terça-feira, 25 de setembro de 2018

O QUE FOI O ARIANISMO?


Quem foi Ário?

Ário ou Arius viveu na antiga Líbia e Constantinopla entre 256-336, foi o fundador da doutrina herética chamada Arianismo que vamos conhecer a seguir. Foi um presbítero da Igreja Católica Ortodoxa de Alexandria. Ordenado pelo bispo Melito de Licópolis. Também conhecido como Árius de Alexandria.   
Foi aluno de Luciano de Antioquia, um renomado professor do cristianismo. Ele escreveu uma carta ao bispo de Constantinopla onde derivou a doutrina de Luciano. Ele não defendia a realidade da Trindade de Deus como os outros tantos de sua época.  

Apesar do carácter de Ário ter sido severamente acusado pelos seus opositores, Ário segundo registros parece ter sido um homem de um caráter ascético, de moral pura, e de convicções bíblicas.
Em 318 houve uma discussão entre Alexandre, bispo de Alexandria onde e cujo, ele acusava o bispo de Sabelianismo.
O Sabelianismo é uma doutrina herética de Sabélio, (sec. III) que também negava a Santíssima Trindade. Num concílio convocado pelo bispo Alexandre, Ário foi condenado.    
Ário tinha numerosos apoiadores e a disputa espalhou-se desde Alexandria por todo o Oriente. Ao mesmo tempo, Ário encontrou refúgio e o apoio de Eusébio de Nicomédia. Causando uma enorme perturbação na fé da Igreja e confusão na cabeça dos fiéis.
Então o Imperador Constantino I convocou o primeiro Concílio de Nicéia no ano de 325 para tratar do tema. Ficando estabelecida a doutrina da Santíssima Trindade como dogma de Fé.
Participaram desse Concílio figuras importantes como Irineu de Lião e Inácio de Antioquia, além de Católicos, Ortodoxos. O no Concilio de Constantinopla, no ano 360, a doutrina trinitária foi reafirmada e hoje a maioria das denominações cristãs não negam a doutrina da Santíssima Trindade com exceção das Testemunhas de Jeová que hoje em dia nem é mais considerada uma seita cristã porque também negam a divindade de Jesus Cristo como filho de Deus e portando Deus, consubstancial ao Pai como todas as outras denominações cristãs creem.  
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No ano de 335 Ário foi reabilitado. Ele apresentou uma declaração de fé que foi aceita pelo Imperador que determinou sua readmissão. Ao contrário de Tertuliano, Ário morreu com o status de readmitido pela Igreja Católica. Antes, porém, de poder receber a comunhão em Constantinopla, morreu subitamente.
Sócrates Scholasticus, (História da Igreja I, XXXVIII, o Metropolita Alexandre de Constantinopla (314-337), pediu em conflito de consistência que a ordem que o Imperador lhe acusava, que matassem Ário ou o matassem antes que a comunhão tivesse o seu lugar).
Alguns povos seguiram Ário até o  séc. VII com a conversão de Chlodwig à fé católica, professada por Santo Atanásio, deixaram de ser arianos.
O Arianismo
Ário, defendia que Jesus Cristo não era Deus mas, uma criatura excelsa. Negava a consubstanciação, ou seja, Jesus e Deus Pai não era a mesma pessoa.
Jesus é filho de Deus e não o próprio Deus para os adeptos do arianismo. Seria um ser superior ao homem, mas não Deus.
O Cristo é considerado por essa linha de pensamento, uma criatura elevada, por ser filho de Deus, mas criatura. Essa doutrina foi sugerida no século IV d.C. por Árius.
Seguindo as pegadas de seu Divino Fundador, a Santa Igreja de Deus sofreu desde seus primórdios perseguições e contradições. Perseguições sangrentas promovidas pelos imperadores romanos dilaceraram os cristãos dos primeiros séculos, levando uns à apostasia e outros a obter a palma do martírio.
O mais insidioso e perigoso dos seus inimigos não veio, entretanto, do lado de fora, mas de suas próprias fileiras: foi o das heresias que tentaram implantar a desordem em seu interior. Ocultas sob um ardiloso véu doutrinário, às vezes muito sutil, as punham em risco a integridade dos ensinamentos apostólicos e a própria Fé. Se tivessem triunfado, ficaria desfigurada a face da Instituição divina fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cumpriu-se, contudo, a promessa feita a Pedro e, como tantas vezes aconteceu na História da Igreja, as portas do inferno não prevaleceram contra ela (cf. Mt 16, 18). E para obter a vitória nessa luta, a Providência se serviu de almas notáveis pela sua santidade e sabedoria: os Padres da Igreja que, com sua fidelidade aos ensinamentos dos Apóstolos, combateram o erro e consolidaram o dogma cristão.

Instrumentos para a defesa da Fé
Mas o Espírito Santo, que assiste continuamente a Igreja, deu-lhe ademais um providencial instrumento para a defesa da Fé: os concílios ecumênicos, que através dos séculos não só condenaram as heresias, mas deram a explicação doutrinária e racional da Fé, e fixaram os grandes dogmas de nossa Religião.
Os primeiros deles se realizaram na Ásia Menor, nas cidades de Niceia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia. Era ali onde havia maior proporção de cristãos, localizava-se a capital do Império e foi também onde surgiram as primeiras heresias. Devido à idade avançada e aos deficientes meios de transporte, os Sumos Pontífices da época não puderam comparecer a essas assembleias, mas fizeram-se representar por seus legados. Mostraram também, através de cartas e outros meios, quão de perto acompanhavam essas reuniões, preocupados pela glória de Deus, pureza da Fé e salvação das almas.
No ano 325 pelo Imperador Constantino convocou o Concílio. As instâncias do Bispo Ósio, de Córdoba, aconteceu o primeiro Concílio de Niceia e abriu a lista das assembleias universais da Igreja.
Teve a aprovação do Papa Silvestre I, que enviou dois legados. Nele foi condenada a heresia do Arianismo.
Quem coordenou esse concílio foi o bispo Atanásio ou Santo Atanásio. Ele, nos debates, desmascarou o arianismo e também apontou os rumos teológicos para os séculos futuros.
“Foi ele o mais genuíno representante da ortodoxia e pedra de toque da pureza da Fé do Episcopado. Teve de sofrer um contínuo martírio para manter essa Fé, pois não significa outra coisa aquela encarniçada luta de insídias, calúnias e mesmo perseguições materiais, e a ininterrupta sucessão de exílios que suportou durante toda a sua vida”.

Ário nega a divindade de Cristo

A fonte dos erros analisados em Niceia foi um sacerdote chamado Ário, nativo da Líbia e formado em Antioquia. No ano 318 ele começou a difundir a ideia de que na Santíssima Trindade não há três Pessoas, mas apenas uma: o Pai, fora do qual tudo não passa de simples criaturas.
Ário, explica o padre Bernardino Liorca’, “considerava a unidade absoluta de Deus, eterno, incriado, incomunicável. Fora d’Ele, tudo são meras criaturas suas. Deste princípio deriva a afirmação fundamental de que o Verbo ou Cristo não é eterno e foi criado do nada, mas não por necessidade, e sim por libérrima vontade e para servir ao Pai celestial de instrumento para criar o mundo”.
Como corolário dessa visão teológica surge toda uma constelação de erros, cabalmente sintetizados em sua obra pelo conhecido historiador dos concílios, Carlos José Hefele. Entre eles caberia destacar os seguintes: “Deus não foi sempre Pai, houve um momento em que Ele não o era; o Logos de Deus foi criado do nada, não existiu desde a eternidade; o Filho, mera criatura, não é semelhante em substância ao Pai, não é verdadeiramente e segundo sua natureza o Verbo e a Sabedoria de Deus; daí se segue que, por sua natureza, Ele é sujeito a mudanças, ou seja, poderia cair em pecado; Ele não conhece completamente Deus, nem sequer sua própria natureza; Ele foi criado para nós, a fim de que Deus nos pudesse criar por Ele, como seu instrumento; se Deus não O tivesse chamado à existência, Ele não existiria”.
Esta doutrina que, além de negar o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que chamamos de Santíssima Trindade, lançava por terra a obra da Redenção e os Evangelhos, encontrou muitos adeptos. “Entre os intelectuais procedentes do helenismo – muito acostumados então à ideia do Summus Deus, de um ser supremo – tinha ela fácil acolhida, pois como destruía todo o mistério da Trindade tornava-se facilmente inteligível”.
Ao mesmo tempo, rebaixando Jesus Cristo de Deus à criatura, tinha ela analogias com a doutrina platônica do Demiurgo, um ser intermediário entre Deus e os homens. Este campo propício muito contribuiu para a rápida difusão da heresia, a qual logo se estendeu pelo mundo grego, fazendo Constantino temer pela unidade religiosa e, portanto, política de seu império.

Excomunhão e obstinação de Ário

Ário valia-se habilmente de argumentos extraídos da Sagrada Escritura para apoiar suas errôneas afirmações, manejando textos bíblicos nos quais se marcava uma diferença ou que podiam ser interpretados como “demonstração” de uma inferioridade ou subordinação do Filho ao Pai. Por exemplo: “O Pai é maior do que Eu” (Jo 14, 28); ou então: “Desde o início, antes de todos os séculos, Ele me criou” (Eclo 24, 14); e ainda: “O Senhor me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio” (Pr 8, 22).
Começou a divulgar essas doutrinas em Alexandria. Constatando sua gravidade, Santo Alexandre, Bispo dessa cidade, desdobrou-se em tentativas de, por bons modos, convencê-lo desses erros, mas ele se obstinou em suas ideias.
 Esgotados todos os recursos, o bispo Alexandre convocou em 321 um sínodo de Bispos do Egito e da Líbia, o qual condenou as teses de Ário e o excomungou.
Este, porém, pertinaz e irritado com essa excomunhão, lançou-se com maior ardor a difundir sua heresia. Dirigiu-se à Palestina e à Nicomédia, onde conquistou novos e numerosos adeptos, entre estes o Bispo Eusébio de Nicomédia, e o historiador Eusébio de Cesareia. Este último foi sempre um de seus melhores protetores, embora nunca se tenha declarado abertamente ariano.

Convocatória de um concílio ecumênico

Alarmado ante o perigo de uma divisão em seus domínios, o imperador Constantino, que ainda não tinha sido batizado, procurou pacificar os ânimos, enviando cartas a Santo Alexandre e a Ário. Contudo, a heresia tomara já uma proporção tal que tornava necessárias outras medidas.
Tudo indica ter sido Ósio de Córdoba que, não obtendo sucesso em suas tentativas de reconduzir Ário ao bom caminho, deu ao imperador a sugestão de convocar um concílio ecumênico, ou seja, universal, com a participação de Bispos de todas as regiões onde florescia a Religião cristã.
Segundo alguns historiadores, Constantino fez a convocação de comum acordo com o Papa São Silvestre I que, não tendo condições de comparecer pessoalmente, enviou os presbíteros Vito e Vicente como legados.
Realizou-se o concílio de 20 de maio a 25 de julho do ano 325, na cidade de Niceia, perto de Nicomédia, onde residia o imperador. Deve-se ressaltar que Constantino favoreceu de todas as maneiras possíveis sua concretização, inclusive colocando à disposição dos Padres Conciliares o sistema de correios e transportes do Império, providenciando a manutenção material de todos os participantes e marcando com sua presença a inauguração da Assembleia.
“Quando os Bispos entraram no local das sessões”, conta Hefele, “cada qual se dirigiu ao seu lugar e esperou em silêncio a chegada do Imperador. Logo chegaram os funcionários da Corte, porém só os que eram cristãos. Ao entrar o imperador, todos os assistentes se levantaram. O imperador apareceu como um enviado de Deus, vestido de ouro e recoberto de pedras preciosas. Era homem alto, elegante, belo e majestoso. A esses ares de grandeza, unia ele uma sincera modéstia e uma religiosa humildade. Mantinha modestamente os olhos baixos e não se sentou no trono de ouro para ele preparado enquanto os Bispos não lhe deram sinal para isso”. Em seguida este tomou a palavra e leu um discurso em latim, pedindo a paz religiosa no Império.

O mais vigoroso adversário do arianismo

Além de Ário e seus seguidores, como Eusébio de Nicomédia, participaram do Concílio de Niceia cerca de trezentos Bispos, entre os quais o já mencionado Ósio de Córdoba. Alguns deles tinham ainda em seus corpos as cicatrizes dos tormentos sofridos durante as recentes perseguições.
O Arcebispo Santo Alexandre de Alexandria acorreu acompanhado por um jovem diácono de 20 anos. Era Santo Atanásio, futuro Doutor da Igreja, que ali se revelou como o homem mais inteligente e dialético, e o mais vigoroso adversário do arianismo.
As sessões se caracterizaram por árduas polêmicas entre os defensores da Fé e os partidários de Ário. Nessas discussões o futuro Doutor da Igreja destacou-se por sua “habilidade dialética que desmascarava todas as astúcias e sofismas dos hereges”, e era por isso mais odiado por eles. De fato, unindo a virtude a uma brilhante inteligência, Santo Atanásio desfazia com facilidade as falácias dos arianos.

Símbolo que reflete a fidelidade aos ensinamentos apostólicos

Como já explicado acima, afirmavam estes que Jesus Cristo não era de natureza divina, mas sim uma criatura; criatura extraordinária, eminente, mas simples criatura.
Percebendo como essa doutrina se chocava frontalmente com os ensinamentos recebidos dos Apóstolos, os Padres Conciliares, inspirados pelo Espírito Santo, decidiram estabelecer um símbolo que refletisse a fidelidade a esses ensinamentos, acatada pela Igreja desde suas origens. Assim nasceu o Credo de Niceia, no qual afirma que *Jesus Cristo é “da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.
{*Há de se explicar aqui o que  Jesus é consubstancial ao Pai significa que Jesus na sua pessoa divina é o Filho Deus e enquanto Deus possui o mesmo poder e divindade, não há separação.
Deus que apresentou a nós por meio de seu Filho. O Filho já existia desde a eternidade. Quando se se encarnou no ventre sacrossanto de Maria por obra do Espírito Santo, foi gerado (enquanto homem) recebeu um corpo humano, mas, não podia ser criado porque enquanto Deus ele já existia, conforme ele mesmo disse: Eu sou o Alfa e o ômega. Princípio e fim.}          
Segundo Santo Hilário, Santo Atanásio teve um papel preponderante na redação do Credo de Niceia, o qual resultou de longas e disputadas deliberações. Com exceção de apenas dois Bispos, os Padres Conciliares o ratificaram com transbordamentos de entusiasmo. Ário foi novamente excomungado e exilado pelo Imperador.
Entretanto, Constantino, apesar de todo o apoio dado à Igreja, conservava simpatias pelo arianismo e, algum tempo depois, os bons contatos que Eusébio de Nicomédia possuía na Corte obtiveram dele autorização para Ário retornar a Alexandria, dando origem a um período de provações e sofrimentos para Santo Atanásio.

Vitória da Igreja e triunfo da Fé

Conseguiu o Concílio de Niceia derrotar por completo o arianismo? Em certo sentido sim, e totalmente. Pois a doutrina da Divindade do Filho ficou nele estabelecida com solidez, restando para os posteriores concílios o labor de explicar e definir outros dogmas, como o da Santíssima Trindade. A pedra fundamental da Cristologia estava definitivamente assentada.
O golpe recebido em Niceia foi, sem dúvida, terrível para a heresia ariana. A partir do Concílio, ela se dividiu em diversas correntes. Os radicais (chamados anomenos), em número reduzido, continuaram defendendo a tese da não consubstancialidade do Filho com o Pai. De outro lado, surgiram os semiarianos (homeusianos), os quais não aceitavam que o Filho é consubstancial ao Pai, mas “arredondavam” sua posição, afirmando que era uma “semelhança na substância”, segundo o Credo recentemente aprovado no Concílio. Havia, por fim, os homeos, que procuravam tomar também uma postura mais conciliatória. O arianismo havia sido denunciado e condenado, mas suas sequelas se prolongaram por longos anos. Séculos depois a heresia ainda grassava entre os visigodos e não faltam teólogos que apontem sua impronta em certos desvios teológicos da nossa época.
Mas não abramos demais o leque das nossas reflexões e fiquemos com a lição que, a propósito deste episódio, a História nos dá. O Concílio de Niceia foi convocado por um imperador vacilante entre a ortodoxia e a heresia, em circunstâncias difíceis para a Igreja. Humanamente falando, o resultado poderia ter sido muito diferente. Mas o fervor do colégio episcopal e a participação providencial de Santo Atanásio obtiveram como resultado a vitória da Igreja e o triunfo da Fé, porque é o Espírito Santo que guia a Nau de Pedro. 

(Revista Arautos do Evangelho, Abril/2013, n. 136, p. 18 à 21)

O contexto histórico – teológico era o seguinte: A Igreja estava ainda em processo de discussão de suas doutrinas e dogmas. Um dos principais assuntos nessa época era a existência da Trindade, ou seja, o mistério de um Deus Uno e Trino ao mesmo tempo.
O Concílio I de Nicéia é o primeiro Concílio Ecumênico, que significa universal, já que dele participaram bispos de todas as regiões onde em que havia cristãos com a participação do Imperador Constantino.
Teve lugar quando a Igreja já tinha conseguido a paz estável e dispunha de liberdade para reunir-se abertamente. Aconteceu do 20 de maio ao 25 de julho de 325. Dele participaram alguns bispos que ainda tinham no seu corpo os sinais dos castigos que tinham sofrido por serem fiéis nas perseguições passadas, que eram recentes.
Para essas datas o imperador Constantino, que ainda não tinha sido batizado, facilitou a participação dos Bispos, colocando à sua disposição os serviços do exército imperial para as viagens e os translados e ofereceu seu palácio em Nicéia de Bítinia, que estava perto da sua residência de Nicomédia. De fato, ele considerava que era oportuna essa reunião, pois no ano de 324, depois da vitória contra Licínio, tinha conseguido unificar o império, e desejava que a Igreja também estivesse unida. Nesses momentos ela estava sofrendo as consequências da pregação de Ario, um padre que negava a verdadeira divindade de Jesus Cristo.
Desde o ano de 318 Ário enfrentava-se com seu bispo Alexandre de Alexandria, e fora excomungado no sínodo de todos os bispos do Egito. Ário fugira e estava em Nicomédia, junto ao bispo Eusébio, que era seu amigo. Entre os Padres Conciliares encontravam-se as figuras eclesiais de maior importância no momento. Estava Osio, Bispo de Córdoba, que, ao que parece, foi quem presidiu as sessões. Assistiram também Alexandre de Alexandria, ajudado pelo diácono Atanásio, Marcelo de Ancira, Macário de Jerusalém, Leôncio de Cesárea de Capadócia, Eustácio de Antioquia, e alguns presbíteros representantes do Bispo de Roma, que não pode estar presente devido à idade avançada.
Além de Ário, também participaram seus amigos Eusébio de Cesárea, Eusébio de Nicomédia e outros. Em total participaram ao redor de 300 bispos.
Os partidários de Ário tinham a simpatia do imperador Constantino, pensavam que depois de expor seus motivos a assembleia ele concordaria. Mas quando Eusébio de Nicomédia tomou a palavra para dizer que Jesus Cristo nada mais era do que uma criatura, ainda que excelsa e eminente, e que não era de natureza divina, a imensa maioria dos participantes percebeu que essa doutrina atraiçoava a fé que tinham recebido dos Apóstolos. Os Padres Conciliares, para evitar as consequências de uma confusão tão grave, decidiram redigir, baseados no Credo batismal da Igreja de Cesaréia, um símbolo de fé que fosse o reflexo, de forma sintética e clara, da confissão genuína da fé recebida e admitida pelos cristãos desde as origens.
Nele consta que Jesus Cristo é "da substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado, homoousios tou Patrou (consubstancial ao Pai)". Todos os Padres Conciliares, menos os dois Bispos, no dia 19 de junho de 325, autenticaram esse Credo, que é o Símbolo de Niceno.
Além desta questão fundamental, em Nicéia fixou-se a celebração da Páscoa no primeiro domingo depois da primeira lua cheia da primavera, seguindo a práxis habitual na Igreja de Roma e em outras. Também foram tratadas algumas questões disciplinares de menor importância, pois eram referentes ao funcionamento interno da Igreja.
Quanto ao tema, que era de maior importância, a crise ariana, depois de um tempo Eusébio de Nicomédia, com ajuda de Constantino, conseguiu voltar à sua diocese, e foi o próprio imperador quem ordenou ao Bispo de Constantinopla que admitisse Ário na comunhão. Entretanto, após a morte de Alexandre, Atanásio fora nomeado Bispo de Alexandria. Foi uma das maiores figuras da Igreja do séc. IV, pois soube defender a fé de Nicéia com grande altura intelectual e esse foi o motivo pelo qual o imperador o exilou.
O historiador Eusébio de Cesaréia, que simpatizava com as teses arianas, exagera nos seus escritos ao falar sobre a influência de Constantino no Concílio de Nicéia.
Se somente existisse essa fonte, seria possível pensar que o Imperador, além de pronunciar as palavras de abertura no começo das sessões, teve um protagonismo ao tentar reconciliar os adversários e restaurar a concórdia, impondo suas opiniões nas questões doutrinais por cima dos bispos que participaram do Concílio.
Trata-se de uma versão parcial da realidade. Tendo em conta todas as fontes sabe-se que Constantino, com certeza, propiciou da realização do Concílio de Nicéia e teve influência dando todo seu apoio. Porém, o estudo dos documentos mostra que o imperador não influenciou na formulação de fé que foi feita no Credo, já que não tinha capacidade teológica para dominar as questões que ali estavam sendo debatidas,  sobretudo, porque as fórmulas que foram aprovadas não coincidem com suas inclinações pessoais que eram na linha ariana, isto é, considerar que Jesus Cristo não é Deus, mas uma criatura excelsa.
BIBLIOGRAFIA
GRILLMEIER, Alois. Cristo en la tradición cristiana: desde el tiempo apostólico hasta el concilio de Calcedônia (451), Sígueme, Salamanca 1997.
PAREDES, Javier (ed.) et al. Diccionario de los Papas y concilios, Ariel, Barcelona 1998.


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