Representando a passagem da profecia de Simeão; "E uma espada transpassará seu coração" . Claro, que Simeão não estava dizendo que Maria iria tomar uma punhalada de verdade. É uma linguagem figurada para dizer que ela seria ferida na alma, que ela sofreria na alma a paixão e morte de seu Filho Jesus. Ela sofreu, suportou tudo e venceu com seu Filho.
Outras imagens apresentam-na com sete punhais cravados no peito. Fazendo menção às sete dores. Isso varia de acordo com a representação artística de cada imagem. 
Nos momentos de dificuldades, de angústias e sofrimentos, podemos recorrer à Nossa Senhora da Dores. Mas, sobretudo, devemos ser gratos a ela por ter dado seu SIM,  seu FIAT - Faça-se - em mim a serva do Senhor.

Ela é o Evangelho vivo. Ela se tornou o Tabernáculo vivo e portal da Graça. Maria nos Deus Jesus Cristo. Ela sofreu junto d'Ele pela humanidade. 
Esta Mãe sofredora que a Igreja nos apresenta é a mesma Mãe vitoriosa que Deus Pai a coroou de graças.
Nossa Senhora, não é uma deusa, é uma criatura. A mais sublime das criaturas. A mais santa de todos os santos. Depois de Cristo ninguém foi maior   porque em tudo ela obedeceu, foi fiel até os pés da Cruz.
Maria das Dores, Nossa Senhora das Dores. Ela identifica com cada uma das mães que sofrem pelos seus filhos. Ela é nossa mãe, quando sofremos, ela sofre conosco. Mas fica feliz quando nós aceitamos sua proteção, e quando obedecemos seus conselhos como ela disse em Caná: "Fazei tudo o que Ele (Jesus) vos disser"! - Jo2, 5


Oração a Nossa Senhora das Dores

No alvorecer da esperança, Teu amor nos ilumina de paz e nos traz a estação da fé, que nos devolve o sorriso roubado pelas dores de tantas outras dores.
Querida Mãe, caminha conosco pelos vales da tristeza e nos conduz às planícies da serenidade. Ajudai-nos a suportar as nossas dores com serenidade. Que possamos vencer nossas tristezas e angústias com força e confiança como tu confiaste um dia na providência do Senhor.
Derrama sobre o jardim de nosso coração o orvalho da misericórdia, para que floresçam as sementes do amor em nossos gestos e palavras.
Volvei seu terno olhar para nossos passos já cansados e que por vezes, são guiados por caminhos duvidosos e perigosos.
Mãe Amada, somos teus filhos e filhas, que sozinhos não sabemos para onde ir.
Sem Teu amor, perdemo-nos em nossa orfandade espiritual.
Senhora de todos os povos, raças e nações, a Ti confiamos nossa gente e nossas famílias, a todos confortai com tua poderosa intercessão, para que, seguindo Teu santo exemplo, testemunhemos a vida que sempre floresce em pequenos gestos de amor.

Amém!

Jaculatória:
Salve Virgem Dolorosa!
Amparo dos desgraçados.
Dai-nos pelas vossas dores, as dores dos nossos pecados.
Sois Maria a Mãe de Deus e também dos pecadores.
Ajudai-nos a contemplar as vossas santíssimas dores.



     




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