terça-feira, 1 de maio de 2012

ESPIRITUALIDADE - Liturgia Eucarística

Texto de: Elmando V. de Toledo - tirado do estudo de: Fr. Francisco ferreira, OFM.

A Liturgia Eucarística, é a segunda parte mais importante da Santa Missa. Jesus Cristo instituiu o sacrifício cristão na última ceia, no contexto de uma ceia pascal dos judeus (Jesus era judeu), que daí em diante tornou-se a ceia pascal dos cristãos.
Por isso, no altar do sacrifício cristão tem uma forma de mesa. E nela Jesus se apresenta como Cordeiro Pascal sem mancha que se entregou por nós, e por isso repete-se a mesma entrega de Jesus no Calvário e sua Ressurreição. Mas o que temos na ceia fraterna, uma ceia pascal? - Temos a mesa, as alfaias, os vasos sagrados, os elementos essenciais para a ceia, que são o alimento sólido (o pão) e o alimento líquido (o vinho) e a água. O pão sem fermento (como o pão ázimo dos judeus) e o vinho puro (sem álcool de cana-de-açúcar) e a água. O pão e o vinho misturado com a água, representa o Corpo de Cristo misturado com todos nós sua Igreja. Que se tornam o Corpo e Sangue de Jesus, sinais da graça santificante, água e sangue que jorraram do coração aberto de Jesus pela lança do soldado. Jorram para nós na Eucaristia as graças da salvação: alimento, sustento e remédio para o corpo e para  alma. É o mesmo sacrifício de Jesus na Cruz, porém de forma incruenta. Isto é, não há crueldade. Ninguém poderia comer carne e sangue humana - o que seria canibalismo. Jesus não precisa manifestar-se visivelmente em carne e sangue vivos. Mas pelo Espírito Santo ali se torna o Sacramento Eucarístico, onde ali estão presentes: seu Corpo, Sangue, alma e divindade. 
Pelas mãos do sacerdote e pela ação do Espírito santo, Jesus se faz presente nas espécies de pão e vinho que se tornam seu corpo e seu sangue. Não podemos ver, enxergar tal mistério, senão com os olhos da fé.

A Ceia Pascal de Cristo, a Eucaristia, também significa "jantar de amigos", (Jo15, 13-15) pois promove encontro, comunhão, amizade, diálogo, amor, conhecimento, etc. Se agora procurássemos tudo o que dissemos da ceia fraterna da missa, descobriremos a sua riqueza, na linguagem do comer e beber juntos, no Senhor e tendo como alimento o próprio Senhor.
Não se trata de um memorial apenas, trata-se da renovação da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus, onde Ele mesmo se faz presente quando o sacerdote eleva o pão e o vinho pronunciando as mesmas palavras de Jesus na última ceia: "Isto é o meu Corpo" e "Isto é o meu Sangue" ... "derramado por vós para remissão dos pecados!" e quando termina diz aos Apóstolos: "Todas as vezes que fizerdes isto, fazei-o em minha memória!" - portanto, é  Jesus que está ali presente na Eucaristia. Não apenas as espécies que vemos mas agora o próprio Jesus Ressuscitado.

Os elementos essenciais de uma refeição fraterna, ou da Ceia, são sólido e líquido. Ora, na Ceia do Senhor, a Missa, temos esses dois elementos: o pão e o vinho com água. O pão e o vinho, são sem dúvida, o alimento sólido e o alimento líquido mais universais, tanto assim que se apresentam com os seus símbolos. O vinho é o símbolo do líquido nobre do encontro humano. A água símbolo da vida, também está presente.
O pão e vinho significam ou simbolizam a vida do homem e toda criação da obra de Deus. Afinal, quem poderia viver sem comer e beber? Por isso é claro o texto, quando Jesus disse: "Tomai e comei!" - aqui, não só representa o gesto físico de comer e beber apenas, mas o gesto de participar da própria vida do Senhor Jesus, ter parte com Ele no mistério da Redenção, que se perpetua a cada Missa, até que Ele venha. Também significam aquilo que o homem é: Sua vida, sua existência co mo dom de Deus. 

Se o pão e o vinho na Missa significam o que o homem é, e o que o home faz na dimensão do amor de Cristo que no mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição trouxe nova vida aos homens, então o rito da preparação das oferendas adquire um significado muito importante.

"É louvável que os fiéis apresentem o pão e o vinho, que o sacerdote recebe em lugar conveniente e dispõe sobre o altar, proferindo as fórmulas estabelecidas. Embora os fiéis já tragam de casa, como outrora, o pão e o vinho destinados à liturgia, o rito de levá-los ao Altar conserva a mesma força e significado espiritual". (n.49). 

O rito da preparação das oferendas como é previsto na instrução geral sobre o Missal Romano, consta de três momentos: 1 - Preparação do Altar, 2 - Procissão das oferendas, 3 - Apresentação das oferendas a Deus:
O Sacerdote recebe as oferendas (pão e vinho) e as apresenta ao Senhor dizendo:
"Bendito sejais, Senhor Deus, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e que vai se tornar o Pão da Vida!" - isto é o Corpo de Jesus.
E depois: "Bendito sejais, Senhor Deus, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós  vai tornar-se o vinho da salvação!" - Isto é o Sangue de Cristo. No sacrifício eucarístico da Santa Missa, Jesus se torna: Sacerdote, Altar e o Cordeiro Imolado. (Em cada Santa Missa se atualiza o sacrifício pascal de Cristo, é por isso que nenhuma missa pode substituir a outra.)  

A ORAÇÃO EUCARÍSTICA - Outro grande momento antes da Comunhão. A Oração Eucarística lança a assembléia celebrante no âmago do mistério pascal de Cristo celebrado na Missa.
A Oração Eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de ação de graças e a santificação de todo o povo de Deus. Unindo a terra e o Céu em um só ato de louvor em uma só voz. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração de ação de graças, unindo à terra e os céus na multidão dos anjos e dos santos que se dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em favor da Igreja. O sentido dessa oração é que toda a assembléia se una a Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício. Vejamos os elementos da Oração Eucarística : a) O fato maravilhoso; b) Admiração; c) Exclamação; d) A proclamação dos benefícios; e) Pedido e intercessões; f) Louvor final.
Concluindo com a elevação do Corpo e Sangue de Cristo, onde o sacerdote oferece ao Pai, por Cristo e em Cristo, todo louvor, toda honra e glória por Jesus Cristo ter nos redimido na Cruz e se tornado o Pão da Vida por amor a nós. A assembléia responde com o amém, bem forte, que deve ser do fundo do coração a Jesus Sacramentado, pode ser cantado ou não, para expressar que aceita esse amor de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo tem por nós.  

O terceiro momento mais importante da Liturgia Eucarística é a Comunhão. Jesus quer fazer morada em nós. Ele mesmo ressuscitado se dá em alimento. E aqui recordamos as suas palavras: "Eu sou o Pão vivo que desceu do Céu, quem come deste Pão viverá eternamente!"- Jesus se torna o sustento de nossa caminhada. E Jesus acrescenta: "E o pão que hei de vos dar é minha carne pela salvação do mundo!" (Jo6, 50-51) E na última Ceia, Jesus diz claramente: "Isto é o meu Corpo!" ... "Isto é o meu Sangue!" - Jesus diz: é, ele não diz: "Isto será", ou "isto vai ser... Ele diz que é o seu corpo, é o seu sangue. Esta palavra, "é" também prefigura o nome  de Deus no Antigo Testamento, quando Moisés perguntou ao Senhor como ele se chamava ele disse "Eu Sou!" ou Javeh, e agora, Jesus o filho de Deus, usa o mesmo termo "Eu Sou" o pão da vida!   - Notaram a semelhança?  

"Sendo a celebração eucarística, a Ceia Pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o seu corpo e Sangue sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devidamente preparados. (Que ninguém participe do Corpo e Sangue do Senhor indignamente, {Cf. 1Cr11, 23-29}). Esta é a finalidade da Fração do Pão, (Pão  repartido), e os outros ritos preparatórios, pelos quais os fiéis são imediatamente encaminhados à Comunhão. (n.56)

Antes da participação da Comunhão Eucarística, entra-se dentro de uma dinâmica de preparação para acolher o Senhor na Eucaristia. Assim temos: o Pai-Nosso, o momento da Paz, a Fração do Pão (Jesus partiu o pão); o canto do Cordeiro de Deus, a partícula da Hóstia no Cálice (representa nossa comunhão com o Corpo e Sangue de Jesus Cristo) - a distribuição da Eucaristia.


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PARA LHE AJUDAR:  

De preferência, ao se dirigir para receber a Eucaristia, esteja trajando uma roupa decente,(em sinal de respeito evite o escândalo), ao comungar dê preferência em receber a Eucaristia na boca, (o recomendado pela Igreja), se for receber na mão, ao dirigir ao sacerdote, coloque a sua mão esquerda sobre a mão direita, e comungue retirando a Eucaristia com a mão direita. Observe se na sua mão não ficou fragmentos da Eucaristia, fragmentos podem cair no chão.


APRENDA!

Quando sacerdote lhe entregar a Eucaristia dizendo:


"Corpo de Cristo!", ou, quando há distribuição das duas espécies diz: "Corpo e Sangue de Cristo!" - a sua resposta deve ser alta e em bom tom: "AMÉM!". Essa resposta que não é dada apenas ao sacerdote, mas ao próprio Jesus Eucarístico que você irá receber e comungar.




Ou seja, com o Amém (significa assim seja) está a sua expressão e o seu desejo: "Sim! eu quero, eu aceito que Jesus venha morar em mim, eu aceito seu Corpo e Sangue como vida para meu corpo e minha alma". Por isso esse "Amém" não pode ser uma resposta preguiçosa, mas viva, intensa e alegre.
E depois de recebê-Lo, num momento, em silêncio, você deve conversar com Jesus que agora está em você para ser o sustento e remédio em sua caminhada.    
Agora que você sabe o verdadeiro significado da Liturgia Eucarística da Santa Missa, que tal se perguntar:
Você participa ou assiste a Santa Missa?
É nosso dever participar da Santa Missa, não só porque o mandamento da Igreja exige, mas porque a cada celebração estamos celebrando mais uma Páscoa do Senhor. E também mais uma vez querendo buscá-lo no Sacramento da Eucaristia: vivo, presente e Ressuscitado.   


APRENDENDO SOBRE O SIGNIFICADO DA HÓSTIA (pão sem fermento) e do VINHO

A raiz do significado está lá no Antigo Testamento, os pães consagrados  a Deus pelos sumos sacerdotes do Templo eram pães sem fermento. Por quê? - Porque assim Deus pediu que os israelitas fizessem  no dia da passagem da páscoa, (lá nos tempos do Êxodo no Egito) - quando Deus deu a libertação ao povo de israel, os tirou da da escravidão. "Naquela noite, (disse Javeh) comerás pão sem fermento!" ... "Pois é a páscoa do Senhor"... (Ex12, 8.11) - Por que pães sem fermento? Porque o fermento leveda a massa, isto modifica a estrutura do pão.


O pão sem fermento representa toda a santidade e perfeição de Deus Pai. E Depois Deus instituiu a ceia pascal como memorial daquele dia, para que nunca se esquecessem do que o Senhor fez por eles no Egito. "Conservareis a memória daquele dia..." (Ex12, 14) E assim, os judeus conservam esta memória até hoje.     
Tendo Jesus, o Filho de Deus celebrado a Ceia Pascal dos judeus com seus apóstolos, e nela atribuiu os elementos da sua "Nova Páscoa", Jesus utilizou também o pão puro, isto é, sem fermento como manda a Lei do Senhor. E é provável que tenha utilizado também todos os outros elementos da ceia pascal judáica. Isto se vê claramente, uma menção do acontecido no Evangelho segundo São Lucas, (Lc22,7-13): Vamos ler?


"Raiou o dia da festa dos pães sem fermento, em que se devia imolar a Páscoa. Jesus enviou Pedro e João, dizendo: 'Ide e preparai a ceia da Páscoa!' - Perguntaram eles: Onde quer que preparemos? - Jesus respondeu: 'Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem carregando uma bilha com água; segui-o até a casa que ele entrar, e direis ao dono da casa: o Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com meus discípulos? Ele vos mostrará o andar superior uma grande sala mobiliada e ali fazei os preparativos.' - Eles foram,pois, e acharam tudo como Jesus dissera; e prepararam a Páscoa.



Mas, Jesus simplificando apenas utilizou o pão puro sem fermento da Ceia Pascal judáica e o vinho puro para que se tornassem Sacramento perpétuo,  o seu Corpo e seu Sangue, ou seja, a Eucaristia. Agora o pão puro, sem fermento e o vinho puro da ceia judáica não só era um simples símbolo, mas era o elemento principal pelo qual Jesus instituíra a Eucaristia, compreendem?. E quando falamos de Eucaristia, não podemos esquecer que estamos falando do Corpo e Sangue de Cristo. Mas ... uma pergunta: os pães ázimos eram de forma quadrada?! Como pode a hóstia (mesmo pão sem fermento) ser redonda. A resposta é simples:
  
A Igreja conserva até hoje o uso do pão sem fermento, isto é a hóstia,  como deve ser. Apenas por um detalhe, depois de algum tempo, esse pão ou a hóstia passou a ser de forma redonda, por quê? - Porque ela também enquanto hóstia, (mesmo ainda sem ser consagrada), possui um grande significado:


O branco da hóstia simboliza Jesus Ressuscitado, o círculo da hóstia representa a união da Santíssima Trindade, o Pai com o Filho e o Espírito Santo, um só Deus em três pessoas. O círculo ainda representa a eternidade de Deus, assim como não podemos distinguir onde está o início, meio e fim de um círculo, Deus é eterno, não tem início meio e fim. Ele existiu e sempre existirá.  


É por isso que não fazemos como nossos irmãos crentes fazem. Eles utilizam de qualquer pão, (às vezes, até mesmo suco de uva), para a "Ceia do Senhor". Nós, não! - Nós seguimos os mesmos preceitos da primeira Ceia Pascal de Cristo, (primeira de muitas outras).


Depois há uma grande diferença: Nas igrejas protestantes e evangélicas não se celebra a Missa e nem possuem a Eucaristia. Na verdadeira Igreja de Jesus Cristo, a Igreja Católica Apostólica Romana existe a celebração da Santa Missa, o pão (a hóstia) e o vinho consagrados se tornam verdadeiramente Corpo e Sangue de Cristo, ou seja, a Eucaristia, Jesus presente no meio de nós pelo Sacramento da Eucaristia. Portanto ali não é uma representação, nem tampouco um teatro que o padre faz. Mas é a atualização todos os dias do sacrifício redentor de Jesus. Por que digo isto? - Porque é muito comum vermos, principalmente em vésperas ou após a celebração de Corpus Christi em matérias da imprensa alguns jornalistas (desinformados da catequese da Igreja) dizerem ao se referir a Eucaristia: "para os católicos representa o Corpo e Sangue de Cristo!"... Não! para nós não é uma representação, é, como Jesus disse o seu Corpo e seu Sangue que ali está.
(O vinho da Santa Missa não é um vinho qualquer, é um vinho especial feito somente de uva, licoroso e  sem álcool de cana-de-açúcar, apenas álcool vinítico, ou seja do próprio vinho como na verdade era feito antigamente, também conhecido como "vinho canônico").


O vinho também tem seu significado, antes mesmo de ser consagrado ele representa o gesto de amor que Deus tem pela humanidade e simboliza a bênção de Deus pela nossa vida, pela nossa colheita, pelo nosso trabalho. E significa também o gesto de generosidade de Jesus, quando aceitando se entregar por nós na Cruz, quis se tornar Sacramento para nossa redenção.
Enquanto que nas outras "igrejas protestantes e evangélicas", há apenas um memorial (ou lembrança) da Santa Ceia. Então nesse caso, pode-se usar o pão comum e suco de uva ou vinho comum mesmo.   


OS ELEMENTOS UTILIZADOS PARA A EUCARISTIA

VINHO E PÃO - utilizados para transformação da Eucaristia.  


MANUSTÉRGIO OU TOALHA - pequena toalha de linho usada para purificar as mãos do sacerdote. 


CORPORAL - pequeno pano de linho puro, usado para colocar os vasos sagrados: o Cálice Sagrado, a patena com a hóstia grande e a(s) ambula(s) com as hóstias menores, que serão depois de consagrados a Eucaristia. Representa o Santo Sudário.


PALA - um tipo de tampa (em forma quadrada) que serve para tampare proteger as espécies que serão consagradas


SANGUÍNEO - pequena toalha de linho puro usada para purificar o cálice após a consagração. 


CÁLICE - tipo de taça especial, feito em metal nobre em cerimônias importantes utilizado para tomar bebidas, foi utilizado por Jesus e por nós hoje para consagrar o vinho. Este cálice utilizado na missa também é chamado Cálice da Bênção.


PATENA - tipo de prato especial feita de metal nobre onde se coloca a hóstia grande.


ÂMBULA - tipo de vasilha com uma tampa, especial para guardar a Eucaristia. 


BACIA E JARRO COM ÁGUA - usada para purificar as mãos do sacerdote, também representa o gesto de humildade de Jesus em lavar os pés dos Apóstolos. 
  

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