Como um protestante
enxerga a Igreja Católica?
O Pastor Augustus Nicodemus, que é pastor presbiteriano, postou um vídeo nas redes sociais, quem quiser pode procurar, mas, aqui vamos esclarecer os pontos que ele cita e fazer uma análise do que ele fala, desmentindo ou até desconstruindo sua hermenêutica; inclusive, ele vai expor suas acusações dentro do conceito da Sola Fide e da Sola Scriptura. Ele tenta explicar alguns pontos entre os reformados e a Igreja católica, porém, no vídeo que está postado ele acaba acusando a Igreja Católica com argumentos dúbios e falsos, mostrando de quão desprovido
de conhecimento é um protestante.
Ele não fala da diferença da crença entre evangélicos e católicos, ele
fala da crença entre católicos e os reformados porque ele vem da ala
protestante tradicional do teólogo João Calvino. A Igreja Luterana do Brasil é
uma Igreja calvinista.
Aqui tratarei de explicar ponto por ponto as acusações do pastor mostrando que em 99, 9% do que ele falando, falta conhecimento da verdade sobre a Igreja Católica e sua doutrina.
Diz o pastor Augustus
Nicodemus:
“A
Igreja Católica acredita na Escritura que a Bíblia é a palavra de Deus, mas
acredita que a palavra de Deus vem antes da Escritura, está Escritura e se
segue a partir da Escritura que é a Tradição e o Magistério é quem interpreta a
Escritura à luz da Tradição produzindo dogmas, produzindo bulas papais,
declarações e criando documentos de fé. É por isso que você vai encontrar
tantas doutrinas na Igreja Católica que não tem fundamento bíblico. Porque para
eles não é somente a Bíblia, é a Bíblia de acordo com a Tradição interpretada
pelo Magistério encabeçado pelo Papa infalível”.
Note
que o Pastor Nicodemus usa de um desconhecimento teológico com relação à
Igreja Católica e a própria história do cristianismo. E aqui nota-se que ele já
disse algumas inverdades.
Primeiro
ele fala que a Palavra de Deus precede a Bíblia, está na Bíblia e ultrapassa a
Bíblia ao longo da história na Tradição. Por as bulas papais e
os dogmas criados pela Igreja. Aqui ele confunde o conceito de Tradição. A palavra de Deus não é só escrita, existe em primeiro lugar a Palavra pregada que chamamos de
Tradição Oral, existe a Palavra Encarnada que é o próprio Cristo, e a Palavra
escrita que é a Bíblia.
Que
a palavra de Deus precede a Bíblia é óbvio, mas dizer que a Bíblia precede a
Igreja não é verdade porque foi a Igreja que copilou, organizou e fez o Cânon bíblico.
A Igreja Católica acredita e tem por
um dos seus pilares a Sagrada Tradição porque à ela foi o primeiro ensinamento; dado pelos Apóstolos de forma oral.
O que é a Sagrada Tradição?
Na Igreja dos primeiros séculos não existia a Bíblia. O Evangelho era anunciado oralmente corpo a corpo. Não existia templos, os cristãos reuniam escondidos nas casas, nas catacumbas ou até mesmo em algumas sinagogas.
O que existia era apenas o Antigo Testamento, a Torah. De que forma a Igreja preservou a doutrina? Ela a preservou pela Tradição. Tradição aqui não tem nada a ver com práticas ou costumes. Tradição neste sentido é a doutrina que os Apóstolos receberam oralmente de Nosso Senhor, foi transmitida e guardada através dos séculos pelos seus sucessores, os bispos.
Jesus
quando viveu neste mundo não deixou nenhum escrito e nem mandou escrever nada. Foi por iniciativa própria dos Apóstolos que
mais tarde talvez 40-60 anos depois é que foi escrito por São Paulo o primeiro
escrito do NT, a Carta aos Tessalonicenses entre os Evangelhos o primeiro
escrito foi o de São Marcos. Ora, nem Paulo, nem Marcos conviveram com Jesus,
de onde é que eles aprenderam a doutrina, já que entre 40-60 anos não havia
nada escrito? [...] A
resposta só pode vir do ensinamento oral que já acontecia naquelas comunidades.
O
ensinamento oral é chamado pela Igreja de Sagrada Tradição. Ela precede a
Bíblia e foi através dela que a Bíblia surgiu e foi organizada 400 depois.
Neste tempo [entre 40-400 d.C.], embora as comunidades cristãs já tivessem
alguns escritos não havia a coleção dos livros como conhecemos hoje.
A
própria Bíblia vai nos ensinar que nem tudo que está nos evangelhos; e que Jesus
fez e ensinou muitas coisas que não caberiam apenas em um livro; parte da
Doutrina está na Tradição Oral e parte está registrada nos evangelhos. Veja o final Evangelho de São João o que ele diz:
(Jo20, 30-31: 21, 25) 👉“Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se
acham escritos neste livro. Estes, porém, forma escritos para crerdes que Jesus
Cristo é o Filho de Deus, e para que crendo tenhais vida em seu nome.” [...]
“Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez. Se fossem escritas uma por uma,
creio que o mundo não caberia conter os livros que se escreveriam”.
Ou seja, muitas coisas Jesus fizeram e
ensinaram que não está na Bíblia, está no ensinamento oral que foi transmitido
pelos Apóstolos. Por esse motivo a Bíblia não é a única fonte de fé. A Igreja
sempre manteve a Sagrada Tradição, que é o ensinamento oral deixado pelos
Apóstolos. A Tradição se mantém viva até os nossos dias graças à sucessão
apostólica, ou seja, aos bispos e os santos padres que receberam e guardaram
esse ensinamento.
Logicamente
até uma criança de quinta série entende que o protestantismo surgiu 1500 anos
depois, antes do protestantismo somente a Igreja Católica. Quem organizou, quem
declarou ser ou não inspirados os livros da Bíblia foi a Igreja Católica e seu
Magistério.
Quem
guardou e ainda guarda o Depósito da Fé é o Magistério da Igreja Católica porque
a doutrina de Jesus foi entregue a ela através dos Apóstolos e seus sucessores
legitimamente constituídos; não foi entregue 1500 anos depois a Lutero e os
demais reformadores.
O pastor se esqueceu que a Igreja dele nasceu em 1483-1546 e foi
fundada por João Calvino e não por Jesus Cristo e chegou ao Brasil pelo M.
Ashbel Green Simonton (1833-1867).
A
Igreja Católica nasceu no ano I, a Bíblia é propriedade da Igreja Católica
porque foi ela que a copilou, escreveu a reorganizou.
Santo
Agostinho, que tanto os protestantes admiram era um bispo católico, ele disse: “Eu
creio na Bíblia porque a Igreja diz para eu crer nela!” – Ou seja, se a Igreja
católica, com sua autoridade não dissesse quais livros eram inspirados ou não, a bíblia não teria credibilidade e legitimidade alguma.
A própria Bíblia diz que
devemos crer não nela, mas, na Tradição em primeiro lugar.
O pastor Augustus Nicodemos não sabe ou parece ignorar o conceito do que é a palavra Tradição.
Que
a palavra de Deus precede a Bíblia é obvio, está lá em Jo1, 1-28 “no princípio era a
palavra” [...] (embora neste texto São João esteja se referindo à Palavra encarnada, ou seja, ao próprio Cristo) [...], mas, dizer que a Bíblia, que é a palavra de Deus escrita
precede a Igreja, como defende os protestantes é de uma ignorância sem tamanho.
Se a própria história o desmente.
O protestante parece aquele cavalo de charrete
que só vê o que está na frente e não o que está atrás e do lado. Se o cânon bíblico foi
definido 300 anos depois de Cristo, se ela começou a ser produzida em cadernos
com a invenção da imprensa em 1450, até o séc. XV, onde estava a Bíblia antes
disso? Estava nos mosteiros, nas grandes bibliotecas medievais porque eram
rolos imensos de pergaminhos. E antes do séc. III? Não exista. Como é que foi
ensinada a palavra de Deus? Pela Tradição Oral.
Então é um absurdo dizer que a
Bíblia gera a Igreja. Não, pelo contrário, é Igreja que gerou a Bíblia. Não tem
credibilidade histórica o que o pastor ensina.
Ah! mas, a Bíblia diz “a
palavra se fez carne” portanto, Jesus é a Palavra. Sim, mas, a Palavra, que é Jesus, se fez
carne e não escreveu nenhum livro, antes fundou uma Igreja e deu a ela todos os meios necessários para entender, interpretar e escrever (Jo14, 26), não mandou
escrever tais livros, pois, essa tarefa deveria ser uma atitude humana da Igreja
sob a ação do Espírito Santo; e é esta mesma ação do Espírito que fez com que
ao longo desses mais de 2000 anos a Igreja se mantém na mesma doutrina e
conservando o Depositum Fidei.
O primeiro documento escrito do Novo Testamento foi a
Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, esse documento é do ano 45
d.C. agora se São Paulo escreve uma carta para a Igreja de Tessalônica quer
dizer que já existe uma Igreja lá. Quer dizer que a pregação oral precedeu a
redação da Bíblia.
O livro do Apocalipse que é o último foi escrito por volta
do ano 100 d.C. ou seja, entre Jesus morrer, ressuscitar e vir o Espírito Santo
e o Apocalipse ser escrito quanto tempo já havia passado, a Igreja se espalhou
pelo mundo muito antes do Novo Testamento ser escrito.
Outro ponto que o pastor vai dizer e que é mais
complicado é quando ele fala que para a Igreja Católica tem também a Tradição
que se mostra nos documentos da Igreja, nos dogmas e nas bulas papais. E aqui
ele está mentindo mais uma vez como já foi explicado não é isso que é a
Tradição.
Tradição da Igreja não é aquilo que ela produziu ao longo
dos séculos. Tradição da Igreja é aquilo que os apóstolos ouviram de Jesus e
transmitiram oralmente para seus sucessores. Documentos teológicos transmitidos
pela Igreja é a interpretação do Magistério da Igreja tanto da Palavra Escrita
como da Palavra falada.
Jesus não instruiu os seus Apóstolos
a escreverem livros, mas, mandou pregar, (anunciar) o evangelho (Mt28, 19-20).
Tanto é que apenas alguns escreveram os evangelhos. E os outros Apóstolos que
não escreveram deixaram de pregar? Eles levaram o Evangelho de que forma?
Eles
levaram o Evangelho de forma oral. É interessante porque se a gente falar que é
só a Bíblia nem a historicamente se sustenta, pois, a Bíblia foi organizada 400
anos depois de Cristo. Os cristãos de antes não tinham Bíblia.
E quando o pastor fala que é só a
Bíblia, onde fica o que Jesus falou e que não está na Bíblia e que os apóstolos
transmitiram aos seus sucessores? Ou alguém acha que isso não foi transmitido?
A Tradição Oral é bíblica, São
Paulo disse aos próprios tessalonicenses “guardai as tradições que de nós
recebestes”. Ao falar sobre a Eucaristia em 1Cr11, 23 ele disse: "Eu recebi do Senhor, vos transmiti" [...] São Paulo não diz "o que li na Bíblia vos transmiti" - ele disse "Eu recebi do Senhor e vos transmiti". Ora, todos nós sabemos que São Paulo após sua conversão foi ter com os Apóstolos e deles recebeu a Doutrina. E como ele recebeu a Doutrina se não havia nada escrito? E como ele afirma que a recebeu do Senhor? Logicamente Paulo está referindo à Tradição, que é o ensinamento Oral. Esse ensinamento que na verdade é do Senhor Jesus, foi ensinado por Ele e que lhe foi transmitido pelos Apóstolos. Por isso que São Paulo vai dizer aos seus irmãos de Corinto "O que eu recebi do Senhor e vos transmiti".
Quando
o pastor Nicodemus vai falar do Magistério da Igreja. Ele fala como se fosse um absurdo
teológico a gente ter um Magistério. Só que o Magistério da Igreja é o intérprete
autorizado e a gente vê isso na Bíblia também. Em Atos 15 a Igreja com seus
bispos e presbíteros se reuniu em concílio para discutir o problema da
circuncisão. Os judeus recém-convertidos queriam obrigar os novos convertidos
vindos do paganismo e de outras culturas se circuncidassem segundo a Lei de Moisés.
Foi preciso que a Igreja discutisse o assunto em Concílio e tomasse uma posição;
e tendo reunido todos, sob a palavra de São Pedro decidiram que o Batismo é que
tornaria a pessoa membro da Comunidade.
Qual
é dificuldade do pastor em compreender isto? A dificuldade é porque a igreja
dele não tem sucessão apostólica, aliás nenhuma igreja protestante, evangélica, seja ela reformada ou pentecostal tem sucessão apostólica
e, por isso mesmo, não tem autoridade e não é verdadeira.
Então
a gente percebe que a Bíblia é a palavra de Deus, mas a palavra de Deus está
mantida na Tradição e o Magistério é o intérprete. É ele quem decide as
questões de fé e doutrina. A Tradição está firmemente defendida na Bíblia, em
2Tm 2,2: “O que de mim ouvistes na presença de muitas testemunhas, confia a
homens fiéis que por sua vez sejam capazes de instruir a outros”. – Então temos
que ter cuidado com o que ele falou quando ele fala que a Tradição é a produção
teológica da Igreja, não é verdade. A tradução teológica da Igreja é outra
coisa.
Depois, ele implica dizendo que a Igreja acredita que Deus continua trazendo novas
revelações. Isso também não é verdade.
Ele Continua:
“Na
Igreja católica Cristo é o salvador, mas, para chegar até Cristo você tem que
chegar através de Maria. Você tem que receber o dogma da co-mediação de Maria,
de que ela auxilia os pecadores a receber a graça que o filho dá. Ela funciona
como uma espécie de medianeira e recentemente dogmas a respeito da assunção de
Maria e do seu nascimento virginal foram colocados pelos Papas como sendo
obrigatório para todo católico acreditar. Então não é somente Cristo, mas é
Cristo e Maria, em alguns lugares a Igreja Católica é muito mais mariana que
cristocêntrica”.
Quando
alguém se propõe a falar alguma coisa, essa pessoa deve estudar, conhecer com
um pouco de afinco o que está dizendo. E o pastor em questão mostra desconhecer a
doutrina católica, falta-lhe um conhecimento profundo do que estar a dizer.
Quando
ele fala do "dogma da mediação de Maria", a mediação de maria não é dogma. Por
não ser dogma tem que se perguntar o que ele quer dizer com isso. Se fosse
dogma seria mais fácil já estaria resolvido desse ou daquele jeito. Depois o
pastor vai falar do dogma da Assunção de Maria, que está certo, é um
dogma, mas, é um dogma que não fere em
nada a fé protestante. Qual a dificuldade em aceitar o dogma da Assunção de
Maria se os protestantes acreditam na assunção de Enoc e do profeta Elias?
Ah!
Mas a assunção de Maria não está na Bíblia. Está sim. Não da forma como eles
querem, mas está é só ler Apocalipse 12, 1-18.
O nome Trindade também não está na Bíblia, mas, ela aparece de forma indireta e todos nós cristãos cremos nela - Mt28, 19.
O que diz o dogma da assunção de Maria?
A Igreja proclama que Nossa Senhora
após ter terminado todo seu curso terreno, pelos méritos de Cristo foi assunta
(ou levada) de corpo e alma para o céu.
Quando ele fala do dogma do nascimento virginal de Maria é espantoso a falta de
conhecimento teológico sobre ao assunto. Muitos teólogos confundem o dogma da
Imaculada conceição de Maria com o nascimento virginal.
O nascimento virginal
nunca foi dogma. Ninguém disse que Ana mãe de Nossa Senhora era virgem. Ana e
Joaquim eram casados. Maria foi concebida de forma natural, ou seja, de uma
fecundação normal. Agora o que a Igreja proclama é que Maria no momento da
concepção no seio de Ana, Deus pelos méritos de Cristo retirou dela a mancha do
pecado original porque ela foi escolhida para ser a futura mãe do Salvador.
Então ela foi preparada por Deus, sonhada por Deus para de seu ventre nascer o
próprio Deus. Maria não foi uma barriga de aluguel. Ela gerou Jesus Cristo o
filho de Deus conservando-se pura toda sua vida. Nasceu sem pecado, porque Deus
antecipou nela toda a graça e a Salvação por meio de seu Filho. É isso que quer
dizer o dogma da Imaculada Conceição.
Depois
ele vai falar de Maria como medianeira:
“O
católico vai dizer que você precisa de Maria, enquanto o reformado que você
pode ir direto a Cristo” [...] é interessante porque isso é uma meia verdade,
tanto do lado de lá, quanto do lado de cá. Por quê?
Porque
não é verdade que você precisa de Maria para chegar a Cristo no sentido que ele
está falando, mas, também não é verdade que o reformado vai sozinho a Cristo.
Ora, alguém nunca falou para ele que para se tornar cristão alguém tem que lhe anunciar Cristo? Não vai precisar da pessoa do amigo, do vizinho, de outro que
conheça a fé primeiro? Se alguém vai a Cristo, vai por intermédio de alguém
mediante o ministério da Igreja.
Os protestantes não entendem que Maria faz parte da Igreja - Atos1, 14 - Porque No AT, Eva que fazia parte da Antiga Criação estava o Paraíso e de lá foram expulsos pelo pecado da desobediência que cometeram. Na Nova Criação, onde Jesus Cristo, "O Novo Adão" restaura todas as coisas e tendo feito uma Nova Criação que se inicia na Cruz, devolve-nos a graça do Paraíso. Maria a "Nova Eva" está presente pela obediência. Não só estava presente aos pés da Cruz recebendo a adoção filial de ser nossa Mãe, mas também, estava com toda a Comunidade, a Igreja reunida e como parte dela iniciada na caminhada dessa Nova Criação, agora conquistada pelo seu Filho. Ela juntamente com os Apóstolos e os discípulos em oração aguardou a vinda do Espírito Santo que confirmou a missão da Igreja. É por isso que a Igreja começou sua caminhada com ela, não vai e não pode terminar sem ela. É por isso que nós a chamamos de "Mãe da Igreja".
A missão da Igreja neste mundo é levar às pessoas ao conhecimento de Cristo. Os evangélicos insistem muito nisso
que Cristo é o único mediador, mas, se não fosse a Igreja Católica não teriam nem a
Bíblia. A Igreja tem esse papel de ser este canal que leva as pessoas ao
conhecimento de Cristo e consequentemente à salvação. Foi para isso que Jesus
fundou a Igreja.
Ah, mas Jesus disse "ninguém vai ao pai senão por mim!", está certo, mas onde está Jesus? Está na sua Igreja. De modo que para ir até Cristo é necessário passar pela Igreja. Pois, o mesmo Jesus que disse: "ninguém chega ao pai senão por mim", diz também: "quem vos ouve a mim ouve, quem os rejeita a mim rejeita". Lc10, 16. A Igreja existe para conduzir as pessoas a Cristo. Essa é a missão da Igreja, ser a ponte.
O caminho é Cristo, a Igreja é a ponte, o elo que une o homem a Deus. E a Verdade que é Cristo é revelada pela Igreja, a qual tem todos os meios para conduzir-nos à salvação. A Igreja fundada por Cristo, foi deixada neste mundo para que ao mesmo tempo que anuncia o evangelho, também tem a missão de mãe e mestra levar-nos até Cristo em segurança. Ela como a Arca de Noé tem a missão de cuidar de todos, para que todos sejam salvos. Por isso São Cipriano de Cartago vai dizer: "extra Ecclesiam nulla salus" - que significa 'fora da Igreja não há salvação'.
Ninguém
vai a Cristo sozinho, porque precisa da mediação de alguém, isso é óbvio. Ou
será que Cristo apareceu e se revelou? Talvez São Paulo possa dizer isso, já que ele foi o único homem que depois dos Apóstolos teve uma experiência pessoal com
Jesus no caminho de Damasco. Tirando São Paulo os outros chegaram até Cristo
pela mediação de alguém, da Igreja ou de algum ministro da reconciliação.
E
aí quando ele fala que a gente precisa de Maria para chegar até Cristo, ou para
termos Cristo. Ora, como é que Cristo veio ao mundo? Caiu de paraquedas? Foi
trazido pela cegonha? nasceu de chocadeira? [...] Qual foi o caminho que ele escolheu para vir ao
mundo, não foi através de Maria?
“E
quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho nascido de uma
mulher” (Gl4,4) – é óbvio que Nossa Senhora participa ativamente do mistério da
Redenção.
Quando
ele diz cheio de razão “nós não precisamos de Maria, nós só precisamos de
Cristo”, se isso fosse verdade não existiria Cristo. Isso é orgulho e prepotência da parte protestante. Porque o próprio Deus precisou de Maria e a escolheu para nascer dela.
E
o outro ponto teológico que ele deixa passar é a doutrina de Maria como a "Nova
Eva". Na teologia de São Paulo Jesus é o Novo Adão:
👉1Cor15, 45-48 – “Assim está escrito: O
primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente"; o último Adão, espírito
vivificante. Não foi o espiritual que veio antes, mas o natural; depois dele, o
espiritual. O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, do céu. Os
que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem
celestial”.
São
Paulo ensina-nos que dois homens estão na origem do gênero humano: Adão e
Cristo. [...] O primeiro Adão, diz ele, foi criado como um ser humano que
recebeu a vida; o segundo é um ser espiritual que dá a vida. O primeiro foi
criado pelo segundo, de quem recebeu a alma que o faz viver. [...] O segundo
Adão gravou a sua imagem no primeiro, quando o modelou. Por isso, veio a
assumir a sua função e o seu nome, para que não se perdesse aquele que fizera à
sua imagem. Primeiro e último Adão: o primeiro teve princípio; o último não
terá fim. Por isso é que o último é verdadeiramente o primeiro, como Ele mesmo
diz: "Eu sou o Primeiro e o Último"» (CIC 222)
"Se
Jesus é o novo Adão, Maria é a Nova Eva".
Assim
como pela desobediência de um (Adão) entrou o pecado no mundo, pela obediência
de um (Jesus Cristo) entrou a graça.
Assim
como pela desobediência de uma (Eva) entrou o pecado, pela obediência (de
Maria) nos veio a graça.
Pela
desobediência de um homem (Adão) a humanidade foi destruída pelo pecado; pela
obediência de um só homem (Jesus Cristo) veio refez a nova criação.
Pela
desobediência de uma mulher (Eva) a humanidade foi destruída pelo pecado; pela
obediência de Maria a humanidade por ser redimida.
“Jesus
se humilhou e fez obediente até a morte e morte de cruz” Fl2, 8-11
“Maria,
desde a encarnação também se fez humilde, (Lc1, 38) e se fez obediente até os pés
da cruz junto de seu filho para nossa salvação”.
Isso
é o significado de ser corredentora. Maria é, portanto, corredentora porque
participou ativamente do plano de Salvação. Ela é a Nova Eva e Cristo o Novo
Adão.
Em
2Cor5, 18 “Tudo isso vem de Deus que nos reconciliou consigo por meio de Cristo
e nos confiou o ministério da reconciliação”. Então, esse negócio de que há só
um mediador, o que é o mediador senão o reconciliador?
O mesmo Paulo que falou
que há só um mediador é o mesmo Paulo que Deus nos deu o ministério da
reconciliação.
Aliás, o papel da mediação dos santos e de Nossa Senhora é diferente da mediação única de Cristo.
O
papel de mediador de Cristo é exclusivo, é de caráter salvífico e só cabe a
ele. O papel de mediação dos santos é de caráter de intercessão, ou seja, é
diferente.
Essa mediação dos santos é algo que já fazemos aqui na terra. Nós
intercedemos, pedimos a Deus uns pelos outros. Se já aqui na terra fazemos isso
uns pelos outros quem dirá no céu os santos e Nossa Senhora. Veja, por exemplo, o caso do centurião romano que intercedeu a Jesus pela saúde de seu criado; Maria que intercede pelos noivos em Caná da Galileia, isto é intercessão. Nós que acreditamos na comunhão de santos acreditamos nesta mesma intercessão prefigurada aqui na terra e concretizada no Céu.
Eles podem podem interceder e o fazem
porque a Igreja continua na eternidade; os santos participam da glória
juntamente com Jesus. Na eternidade participam de uma só comunhão banhados na glória de Cristo Ressuscitado e vencedor; ela continua sua missão, mas, agora de maneira
beatífica em unidade com Cristo.
Basta
ler o Apocalipse a oração dos santos, a fumaça do incenso que sobe até Deus com
nossas orações, os anciãos louvando a Deus, a oração dos mártires - Ap 9-10:14, 4-5 [...] E isso só é possível porque
através do único mediador que é Cristo está a mediação dos santos. Os santos no céu tem esse papel.
👉A
mediação dos santos e da Virgem Maria não é salvífica, mas, é dentro dessa
mediação única de Cristo que ela acontece. Caso contrário não poderíamos orar uns
pelos outros. Mas, é por causa da mediação única de Cristo que nos faz partícipes
com ele dessa mediação única.
Quanto
ao papel de Maria como corredentora temos que entender esse termo no verdadeiro
sentido teológico dele:
Cristo
convida toda sua Igreja redimida por ele. São Paulo escrevendo aos Colossenses
(Cl1, 24) “Completo na minha carne o que resta do sofrimento de Cristo”. Ou seja, toda a Igreja remida por Ele é
chamada a unir-se a Ele. Maria remida por Cristo desde o ventre de sua mãe; é
sem pecado não pelos seus próprios méritos, mas pelos méritos de Cristo, chamada a participar de forma mais íntima, muito mais especial por ser a Mãe do
Filho de Deus e chamada a participar desta redenção. Por ser a mãe do filho de
Deus ela se dispôs a levar até o fim a missão de colaborar para que o plano de Salvação acontecesse.
Às
vezes a gente esquece que Jesus foi um ser humano normal exceto no pecado, teve
fome, sede, sentiu tristeza, alegria, chorou, riu, brincou, teve que aprender a
falar e a andar. Ele quis experimentar a beleza de ter uma mãe (Gl4,4). Então,
ela participa de forma mais íntima desse grande amor. Tanto que o profeta
Simeão vai dizer que uma espada lhe transpassaria alma. O que Jesus sofreu por nós fisicamente, Maria
sofreu tudo na alma conforme tinha dito a profecia.
Sim,
Maria é corredentora de uma forma especial, mas, porque ela foi redimida por
Cristo, é corredentora na medida que une suas dores às dores do seu Filho.
Quando
o pastor disse que “em alguns lugares as igrejas católicas são mais marianas
que cristocêntricas é mera conjectura, pois, toda devoção mariana é
cristocêntrica. Maria não ofusca a luz que é Cristo, pelo contrário ela aponta
em direção a ele: “fazei tudo o que ele vos disser” – Jo2, 5 – ela não é deusa,
mas, ela é a escolhida de Deus, a Mãe de Jesus e, depois de Cristo ninguém é
maior. Maria não quer nada para si, não quer atrair nada para si, ela é serva
obediente (Lc1, 38), ela é a mulher do silêncio, da obediência. Então, dizer o que ele disse é
falta de responsabilidade.
Ele
continua seus ataques dizendo:
“Os católicos falam que a salvação é pela fé, mas, os homens tem que praticar as
obras, eles têm que contribuir com suas obras, com sua obediência, com sua ida
à igreja, com sua participação nos sacramentos para que aquela fé seja de fato
uma fé salvadora. Os católicos falam da graça, a graça o favor de Deus.”
E
aqui o pastor Nicodemus comete mais um erro teológico. A Igreja Católica não
fala que a salvação é pela fé. A Igreja ensina que a salvação é pela graça
mediante a fé e uma fé completa. Qual é o problema aqui? É que estamos falando
de termos distintos; quando ele fala a palavra fé, ele está falando de uma fé
fideísta e fiduciária.
Nós
não falamos de uma fé fideísta e fiduciária apenas, nós falamos de uma fé que
significa obediência. Então a nossa fé não é simplesmente crer, crer e crer ... porque neste sentido de crer até diabo acredita, mas, o diabo não tem fé. Crer
simplesmente e não fazer nada é como um carro sem gasolina. A fé é o carro as
obras o combustível, se não tiver as obras o carro não anda. Em outras palavras
Jesus disse: “Bem aventurado não é o que me diz senhor, senhor, mas, o que faz
a vontade do meu Pai que está no céu”. (Mt7, 21) – aqui eu pergunto: Fazer a
vontade do Pai não é uma obra?
Jesus
também disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me
ama”.
São
Paulo vai disse: 👉Nem a circuncisão, nem a insircuncisão é coisa alguma, mas o
que importa a fé que opera em nós pela caridade” Gl 5,6.
E
a caridade é uma obra. De modo dizer que somente a fé entendida como uma fé
fideísta está errado. Agora se por meio de nossas obras nós estamos
manifestando a graça de Deus em nossa vida isto é testemunho bíblico. Por
exemplo, Rm2, 6-7.8 “Deus retribuirá a cada um segundo suas obras” [...] “A
vida eterna aos que perseverando em fazer o bem busquem a glória, a honra e a
imortalidade, mas a ira e indignação aos contumazes rebeldes da verdade e
seguidores do mal.”
Percebam
que as obras desempenham o papel sim na nossa salvação; não somos salvos pelas
obras, somos salvos pela graça, mas a graça produz em nós as obras e a fé; e a fé também
é uma obra. Jesus disse: “Essa é a obra de Deus que
acreditem naquele que ele enviou” – Jo6, 29 – De fato essa confusão sobre a
fé e as obras que o pastor Nicodemus e com ele todos os protestantes faz não é
producente.
Mas,
poderá alguém dizer: “As obras não são causadoras da salvação, as obras são uma
consequência da graça que opera em nós”; mas, a fé não é a mesma coisa? A fé
não é causadora da salvação? A Fé é uma consequência da graça que nos salva.
Mas, essas coisas estão tão ligadas entre si que podemos dizer sou salvo pela
fé e obras; lembre-se somos salvos pela graça, mas a graça produz em nós a fé e
frutos tão belos que evidencia o agir de Deus em nossa vida de modo que a gente
pode dizer que somos salvos pela fé e obras quando a gente entende bem
corretamente estes termos.
Continua
o pastor:
“Mas,
eles dizem que a graça vem a través da natureza. Essa relação entre natureza e
graça que originária da teologia de São Tomás de Aquino e diz que Deus concede
a graça através da natureza ou das coisas sólidas que pertencem ao mundo
sólido. Por isso a água benta do batismo, por isso o pão que se transforma n
corpo de Cristo e o cálice que se transforma em vinho, (aqui ele parece nem
saber que não é o cálice que se transforma em vinho, é o vinho que se
transforma no sangue de Cristo); por isso o óleo d unção dos enfermos. Então a
graça não é dada diretamente ao pecador, mas, ela é dada através dos 7
sacramentos da Igreja católica dentre eles os mais conhecidos, (só para ele né
gente porque todo católico conhece os 7 sacramentos e sabe que nenhum é mais ou
menos conhecidos que os outros), batismo, confirmação, ordem, casamento,
extrema unção e confissão a um padre para o perdão dos pecados. Os sacramentos
da Igreja Católica são canais pelos quais a graça de Deus é ministrada e o
pecador recebe a salvação.”
Veja, que ele faz uma salada de frutas entre sacramental e sacramento. Não e até
transforma o cálice em vinho, e ao falar dos 7 sacramentos não cita nem a
Eucaristia o principal deles. É de lascar né gente!
Ele
falou de 2 assuntos aqui: A graça provém da natureza, a salvação provém dos
sacramentos. Quando ele fala que os sacramentos são canais da graça de Deus e
pode levar à pessoa a salvação ele está certo, mas, há que separar sacramento e
sacramental.
No
sacramento a ação do Espírito Santo é de forma invisível diretamente sobre a
pessoa. É graça santificante. Os sacramentais são meios materiais aos quais a graça de Deus age em nós.
O sacramental é um objeto e não age diretamente depende da crença da pessoa.
Por exemplo: A água benta só tem poder de benzer a casa se a pessoa acreditar.; Enquanto
que o sacramental não te salva, mas, traz a graça da salvação na sua vida e o sacramento
tem o poder de força santificante. O sacramental traz as bênçãos e serve para
recordar o amor que Deus tem por cada um de nós.
Já
quando ele cita a teologia de Sto. Tomás de Aquino “Natureza e graça” é de doer
porque ele distorce todo o ensinamento do santo. O que é que santo Tomás queria
dizer?
Que
nós não precisamos da graça sobrenatural de Deus para saber que por exemplo o
adultério é pecado. Embora esteja na Sagrada Escritura a gente tem a
inteligência para saber que adulterar é errado, roubar é errado, etc.
Mas,
se eu disser “Jesus é o filho de Deus”, então nesse caso eu preciso da graça
sobrenatural. Se digo “Deus é uma Trindade”, eu preciso da graça sobrenatural
para dizer isto. Então natureza é aquilo que está no nível natural e a graça no
nível sobrenatural.
Aí
ele fala que a graça vem da natureza. Não! A graça vem de Deus, mas, objetos
podem trazer a benção de Deus na medida em que Deus infunde neles sua graça; e vamos provar isso na Bíblia.
O
pastor fez uma confusão entre sacramental e sacramentos; A diferença entre o
sacramento é que o sacramental não confere a graça do Espírito Santo como
acontece no sacramento, mas pela oração da Igreja, eles preparam a pessoa para o
recebimento da graça (cf. CIC 1670).
Podemos entender os sacramentais como bondade
da criação. Mas, o que o Pastor Nicodemus disse a respeito dos sacramentais
beira o gnosticismo. Porque está mais do que claro, e isso vamos ver várias
vezes na Bíblia que Deus utiliza da matéria criada para mostra-nos sua bondade.
O
gnosticismo que era uma seita herética dos primeiros séculos negava a bondade
da Matéria. Pregava que a matéria era má e o extremo do gnosticismo era
justamente negar a Encarnação de Cristo, porque como pode cristo assumir um
corpo material se a matéria é má? E quando o pastor nega que Deus não pode agir por meio da matéria ele está sob o mesmo pensamento dos hereges gnósticos. Deus tanto age na matéria que Jesus usa barro com saliva para curar o cego, e usa o madeiro da cruz para nos salvar. Deus tanto age na matéria que os reis e profetas do antigo testamento foram ungidos com óleo; e o próprio Deus utilizou do barro para fazer Adão; escreveu os Mandamentos em tábuas de pedra. Logo, os sacramentos tem os seus sinais materiais característicos como a água, o óleo, o pão, o vinho, etc. chamados de sacramentais.
Aí
ele continua dizendo “a gente precisa do sacramento para a benção chegar até
nós e isso não seria necessário, a benção chega direto em nossa vida. Mentira!
Porque os sacramentos estão visíveis de forma clara Bíblia. Se levarmos em
conta esse raciocínio do pastor às últimas consequências vamos chegar ao mesmo
pensamento herético do gnosticismo de dizer que Jesus não pode ter sido encarnado.
O Senhor Jesus instituiu os sacramentos e é fácil provar na Bíblia.
Deus
que criou o mundo material se fez corpo material. Santo Ambrósio vai ensinar
que Cristo nos toca através de seus sacramentos. Assim como a gente podia tocar
n'Ele enquanto estava neste mundo, agora Ele nos toca pelos Sacramentos.
O pastor disse “E os sacramentos são canais da
graça de Deus...” sim, o que ele falou está certo. Mas, aí tem uma coisa muito
grave. O Cristo conquistou para nós na cruz chega até nós pelos sacramentos
ordinariamente e extraordinariamente. O que isso quer dizer? Que eu posso receber o sacramento de forma direta ou indiretamente. Por exemplo: Se uma pessoa deseja receber o batismo, mas, por algum motivo ele morre, receberá o sacramento por intenção, pois o amor a Cristo aliado ao seu profundo desejo já provocou nele a graça da salvação. É o caso de muitos cristãos mártires que foram batizados não pela água, mas pelo sangue que derramaram em testemunho de Cristo e do Evangelho.
A graça da Cruz, aquilo que Cristo
conquistou para nós na cruz vem à nossa vida por meio dos sacramentos.
Qual
é a definição e a eficácia do Sacramento?
A
definição que o Catecismo da Igreja Católica (CIC) apresenta sobre sacramento é
este: “Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e
confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina” (1131).
Ou seja, são os meios pelos quais a graça de Deus nos alcança, sendo os
sacramentos perceptíveis aos sentidos. A exemplo temos: o sacramento do
Batismo, que acontece com o uso da água e das palavras batismais: “Eu te batizo
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Temos também a Eucaristia, que
acontece por meio do pão e do vinho que, pelas palavras do sacerdote, são
transformadas em Corpo e Sangue de Cristo. Assim, a Igreja Católica professa a
existência de sete sacramentos, e além dos dois já falados, temos: a Crisma, a
Penitência, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimônio.
É
importante saber que os sacramentos são eficazes porque neles age o próprio
Cristo; é Cristo que batiza, atua nos sacramentos. Quando o sacramento é
celebrado conforme a intenção da Igreja, o poder de Deus atua nele, e a
eficácia independe da santidade do ministro que o confere. Porém, os frutos
irão depender da disposição de quem os recebe (cf. CIC 1129).
Os
sacramentos são destinados à santificação do homem, à edificação do Corpo de
Cristo e ao culto prestado a Deus. E como fim último, a Páscoa do Filho de
Deus, aquela que pela morte O fez entrar no Reino, realizando-se na vida do
cristão, o que Ele mesmo professa: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida
do mundo que há de vir” (cf. CIC 1680).
Os
sacramentais e sua missão
O
Catecismo vai definir sacramentos como: “Os sinais sagrados instituídos pela
Igreja, cujo objetivo é preparar os homens para receber o fruto dos sacramentos
e santificar as diferentes circunstâncias da vida” (1677). Os sacramentais
servem para a santificação de certos ministérios, assim como de estados de vida
e de momentos variados no dia a dia do cristão, como o uso das coisas que são
úteis ao homem.
A
diferença entre o sacramento é que o sacramental não confere a graça do
Espírito Santo como acontece no sacramento, mas pela oração da Igreja, eles
preparam para o recebimento da graça (cf. CIC 1670). Entre os vários
sacramentais, em primeiro lugar estão as bênçãos, que podem ser de pessoas, da
mesa, de objetos e lugares. O número de sacramentais é enorme! Por exemplo,
alguns objetos, desde que sejam abençoados: cruzes, imagens e estampas de
santos, água, sal, óleo, lenço dentre tantas outras coisas. Atos 19:12 - “de modo
que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os
enfermos. Estes eram curados das suas doenças, e os espíritos malignos saíam
deles”. A própria sombra de São Pedro
era um sacramental veja, At5, 15-16; “De sorte que transportavam os enfermos
para as ruas, e os punham em leitos e em camas para que a sombra de Pedro,
quando passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas afluía
a multidão a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos
imundos, os quais todos eram curados.”
Os
sacramentais são instituídos como dito antes pela Igreja. São realizados sempre
pela imposição das mãos, uma oração, o sinal da cruz ou aspersão com água benta
que relembra o Batismo (cf. CIC 1668).
Por
fim, é importante lembrar que os sacramentais são instrumentos que auxiliam o
cristão na vida espiritual. Não devem ser usados erroneamente como superstição
ou algo mágico, não! Eles são “extensões” dos sete sacramentos e podem nos
acompanhar literalmente em todas as horas do nosso dia.
Os
sacramentos não são coisas materiais, os sacramentos são santos sinais que
realizam o que significam. Os sacramentos utilizam-se dos sinais, os
sacramentais e são eficazes no que significam.
São
Leão Magno disse: “O que era visível em Cristo passou aos sacramentos da
Igreja”, ele dizia que os sacramentos da Igreja passaram a ser aquilo que a
gente via em Cristo e passou à Igreja, por exemplo: Assim como a mulher com
fluxo de sangue tocou na orla das vestes de Cristo (Lc8, 43-45), assim como o
lenço de Paulo curava os doentes (At19, 11-12), assim como a sombra Pedro
curava os doentes (At5, 15-16), assim como o ossos do profeta Eliseu ressuscita
morto (2Rs3, 21percebe-se aqui a utilização dos sacramentais, ou seja, a
materialidade, a veste, o lenço, a sombra e até os ossos de um morto. Então
nota-se claramente que Deus opera sua graça através da matéria sim. O que era
sensível em Cristo passou à Igreja por meio dos sacramentos. Santo Ambrósio dizia:
“Tu ó Cristo te revelastes a mim face a face, te encontro em teus sacramentos”
– Segundo Sto. Ambrósio, que era um padre do século IV, ele vai dizer que ele
encontra Cristo face a face nos sacramentos. Aquilo que Jesus conquistou por
nós na Cruz vem até nós por meio dos sacramentos e como vemos não é difícil
provar isto nas Escrituras. São Paulo vai dizer: “O batismo que hoje nos salva
(...) “Por meio do batismo vós morrestes e ressuscitastes”.
Quando
são Paulo fala da santa ceia em 1Cr11, ele fala que “se comermos do Corpo
do Senhor indignamente, sem discernimento estará comungando a própria
condenação”. É só fazer uma leitura contrária “se comungarmos discernindo o
Corpo do Senhor comungamos bênção”.
São
Tiago falando da Unção dos enfermos diz: “Chama os presbíteros e a oração da fé
com a unção do óleo salvará o enfermo”. Ou seja, os sacramentos estão
claramente descritos na Bíblia, são sim, os meios pelos quais a benção de Deus
chega até nós.
Agora, porque o pastor Augustus Nicodemus recusa os sacramentos? A fala dele no
seu vídeo é tão estranha...
Ele nega aquilo que a própria instituição que
ele pertence acredita. Os reformados (que vem de
João Calvino), acreditam que os sacramentos são meios de graça também; quem não
acredita são os batistas, os assembleianos, os pentecostais, as igrejas de
parede preta moderninhas, etc.
Onde encontramos
os sacramentos na Bíblia?
1. Batismo
– O primeiro rito do Batismo está em Lc3, 19-20. Jesus foi batizado por João. O
Batismo de João era de conversão. Depois Jesus manda em Mt28 os apóstolos
batizarem em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. O Batismo instituído
por Cristo é um sacramento que além do perdão dos pecados torna a pessoa, filho
de Deus e membro da Igreja. O catecúmeno morre para o mundo e nasce para Deus.
2. Crisma
– Trata-se de um rito em que o ministro impõe as mãos sobre os crismandos,
invocando o Espírito Santo, e os unge com óleo. A prática de unção com óleo
remete ao A.T quando os sacerdotes e reis eram ungidos. Pelo batismo e pela
crisma somos inseridos no sacerdócio real de cristo, participando desse
sacerdócio comum dos fiéis pela Crisma somos chamados a ser sacerdotes,
profetas e reis.
O sacramento do Crisma consiste
na Confirmação do Batismo pelo Espírito Santo, por meio da qual o fiel é
enviado ao mundo para testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo em atos e
palavras. Com esse sacramento, o fiel
torna-se soldado para testemunhar a Cristo no mundo.
Nos textos bíblicos
encontramos diversas passagens que remetem ao Sacramento da Crisma, elas estão
em: Jo 14, 25-26; Lc 12, 12; At 8, 14-17; At 19, 1-6 e 2 Cor 1, 21-22.
O sacramento do Crisma também é chamado de "Confirmação" - quando criança quem confirma a Fé da Igreja por nós são nossos pais e padrinhos, na Crisma, já adultos nós conformamos essa Fé que recebemos. Essa é a missão do bispo confirmar os irmãos na fé. Jesus ao instituir o sacerdócio, dando suas últimas instruções disse a Pedro: "Mas, eu orei por você, para
que a sua fé não desfaleça. E, quando você se converter, confirme os seus
irmãos" Lc22, 32.
3.
Eucaristia
- Na Eucaristia está a presença real de Jesus Cristo, conforme nos ensinaram o
próprio Senhor. Em João 6,56-57 Jesus disse: “Aquele que come a minha carne e
bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. E como o Pai, que é vivo, me
enviou e eu vivo pelo Pai, assim aquele que comer de mim viverá por mim”. a
noite que antecedeu à Sua Crucificação, Jesus Cristo reuniu Seus Apóstolos e
instituiu o sacramento (ver Lucas 22:19–20). Após Sua Ressurreição, Ele
instituiu o sacramento onde o pão é o seu Corpo e o Vinho seu Sangue.
(1Cr10,
16-17). “Porventura
o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão
que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?
Porque
nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do
mesmo pão”.
4. Confissão:
pelo sacramento da Confissão, Jesus deu autoridade aos Apóstolos e seus
sucessores para conceder o perdão dos pecados.
Jo20, 20-23 Jesus apareceu aos
Apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Dizendo isso soprou sobre eles e
disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes dos pecados
ser-lhes-ão perdoados. Aqueles aos quais os retiverdes ser-lhes-ão retidos”. Note: Que Jesus
instituiu o sacramento da confissão. Os protestantes dizem que pode se
confessar diretamente com Deus, porém, Jesus é bem claro ao dar aos discípulos
o poder de perdoar (em seu nome) os pecados. Não existe confissão direta com
Deus. Somente o bispo e o sacerdote que “in persona Christi”, ou seja, na
pessoa de Cristo perdoa os pecados. Por isso o sacramento da confissão é
inviolável e não pode ser revelado. Quem perdoa os pecados é Cristo por meio do sacerdote que lhe representa.
O
que o Catecismo da Igreja Católica fala sobre o Sacramento da Confissão?
CIC.
1424. É chamado sacramento da confissão, porque o reconhecimento, a confissão
dos pecados perante o sacerdote é um elemento essencial deste sacramento. Num
sentido profundo, este sacramento é também uma «confissão», reconhecimento e
louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem pecador.
5. Unção
dos enfermos - Unção dos enfermos é um rito cristão
que consiste em ungir os enfermos com um óleo sagrado. Na Igreja Católica, o
ritual é também denominado “Santa Unção” ou “Último sacramento”. A unção dos
enfermos tem o objetivo de confortar o doente, perdoar os seus pecados e
transmitir um sentimento de alívio espiritual e físico. O Sacerdote unge o
doente com o óleo dos enfermos que é a matéria do Sacramento da Unção dos
Enfermos. Esta unção deve ser feita seis vezes: nos olhos, nas narinas, nos
ouvidos, na boca, nas mãos e nos pés. Para cada unção o Padre repete a forma do
Sacramento da Unção dos Enfermos.
Tg5,13-15
- “Sofre alguém dentre vós algum contratempo? Recorra à oração. Está alguém
alegre? Cante. Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros
(padres) da Igreja para que orem sobre ele, e ungindo-o com óleo em nome do
Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé; e se estiver
cometido pecados, estes lhes serão perdoados. Confessai, pois, uns aos outros
vossos pecados e orai uns pelos outros para que sejam curados.
6. Ordem
- O sacramento da Ordem é conferido pela imposição das mãos, seguida duma
solene oração consecratória, que pede a Deus para o ordinando as graças do
Espírito Santo, requeridas para o seu ministério. A ordenação imprime um
carácter sacramental indelével.
CIC. 536.
A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos
Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é,
portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o
episcopado, o presbiterado e o diaconato.
[Sobre
a instituição e a missão do ministério apostólico por Cristo ver os números
874-896. Aqui apenas se trata da via sacramental pela qual se transmite este
ministério].
I. Porquê este nome de sacramento da Ordem?
CIC.
1537. A palavra Ordem, na antiguidade romana, designava corpos constituídos no
sentido civil, sobretudo o corpo dos que governavam, Ordinatio designa a
integração num ordo. Na Igreja existem corpos constituídos, que a Tradição, não
sem fundamento na Sagrada Escritura (4), designa, desde tempos antigos, com o
nome de táxeis (em grego), ordines (em latim): a liturgia fala assim do ordo
episcoporum – ordem dos bispos –,do ordo presbyterorum - ordem dos presbíteros
– e do ordo diaconorum –ordem dos diáconos. Há outros grupos que também recebem
este nome de ordo: os catecúmenos, as virgens, os esposos, as viúvas...
CIC.
1538. A integração num destes corpos da Igreja fazia-se através dum rito
chamado ordinatio, acto religioso e litúrgico que era uma consagração, uma
bênção ou um sacramento. Hoje, a palavra ordinatio é reservada ao acto
sacramental que integra na ordem dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos, e
que ultrapassa a simples eleição, designação, delegação ou instituição pela
comunidade, pois confere um dom do Espírito Santo que permite o exercício dum
«poder sagrado» (sacra potestas) (5) que só pode vir do próprio Cristo, pela
sua Igreja. A ordenação também é chamada consecratio consagração –, porque é um
pôr à parte e uma investidura feita pelo próprio Cristo para a sua Igreja. A
imposição das mãos do bispo, com a oração consecratória, constituem o sinal
visível desta consagração.
1575.
Foi Cristo quem escolheu os Apóstolos e lhes deu parte na sua missão e
autoridade. Depois de ter subido à direita do Pai, Cristo não abandona o seu
rebanho, antes continuamente o guarda por meio dos Apóstolos com a sua proteção
e continua a dirigi-lo através destes mesmos pastores que hoje prosseguem a sua
obra. É, pois, Cristo «quem dá», a uns serem apóstolos, a outros serem pastores
(64). E continua agindo por meio dos bispos.
CIC.
1576. Uma vez que o sacramento da Ordem é o sacramento do ministério
apostólico, pertence aos bispos, enquanto sucessores dos Apóstolos, transmitir
«o dom espiritual», «a semente apostólica»
Os bispos validamente ordenados, isto é, que
estão na linha da sucessão apostólica, conferem validamente os três graus do
sacramento da Ordem.
7. Matrimônio
-
O sacramento do Matrimônio significa a união de Cristo com a Igreja. Confere
aos esposos a graça de se amarem com o amor com que Cristo amou a sua Igreja; a
graça do sacramento aperfeiçoa assim o amor humano dos esposos, dá firmeza à
sua unidade indissolúvel e santifica-os no caminho da vida eterna.
O
SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
CIC. 1601. «O pacto matrimonial, pelo qual o homem
e a mulher constituem entre si a comunhão
íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à
procriação e educação da prole, entre os batizados foi elevado por Cristo
Senhor à dignidade de sacramento».
I.
O matrimônio no desígnio de Deus
1602.
A Sagrada Escritura começa pela criação do homem e da mulher, à imagem e semelhança
de Deus, e termina com a visão das «núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9). Do princípio
ao fim, a Escritura fala do matrimónio e do seu «mistério», da sua instituição
e do sentido que Deus lhe deu, da sua origem e da sua finalidade, das suas
diversas realizações ao longo da história da salvação, das suas dificuldades
nascidas do pecado e da sua renovação «no Senhor» (1 Cor 7, 39), na Nova
Aliança de Cristo e da Igreja.
O
MATRIMÔNIO NA ORDEM DA CRIAÇÃO
1603. «A íntima comunidade da vida e do amor
conjugal foi fundada pelo Criador e dotada de leis próprias [...]. O próprio
Deus é o autor do matrimônio». A vocação para o matrimónio está inscrita na
própria natureza do homem e da mulher, tais como saíram das mãos do Criador. O
matrimônio não é uma instituição puramente humana, apesar das numerosas
variações a que esteve sujeito no decorrer dos séculos, nas diferentes
culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais. Tais diversidades não
devem fazer esquecer os traços comuns e permanentes. Muito embora a dignidade
desta instituição nem sempre e nem por toda a parte transpareça com a mesma
clareza, existe, no entanto, em todas as culturas, um certo sentido da grandeza
da união matrimonial. Porque «a saúde da pessoa e da sociedade está
estreitamente ligada a uma situação feliz da comunidade conjugal e familiar».
CIC.
1604. Deus, que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental
e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança
de Deus que é amor (1 Jo 4, 8.16). Tendo-os Deus criado homem e mulher, com
amor mútuo dos dois torna-se imagem do amor absoluto e indefectível com que
Deus ama o homem. É bom, muito bom, aos olhos do Criador. E este amor, que Deus
abençoa, está destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado
da criação: «Deus abençoou-os e disse-lhes: "Sede fecundos e
multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a"»(Gn 1, 28).
CIC.
1605. Que o homem e a mulher tenham sido criados um para o outro, afirma-o a
Sagrada Escritura: «Não é bom que o homem esteja só» (Gn 2, 18). A mulher,
«carne da sua carne», isto é, sua igual, a criatura mais parecidos com ele,
é-lhe dada por Deus como uma, auxiliar», representando assim aquele «Deus que é
o nosso auxílio». «Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir
à sua mulher: e os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24). Que isto significa uma
unidade indefectível das duas vidas, o próprio Senhor o mostra, ao lembrar qual
foi, «no princípio», o desígnio do Criador: «Portanto, já não são dois, mas uma
só carne» (Mt 19, 6).
Note
que para cada sacramento são utilizados os sacramentais que são bíblicos. Os
sacramentais são materiais que se tornam sinais visíveis da ação de Deus.
Batismo
- a água (sinal de regeneração), o óleo dos catecúmenos e do Crisma (sinal da
força do Espírito Santo), a vela (símbolo de nossa fé e representa Cristo
ressuscitado).
Crisma
– a unção com o óleo do Crisma (sinal da força do Espírito santo).
Eucaristia
– o Pão e o Vinho
Para
a Unção dos enfermos – o óleo da Unção (força de Deus para o doente).
Ordem
– óleo do crisma. Este óleo também usado no sacramento da ordem, (Sacerdotes)
para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus,
conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos.
Matrimônio
– as alianças. É o símbolo de amor e devoção, da concordância de um casal em
amar e respeitar um ao outro. Sendo assim, sua forma circular representa que
não tem começo nem fim, é constante como o amor deve ser. Como Cristo amou sua
Igreja e se entregou por ela assim deve ser o amor dos conjugues e dos filhos.
A aliança representa um pacto entre o casal, um pacto de amor entre o casal que
deve durar para toda a vida. A aliança nos recorda o pacto de Deus com seu
povo, com Abraão se sua descendência. Recorda-nos o amor de Deus por cada um de
nós. E que o amor entre marido e mulher também deve perpetuar na vida dos
filhos.
Creio
que você já entendeu que significa Sacramento e Sacramental são coisas
totalmente diferentes, o sacramento é o sinal visível da graça de Deus e o
sacramental são objetos sagrados que se tornam símbolos da ação de Deus em
nossa vida. Percebeu que o que o referido pastor é bastante desconhecedor da
doutrina católica e é pobre em suas colocações. Percebeu também que os 7
Sacramentos estão na Bíblia e foram criados por Cristo. Os Sacramentos não são
invenção da Igreja Católica, mas, foi criado e dado aos seus ministros por
Cristo para nos ajudar no processo da salvação.
Continua
o pastor:
“Eles
(os católicos) falam que a glória deve ser dada a Deus, mas como a Igreja é a
extensão de Deus nesse mundo toda glória é para a Igreja também”.
Veja,
que o que ele disse é uma bobagem sem fundamento, de quem não sabe nem mesmo o
que estar a dizer e desconhece a Bíblia. Porque se a Igreja, conforme ensina
São Paulo é o corpo de Cristo, Cristo é a cabeça desse corpo e o Espírito Santo
é a Alma desse corpo, como ela pode dar glória de si mesma? Se a Igreja dá
glória a Deus ela faz sob ação do Espírito Santo. A Igreja é o corpo de Cristo
na terra conforme o São Paulo ensinou. Santo Agostinho disse que “a Igreja é o
próprio Cristo” [...] “O que dizemos de Cristo pode-se dizer da Igreja”, mas,
dizer que por causa disso a gente vai adorar a Igreja é descabido – quem vai
glorificar a Igreja é o próprio Cristo no fim dos tempos.
Essa
é a promessa: “Cristo em vós é a esperança da glória” – Cl1, 27 – mas, daí
dizer que nós exaltamos a Igreja da mesma forma que exaltamos a Cristo é
falácia. Nós exaltamos a Cristo e Cristo exalta a Igreja.
Continua
o pastor:
“Os
pilares do catolicismo são primeiro a natureza e graça com base na qual você
tem os sacramentos e a salvação, Cristo e a Igreja, que eles veem como uma só
extensão de Cristo nesse mundo, então, tudo que você puder dizer a respeito de
Cristo você pode dizer a respeito da Igreja.”
Essa citação dele é de Santo Agostinho. Ele fala isso como se fosse errado, mas, isso é
certo. Foi para isso que Jesus fundou a sua Igreja para ser seu braço direito
na tarefa de levar as pessoas ao conhecimento da verdade e à salvação – “Ide
por todo mundo e pregai o evangelho!” (Mt28).
São
Paulo diz que o Corpo Místico de Cristo é a Igreja. Ele é a cabeça, nós os
membros e o Espírito Santo a alma desse Corpo.
Saulo
(Paulo) estava a caminho de Damasco para prender os cristãos; Jesus aparece
para ele e diz: “Saulo, Saulo porque me persegues?”
Ora,
Saulo não estava perseguindo Jesus fisicamente, logo, quando Jesus disse
“porque me persegues” é porque Ele como cabeça está sendo perseguido junto com
seus membros.
O
problema aqui é filosófico porque para o protestante não pode haver ente. É
nominalismo, não tem como não haver uma comunicação entre Cristo e a Igreja.
Cristo é um ente e a Igreja é outro. Ora pode a cabeça viver sem o corpo?
Por
isso que não pode haver comunicação com Cristo, com os santos, com a Virgem
Maria, com fé e obas. Não pode ter comunicação entre Tradição e Escritura.
Porque para o protestantismo não há a real comunicação entre entes. E nós
católicos não cremos nisso, nós estamos intimamente ligados a Cristo.
Continua
o pastor:
“Cristo
salva, a Igreja salva também, Cristo é divino, a Igreja é divina também, Cristo
é santo a Igreja é santa também”.
Ele
fala como se isso fosse errado, mas, o que há de errado nisso? Cristo
é Deus, é divino, é o fundador da Igreja. A Igreja acolhe pecadores para
torna-los santos, - “Sede santos como vosso Pai do Céu é santo!” (Lev19, 2 –
Mt5, 48). “Sede perfeitos, como vosso Pai Celeste é perfeito!” – É lógico que
se Cristo é perfeito, sua Igreja deve ser perfeita, se Cristo é santo, sua
Igreja deve ser santa, se Cristo é divino sua Igreja participa dessa divindade.
Aliás,
a Igreja é uma realidade teantrópica, ou seja, ela é humana e divina. Será que
essa não é a natureza de Cristo. Cristo é totalmente homem e totalmente Deus.
Não no sentido de que a Igreja é Deus, mas ela como o corpo Místico de Cristo
participa da divindade de Cristo conforme 2Pd1, 3-4.
Cristo
salva a Igreja? Salva. Nós somos chamados a unirmos nossos sofrimentos aos de
Cristo; a unir-nos no mistério redentor de Cristo. Cristo é Santo, a Igreja é
santa, isto está claro. A Igreja é a eleita de Deus, isto está nas Escrituras
não precisa de provas.
Continua
o pastor:
“Então
é esse o pensamento católico muito abreviadamente, é claro, tentei resumir
rapidamente com os famosos 5 pontos da reforma protestante. Somente
a Escritura. É só na Bíblia que nós vamos encontrar a revelação de Deus e
somente ela é a fonte de autoridade para tudo aquilo que nós praticamos e que
nós cremos”
A
pergunta é: Onde está isso na Bíblia? sendo que a própria Bíblia o desmente
quando ela diz em 2Ts2, 15 “Guardai as tradições que vos foram ensinadas” [...]
nem a bíblia fala para guardar a própria Bíblia, nem ela afirma que é a única
autoridade, mas diz para guardar aquilo que lhe foi ensinado, ou seja, a
Tradição.
Precisamos
perguntar ao pastor de onde ele tirou que a Bíblia é a única autoridade de
Deus? Ou se Deus é pequeno e se rotula em um livro.
Não
tem um lugar da Bíblia que dizendo que a Bíblia é a única fonte de autoridade.
Aliás, em 👉1Tm3, 15 diz que A Igreja do Deus vivo é a coluna e sustentáculo da
verdade. Bíblia dá a resposta, quem é essa autoridade: É a Igreja e não
a Bíblia. Se fosse a Bíblia porque São Paulo escreveria que é a Igreja? Porque
ela sempre foi a testemunha fiel da verdade muito antes da Bíblia surgir, não
teria Bíblia se não tivesse a autoridade Igreja. A própria Bíblia diz 👉“quem
sustenta a verdade é a Igreja”.
Então
o que o pastor falou não tem lógica, nem tem base na própria história do
cristianismo. Porque a Bíblia é um produto da Igreja Católica e não caiu do céu
como muitos pensam.
A
Igreja começou a espalhar-se pelo mundo afora e, aí os bispos para orientarem
suas comunidades começaram a escrever cartas de umas para outras para
orientarem suas comunidades. Neste contexto surgiu a Bíblia.
Note que nem todos os Apóstolos escreveram. Dos doze, apenas Mateus, João,
Tiago, Judas Tadeu. E os outros que não escreveram, deixaram de pregar? Se a
autoridade da Igreja dependesse de escritos a Igreja não se sustentaria, mas,
foi através da Tradição que ela pode chegar até os dias de hoje. Então percebam
que isso é uma Tradição protestante não tem fundamento bíblico.
Ah,
diria... Mas, depois boa parte dos escritos já eram aceitos na maioria das
comunidades. Sim, mas isso foi muito tempo depois. Como disse a Carta aos Tessalonicenses
foi escrita por volta de 40 d.C. antes não tinha nada. Mesmo assim, até a
conclusão do Cânon foram muitos anos de debates, foram realizados vários concílios.
Uns queriam as cartas de Paulo, outros não, outros não aceitavam nem o
Apocalipse, outros queriam que colocasse tudo e a Igreja disse não. Sem contar
a Epístola de Judas.
Ou
seja, é muito fácil depois que a Igreja Católica escreveu a Bíblia e a
organizou seu Cânon e preservou-o por 1500 anos alguém chegar e dizer que agora
é só a Bíblia a única fonte de autoridade. Se não fosse a Igreja a Bíblia não
existiria e se existisse sem a autoridade dela seria um livro qualquer. Como o
próprio santo Agostinho vai dizer “Só creio na Bíblia porque a Igreja diz para
eu crer nela”. E quando o pastor Nicodemus diz que a Bíblia é a única fonte de
autoridade, isto não existe em nenhum lugar. Aliás os protestantes utilizam da Bíblia que é um livro católico para pregar aquilo que eles julgam ser a verdade absoluta sem levar em conta que a Bíblia é objeto fruto da Igreja e que se não fosse a Igreja nem eles existiriam, pois, o primeiro protestante que foi Martinho Lutero era um católico. Se eles não aceitam a Igreja Católica, seu Magistério e sua Tradição como pode aceitar a Bíblia que foi escrita, copilada e preservada por homens católicos? Se eles dizem que a Igreja Católica é idólatra e que não prega a verdade como pode garantir que a Bíblia nascida dentro dela também é verdade. Então se a Igreja Católica é falsa se tudo que ela prega é falso o protestantismo também é falso porque até 1600 só existia a Igreja Católica e o Evangelho que eles receberam, receberam da Igreja Católica.
E
para terminar ele conclui:
“Toda
Escritura é inspirada por Deus”, sim ele está correto.
“Não
a tradição, não ao Magistério, não às novas revelações, não ao Papa infalível,
mas, liberdade para leitura e investigação sob a orientação do Espírito Santo,
mas, a única coisa é a Bíblia Sagrada e a única inspiração é a do Espírito
Santo”. “Quem garante que a Bíblia é a Palavra de Deus não é a Igreja, mas, é o
próprio Espírito Santo falando na Escritura e assegurando isso em nosso coração”.
Isto
é uma falácia do pastor, a Igreja Católica não crê em novas revelações.
Essa
colocação do pastor Augustus Nicodemus é subjetivista e é uma besteira a gente sabe
que não foi assim que a Bíblia foi formada. Além do que o pastor precisa então
explicar, se é o Espírito Santo que é a única inspiração, o por quê que as
igrejas protestantes tem cada uma doutrina diferente. Pois, o Espírito não é o
mesmo? E porque cada igreja tem uma doutrina mais estranha que a outra?
Então
o Espírito revela uma coisa numa determinada denominação e muda de ideia na
outra? [...] Os presbiterianos aceitam o batismo de crianças, os batistas não
aceitam. Os metodistas aceitam ter bispos, os assembleianos não aceitam. Na Igreja luterana se crê que Jesus está
presente na Eucaristia, para os presbiterianos Jesus não está presente na
Eucaristia. Ora que Espírito Santo volátil é esse? Como pode o Espírito Santo
falar coisas diferentes se ele é União.
A liberdade de interpretação hoje, no meio evangélico, gera muito mais confusão do que união. Cada denominação interpreta a Bíblia do seu jeito e tira dela as coisas absurdas e estranhas. A Sola Scriptura e a Sola Fide defendida por Martinho Lutero não tem base histórica e teológica. A própria Bíblia não autoriza a interpretação particular. Em determinadas denominações Jesus está fora do centro. Os protestantes dizem que a Bíblia é a única fonte de fé, mas, por exemplo na Igreja Adventista, os escritos de Ellen G. White são considerados um "complemento da Bíblia" - Na Igreja dos santos dos Últimos Dias - Os Mórmons, existe o Livro dos Mórmons que é considerado uma segunda Bíblia. Se a Bíblia é a única fonte de fé, porque essas denominações possuem livros além da Bíblia ou para complementar a Escritura? Se a salvação é somente pela fé sem as obras, porque os protestantes fazem caridade? Se a salvação é somente pela fé, porque então eles passam pelo batismo, que é uma obra, uma ação e uma condição de Deus para ser salvo?
Na Igreja Católica nós temos o Catecismo, o catecismo não é um complemento da Sagrada Escritura. O Catecismo são diretrizes espirituais pelos quais os cristãos devem seguir para melhor viver a graça, participar da Igreja e compreender a Sagrada Escritura. Ele não ensina nada que já não está definido pela Tradição, pelo Magistério e pela Escritura. Não é uma doutrina nova, nem um complemento da Bíblia. Ele reúne o ensinamento da Igreja desde o princípio até os dias de hoje dentro da única verdade que é a Palavra de Deus. Por isso o Catecismo não é de A, B ou C, mas, da Igreja Católica porque é a Igreja a coluna e o sustentáculo da verdade.
Não
há nenhuma base teológica e nem base histórica que sustente essa afirmação do
pastor Nicodemus. Aliás São Pedro vai dizer em 2Pd1, 20-21 que “nenhuma profecia
é particular interpretação”. A interpretação da Escritura cabe apenas ao Magistério
da Igreja Católica. Essas falas do
pastor só mostra a fragilidade do protestantismo.
{Este conteúdo não é contra a pessoa do pastor Augustus Nicodemus, mas, trata-se de refutar aos inúmeros ataques e ensinamentos errados que ele tem feito nas redes sociais contra a Igreja Católica. O pastor utiliza de boa hermenêutica e artimanhas teológicas sem sentido, falseando a verdade. Nas suas colocações mostra despreparo de conhecimento teológico sobretudo quando vai explicar sobre uma Doutrina católica, que pouco sabe e não crê; ou 'acha' que conhece. Mostrando só o ponto de vista dele como pastor protestante que é, usando muitas vezes de uma certa 'desonestidade teológica' somente para um lado sem mostrar a real verdade da Doutrina Católica tal como ela é e como está no Catecismo. O dever de todo formador de opinião e de um evangelizador católico é anunciar o Evangelho, apontar os erros teológicos e ensinar a doutrina. Por outro lado, nós católicos não julgamos, mas, refutamos aquilo que não condiz com a verdade de nossa Fé que é única - que é Católica.}
(Texto de Elmando Toledo)
[Fonte: complementações do texto, explicações do Prof. Eduardo Faria, teólogo e ex pastor protestante - vídeo: A Igreja Católica é falsa? youtube.com.br - Catecismo da Igreja Católica]