sábado, 15 de setembro de 2018

HISTÓRIA DO PAPADO SEGUNDA PARTE




A IDADE MÉDIA E O RENASCIMENTO


A Basílica de São Pedro, a maior igreja do cristianismo foi construída pelos papas do Renascimento, demonstrando seu incentivo as artes.

Durante o Renascimento os papas patrocinaram e incentivaram artistas e intelectuais, tornando-se importantes mecenas, tais como Júlio II e Leão X, que contrataram artistas como Bramante, Bernini, Rafael e Michelângelo, transformando a cidade de Roma num dos principais centros do Renascença Italiana, juntamente com Florença. 


 (Capela Sistina - pinturas de Michelangelo)
O papado renascentista é normalmente associado a corrupção e a degradação moral. Os papas desse período não estavam à altura das necessidades da Igreja, suas preocupações eram mais políticas e artísticas. O nepotismo atinge seu auge: papas e cardeais estavam mais interessados em garantir o futuro de seus familiares do que numa reforma religiosa. Os cardeais eram criados entre parentes, sem se olhar a idade, virtudes morais e intelectuais (foram os famosos cardeais-sobrinhos).

A Reforma protestante
Antichristus, por Lucas Cranach (1521), representação do Papa como o Anticristo, cercado de funcionários da Cúria Romana. Lutero sustentou que sendo o papa o Anticristo, a violência devia ser usada para derrotá-lo.
A Reforma Protestante iniciada a partir de 1517, desconsideraria diversas doutrinas e dogmas católicos, e provocaria os maiores cismas do cristianismo. Muitos reformadores afirmaram que o papa seria o "anticristo", tais como Martinho Lutero, que argumentou que a violência deveria ser usada para derrotar sua autoridade, João Calvino, Thomas Cranmer, John Knox, Cotton Mather, e John Wesley. Calvino despertou revolta inclusive entre seus próprios seguidores ao chamar de "papistas" muitos cristãos respeitados. 
Os papas por sua vez, compararam os reformadores a "raposas [que] avançam procurando destruir a vinha (…) [que] entregastes o cuidado, norma e administração (…) a Pedro, como cabeça e vosso vigário e a seus sucessores. O javali da floresta procura destruí-la e toda fera selvagem vem devastá-la."
Como retaliação os papas instituíram a Reforma Católica (1560-1648), que lutou contra as contestações protestantes e instituiu reformas internas. O evento mais significativo da reforma católica foi à convocação do Concílio de Trento (1545-1563), pelo Papa Paulo III (1534-1549).
Os papas também tiveram um papel importante na Colonização das Américas: como por exemplo, o Papa Alexandre VI, que dividiu os direitos e as terras recém-descobertas entre Espanha e Portugal. Os papas também tentaram conter os abusos cometidos contra os índios por exploradores e conquistadores, condenando a escravidão, tais como Paulo III, Papa Urbano VIII (1623-1644), e Papa Bento XIV (1740-1758).

Idade Moderna – Questão Romana

No século XVII, após a ascensão de Napoleão Bonaparte e a eclosão das Guerras Napoleônicas, os Estados Pontifícios foram ocupados e extintos pela França, as revoltas do povo romano contra os franceses foram esmagadas e o Papa Pio VII preso em Savona e depois na França. Com o Congresso de Viena, os Estados Pontifícios foram recriados, e extintos novamente em 1870 por Vitor Emanuel II, no âmbito da unificação da Itália, iniciando-se a Questão Romana. 
No mesmo ano o Concílio Vaticano I proclamou o primado e infalibilidade papal como dogma. Ou seja, o que o Papa diz em nome da Igreja, (depois de aprovado pelos demais bispos) em assuntos de questão de Fé, por isso é infalível porque provém da Ação do Espírito Santo); Mas, o que é decidido de forma política e particular do Papa é falível.
Em resposta aos desafios sociais da Revolução Industrial, o Papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum, estabelecendo a doutrina social da Igreja em que rejeitava o socialismo, mas que defendia a regulamentação das condições de trabalho, o estabelecimento de um salário mínimo e o direito dos trabalhadores de formar sindicatos. Em 1929, o Tratado de Latrão assinado entre a Itália e o papa Pio XI estabeleceu a independência do Vaticano, como cidade-estado soberano sob controle do papa, utilizada para apoiar sua independência política.
Depois de violações da Reichskonkordat de 1933, que havia garantido a Igreja na Alemanha nazista alguma proteção e direitos, o Papa Pio XI emitiu em 1937 a encíclica Mit brennender Sorge, que condenou publicamente a perseguição da Igreja pelos nazistas e sua ideologia de neo paganismo e superioridade racial.
Depois que a Segunda Guerra Mundial começou em setembro de 1939, a Igreja condenou a invasão da Polônia e as subsequente as invasões nazistas de 1940.
No Holocausto, o Papa Pio XII dirigiu a hierarquia da Igreja para ajudar a proteger os judeus dos nazistas. Apesar de Pio XII ter ajudado a salvar centenas de milhares de judeus, segundo muitos historiadores, ele também foi acusado de não fazer o suficiente para impedir as atrocidades nazistas, e o debate sobre a validade dessas críticas continua atualmente.

O Concílio Vaticano II (1962-1965)


O Concílio Vaticano II, reunido nos anos 60, modernizou o papel e a ação da Igreja na sociedade. Após sua conclusão, o Papa Paulo VI e seus sucessores, especialmente o Papa João Paulo II, passaram a ser conhecidos como os "papas peregrinos", viajando para diversas partes do mundo e dedicando-se ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso, a trabalhos de caridade e a defesa dos direitos humanos.
A reforma Litúrgica do Concílio Vaticano II
Com a reforma litúrgica e do Missal Romano (que antes era em Latim, com o Concílio Vaticano II passou a ser nas línguas pátrias)   que se seguiu ao Concilio Vaticano II, a celebração eucarística abandona a língua “canônica” latina e realiza-se nas línguas nacionais para permitir uma participação mais consciente da assembleia e sua inserção ativa na ação litúrgica. Com essa mesma finalidade, o altar da celebração, fixo ou móvel, é posto fora do presbitério e voltado para a assembleia dos fiéis.
Reveste-se do caráter de altar “maior” o do presbitério, sobre o qual fica o tabernáculo para a conservação e guarda das espécies eucarísticas consagradas e não consumidas.
O presbitério é a parte da igreja normalmente separada por balaustrada, cujo acesso era proibido a pessoas estranhas ao culto e, por isso, reservado somente ao clero e seus auxiliares. Hoje essa área não está mais interditada, nem às mulheres.
Nela costuma ficar habitualmente o coro durante as celebrações solenes. Outra significativa e inovadora modificação é “o modo” como os fiéis se aproximam da Comunhão: do antigo ajoelhar-se junto à balaustrada, em vigor até os anos 70, passou-se ao atual costume de comungar em pé.
Pode-se receber a Comunhão tanto na boca quanto na mão.  
A comunhão é dada sob as duas espécies também aos fiéis, por intenção ou por libação direta no cálice do vinho, em celebrações de particular significado para a assembleia: por exemplo, durante cerimônias de consagração religiosa e/ou secular, no final de um curso de exercícios espirituais, na administração solene de sacramentos, ou por concessões estabelecidas pelo direito canônico.

Igreja antes e pós Vaticano II - Resumo

“Não deixe ninguém lhe dizer que o Concílio não mudou nada. Eu acho que ele a mudou, afirma Robert e depois que você lembrar o tipo de Igreja com a qual vivíamos antes do Concílio Vaticano II, acredito que você concordará e se alegrará comigo e ficará feliz com o que o Concílio conseguiu fazer, irreversivelmente, eu espero”.
O testemunho é de Robert Blair Kaiser, correspondente da revista Time em Roma e que cobriu as quatro sessões do Concílio Vaticano II, de 1962-1965, em conferência publicada pela revista britânica The Tablet em 11-10-2012, da qual reproduzo trechos.

“O Concílio mudou a forma como pensamos sobre Deus, sobre nós mesmos, sobre nossos cônjuges, nossos primos protestantes, budistas, hindus, muçulmanos e judeus, até mesmo a forma como pensamos sobre os russos.

Os judeus? O Concílio reverteu o antissemitismo de longa data da Igreja. Até o Concílio, os católicos acreditavam que, se os judeus não se convertiam ao catolicismo, era porque havia algo de errado com eles. Os padres do Concílio mudaram essa perspectiva decidindo que os judeus ainda viviam sua antiga aliança com Deus... Eles se tornaram nossos irmãos e irmãs.

Antes do Concílio, pensávamos que éramos pecadores miseráveis, quando apenas estávamos sendo nada mais do que humanos. Após o Concílio, tivemos uma nova visão de nós mesmos. Aprendemos a dar maior importância para encontrar e seguir a Jesus como ‘o caminho’. Não importava muito o que dizíamos. O que importava era o que nós fazíamos: ajudar a alimentar os famintos, vestir os nus e encontrar abrigo para os desabrigados. Isso é o que nos fez seguidores de Jesus.

Antes do Concílio, nos era dito que seríamos excomungados se colocássemos nossos pés em uma igreja protestante. Após o Concílio (não era mais ‘protestantes’, mas ‘irmãos separados’), paramos de lutar contra os metodistas e os presbiterianos e conspiramos com eles na luta pela justiça e pela paz.
Antes do Concílio, pensávamos que apenas os protestantes liam a Bíblia. Após o Concílio, temos visto uma nova apreciação Católica das Escrituras; elas receberam um lugar mais proeminente na missa; e, em muitas paróquias, temos grupos que se reúnem toda a semana para estudar a Bíblia.

Antes do Concílio, tínhamos orgulho de saber que nós éramos as únicas pessoas na terra que poderiam esperar a salvação, ‘não existe salvação fora da Igreja’ cantávamos. Após o Concílio, começamos a ver que havia algo de bom e algo de grandioso em todas as religiões. E não mais achávamos que tínhamos todas as respostas. Após o Concílio Vaticano II, começamos a pensar em nós mesmos não como ‘a única e verdadeira Igreja’. Nós éramos ‘um povo peregrino’, grupo de viajantes humildes em uma viagem na qual, embora estivéssemos sujeitos à chuva, neve, ventos, furacões, sede, fome, doenças, continuávamos nossa caminhada com oração e esperança de que iríamos, de alguma maneira, chegar ao nosso destino.

Antes do Concílio, identificávamos ‘salvação’ com ‘chegar ao céu’. Após o Concílio, sabíamos que tínhamos a obrigação de trazer justiça e paz para o mundo na nossa própria sociedade contemporânea, compreendendo de uma nova maneira as palavras que Jesus nos deu quando ele nos ensinou a orar: ‘venha a nós o vosso Reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu.’
Antes do Concílio, éramos obcecados pelo pecado. Passamos a ter um novo senso de pecado. Nós não machucamos a Deus quando pecamos, nós pecamos quando machucamos alguém, ou nós mesmos. Após o Concílio, tivemos uma nova visão de sagrada esperança de nós mesmos, redefinindo a santidade como o famoso monge trapista Thomas Merton fez: ser santo é ser humano.

Antes do Concílio, nos era dito que estávamos condenados ao inferno se fizéssemos amor com nossos cônjuges sem a finalidade de fazer bebês. Após o Concílio, sabíamos que tínhamos um dever (e o prazer aprovado por Deus) de fazer amor, mesmo se não pudéssemos ter outro bebê. A Igreja também decidiu um melhor conceito sobre a Família e seu papel na sociedade. Mas, foi mantido a castidade antes do casamento.
Com relação ao celibato dos padres, cujo tem recebido muitas críticas e opiniões contrárias, o Papa Francisco decidiu que o celibato é assunto encerrado. 
Quanto à ordenação de mulheres para o sacerdócio ministerial, outro assunto muito polêmico e que alguns esquerdistas que defendem a ordenação de mulheres a Igreja decidiu que o sacerdócio ministerial da Igreja cabe única e exclusivamente ao sexo masculino acompanhando a Sagrada Tradição e o Código de Direito Canônico, no Cân. 1024:  "Só um varão batizado pode receber validamente a ordenação sagrada".   

Antes do Concílio, pensávamos que Deus falava diretamente ao papa e que ele transmitia a palavra para a pirâmide eclesiástica – primeiro aos bispos, em seguida, para os sacerdotes, em seguida, às freiras e, devidamente filtrada, para nós. Após o Concílio, aprendemos uma nova geometria. A Igreja não era uma pirâmide. Era mais como um círculo, onde todos são incentivados a ter voz. Nós somos a Igreja. Nós temos o direito e o dever de pronunciar-nos sobre o tipo de Igreja que queremos. (...)
Concílio ajudou-nos a todos a ser mais reais, mais humanos e mais amorosos. O Concílio ajudou-nos a perceber que o mundo é um lugar bom. É bom porque Deus o fez, e ele assim o fez porque ele nos amou e amou o mundo também. E assim deveríamos fazer”. Que este ano da Fé nos ajude a viver o amor.

(De: Maria Joana Titton Calderari) 

Fonte: http://www.diocesecampomourao.com.br/colunista/coluna/36/72/igreja-antes-e-pos-vaticano-ii.html 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, em breve será respondido.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

VATICANO APROVA RITO PAGÃO MAIA PARA IGREJA DO MÉXICO - Incensárias mulheres e liderança leiga em partes da missa

A Diocese de San Cristóbal - uma das mais antigas do país - liderou os pedidos ao Vaticano para reconhecer oficialmente a liturgia nas língu...