terça-feira, 29 de maio de 2012

O ADOLESCENTE, a ética e o Psicanalista

A adolescência passa primeiramente por duas questões:  Uma delas ligada à maturação sexual, a possibilidade de se ter uma relação sexual. E a outra ordem da gestalt do corpo, ou seja, a vivência das transformações corporais, um novo corpo.

A crise se dá então no encontro com o sexo, ou melhor dizendo, com o desencontro pois não existe simetria nas relações. 
A adolescência se caracteriza com um período de transição entre a puberdade e o estado adulto do desenvolvimento. As mudanças corporais e psicológicas advindas desta fase trazem angústia e diversas dúvidas sobre como lidar com as mudanças e estabelecer relações com o mundo que o  cerca.

Muitas vezes esse incômodo, ou melhor dizendo, mal estar, é que faz com que o adolescente necessite de análise. Quando isto acontece é justamente pelo fato de não suportar o sofrimento produzido fazendo com que busque uma resposta à incógnita que o sintoma traz. 

É uma busca de saber que sendo atribuída ao analista se espera que ele venha ao alívio para o seu sofrimento. Quais as dificuldades que o adolescente vivencia?
A dificuldade maior está em lidar com o próprio corpo não sabendo se servir dele. Daí o aparecimento da angústia e o receio de cometer faltas para com o proibido. Não existe um bem soberano, não existe um bem estar completo. O que existe é uma falta.

Falta esta que pode ser preenchida de muitos modos, tanto positivos, como as religiões, os grupos de auto-ajuda; como pode ser preenchido pelo lado negativo, o sexo que gera a gravidez precoce, as drogas, tanto lícitas quanto ilícitas. Por isso os pais devem sempre estar atentos ao comportamento dos filhos, e quando perceber estas mudanças devem procurar ajudá-los da melhor forma para que saibam lidar com a situação de modo que evitem erros que depois dificilmente vão ser revertidos, como é o caso das drogas e do álcool.
Como no ditado popular, nessa época o jovem passa de adolescente para "aborrescente". E muitas coisas que fazem, os fazem para chamar atenção de quem está ao redor, quase que um estímulo involuntário do comportamento, para que notem suas dificuldades. É nessa hora que deve entrar o  carinho e o entendimento dos pais de modo a buscar ajuda para esta ou aquela situação, este ou aquele conflito. Não os prendendo dentro de casa, o jovem precisa de espaço, mas dentro deste espaço saber crescer e entender seus limites. Pois embora crescidos no tamanho, não estão crescidos psicologicamente psara enfrentar o mundo. O jovem precisa de discernimento e espaço para expressar suas idéias. Quando ele usa seu espaço e se deixa "aparecer" é neste momento que se pode buscar situações e momentos onde pelo seu envolvimento busque o crescimento tanto emocional, quanto sociológico.   

O poder da cura está na palavra, no a saber entender, no participar da situação em que o jovem se sente. É através dela que o discurso inconsciente é veiculado e faz aparecer o sujeito enquanto sujeito.

Ser analisado é diferente de ser paciente exatamente por não esperar passivamente as respostas , mas possibilitar se situar em relação à própria fala e produzir um saber que é da ordem da verdade. Ser um adolescente desejante é poder intervir nele. Ser autor de sua própria história e estar implicado em sua constituição enquanto sujeito.

Existe todo tipo de adolescente: dos mais moralistas aos menos, dos que praticam esportes, os que integram movimentos populares, religiosos, políticos, enfim, várias maneiras de expressar algo que muitas vezes não se compreende muito bem.
Sabemos com a modernidade, muitas coisas mudaram, os professores não são mais tão rígidos, os pais sentem dificuldades para lidarem com os limites em relação aos filhos, os sintomas persistem, o número de casos de depressão, suicídios, abusos sexuais, uso de drogas e gravidez aumentam. Mas as dificuldades subjetivas não terminam. O homem, diz Freud, não tende nem à harmonia, nem à integração das pulsões em nem tampouco a uma síntese.

Como a psicanálise pode lidar com todas essas questões específicas deste sujeito e com a demanda criada principalmente pelos pais destes adolescentes?
Lacan nos indica que a psicanálise não é nem uma "Weltanschauung" (visão do mundo) nem uma filosofia que pretende dar a chave do Universo. Ela é comandada por uma visão particular.

Tanto a teoria quanto a prática clínica tem que ser dinâmicas, vivas, buscando sempre acompanhar a singularidade daqueles que se escuta. O sujeito só é sujeito dentro da cultura, ele feito da construção de seu contexto.

Hélio Pellegrino buscou romper com a dogmatização da ciência inserida em um contexto sócio-político-cultural e aproximá-la das diversas camadas da sociedade. Seu ideal era transformar sua ciência em um instrumento acessível a todos aqueles que desejassem buscar o entendimento  de si mesmos, do seu sofrimento, independente de sua posição sócio econômica.

O lugar da clínica é definido a partir de sua relação com o outro e não a partir de regras prévia e rigidamente estabelecidas. A legislação, o código de ética serve como um relevante norteador para as atividades profissionais, pois trata-se de direitos, deveres e responsabilidades pertencendo à ordem da objetividade. Já a Psicanálise trata-se da subjetividade, do particular. O que pauta  a atuação do psicanalista é a sua ética, entendendo-a como uma ação, uma atitude, uma forma de encontrar-se com o mundo. Não existe "a forma" , existem múltiplas maneiras de encontro.

A ética não é ensinada, cada um a descobre em sua própria pessoa. Ser ético não implica cumprir o que manda a lei, mas refletir criticamente sobre as normas morais vigentes, sejam elas sustentadas por hábitos, normas ou leis regulamentadas pelo Estado ou Órgão regulador da categoria profissional.

O homem é um ser ético por excelência surgido a partir do próprio desejo do Outro (a mãe, o pai, as instituições, etc), desejo este que não deixará de determinar sua própria demanda.

Chauí diz que "a ética é a reflexão crítica da moral, ou seja, pensar naquilo que se faz, repensar costumes, normas e regras vigentes na sociedade". 



Maria Aparecida Nascimento

Psicanalista e Especialista em adolescência






Pois é! Eu e você já passamos pela adolescência. É um momento muito especial nas nossas vidas, um período de descobertas. Nem sempre podemos contar com a ajuda de nossos pais que, não por incompetência, mas porque também não dispunham de recursos ou de tempo, e, tivemos que fazer nossas descobertas com outras pessoas, com nossos professores e com alguns amigos. Há uns tempos atrás falar de certas coisas com os filhos, como por exemplo falar sobre sexualidade não era tarefa fácil. Mas hoje vemos claramente que se a criança e o jovem não aprende o correto em casa vai aprender o incorreto na rua.  Mas, hoje em meio a tantas influências, com tantas informações como a internet e a TV, como será que nossos jovens estão buscando suas informações? Será que é de maneira certa ou errada? Se buscam na escola com os professores podemos dizer que são corretas, mas se buscam pela mídia, aprendem muitas coisas erradas.


Ouço sempre o velho ditado "os pais são os últimos a saber"... sim é verdade! e sabe por que isso acontece? Porque falta tempo e dedicação dos pais para com os seus filhos. Muitas vezes a falta de respostas acaba por descobertas não muito agradáveis. A moda o estilo de vida do jovem é diferente, ele precisa mostrar que está presente, precisa mostrar que é útil para alguma coisa e quando não consegue, vai buscar alternativas para chamar a atenção de todos que lhe rodeiam ou da família. E quando percebe que não está alcançando suas metas, frustrado tenta se esquivar de seu "mundinho" que embora grande em expectativas é pequeno demais para descobrir que há outras possibilidades. Diante desta frustração e de outros problemas que, sozinho o jovem não é capaz de resolver é que ele entra em revolta, com uso excessivo de álcool, o sexo precoce e as drogas. As drogas e a gravidez precoce chega na vida dos jovens cada vez mais cedo, quando ainda são crianças e muitas vezes por influências de pessoas que ocupam lugares que os pais deveriam ocupar.


Por isso os pais devem se fazer cada vez mais presentes na vida de seus filhos. Muitas vezes um pouco de carinho de atenção se faz necessário. O jeito "aborrecente" do jovem é um sintoma de que ele não está sendo ouvido, ou seja, não está tendo a atenção necessária que deveria. Os pais jogam sobre a escola, sobre a Igreja, sobre os empregados da casa a tarefa de "cuidar", "tutelar"  ou de aconselhar os filhos e isso é muito ruim. Não que tais pessoas não tenham competência para cuidá-los, para orientá-los, mas porque o carinho, a atenção e o diálogo não existem em casa.

Se os pais não possuem capacidade para ajudar, e se o problema fugir da situação normal, aí entra o trabalho do psicanalista que é o profissional adequado para ajudar a entender e melhorar o problema. O que não se pode é omitir. Uma boa ajuda psicológica dos pais faz parte  da educação dos filhos, uma mente, uma consciência bem formada, faz do sujeito um adulto responsável e pronto para enfrentar as diversas situações da vida.Muitas vezes quando não se acha respostas é necessário ajuda de um  profissional da área de psicanálise.   


Existem pais que nem sabe como anda a saúde mental e espiritual dos filhos. Pagam os melhores colégios, dão os melhores brinquedos, as melhores roupas, o celular da ano, o computador mais sofisticado. Mas não dão amor, nem sabem qual é o seu boletim da escola e quando percebem seus filhos estão acarretados de problemas, físicos e emocionais, e aí, só lhes restam buscar ajuda em companhias que muitas vezes as levam para o caminho sem volta das drogas. Quando os pais se dão conta disso? Quando chão chamados na delegacia por que o seu filho já se tornou um menor ou um jovem infrator.


O jovem precisa de atenção, de carinho e de cuidados. Talvez ele pela sua "rebeldia" nem se dê conta do que se passa ao seu redor e consigo mesmo. Mas os pais precisam se interessar por essa fase da vida, que é o melhor momento e oportunidade do jovem se tornar um adulto, seguro em suas ações, sadio e responsável naquilo que faz. 

O que os pais devem saber é: a curiosidade faz parte do ser humano desde quando nasce até quando morre. É através da curiosidade, da busca de informações que grandes descobertas e invenções são feitas. Ela não é de maneira nenhuma prejudicial ao ser humano, pelo contrário o ajuda a entender os diversos mundos tanto na religião, quanto na ciência, ela abre as portas do conhecimento.

O jovem, sobretudo entre as crianças e os adolescentes há uma profunda necessidade de se entender as coisas, de procurar respostas para seus anseios. É nessa hora que aflora o desejo de experimentar coisas novas e buscar chamar atenção pelo aquilo que ainda não está ao seu alcance. E isto tanto pode ser bom, quanto pode ser ruim, pois é nessa etapa da vida que surgem boas e más oportunidades. Por exemplo, as drogas, as experiências sexuais e o vício do álcool. Aí os pais devem estar atentos ao primeiro sinal de comportamentos que venham a mostrar que algo não vai bem: falta as aulas, sonolência demais durante o dia, saídas inexplicáveis e demoradas, comportamento violento com os familiares, fuga das conversas, temperamento eufórico ou exaustivo, conversas desconexas, o não olhar nos olhos, etc. São sintomas de que algo não está bem. 

O jovens precisam aparecerem, eles fazem de tudo para mostrarem que estão presente na sociedade e na família, e que desejam de atenção e é por isso que os pais devem sempre dar atenção aos filhos, mesmo que algo não seja tão importante. Pois a atenção que eles não recebem em casa, vão ter de certas amizades, e cujas podem nem sempre ser boas. É aí que começa, experimentar uma dose aqui, um cigarro ali, logo se vê viciado em entorpecentes e aí será muito difícil para recuperá-los. Por isso a atenção dentro da família é muito importante.

Muitas vezes a maior dificuldade em um diálogo com os filhos começa porque o jovem (que não está preparado para ser questionado)não aceita perguntas, não aceita ser questionado em seu comportamento, (quer ser o dono da verdade), mas ainda não tem conhecimento desta verdade, que pode ser muitas ou nenhuma, ele não quer ser questionado porque pode se sentir constrangido, envergonhado, ou até subjugado em suas atitudes. É aí que os pais devem agir, não impondo questionamentos, mas mostrando a ele qual o melhor caminho a seguir, é preciso mostrar a verdade sem questioná-la e fazê-lo aprender com esta ou aquela situação. E para isso é preciso entrar no mundo do jovem. Falar a sua língua, ao invés de criticá-lo, deixar expor suas idéias. 

A maior dificuldade dos pais é muitas vezes se preocupar em exercer o poder pátrio, dar comida, alojamento, presentes, ou ainda xingar, por de castigo, usar muitas vezes (de forma errada) o jeito violento, mas se esquecem de ser amigos de seus filhos, de compreender, de amar e dar carinho, de respeitar seus sentimentos. Com isso o jovem se sente frustrado e angustiado, quer mostrar e provar para si mesmo que é útil, quer chamar atenção, muitas vezes não conseguindo expor suas idéias e seus sentimentos, começam a fugir da  verdadeira realidade para buscar outras em caminhos nem sempre seguros.   

       


          


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