A IDADE MÉDIA E O RENASCIMENTO
A Basílica de São Pedro, a maior igreja do cristianismo foi
construída pelos papas do Renascimento, demonstrando seu incentivo as artes.
Durante o Renascimento os papas
patrocinaram e incentivaram artistas e intelectuais, tornando-se
importantes mecenas, tais
como Júlio II e Leão X, que contrataram
artistas como Bramante, Bernini, Rafael e Michelângelo, transformando
a cidade de Roma num dos principais centros do Renascença Italiana, juntamente com Florença.
(Capela Sistina - pinturas de Michelangelo)
O papado
renascentista é normalmente associado a corrupção e a degradação moral. Os
papas desse período não estavam à altura das necessidades da Igreja, suas
preocupações eram mais políticas e artísticas. O nepotismo atinge seu
auge: papas e cardeais estavam mais interessados em garantir o futuro de seus
familiares do que numa reforma religiosa. Os cardeais eram criados entre
parentes, sem se olhar a idade, virtudes morais e intelectuais (foram os
famosos cardeais-sobrinhos).
A Reforma protestante
Antichristus, por Lucas Cranach (1521), representação do Papa como o Anticristo, cercado de
funcionários da Cúria Romana. Lutero sustentou que sendo o papa o Anticristo, a
violência devia ser usada para derrotá-lo.
A Reforma Protestante iniciada a partir de 1517, desconsideraria
diversas doutrinas e dogmas católicos, e provocaria os
maiores cismas do cristianismo. Muitos reformadores afirmaram que o papa
seria o "anticristo", tais como Martinho Lutero, que
argumentou que a violência deveria ser usada para derrotar sua
autoridade, João Calvino, Thomas Cranmer, John Knox, Cotton Mather, e John Wesley. Calvino
despertou revolta inclusive entre seus próprios seguidores ao chamar de
"papistas" muitos cristãos respeitados.
Os papas por
sua vez, compararam os reformadores a "raposas [que] avançam procurando
destruir a vinha (…) [que] entregastes o cuidado, norma e administração (…) a
Pedro, como cabeça e vosso vigário e a seus sucessores. O javali da floresta
procura destruí-la e toda fera selvagem vem devastá-la."
Como retaliação os
papas instituíram a Reforma Católica (1560-1648), que lutou contra as contestações
protestantes e instituiu reformas internas. O evento mais significativo da
reforma católica foi à convocação do Concílio de Trento (1545-1563), pelo Papa Paulo III (1534-1549).
Os papas também
tiveram um papel importante na Colonização das Américas: como por exemplo,
o Papa Alexandre VI, que dividiu os direitos e as terras
recém-descobertas entre Espanha e Portugal. Os papas
também tentaram conter os abusos cometidos contra os índios por
exploradores e conquistadores, condenando a escravidão, tais
como Paulo III, Papa Urbano VIII (1623-1644), e Papa Bento XIV (1740-1758).
Idade Moderna – Questão Romana
No século XVII, após a ascensão
de Napoleão Bonaparte e a eclosão das Guerras Napoleônicas, os Estados Pontifícios foram ocupados e extintos
pela França, as revoltas do povo romano contra os franceses foram
esmagadas e o Papa Pio VII preso
em Savona e depois na
França. Com o Congresso de Viena, os Estados Pontifícios foram recriados, e
extintos novamente em 1870 por Vitor Emanuel II, no âmbito
da unificação da Itália, iniciando-se a Questão Romana.
No mesmo ano
o Concílio Vaticano I proclamou o primado e infalibilidade papal como dogma. Ou seja, o que o Papa diz em nome da
Igreja, (depois de aprovado pelos demais bispos) em assuntos de questão de Fé,
por isso é infalível porque provém da Ação do Espírito Santo); Mas, o que é
decidido de forma política e particular do Papa é falível.
Em resposta aos
desafios sociais da Revolução Industrial, o Papa Leão XIII publicou a
encíclica Rerum Novarum, estabelecendo a doutrina social da Igreja em que
rejeitava o socialismo, mas que defendia a regulamentação das condições de trabalho, o
estabelecimento de um salário mínimo e o direito dos trabalhadores de formar sindicatos. Em 1929,
o Tratado de Latrão assinado entre a Itália e o papa Pio XI estabeleceu a
independência do Vaticano, como cidade-estado soberano sob controle do papa,
utilizada para apoiar sua independência política.
Depois de violações
da Reichskonkordat de 1933, que havia garantido a Igreja
na Alemanha nazista alguma proteção e direitos, o Papa Pio XI emitiu em
1937 a encíclica Mit brennender Sorge, que condenou publicamente a perseguição
da Igreja pelos nazistas e sua ideologia de neo paganismo e superioridade
racial.
Depois que a Segunda Guerra Mundial começou em setembro de 1939, a
Igreja condenou a invasão da Polônia e as subsequente as invasões nazistas de
1940.
No Holocausto, o Papa Pio XII dirigiu a
hierarquia da Igreja para ajudar a proteger os judeus dos nazistas. Apesar
de Pio XII ter ajudado a salvar centenas de milhares de judeus, segundo muitos
historiadores, ele também
foi acusado de não fazer o suficiente para impedir as atrocidades nazistas, e o debate
sobre a validade dessas críticas continua atualmente.
O Concílio Vaticano II (1962-1965)
O Concílio Vaticano II, reunido nos anos 60, modernizou o
papel e a ação da Igreja na sociedade. Após sua conclusão, o Papa Paulo VI e seus
sucessores, especialmente o Papa João Paulo II, passaram a ser conhecidos como os "papas
peregrinos", viajando para diversas partes do mundo e dedicando-se
ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso, a trabalhos de caridade e a defesa
dos direitos humanos.
A reforma
Litúrgica do Concílio Vaticano II
Com a reforma litúrgica e do Missal Romano (que antes era em Latim, com o Concílio Vaticano II passou a ser nas línguas pátrias) que se seguiu ao Concilio
Vaticano II, a celebração eucarística abandona a língua “canônica” latina e
realiza-se nas línguas nacionais para permitir uma participação mais consciente
da assembleia e sua inserção ativa na ação litúrgica. Com essa mesma finalidade,
o altar da celebração, fixo ou móvel, é posto fora do presbitério e voltado
para a assembleia dos fiéis.
Reveste-se do caráter de altar “maior” o do presbitério,
sobre o qual fica o tabernáculo para a conservação e guarda das espécies
eucarísticas consagradas e não consumidas.
O presbitério é a parte da igreja normalmente separada
por balaustrada, cujo acesso era proibido a pessoas estranhas ao culto e, por
isso, reservado somente ao clero e seus auxiliares. Hoje essa área não está
mais interditada, nem às mulheres.
Nela
costuma ficar habitualmente o coro durante as celebrações solenes. Outra
significativa e inovadora modificação é “o modo” como os fiéis se aproximam da
Comunhão: do antigo ajoelhar-se junto à balaustrada, em vigor até os anos 70,
passou-se ao atual costume de comungar em pé.
Pode-se
receber a Comunhão tanto na boca quanto na mão.
A comunhão é dada sob as duas espécies também aos fiéis,
por intenção ou por libação direta no cálice do vinho, em celebrações de
particular significado para a assembleia: por exemplo, durante cerimônias de
consagração religiosa e/ou secular, no final de um curso de exercícios
espirituais, na administração solene de sacramentos, ou por concessões
estabelecidas pelo direito canônico.
(De: Prof. Felipe Aquino – http://cleofas.com.br/a-reforma-liturgica-depois-do-concilio-vaticano-ii/)
Igreja antes e pós Vaticano II - Resumo
“Não deixe ninguém
lhe dizer que o Concílio não mudou nada. Eu acho que ele a mudou, afirma Robert
e depois que você lembrar o tipo de Igreja com a qual vivíamos antes do
Concílio Vaticano II, acredito que você concordará e se alegrará comigo e
ficará feliz com o que o Concílio conseguiu fazer, irreversivelmente, eu
espero”.
O testemunho é de
Robert Blair Kaiser, correspondente da revista Time em Roma e que cobriu as
quatro sessões do Concílio Vaticano II, de 1962-1965, em conferência publicada
pela revista britânica The Tablet em 11-10-2012, da qual reproduzo trechos.
“O Concílio mudou a forma como pensamos sobre Deus, sobre nós mesmos,
sobre nossos cônjuges, nossos primos protestantes, budistas, hindus, muçulmanos
e judeus, até mesmo a forma como pensamos sobre os russos.
Os judeus? O Concílio reverteu o antissemitismo de longa data da Igreja.
Até o Concílio, os católicos acreditavam que, se os judeus não se convertiam ao
catolicismo, era porque havia algo de errado com eles. Os padres do Concílio
mudaram essa perspectiva decidindo que os judeus ainda viviam sua antiga
aliança com Deus... Eles se tornaram nossos irmãos e irmãs.
Antes do Concílio, pensávamos que éramos pecadores miseráveis, quando
apenas estávamos sendo nada mais do que humanos. Após o Concílio, tivemos uma
nova visão de nós mesmos. Aprendemos a dar maior importância para encontrar e
seguir a Jesus como ‘o caminho’. Não importava muito o que dizíamos. O que
importava era o que nós fazíamos: ajudar a alimentar os famintos, vestir os nus
e encontrar abrigo para os desabrigados. Isso é o que nos fez seguidores de
Jesus.
Antes do Concílio, nos era dito que seríamos excomungados se
colocássemos nossos pés em uma igreja protestante. Após o Concílio (não era
mais ‘protestantes’, mas ‘irmãos separados’), paramos de lutar contra os
metodistas e os presbiterianos e conspiramos com eles na luta pela justiça e pela
paz.
Antes do Concílio, pensávamos que apenas os protestantes liam a Bíblia.
Após o Concílio, temos visto uma nova apreciação Católica das Escrituras; elas
receberam um lugar mais proeminente na missa; e, em muitas paróquias, temos
grupos que se reúnem toda a semana para estudar a Bíblia.
Antes do Concílio, tínhamos orgulho de saber que nós éramos as únicas
pessoas na terra que poderiam esperar a salvação, ‘não existe salvação fora da
Igreja’ cantávamos. Após o Concílio, começamos a ver que havia algo de bom e
algo de grandioso em todas as religiões. E não mais achávamos que tínhamos
todas as respostas. Após o Concílio Vaticano II, começamos a pensar em nós
mesmos não como ‘a única e verdadeira Igreja’. Nós éramos ‘um povo peregrino’,
grupo de viajantes humildes em uma viagem na qual, embora estivéssemos sujeitos
à chuva, neve, ventos, furacões, sede, fome, doenças, continuávamos nossa
caminhada com oração e esperança de que iríamos, de alguma maneira, chegar ao
nosso destino.
Antes do Concílio, identificávamos ‘salvação’ com ‘chegar ao céu’. Após
o Concílio, sabíamos que tínhamos a obrigação de trazer justiça e paz para o
mundo na nossa própria sociedade contemporânea, compreendendo de uma nova
maneira as palavras que Jesus nos deu quando ele nos ensinou a orar: ‘venha a nós o vosso Reino, seja feita a
Vossa vontade assim na terra como no céu.’
Antes do Concílio, éramos obcecados pelo pecado. Passamos a ter um novo
senso de pecado. Nós não machucamos a Deus quando pecamos, nós pecamos quando
machucamos alguém, ou nós mesmos. Após o Concílio, tivemos uma nova visão de
sagrada esperança de nós mesmos, redefinindo a santidade como o famoso monge
trapista Thomas Merton fez: ser santo é ser humano.
Antes do Concílio, nos era dito que estávamos condenados ao inferno se
fizéssemos amor com nossos cônjuges sem a finalidade de fazer bebês. Após o
Concílio, sabíamos que tínhamos um dever (e o prazer aprovado por Deus) de
fazer amor, mesmo se não pudéssemos ter outro bebê. A Igreja também decidiu um melhor conceito sobre a Família e seu papel na sociedade. Mas, foi mantido a castidade antes do casamento.
Com relação ao celibato dos padres, cujo tem recebido muitas críticas e opiniões contrárias, o Papa Francisco decidiu que o celibato é assunto encerrado.
Quanto à ordenação de mulheres para o sacerdócio ministerial, outro assunto muito polêmico e que alguns esquerdistas que defendem a ordenação de mulheres a Igreja decidiu que o sacerdócio ministerial da Igreja cabe única e exclusivamente ao sexo masculino acompanhando a Sagrada Tradição e o Código de Direito Canônico, no Cân. 1024: "Só um varão batizado pode receber validamente a ordenação sagrada".
Antes do Concílio, pensávamos que Deus falava diretamente ao papa e que
ele transmitia a palavra para a pirâmide eclesiástica – primeiro aos bispos, em
seguida, para os sacerdotes, em seguida, às freiras e, devidamente filtrada,
para nós. Após o Concílio, aprendemos uma nova geometria. A Igreja não era uma
pirâmide. Era mais como um círculo, onde todos são incentivados a ter voz. Nós
somos a Igreja. Nós temos o direito e o dever de pronunciar-nos sobre o tipo de
Igreja que queremos. (...)
Concílio ajudou-nos a todos a ser mais reais, mais humanos e mais
amorosos. O Concílio ajudou-nos a perceber que o mundo é um lugar bom. É bom
porque Deus o fez, e ele assim o fez porque ele nos amou e amou o mundo também.
E assim deveríamos fazer”. Que este ano da Fé nos ajude a viver o amor.
(De:
Maria Joana Titton Calderari)
Fonte:
http://www.diocesecampomourao.com.br/colunista/coluna/36/72/igreja-antes-e-pos-vaticano-ii.html
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