Recentemente recebi um jornalzinho destes que as testemunhas de Jeová distribuem de porta em porta. E como gosto de ler as coisas para me manter informado do que se passa com essas seitas. Deparei-me com um texto que me chamou atenção por tamanha heresia.
É notório a gente perceber que todos os jornaizinhos e revistas deles começam com uma pergunta e essa não foi diferente.
O que a Bíblia diz sobre a morte? Uma boa pergunta se não viesse acompanhada de um ensinamento falso cheio de contradições e heresias.
Como o texto é longo vou deixar abaixo a foto do jornalzinho. E vamos ver que o que eles ensinam é uma heresia sem tamanho, sem pé nem cabeça e que a própria Bíblia desmente tudo isto:
O que a Bíblia diz sobre a morte? Uma boa pergunta se não viesse acompanhada de um ensinamento falso cheio de contradições e heresias.
Como o texto é longo vou deixar abaixo a foto do jornalzinho. E vamos ver que o que eles ensinam é uma heresia sem tamanho, sem pé nem cabeça e que a própria Bíblia desmente tudo isto:
Segundo eles, a alma não é imortal porque Adão pecou e morreu. Mas, o texto fala da morte física e não de uma morte espiritual. Vamos entender o texto e perceber claramente as testemunhas de Jeová entram em contradições diversas.
Pois bem, vejam a heresia explícita por si mesmos; como eles entram contradição com a própria Sagrada Escritura. Segundo eles a crença na imortalidade da alma é nula porque essa doutrina foi implantada no meio dos judeus pois, através dos Egípcios e depois pelos filósofos gregos e essa doutrina da imortalidade da alma atingiu também os cristãos.
Mentira, é certo que muitos povos acreditavam ma imortalidade da alma segundo suas crenças religiosas, mas os judeus sendo o povo eleito e tendo todo conhecimento da verdade acreditavam na imortalidade da alma porque Deus é imortal.
Além do mais os livros da Bíblia foram escritos em várias épocas diferentes. Se fosse assim os livros iam se contradizer e nós sabemos que os escritos sagrados não falam que a alma é mortal, pelo contrário todos eles dão testemunho da imortalidade da alma.
É certo que alguns filósofos gregos acreditavam na imortalidade da alma, mas, não há nenhum registro que prove que os judeus ou cristãos sofreram influências deles. E se foram influenciados não estavam errados, pois, qualquer religião crê na existência da vida após a morte. Mesmo não sendo cristãs. O próprio Senhor Jesus várias vezes ensinou que somos criados para a vida eterna. Ele mesmo provou com sua morte e ressurreição a imortalidade da alma humana, sendo ele mesmo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, tendo se encarnado feito homem parecido conosco em tudo, com exceção do pecado. Assim ensina a Igreja e as Escrituras.
⇰O Senhor Jesus não sofreu nenhuma influência de outras crenças para afirmar isso, ele disse e provou como Deus que somos criados para a eternidade. Encontramos várias passagens nos Evangelhos onde Jesus fala categoricamente da imortalidade da alma.
Ah! engraçado que para tentar convencer as pessoas às suas "verdades", e não às verdades bíblicas gostam dizer ou escrever - "e conheceis a verdade e a verdade vos libertará" - mas qual é essa verdade? a mentira deles que julgam ser a verdade ou a verdade de Cristo? Jesus disse a Pilatos: "Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz" - Jo18, 37-38 - Pilatos respondeu: "O que é a verdade"? - mas Jesus não respondeu. A verdade estava diante de seus olhos mas, ele não aceitava Jesus. Assim as Testemunhas de Jeová fazem conhecem a verdade, mas não aceitam, Jesus Caminho verdade e vida para a Salvação das almas. Então, para eles sim a alma é mortal. Para nós cristãos, que aceitamos Jesus como único Senhor e Salvador é diferente, nós cremos na eternidade. Cremos nas promessas de Jesus que morreu e ressuscitou, subiu ao céu para nos preparar um lugar. Cremos na vida eterna porque o Senhor da vida, Jesus Cristo, o alfa e o ômega, princípio e fim esteve morto e agora vive para todo sempre. Ele tem a chave da região dos mortos. Ap1, 8.18
Fica difícil para eles entenderem, as testemunhas de Jeová não aceitam Jesus como Salvador, como o Filho de Deus, o aceitam apenas como mais um profeta ou rabino.
No texto escrito por eles, há uma sinopse da morte (física) de Adão. Mas veja a contradição escrita no 3º parágrafo: "Na verdade, Deus não criou o homem para morrer, mas para viver para sempre". Ora, se Deus que não criou o homem para morrer mas para viver para sempre, como eles podem falar que a alma é mortal? Deus é eterno, portanto Deus não morre. A alma também não pois, Deus colocou nela a essência da imortalidade. E o que traz de volta essa essência é Jesus trouxe para nós pelo Espírito Santo no Batismo.
A pergunta é: Deus criaria no homem e daria a ele uma alma mortal? Se for assim Jesus morreu em vão.
O próprio Senhor Jesus na Bíblia nos diz que haverá uma Ressurreição definitiva e que acontecerá no juízo final. Para isso acontecer todas as pessoas que faleceram viverão novamente, certo? Se a alma fosse mortal como esses corpos iam ressuscitar?
Jesus nos diz que nossa vida está impregnada na sua vida: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá". Jo11, 25.
Se lermos um versículo atrás vamos ler Marta dizendo que ela sabe que Lázaro seu irmão iria ressuscitar no último dia. Ora, se fosse do jeito que lemos no texto acima, que a alma é mortal, Jesus iria dizer a Marta que isso seria impossível, pois, se fosse do jeito que os testemunhas de Jeová pensam, morreu acabou. Não, existe a alma e ela é imortal.
Quer outro exemplo:
Nosso Senhor disse em Mc8, 35-37
"Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo Evangelho salva-la-á! Portanto, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou ainda, o que uma pessoa poderia dar em troca de sua alma?" …
Aqui Jesus está dizendo que o homem deve cuidar de sua alma para que ela não pereça e vá para o inferno, esse é o sentido de "perder a alma" ou "morte da alma". Mas, a alma é imortal. A morte tem poder sobre o corpo mas, não tem poder sobre a alma. A "morte da alma" como alguns teólogos ensinam é para explicar o estado espiritual da alma que morrendo em pecado mortal está destinada ao suplício eterno. A morte é um estado, uma passagem. Quando morremos o corpo se destruirá, a alma deixa o corpo e volta para Deus. Se a eternidade é o próprio Deus e a alma vai para a eternidade, então ela só pode ser imortal.
Parece que na Bíblia das Testemunhas de Jeová está faltando essa passagem do Evangelho de Mateus 10, 28 onde Jesus disse:
"Não temais aqueles que matam o corpo mas não podem matar a alma"...
Jesus diz claramente que a nossa alma é imortal. O corpo sim, é mortal. O que morre é o corpo não a alma.
Vou mais além: em Mt25, 31-32:45 - Jesus fala sobre o Juízo final. Uma pergunta aos Testemunhjas de Jeová:
Jesus morreu para quê? Jesus morreu para nos salvar; essa salvação tem a princípio salvar a nossa alma, depois, no final na Ressurreição definitiva salvará não só a alma, mas, o corpo também será salvo de toda corrupção.
Haverá uma separação: os bons serão separados dos maus. Os eleitos irão para a vida eterna e os maus para o castigo eterno. Então a alma não pode ser mortal. Se fosse para quê Jesus haveria de julgar as almas? Que sentido faria Deus castigar uma alma que morreu?
Ela só pode ser imortal. Vejam meus irmãos o perigo dessas seitas. O texto acima, muito bonitinho parece convencer-nos que é verdade, mas não passa de um dos muitos falsos ensinamentos.
Mt22, 32: "Eu sou o Deus de Abraão, Isaac e Jacó (Ex3, 6)?, Ora, ele não é Deus dos mortos mas Deus dos vivos".
Veja meus irmãos: Deus é o Deus dos vivos. Se ele é o Deus dos vivos é porque nós temos uma alma imortal. Até mesmo para sofrer o castigo eterno que Jesus disse estar preparado para os maus precisa que a alma seja imortal. Na ressurreição vão ressuscitar todos, os bons e os maus. Cada um com suas almas. Porém, os salvos vão para o céu e os maus para o inferno.
Então nada se firma nesse falso ensinamento deles. É uma heresia sem tamanho.
Somos filhos de Deus, nascidos da vontade de Deus e portanto dotados de uma alma imortal. (Jo1,12-13).
Em nenhum momento Jesus disse que a alma é mortal, porque senão que sentido faria ele ter morrido na Cruz para nos salvar? para que Jesus precisava vir a este mundo e morrer na Cruz? por uma alma mortal? Impossível. Prova que é mais um ensinamento falso. Tão falso quanto o nome Jeová que eles usam para se referir a Deus, uma tradução errônea do nome de Deus. Pois o nome certo de Deus é Javé (no hebraico se escreve YHVH) e não Jeová.
Então, o título do texto deste jornalzinho de meia tigela, poderíamos corrigir para: "Você não vai encontrar nenhum texto da bíblia que fala que a alma é mortal". Não há nada na Sagrada Escritura, nos textos originais do hebraico e do grego que sustente esse falso ensinamento.
As Testemunhas de Jeová é uma seita que tem raízes no judaísmo, se assim podemos dizer; já que eles não acreditam que a alma é imortal e os judeus acreditam firmemente na imortalidade da alma e não é por influência de filósofos e de outras religiões como eles querem dizer. É porque eles crêem nas promessas de Deus para seu povo.
É porque eles crêem em Deus; e Deus é imortal. No Antigo Testamento os judeus tiveram a prova viva da imortalidade, quando o Deus único e verdadeiro se revelou a eles. E nós cristãos também tendo a revelação, a palavra de Deus que é Jesus, e cujo, nos provou com sua própria ressurreição a imortalidade da alma. Pelo batismo somos impregnados pela imortalidade.
Eles não entendem a parte de Gênesis que fala que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Portanto, é porque homem é a imagem e semelhança de Deus, que ele faz de tudo para nos dar a vida eterna. Vida eterna na Bíblia significa imortalidade da alma. Mas isso eles não sabem, ou estão cegos.
No 4º parágrafo mais uma mentira. Aí no texto escrito por eles vem o engodo. Que segundo eles, acreditar que viver após a morte seria contradizer Deus porque então ele teria mentido para Adão quando disse que ele ia morrer porque desobedeceu a Deus. E cita Hb6, 18. Veja a mentira deles. Outra heresia. Porque Deus quando disse que Adão morreria em consequência da sua desobediência ele estava dizendo que Adão (que não precisava da morte física) agora teria que morrer fisicamente e com ele toda sua descendência. Deus não está falando que a alma de Adão vai morrer, porque a alma é imortal. É imortal não por causa de Adão, mas porque o próprio Deus é imortal. Jesus vai dizer que nós estamos no mundo, mas, não somos do mundo.
Hb6, 18 - O texto não fala sobre mortalidade da alma, mas deixa claro a imortalidade da Alma. O texto recomenda-nos que tenhamos confiança nas promessas do Senhor como Abraão teve outrora. Pois Deus abençoará todos aqueles que confiarem nas suas promessas como fez com Abraão. E porque cremos e confiamos em Deus não temos o direito de duvidar pois Deus não desdiz em suas promessas. E o verso 19, vai desmentir de vez essa heresia. Assim está escrito:
V.19: "Esperança esta que seguramos qual âncora de nossa alma, firme e sólida, em que penetra além do véu (quer dizer além desta vida) Jesus no santuário entrou por nós como precursor, Pontífice Eterno, segundo a ordem de Melquisedec".
Veja o v. 19. está desmentindo as testemunhas de Jeová. Jesus é nosso nosso precursor na vida eterna a todos aqueles que forrem perseverantes na fé, aos herdeiros da promessa, como Sumo Sacerdote que é Jesus por seu poder introduz a todos os eleitos no seu santuário, isto é o Céu. E o texto vai além diz que por causa das promessas de Deus encontramos profunda consolação e na esperança do cumprimento dessas promessas. Esperança esta que segura, sustenta nossa alma, firme e sólida até além do véu. Quer dizer até além da eternidade. É o que professamos na Profissão de Fé ou Credo: Cremos na ressurreição e na vida eterna. Existe uma música que expressa nossa crença cristã na vida eterna que diz assim.
"A vida para quem acredita, não é passageira ilusão. E a morte se torna bendita porque é nossa libertação".
"Nós cremos na vida eterna e na feliz ressurreição. Quando de volta à casa paterna com o Pai o filhos se encontrão".
Ap21, 1-4 "Então vi um novo céu e uma nova terra, pois, o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, junto de Deus a Cidade Santa, a *nova Jerusalém **como uma esposa ornada para seu esposo. Ao mesmo tempo, ouvi no trono uma voz que dizia: "Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Então enxugará toda a lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição".
(*Nova Jerusalém, é como João descreve a Igreja. A Igreja é chamada esposa de Cristo. Por isso João escreve: **"como uma esposa ornada para seu esposo" se referindo ao triunfo da Igreja de Cristo.)
É bom lembrar que as testemunhas de Jeová costumam ler esses versículos em nossas portas, dizendo que no fim dos tempos Deus restaurará a terra e vamos viver nela novamente. Mentira! Jesus é claro ao dizer que haverá um juízo final e que os eleitos viverão para sempre no Céu. Serão levados para o Céu. Interessante que tanto a Igreja Católica, quanto as Igrejas protestantes e evangélicas são unânimes a afirmar a mesma crença porque é o que diz a Bíblia. Somente as testemunhas de Jeová acreditam diferente. Ap21, 1 fala em uma linguagem figurada. Para dizer que Deus restaurará toda humanidade e que os eleitos viverão para sempre com Deus. É uma promessa do Céu para os justos.
Hb6, 19 - o autor combate a falsa doutrina de que a alma é mortal. Se a alma fosse mortal para que iríamos ter que aguardar o cumprimento das promessas de Deus?
Meus irmãos como é que os testemunhas de Jeová tem a cara de pau de pregar uma heresia dessas?
E ainda tem a coragem de afirmar que não vamos encontrar na Bíblia nenhum texto que fale que a alma é imortal. Só se for na Bíblia deles, que aliás é toda adulterada para pregar essas heresias; porque na minha, e, creio eu nas de muitos de vocês, ela fala claramente na imortalidade da Alma.
Abaixo para justificar esse falso ensinamento eles dizem que esse ensinamento da imortalidade da alma é influência dos egípcios, dos babilônios e dos filósofos gregos, como Platão e outros. Mentira! Na Igreja primitiva algumas heresias desses ditos filósofos foram duramente combatidas pelos Pais da Igreja.
⇰Para não ficar só nos meus comentários vou deixar abaixo os escritos dos santos padres e também sobre a alma e a imortalidade dela. Também dividirei este artigo em dois blocos , sendo que, no próximo, continuando o assunto deste trarei o que ensina a Igreja sobre a existência e a imortalidade da alma através do CIC - Catecismo da Igreja Católica. Você também pode acessar o CIC pelo endereço: http://www.catequisar.com.br/dw/catecismo.pdf .
A Igreja assim como uma mãe se preocupa com seus filhos. Não é a primeira vez que surgem heresias como essa que as testemunhas de Jeová estão ensinando. Nos primeiros séculos do cristianismo muitas heresias tiveram que ser combatidas. Os santos padres reuniram-se para discutir e combater as heresias e uma delas é justamente a existência da alma (que ela é imortal). Igreja precisava definir um assunto de fé estabeleceu os Concílios. O papa e os bispos não decidiam as coisas por si mesmos, mas, em conjunto. Isso acontece até hoje. O que é decidido em um Concílio vale para todas a Igrejas Apostólicas.)
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Se fosse assim, como ensina as testemunhas de Jeová, eles teriam que rasgar todas as Escrituras, porque a toda a Bíblia fala da imortalidade da alma. Desde o AT até o NT. Somente na Bíblia deles diz o contrário. Aliás a Bíblia das testemunhas de Jeová é toda adulterada, mais ainda que as edições protestantes justamente para difundir os falsos ensinamentos deles.
E como eles citam: 1Tm4, 1 e Jo8, 32, esse texto aplica-se a eles mesmos, porque negando a imortalidade da alma eles negam o próprio Deus que sendo eterno nos deu uma alma imortal. Negam também a própria verdade que é Jesus, Caminho, verdade e Vida.
A Verdade é Jesus; por Jesus somos herdeiros do Céu. Somos herdeiros não porque merecemos mas, porque Deus nos amou primeiro lugar e porque Jesus se entregou por nós. É pela Graça que somos salvos. Com isso, eles dão um tiro no pé, porque em Jo1, 12-13 diz:
"Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem em seu nome , deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus".
Em Jo3, 16 diz: "De tal maneira Deus amou o mundo que lhe deu seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".
Onde cabe então o ensinamento da mortalidade da alma como querem afirmar as testemunhas de Jeová? Pois, se eles dizem que a alma é mortal, São João está afirmando o contrário. Está escrito que Deus através de Jesus nos dá a vida eterna, isto é, a imortalidade.
Jo14, 1: "Não perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa do meu Pai há muitas moradas. Não fosse assim não vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir preparar-vos um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que onde estou também vós estejais".
Ap6, 9: "Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra e do testemunho que eram depositários. E clamavam em alta voz dizendo: Até quando Senhor, o santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?"
Mt17, 1-9: No episódio da transfiguração estava ao lado de Jesus Moisés e Elias. Se é como as testemunhas de Jeová dizem, como Jesus aparece junto de dois profetas do A.T. que já tinham morrido muito tempo antes de Jesus?
Ai está meus irmãos. Quem diz que a alma é mortal contradiz toda a Sagrada Escritura, do Gênesis ao Apocalipse. São espíritos embusteiros, falsos profetas. Não creiam nesses testemunhas de Jeová porque nada que eles pregam é a verdade.
Veja o que diz São Paulo ao Coríntios: 1Cr15, 16-22
"Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é inútil e ainda estais em pecado. Também estão perdidos os que morreram em Cristo. Se é só para esta vida que temos colocado nossa esperança em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima.
Mas não! Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram! Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como Adão e todos que morreram, assim em Cristo todos reviverão..."
São Paulo deixa bem claro que Cristo ressuscitou para que possamos ressuscitar com ele um dia. Até lá a nossa alma estará aguardando esse dia na eternidade até o dia em que ela vai se juntar ao corpo novamente. Esse dia será o último dia em que Deus arrebatará sua Igreja.
O QUE A IGREJA ENSINA SOBRE A IMORTALIDADE DA ALMA?
DOUTRINA DOS SANTOS PADRES DA IGREJA
SOBRE A IMORTALIDADE DA ALMA
OS PADRES DA IGREJA
Nossa principal fonte de dados sobre a
compreensão da doutrina da imortalidade humana na Igreja Primitiva serão os
escritos dos Padres Apostólicos, Padres apologistas e Padres pré-Nicéia e pós
Nicéia que falam diretamente sobre o inferno eterno e imortalidade da lama.
1) Os Padres Apostólicos são aqueles
escritores que viveram junto com os Apóstolos, e que, portanto, pode-se supor
que tinham conhecimento dos ensinamentos direto dos Apóstolos.
2) Os Padres apologistas são aqueles
escritores que viveram logos após os Padres Apostólicos, e que, portanto,
pode-se supor que tinham conhecimento tanto dos padres apostólicos quanto dos
apóstolos e defenderam a Igreja com obras de confronto doutrinário.
3) Os Padres ante nicenos são todos os
outros escritores cristãos cujo trabalho foi concluído antes do Concílio de
Nicéia, que ocorreu em 325 d.C.
4) Padres Pós-Nicenos. Aqueles
escritores cujo o trabalho se deu após o concílio de Nicéia.
PAIS APOSTÓLICOS:
Inácio de Antioquia
Policarpo de Esmirna
Mathetes
PADRES APOLOGISTAS:
Justino Mártir
Orígenes
Concílio de Bostra
Taciano
Teófilo de Antioquia
Atenágoras
Atenas
Irineu de Lião
PADRES NICÉIA:
Clemente
Alexandria
Tertuliano
Hipólito de Roma
Cipriano de Cartago
Gregório Taumaturgo
Eusébio de Cesaréia
Constituições Apostólicas.
PADRES NICENOS PÓS NICENOS:
Atanásio
Alexandria
Arnobio de Sicca
Afraates
Metódio
Cirilo de Jerusalém
S. Gregório de Nissa
Teodoreto de Ciro
S. João Crisóstomo
S. Jerônimo
Sto. Ambrósio
Santo Agostinho
S. João Damasceno
*Em verde estão os escritores que não
são pais da Igreja, mas são escritores contemporâneos dos padres.
PADRES APOSTÓLICOS
INÁCIO DE ANTIOQUIA (110 d.C)
Bispo de Antioquia, martirizado em Roma
(devorado por leões) nos tempos do imperador Trajano (98-117). Dele são
conservadas 7 cartas que escreveu a caminho do martírio, por volta do ano 107.
Ao escrever para aos Efésios testemunha como aqueles que morreram na impureza
irão ao fogo eterno:
“Não vos iludais, meus irmãos, os
corruptores da família não herdarão o Reino de Deus. Pois, se pereceram os que
praticavam tais coisas segundo a carne, quanto mais os que perverterem a fé em
Deus, ensinando doutrina má, fé pela qual Jesus Cristo foi crucificado? Um
tal, tornando-se impuro, marchará para o fogo inextinguível, como também
marchará aquele que o escuta. Por isso, recebeu o Senhor unção sobre a
cabeça para exalar em favor da Igreja o perfume da incorrupção. Não vos deixeis
ungir pelo mau odor da doutrina do príncipe deste mundo, de forma que vos leve
cativos para longe da vida que vos espera. Por que não nos tornamos prudentes,
aceitando o conhecimento de Deus, isto é, Jesus Cristo? Por que morrermos
tolamente, desconhecendo o dom que o Senhor nos enviou de verdade?” (Inácio de Antioquia, Carta aos efésios, 16-17)
Também Santo Inácio refuta a teoria dos
mortalista de que "dormimos" quando morremos, mas diz que
mesmo depois de morte ainda ajudaria os cristãos:
“Meu espírito por vós se empenha, não
apenas agora, também quando com Deus me encontrar.”. (Aos Tralianos, XIII)
POLICARPO DE ESMIRNA
Bispo de Esmirna, instituído pelo
Apóstolo São João, de quem foi discípulo. Nasceu por volta do ano 75 e foi
martirizado. É considerado também um dos Padres Apostólicos.
Dois testemunhos são trazidos de uma
carta da Igreja de Esmirna a comunidade de Filomenio de onde se narra o martírio
de São Policarpo de Esmirna, discípulo direto do apóstolo São João e bispo de
Esmirna.
“Quem não admiraria a generosidade deles, a
perseverança e o amor ao Senhor? Dilacerados pelos flagelos a ponto de ser ver
a constituição do corpo até as veias e artérias, permaneciam firmes, enquanto
os presentes choravam de compaixão. A sua coragem chegou a tal ponto que nenhum
deles disse uma palavra ou emitiu um gemido. Eles mostravam em seus corpos, mas
que o Senhor, aí presente, conservava com eles. Atentos à graça de Cristo, eles
desprezavam as torturas deste mundo e adquiriram, em uma hora, a vida eterna.
O fogo dos torturadores desumanos era frio para eles. De fato, tinham diante
dos olhos escapar do (fogo) eterno, que jamais se extingue; com
os olhos do coração olhavam os bens reservados à perseverança, bens que o
ouvido não ouviu, nem o olho viu, nem o coração do homem sonhou, mostrados pelo
Senhor àqueles que não que não eram mais homens, mas que já eram anjos.” (Martirio de Policarpo, II, 3-4)
“O procônsul insistiu: "Já que desprezas as
feras, eu te farei queimar no fogo, se não mudares de ideia."Policarpo
respondeu-lhe: "Tu me ameaças com um fogo que queima por um
momento, e pouco depois se apaga, porque ignoras o fogo do julgamento futuro
e do suplício eterno, reservado para os ímpios.Mas por que tardar? Vai e
faze o queres.’” (Martírio de Policarpo XI)
"Por sua perseverança, ele triunfou
sobre o iníquo magistrado, e assim foi cingido com a coroa da
imortalidade (immortalitatis coronam¹). Juntamente
com os apóstolos e todos os justos, na alegria, ele glorifica a Deus, Pai
todo-poderoso, e bendiz nosso Senhor Jesus Cristo, o salvador de nossas
almas, guia de nossos corpos, e pastor da Igreja católica no mundo
inteiro". (Martírio de Policarpo, XIX)
São Policarpo em sua Epístola aos
Filipenses também menciona que os cristãos mortos estão na presença de Deus e
não "dormindo" esperando acordar para serem julgados, segundo o
pensamento dos aniquilacionistas:
"Eu os exorto, portanto, a obedecerem
atenciosamente à palavra da justiça, e a exercitarem a paciência, assim como
vocês têm visto diante de seus olhos, não somente no caso dos abençoados Inácio,
Zózimo e Rufo, mas também no caso dos outros que estão entre vocês, no
próprio Paulo, e no restante dos apóstolos. [Façam isso] na certeza de que
todos estes não caminharam em vão, mas na fé a na justiça, e na certeza de
que eles estão [agora] no lugar que lhes corresponde na presença do
Senhor, com quem eles também sofreram. Eles não amaram o século presente,
mas Aquele que morreu por nós e que, por nossa causa, foi ressuscitado por Deus
da morte." (Epístola aos Filipenses - IX)
MATHETES (Discurso a Diogneto)
A Epístola de Mathetes a Diogneto é um
texto apologético cristão, escrito defendendo o cristianismo de seus
acusadores. O escritor e receptor grego não são conhecidos; estimativas de
datação com base no idioma e outras evidências textuais variaram de 130 d.C (o
que tornaria um dos primeiros exemplos de literatura apologética), ao final do
século segundo, com este último muitas vezes preferido na erudição moderna.
“Mathetes” não é um nome próprio; significa simplesmente “um discípulo”.
Este documento primitivo, atesta não
somente a imortalidade da Alma, mas também o inferno eterno aos maus:
“A alma está contida no corpo, mas é ela que
sustenta o corpo; também os cristãos estão no mundo como numa prisão, mas são
eles que sustentam o mundo. A alma imortal habita em um tabernáculo mortal.” (Carta a
Diogneto)
“Então, ainda estando na terra,
contemplarás porque Deus reina nos céus. Aí começarás a falar dos mistérios de
Deus, amarás e admirarás aqueles que são castigados por não querer negar a
Deus.Condenarás o engano e o erro do mundo, quando realmente conheceres a
vida no céu, quando desprezares esta vida que aqui parece morte e temeres a
morte verdadeira, reservada àqueles que estão condenados ao fogo eterno, que
atormentará até o fim aqueles que lhe forem entregues. Se conheceres
esse fogo, ficarás admirado, e chamarás de felizes aqueles que, pela justiça,
suportaram o fogo passageiro.” (Carta a Diogneto, 10, 7-8)
PADRES APOLOGISTAS
JUSTINO MÁRTIR (160 D.C)
Mártir da fé cristã, viveu até o ano
165, quando foi decapitado, é considerado o maior apologista do século II.
São Justino ensina tão categoricamente
em suas obras que o destino dos maus é o castigo eterno, que dispensa qualquer
comentário:
O Inferno eterno
“E disse mais: “Não temais aqueles que vos matam e
depois disso nada mais podem fazer; temei antes aquele que, depois da morte,
pode lançar alma e corpo no inferno”. Deve-se saber que o inferno é o
lugar onde serão castigados os que tiverem vivido iniquamente e não acreditaram
que acontecerão essas coisas ensinadas por Deus, através de Cristo.” (I Apologia 19, 7)
“Quanto a alcançar a imortalidade, nos foi ensinado
que só a alcançam aqueles que vivem santa e virtuosamente perto de Deus, assim
como cremos que serão castigados com fogo eterno aqueles que viveram
injustamente e não se converteram.” (I Apologia 21, 6)
“Porque entre nós, o príncipe dos demônios do
mal chamado Satanás, diabo, serpente ou caluniador, como você pode saber, se
você descobrir, por nossas escrituras, e que ele e todo o seu
exército junto com os homens que o seguem serão enviados para o fogo para serem
punido por toda a eternidade sem fim, que é o que de antemão foi
anunciado por Cristo” (I Apologia 28)
“E se também vós ledes como inimigos estas nossas
palavras, além de matar-nos, como já dissemos antes, nada podeis fazer. A nós,
isso nenhum dano causará; a vós, porém, e a todos os que injustamente
nos odeiam e não se convertem, trazer-vos-á castigo de fogo eterno.” (I Apologia 45, 6)
“Assim é que os profetas anunciaram duas vindas de
Cristo: uma, já cumprida, como homem desonrado e passível; a segunda, quando
virá dos céus acompanhado de seu exército de anjos, quando ressuscitará também
os corpos de todos os homens que existiram; revestirá de
incorruptibilidade os que forem dignos, e enviará os iníquos, com percepção
eterna, ao fogo eterno, junto com os perversos demônios.Vamos mostrar como
foi profetizado que isso deverá acontecer.” (I Apologia, 52)
“O fato é que em todas as partes há gente disposta a
nos levar à morte. Exceto os que estão persuadidos de que os iníquos e
intemperantes serão castigados com o fogo eterno e que os virtuosos e
que viveram de modo semelhante a Cristo, viverão impassíveis com Deus...” (II Apologia 1, 2)
“Todavia, logo que conheceu os ensinamentos de
Cristo, não só se tornou casta, como procurava também persuadir seu marido à
castidade, referindo-lhe os mesmos ensinamentos e anunciando-lhe o
castigo do fogo eterno, preparado para os que não vivem castamente e conforme a
reta razão.” (II Apologia 2, 2)
“No princípio, Deus criou livres tanto os anjos como
o gênero humano e, por isso, receberam com justiça o castigo de seus
pecados no fogo eterno.” (II Apologia 6, 4)
“Eles receberam merecido tormento e castigo, aprisionados
no fogo eterno. Se eles agora são vencidos pelos homens em nome de
Jesus Cristo, isso é aviso do futuro castigo no fogo eterno que os espera,
juntamente com aqueles que os servem. Todos os profetas anunciaram
isso de antemão e isso também nos ensinou o nosso mestre Jesus.” (II Apologia 7, 4-5)
“E não se oponham a que costumam dizer os que se têm
por filósofos, que não são mais que apenas ruído e espantalhos o que afirmamos
sobre a punição que os ímpios devem sofrer no fogo eterno” (II Apologia 9)
“...mas Deus poderosamente as tirará de nós,
quando ressuscitar a todos, tornando uns incorruptíveis, imortais, isentos de
dor e colocando-os em seu reino eterno e indestrutível, e enviando
outros para o suplício do fogo eterno.” (Diálogo Com Trifão 117)
A imortalidade da alma
Justino também é categórico ao afirmar
a natureza imortal da alma. Mortalistas tentam usar são Justino como defensor
da mortalidade da alma e ainda dizem que Justino acreditava que a imortalidade
da alma vinha dos pagãos, sendo que o próprio Justino atesta que ambas as
doutrinas eram cridas pelos gregos:
“E Platão sustenta fortemente que toda a alma é
imortal. Mas Aristóteles, nomeando-a “a realidade”, diz que ela teria de ser
mortal, não imortal. E o primeiro diz que ela está sempre em movimento; mas
Aristóteles diz que é imóvel, uma vez que deve preceder todo o movimento.”(Exortatório dirigido aos gregos - 6).
Justino ainda diz que o que os
filósofos falaram sobre a imortalidade da alma se aproveitaram dos profetas, só
que em partes deturparam o pensamento dos profetas:
“Em geral, tudo o que os filósofos e
poetas disseram sobre a imortalidade da alma e da contemplação das coisas
celestes, aproveitaram-se dos profetas, não só para poder entender, mas
também para expressar isso. Daí que parece haver em todos algo como germes de
verdade. Todavia, demonstra-se que não o entenderam exatamente, pelo fato de
que se contradizem uns aos outros.” (Apologia I, 44)
Outras passagens: “Por fim, se há coisas que dizemos de
maneira semelhante aos poetas e filósofos que estimais, e outras de modo
superior e divinamente, e somos os únicos que apresentamos demonstração, por
que se nos odeiam injustamente mais do que a todos os outros? Assim, quando dizemos que tudo foi
ordenado e feito por Deus, parecerá apenas que enunciamos um dogma de Platão;
ao falar sobre conflagração, outro dogma dos estóicos; ao dizer que são
castigadas as almas dos iníquos que, ainda depois da morte, conservarão a
consciência, e que as dos bons, livres de todo castigo, serão felizes, parecerá
que falamos como vossos poetas e filósofos; que não se devem adorar
obras de mãos humanas, não é senão repetir o que disseram Menandro, o poeta
cômico, e outros com ele, que afirmaram que o artífice é maior do que aquele
que o fabrica.” (I Apologia 21, 1)
“Vede o fim que tiveram os imperadores que vos
precederam: todos morreram de morte comum. Se a morte terminasse na
inconsciência, seria uma boa sorte para todos os malvados. Admitindo, porém,
que a consciência permanece em todos os nascidos, não sejais negligentes em
convencer-vos e crer que essas coisas são verdade. De fato, a necromancia,
o exame das entranhas de crianças inocentes, as evocações das almas humanas e
os que são chamados entre os magos de espíritos dos sonhos e espíritos
assistentes, os fenômenos que acontecem sob a ação dos que sabem essas coisas
devem persuadir-vos de que, mesmo depois da morte, as almas conservam a
consciência. Do mesmo modo, poderíamos citar os que são arrebatados e agitados
pelas almas dos mortos, aos quais todos chamam de possessos ou loucos; aqueles
que entre vós são chamados de oráculos de Anfiloco, de Dodona, de Piton e
outros semelhantes; 5as doutrinas de escritores como Empédocles e Pitágoras,
Platão e Sócrates, aquela caverna de Homero, a descida de Ulisses para
averiguar essas coisas, e outros que disseram coisas parecidas. Recebei-nos,
portanto, pelo menos de modo semelhante a esses, pois não cremos menos do que
eles em Deus e sim mais do que eles: esperamos recuperar nossos próprios corpos
depois de mortos e enterrados, porque dizemos que para Deus não há nada
impossível.” (I Apologia 18, 1)
“Ele me perguntou: — Qual é a nossa semelhança com
Deus? Será QUE A ALMA É DIVINA E IMORTAL, uma partícula daquela
soberana inteligência, e como aquela vê a Deus, também é possível para a nossa
compreender a divindade e gozar a felicidade que dela provém?
Eu respondi: — SEM DÚVIDA NENHUMA.
Ele continuou: — E todas as almas dos
seres vivos têm a mesma capacidade? Ou a alma dos homens é diferente da alma de
um cavalo ou de um jumento?
Eu respondi: — Não há nenhuma diferença.
Elas são as mesmas em todos.
Então ele concluiu: — Logo, os cavalos e
os asnos também vêem a Deus ou já o terão visto!
Repliquei: — Não. Nem mesmo muitos
homens o vêem. Para isso, é preciso que se viva com retidão, depois de se
purificar com a justiça e todas as outras virtudes.
Ele continuou: — Então o homem não vê a
Deus por causa de sua semelhança com ele, nem porque tem inteligência, mas
porque é sensato e justo.
Eu respondi: — Exatamente. E porque tem
capacidade para entender a Deus.
Então ele perguntou: — Muito bem. Será
que as cabras e ovelhas cometem injustiça contra alguém?
Eu contestei: — De modo nenhum.
Ele replicou: — Então, segundo o teu
raciocínio, também esses animais verão a Deus.
Eu respondi: — Não. Porque o corpo
deles, segundo a sua natureza, os impede.
Ele me interrompeu: — Se esses animais
recebessem voz, talvez com muito maior razão prorromperiam em injúrias contra o
nosso corpo. Todavia, deixemos esse assunto e aceitemos o que dizes. Dize-me
apenas uma coisa: a alma vê a Deus enquanto está no corpo ou quando está separada
dele?
Eu respondi: — É possível para ela,
mesmo estando na forma humana, chegar a isso por meio da inteligência. Contudo,
desligada do corpo e tornada ela mesma, é aí então que ela alcança tudo aquilo
que almejou durante todo o tempo.” (Diálogo Com Trifão)
Também é um fato que são Justino
admitia que a alma poderia eventualmente morrer no que diz respeito a Deus
querer que ela morra, mas isso não era condição geral que todas as almas iriam
morrer, dependia de Deus escolher ou não. Como diz o próprio Justino em sua
apologia já citada acima, se simplesmente desaparecessem, isso seria um bom
alívio para os maus, que praticariam todo o mal e por fim desapareceriam
Para ele a alma não tinha uma natureza
imortal per si, mas que dependia de Deus, ao contrário dos gregos
que criam que a alma não dependia de Deus para sua imortalidade:
“Outros, supondo que a alma é imortal e incorpórea,
acham que nem mesmo praticando o mal, sofrerão algum castigo, pois o incorpóreo
é impassível e, sendo a alma imortal, não precisam de Deus para nada.” (Diálogo Com Trifão 1)
“Portanto, esses filósofos nada sabem sobre essas
questões, pois não são capazes de dizer
sequer o que é a alma.
— Parece que não sabem.
— Tampouco, se pode dizer que ela seja
imortal, porque, se é imortal, é claro que deva ser incriada.
Eu lhe disse:
— De fato alguns, chamados platônicos, a
consideram incriada e imortal.
Ele perguntou:
— Tu também consideras o mundo incriado?
— Alguns dizem isso, mas eu não tenho a
mesma opinião.
— Fazes muito bem. Com efeito, por qual
motivo um corpo tão sólido, resistente, composto e variável e que a cada dia
morre e nasce, procederia de algum princípio? Todavia, se o mundo é criado,
forçosamente as almas também o serão e haverá um momento em que elas não
existirão. De fato, foram feitas por causa dos homens e dos outros seres vivos,
ainda que digas que elas foram criadas completamente separadas e não junto com
seus próprios corpos.
— Parece que é exatamente assim.
— Então são imortais.
— Não, uma vez que o mundo se
manifesta como criado. Contudo, eu não afirmo que todas as almas morram. Isso
seria uma verdadeira sorte para os maus. Digo, então, que as almas dos
justos permanecem num lugar melhor e as injustas e más ficam em outro lugar,
esperando o tempo do julgamento. Desse modo, as que se manifestaram dignas de
Deus não morrem; as outras são castigadas enquanto Deus quiser que existam e
sejam castigadas.” (Diálogo Com Trifão 5, 1-2)
“Portanto, como se com uma boca e uma língua,
eles têm a sucessão, e em harmonia uns com os outros, nos ensinaram tanto a
respeito de Deus, a criação do mundo, a formação do homem, acerca da
imortalidade da alma do ser humano, o julgamento que é para ser depois desta
vida, e acerca de todas as coisas que são necessárias para nós sabermos, e,
assim, em várias épocas e lugares nos proporcionaram a instrução divina”. (Exortatório dirigido aos
gregos - 8)
Alegações
Uma citação que chama atenção é uma
usada por “aniquilacionistas” está no capítulo 80, na qual alegam que ele está
dizendo que ninguém vai para o céu após a morte:
“Além disso, eu indiquei-lhe que há alguns que se
consideram cristãos, mas são ímpios, hereges, ateus, e ensinam doutrinas que
são em todos os sentidos blasfemas, ateístas e tolas. Mas, para que saiba que
eu não estou sozinho em dizer isso a você, eu elaborarei uma declaração, na
medida em que puder, de todos os argumentos que se passaram entre nós, em que
eu devo registrá-las, e admitindo as mesmas coisas que eu admito a você. Pois
eu opto por não seguir a homens ou a doutrinas humanas, mas a Deus e as
doutrinas entregues por Ele. Se vós vos deparais com supostos Cristãos que não
façam esta confissão, mas ousem também vituperar o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó, e neguem a ressurreição dos mortos,
sustentando antes, que no ato de morrer, as suas almas são elevadas ao céu, não
os considereis Cristãos. Mas eu e os outros, que somos cristãos de bem
em todos os pontos, estamos convictos de que haverá uma ressurreição dos
mortos, e mil anos em Jerusalém, que será construída, adornada e alargada, como
os profetas Ezequiel e Isaías e outros declaram.” (Diálogo com Trifão, Capitulo 80)
Aqui não há nada em favor de
mortalidade da alma. O que parece sugerir para eles é o que são Justino fala:
"e neguem a ressurreição dos mortos,
sustentando antes, que no ato de morrer, as suas almas são elevadas ao céu, não
os considereis Cristãos."
O que Justino escreve é que os pagãos
negavam a ressurreição dizendo que as almas iam para o céu imediatamente (sem
julgamento), coisa que é uma heresia obviamente, e o fato de irem para o céu
não implica que não haverá ressurreição, mas o que é que são Justino rebate? Só
que haverá ressurreição:
"as eu e os outros, que somos cristãos de
bem em todos os pontos, estamos convictos de que haverá uma ressurreição dos
mortos, e mil anos em Jerusalém, que será construída, adornada e alargada, como
os profetas Ezequiel e Isaías e outros declaram"
Justino não rebate absolutamente nada
que as almas não vão para os céus, só rebate a afirmação dos gregos de que não
haverá ressurreição! Somente. Essa é a comum tática de hereges, comparar uma
doutrina cristã ortodoxa com alguma doutrina pagã, para poder desmerecer a
doutrina ortodoxa, então pegam o diálogo em que Justino está criticando a forma
em que os gregos criam que a alma era imortal para imputar isso na doutrina
cristã ortodoxa da imortalidade da alma.
São Justino em toda a sua obra só
refuta como os gregos criam que a alma era imortal e que ela não poderia ser
destruída de modo algum, e que não dependia de Deus para sobreviver, então ele
rebate isso dizendo que se Deus quiser, a alma pode morrer e o homem deixar de
existir, ou seja ele não está falando que toda alma deixa de existir quando
morre, e sim que Deus pode fazer com que ela deixe de existir, contrariando o
ensinamento grego que dizia que a existência da alma independe de Deus e que
ela é eterna sem Deus. Vamos ao seu relato, onde ele diferencia a crença cristã
da pagã e espirita:
“Vede o fim que tiveram os imperadores que vos
precederam: todos morreram de morte comum. SE A MORTE TERMINASSE NA
INCONSCIÊNCIA, SERIA UMA BOA SORTE PARA TODOS OS MALVADOS. ADMITINDO, PORÉM,
QUE A CONSCIÊNCIA PERMANECE EM TODOS OS NASCIDOS, não sejais negligentes em
convencer-vos e crer que essas coisas são verdade.” (Apologia I, 18)
Outra citação apresentada por
mortalistas está no capítulo 6 de seu diálogo:
“De modo semelhante, chegando o momento em que a
alma tenha que deixar de existir, o espírito vivificante se afasta dela e a
alma deixa de existir, voltando novamente para o lugar de onde tinha sido
tomada.” (Diálogo Com Trifão 6, 1)
Não se sabe se é por desonestidade ou
mesmo por puro desconhecimento das obras de Justino, mas esta citação não é de
dele e sim de Trifão que acreditava na mortalidade da alma, portando a citação
que seria “a mais clara opinião sobre a mortalidade da alma”, não é uma frase
de São Justino, e sim de Trifão.
A próxima citação é:
“Velho: E todas as almas de todos os
seres vivos podem compreendê-Lo? Ou são as almas dos homens de um tipo e as
almas dos cavalos e de jumentos de outro tipo? Justino: Não. Mas as almas que
estão em todos são semelhantes.” (Capítulo 4)
Aqui retiram o diálogo do contexto para
lhe favorecer e dizer que ele acreditava que a alma do home era igual a dos
animais, porém algumas linhas antes disso, Justino claramente está afirmando
que os animais são diferentes, são iguais apenas no quesito sensitivo:
"Ele me perguntou: — Qual é a nossa semelhança com
Deus? Será QUE A ALMA É DIVINA E IMORTAL, uma partícula daquela
soberana inteligência, e como aquela vê a Deus, também é possível para a nossa
compreender a divindade e gozar a felicidade que dela provém?
Eu respondi: — SEM DÚVIDA
NENHUMA".
Aqui Trifão pergunta a São Justino se a
alma é divina e imortal e uma partícula da inteligência divina e o que ele
responde? “Sem Dúvida Nenhuma”. Por que será escondem a parte
anterior do texto que citam?
A continuação do versículo é esta:
"Ele continuou: — E todas as almas dos
seres vivos têm a mesma capacidade? Ou a alma dos homens é diferente da alma de
um cavalo ou de um jumento?
Eu respondi: — Não há nenhuma
diferença. Elas são as mesmas em todos.
Então ele concluiu: — Logo, os
cavalos e os asnos também vêem a Deus ou já o terão visto!
Repliquei: — Não. Nem mesmo muitos
homens o vêem. Para isso, é preciso que se viva com retidão, depois de se
purificar com a justiça e todas as outras virtudes.
Ele continuou: — Então o homem não vê
a Deus por causa de sua semelhança com ele, nem porque tem inteligência, mas
porque é sensato e justo.
Eu respondi: — Exatamente. E porque
tem capacidade para entender a Deus.
Então ele perguntou: — Muito bem.
Será que as cabras e ovelhas cometem injustiça contra alguém?
Eu contestei: — De modo nenhum.
Ele replicou: — Então, segundo o teu
raciocínio, também esses animais verão a Deus.
Eu respondi: — Não. Porque o corpo
deles, segundo a sua natureza, os impede.
Ele me interrompeu: — Se esses
animais recebessem voz, talvez com muito maior razão prorromperiam em injúrias
contra o nosso corpo. Todavia, deixemos esse assunto e aceitemos o que dizes.
Dize-me apenas uma coisa: a alma vê a Deus enquanto está no corpo ou quando
está separada dele?
Eu respondi: — É possível para ela,
mesmo estando na forma humana, chegar a isso por meio da inteligência. Contudo,
desligada do corpo e tornada ela mesma, é aí então que ela alcança tudo aquilo que
almejou durante todo o tempo.” (Diálogo Com Trifão)
Por fim, não existe uma citação sequer
em todas as obras de Justino que sugiram que ele cria na mortalidade da alma ou
algum tipo de aniquilacionismo inerente a alma, todas as citações apresentadas
por aniquilacionistas, se resumem em texto fora do contexto, má interpretação
das palavras de São Justino e desconhecimento da filosofia desde santo.
São Justino acreditava que a alma
criada por Deus era imortal, mas em suma dependia de Deus para a sua
eternidade, se Deus quisesse em algum momento mata-la ele faria, em
contrapartida dos gregos. Como ele diz em sua apologia, se a alma morresse
seria uma boa jogada para os ímpios, fariam tudo de mal e no fim simplesmente
desapareceriam, seriam aniquilados e pronto. Isso seria muito conveniente para
ateus, homicidas, e todo tipo de sujeito perverso do mundo, não teria porque
ser santo, já que não seriamos punidos por sermos perversos, simplesmente
desapareceríamos, igual a alguém que se mata para se livrar do tormento da
depressão.
Justino mudou de opinião/doutrina?
Alguns mortalistas depois de dizerem
que São Justino era “ferrenho defensor” da heresia da mortalidade da alma,
vendo-se sem saída e sem como negar suas claras declarações sobre a
imortalidade da alma em sua apologia, argumentam que Justino “mudou” de opinião
a respeito do destino da alma após a morte, passando de imortalista na sua
primeira apologia para mortalista no diálogo com Trifão. Argumentação muito
estranha para quem diz que a doutrina da imortalidade da lama, entrou na Igreja
no fim do século II, sendo que Justino converteu-se por volta de 130 d.C.
Primeiro de tudo, se Justino mudou de opinião
foi justamente ao contrário, já que seu Diálogo com Trifão é anterior as
Apologias. J. Tixeront no seu Manual de Patrologia informa quando Justino teve
seu Diálogo com Trifão:
“O terceiro trabalho de São Justino que possuímos é
o Diálogo com Trifão. Neste livro não é mais uma questão de defesa dos cristãos
contra os seus perseguidores pagãos; mas para convencer os judeus da
messianidade de Jesus Cristo e da verdade da sua religião. Trifão é
um rabino erudito, com quem Justino é suposto ter tido uma longa disputa em
Éfeso, por volta de 132-135, de tal disputa o Diálogo professa ser
uma reprodução exata. Não se pode dizer com certeza se o debate
realmente teve o ritmo ou se Justino descreve apenas uma luta imaginária, para
expor suas idéias. É evidente, no entanto, que os argumentos e réplicas não
eram exatamente aquelas que Justino dá. Nelas encontramos, sumariamente, as
diferentes posições tomadas por Justino e as provas que ele faz uso em sua
controvérsia com os judeus.” (Manual de Patrologia de J. Tixeront - Página 38)
Isto é o que é confirmado por Eusébio
de Cesaréia na História Eclesiástica:
“Compôs ainda o Diálogo com os judeus,
travado na cidade de Éfeso, com Trifão, o mais famoso dos hebreus daquele
tempo. Neste diálogo, revela de que modo a graça divina o impeliu à
doutrina da fé, o zelo que anteriormente empregara por conhecer as disciplinas
filosóficas, e a busca ardorosa da verdade a que se dera.” (História Eclesiástica - Livro IV,
18, 6)
Assim, o seu diálogo com Trifão
aconteceu em Éfeso, antes de ir para Roma e antes de escrever a primeira
Apologia. Sua apologia é dedicada ao Imperador Antonino, que governou entre
138-161. Sua a apologia pode ser datada internamente a partir da declaração de
Justino no capítulo 6 que “Cristo nasceu 150 anos atrás, sob Quirino”. Uma vez Quirino entrou no escritório
no ano 6 d.C segundo Josefo, A apologia pode ser datada do ano de 156 d.C.
O mesmo J. Tixeront afirma que a data
de inscrição da I Apologia foi entre 150 e 155, ou seja, se formos por este
autor a Apologia foi entre 15 a 20 anos após o Diálogo com Trifão:
“A Primeira Apologia é dirigida ao Antonino Pio,
Marco Aurélio e Lúcio Vero, ao Senado e todo o povo romano. Antonino Pio reinou
de 138 a 161 d.C, mas uma série de indicações no texto do discurso nos levam
a concluir que ela foi escrita entre 150 e 155. Ao que tudo indica ele foi
escrito em Roma.” (Manual de Patrologia de J. Tixeront - Pagina 37)
É o que também confirma Ramon Trevijano
em sua Patrologia:
“Nós temos apenas três, embora
ouvimos falar de obras perdidas e temos recebido as espúrias. Justinoescreveu
a Apologia entre 145 e 155, provavelmente após 151. É dirigida aos
regentes Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero, ao Senado e o povo.” (Patrologia de Ramon Trevijano - Página 112 -
Editora BAC).
Seguindo a lógica aniquilacionista, a
Igreja já estava paganizada com Justino em 130 d.C, bem antes da metade do
século II, e não havia ninguém ali para avisar Justino até esse momento,
passou-se quase 25 anos acreditando em um coisa, que supostamente surgiu depois
dele dentro da Igreja. É estranho pensar como Justino se converteu em 130 e
passou anos sem que ninguém tenha-o ensinado a doutrina cristã correta, até que
de repente, após 155 d.C ele supostamente muda repentinamente de opinião, sem
que faça qualquer tipo de comentário sobre sua mudança, mesmo sempre criticando
os filósofos gregos. Há realmente quem acredite nisto.
Sobre a data da segunda
Apologia Tixeront comenta:
“A Segunda Apologia é dirigida ao Senado. É
muito mais curta do que a primeiro e deve ter sido escritalogo após a
última (c. 155, no máximo), embora não seja de modo algum, uma mera continuação
da mesma. Ela foi escrito em Roma na seguinte ocasião. Uma mulher
cristã tinha se separado de seu marido pagão, um Debauche, que, para vingar-se,
denunciou seu catequista, Ptolomeu, que foi condenado à morte com dois outros
cristãos por ordem de Urbicus, prefeito de Roma (144-160). "(Manual de Patrologia de J.
Tixeront - Página 38).
A única coisa que poderia sustentar a
argumentação aniquilacionista seria o fato de que no capítulo 120 do Diálogo
com Trifão, Justino fala de uma carta que escreveu ao imperador, o que alguns
autores como Johannes Quasten identificam como sendo a Primeira Apologia, daí
conclui que a data de inscrição do Diálogo poder ser em alguma hipótese
posterior a Primeira apologia e antes da Segunda. Só que mesmo que admitamos
que a data de Inscrição do Diálogo é posterior a primeira apologia, a seu
Diálogo real com Trifão foi em no máximo em 135 d.C quando ele ainda estava em
Éfeso, antes da Primeira Apologia, portanto somente a reprodução escrita no
papel do diálogo poderia ser posterior (se fosse provado), mas o diálogo de
fato ocorreu bem antes, o que é a opinião do especialista Ramon Trevijano:
“Diálogo com Trifão é uma defesa contra o
Judaísmo. Ele compôs a obra antes de160 d.C, na memória de uma
discussão original com o judeo helenista professor Trifão logo após 132 d.C. Justino
conhecia crenças e práticas do judaísmo pós-bíblico e mostra estar ciente dos
métodos judaicos da exegese e interpretação e dá uma lista de seis grupos
heréticos judaicos.” (Patrologia de Ramon Trevijano - Página 113)
Justino diz a Trifão que
transcreveria fielmente todos os argumentos, então em sua apologia ele reproduz
seus argumentos e opinião que tinha em 132 d.C:
“Quanto a mim, para que saibais que não
digo isso apenas diante de vós, penso compor, conforme a minha possibilidade,
um resumo de todos os argumentos que vos apresentei. Nele escreverei que
confesso a mesma coisa que digo diante de vós. De fato, eu não me disponho a
seguir homens ou ensinamentos humanos, mas a Deus e aos ensinamentos que dele
provêm.” (Diálogo Com Trifão - Capítulo 80)
Portanto se Justino tivesse ensinado “mortalidade
da alma” em seu Diálogo com Trifão, e tivesse mudado de opinião, sua mudança
de opinião seria contrária ao que pensam os mortalistas. Logo a tentativa de
escape mortalista por causa de seus ensinamentos claros na I Apologia, são
totalmente frágeis.
Para que não reste dúvida sobre a
doutrina de São Justino, acrescentamos mais esta citação que comprova
nitidamente que para ele a alma sobrevive após a morte corporal.
“O Salmo continua: “Tu, porém,
Senhor, não afastes de mim a tua ajuda, atende à minha proteção. Livra minha
alma da espada e a minha unigênita da pata do cão. Salva-me das fauces do leão
e dos chifres dos unicórnios, a minha humilhação”. Tudo isso é ensinamento e
anúncio do que nele tem e teve de acontecer. De fato, como já indiquei, tal
como aprendemos pelas Memórias, ele é o unigênito do Pai do universo,
particularmente nascido deste como Verbo e Potência, e depois nascido da Virgem
como homem. Também estava predito que ele morreria crucificado. Com efeito, as
palavras: “Livra minha alma da espada e a minha unigênita da pata do cão.
Salva-me das fauces do leão e dos chifres dos unicórnios, a minha humilhação”,
davam igualmente a entender qual era o suplício pelo qual ele deveria morrer,
isto é, pela cruz. Já antes vos interpretei que os chifres do unicórnio somente
podem aludir à forma da cruz. Ao pedir que livrasse sua alma da espada, da boca
do leão e da pata do cão, estava pedindo que ninguém se apoderasse de sua alma,
a fim de que nós, ao chegarmos ao fim de nossa vida, peçamos o mesmo Deus, o
qual pode afastar de nós todo anjo impiedoso e mau, para que não se apodere de
nossa alma. Já vos demonstrei que as almas sobrevivem através do fato
de que a alma de Samuel foi evocada pela pitonisa, como Saul lhe havia predito.
Daí se vê que todas as almas de homens tão justos e profetas como Samuel podem
cair sob o poder de potências semelhantes àquela que operava na pitonisa e
pelos próprios fatos temos que confessar isso. Por isso, Deus nos ensinou
por seu próprio Filho a lutar com todas as nossas forças para sermos justos e
pedir, ao sair deste mundo, que nossa alma não caia em poder de nenhuma
potência semelhante. Assim, no momento de entregar seu espírito sobre a cruz,
ele disse: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”, como se sabe pelas
Memórias. Ele também exortava seus discípulos a superar a conduta dos fariseus,
pois do contrário não se salvariam. Nas Memórias está escrito que ele disse:
“Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no
reino dos céus”. (Diálogo com Trifão, cap. 105)
A citação é muito clara, não obstante,
vale referir o que diz Berthold Altaner sobre a doutrina de São Justino sobre a
alma, confirmando a nossa posição:
"Doutrina... 5. A Alma humana
possui também certa corporeidade; vive ela, não por ser vida (como Deus), mas
por participar da Vida (Dial. 6). Depois da morte, as almas todas,
excetuando-se as dos mártires, vão ao Hades, onde permanecerão até o fim do
mundo; todavia, os bons já estão separados dos maus e cada uma das categorias,
na previsão de seu futuro destino, é feliz ou infeliz (Dial. 5). Segundo a
teoria expressa de Justino, a crença de que as almas entram no céu
imediatamente depois da morte, equivale à negação da ressurreição dos mortos
(Dial. 80). Cristo, depois de sua morte, desceu ao Hades, ou seja, para junto
das almas dos justos da Antiga Aliança (Dial. 45; 72, 4; 99). Justino era, como
Papias, milenarista; confessa, contudo, que certos cristãos ortodoxos não
aderem a esta doutrina, tendo-os, porém, "por cristãos não integrais, sob
todos os pontos de vista" (Dial. 80s)." (Patrologia, Vida, Obras e Doutrina dos
Padres da Igreja, Berthold Altaner - Alfred Stuiber, 1972, Edições Paulinas, p.
80)
Basta dizer que alguns protestantes têm
problemas sérios com exegese e distorcem as Escrituras, o que acompanha
distorções, trucagens dos Padres da Igreja, dos quais nós testemunhamos um bom
exemplo acima.
TEÓFILO DE ANTIOQUIA
Sexto bispo de Antioquia, segundo
Eusébio de Cesaréia e São Jerônimo. Conservaram-se apenas 3 livros escritos
aproximadamente pelo ano de 180 d.A. (A Autólico).
As palavras de Teófilo sobre o tormento
eterno no inferno
“Para aqueles que, segundo suas
forças, buscam a incorruptibilidade através das boas obras, ele dará a vida
eterna, a alegria, a paz, o descanso e uma multidão de bens, que nenhum olho
viu, nenhum ouvido e nenhum coração humano sentiu; mas aos incrédulos, aos
zombadores e aos que desobedecem à verdade e seguem a injustiça, depois de
manchar-se com adultérios, fornicações, pederastias, avarezas e sacrílegas
idolatrias, para esses, existirá a ira e a indignação, a tribulação e a
angústia, e, por fim o fogo eterno se apoderará deles.” (Carta a Autólico Livro I 14)
Sobre imortalidade da alma:
“Para mostrar-nos a formação do homem e para que não
parecesse um problema insolúvel aos homens Deus ter dito: "Façamos o
homem" e não nos ter mostrado sua criação, a Escritura nos ensina, dizendo:
"E uma fonte subia da terra e regava toda a face da terra, e Deus formou o
homem do pó da terra, e lhe insuflou alento de vida em seu rosto, e o homem foi
feito alma vivente. É por isso que a alma é chamada imortal. Depois de ter formado
o homem, Deus escolheu um lugar pelas bandas do Oriente, excelente por
sua luz, iluminado por um ar mais brilhante, adornado com as mais belas
plantas, e aí Deus colocou o homem.” (Carta a Autólico Livro II, 19)
Existem citação de sua obra as quais
aniquilacionistas fazem uso para provar sua doutrina herética, são elas
“Quando depuseres a mortalidade e te
revestires da incorruptibilidade, verás a Deus de maneira digna.Com efeito,
Deus ressuscitará a tua carne, imortal, juntamente com tua alma. Então, tornado
imortal, verás o imortal, contanto que agora tenhas fé nele. Então
reconhecerás que falaste injustamente contra ele.” (Carta a Autólico - Livro I, 7)
“E Deus o transportou da terra da qual fora criado
para o jardim, dando-lhe ocasião de progresso, para que crescendo e chegando a
ser perfeito e até declarado deus, subisse então até o céu, possuindo a
imortalidade, pois o homem foi criado como ser intermédio, nem
completamente mortal nem absolutamente imortal, mas capaz de uma e outra coisa,
assim como seu lugar, o jardim, se considerarmos a sua beleza, é lugar
intermédio entre o mundo e o céu.” (Carta a Autólico Livro III, 25)
“Poder-se-á dizer: "O homem não foi criado
mortal por natureza?" De jeito nenhum. "Então foi criado
imortal?" Também não dizemos isso. "Então não foi nada?" Também
não dizemos isso. O que afirmamos é que por natureza não foi feito nem
mortal, nem imortal. Porque se, desde o princípio, o tivesse criado
imortal, o teria feito deus; por outro lado, se o tivesse criado mortal, pareceria
que Deus é a causa da morte. Portanto, não o fez mortal, nem imortal,
mas, como dissemos antes, capaz de uma coisa e de outra. Assim, se o
homem se inclinasse para a imortalidade, guardando o mandamento de Deus,
receberia de Deus o galardão da imortalidade e chegaria a ser deus; mas se se
voltasse para as coisas da morte, desobedecendo a Deus, seria a causa da morte
para si mesmo, porque Deus fez o homem livre e senhor de seus atos.” (Carta a Autólico, Livro II, 27)
Nenhum destas passagens mostra que ele
cria que a alma morria ou era aniquilada, o que ele fala como
"morrer" da alma, deve ser entendido em conformidade com o que ele
ensina sobre o inferno. Para ele a "morte da alma" era como a eterna
de condenação, o apartamento total da vida glóriosa com Deus e não uma
aniquilação da alma como presumem os "desavisados" que passam ao
largo de seu ensinamento sobre o inferno eterno.
ORÍGENES
Orígenes foi escritor eclesiástico,
teólogo e comentarista bíblico. Viveu em Alexandria até o ano 231, passando os
últimos 20 anos de sua vida em Cesaréia Marítima (Palestina) e viajando pelo
Império Romano. Foi o maior mestre de doutrina cristã de seu tempo e exerceu
extraordinária influência como intérprete da Bíblia.
“Aquele que é abandonado, o é, pois, em razão de um
julgamento divino, e não é sem razão que Deus tem paciência com certos
pecadores, porque será para eles um benefício, considerando a
imortalidade da alma e a eternidade sem fim, não receber imediatamente
o auxílio para sua salvação, mas de lá serem conduzidos mais lentamente depois
de terem sofrido muitos males.” (Tratado Sobre os Princípios, 3, 1:13)
“Vê se, além do nosso trabalho de busca, não lutamos
também para nos conservar piedosos diante de Deus e do seu Cristo, procurando
explicar completamente, em matérias tão importantes, a providência variada de
Deus, quando se encarrega da alma imortal. A respeito daqueles que
são repreendidos, pode-se perguntar se eles não tiraram proveito à vista dos
milagres e da audição das palavras divinas (...)” (Tratado Sobre os Princípios, 3,
1:17)
“Portanto, pensamos que, como já
dissemos muitas vezes, sendo a alma eterna e imortal, lhe é possível, através de muitos e
infindáveis espaços de séculos imensos e diversos, ou descer do bem supremo até
o mal mais inferior, ou então subir do último dos males até o bem supremo.” (Tratado sobre os Princípios 3, 1 23)
Anos mais tarde outra condenação veio
para aqueles que negavam o inferno Eterno no IV Concílio Ecumênico de
Constantinopla, no qual também Orígens foi condenado pela doutrina da
preexistência da alma.
O CONCÍLIO DE BOSTRA (246 d.C)
Em meados do século III, surgiu uma
heresia que acreditava, tal qual os mortalistas atuais, que após a morte do corpo,
a alma “morria”, “perecia” ou entraria em uma espécie de “sono” e ressuscitaria
com o corpo no fim dos tempos para o julgamento final. O Historiador Thomas
Wright em seu livro “Early Christianity in Arabia” em português “Cristandade
Primitiva na Arábia”, nos informa de onde surgiu a perigosa heresia do sono
da alma:
“A Arábia foi notada como a mãe de uma
perigosa heresia, que ensinou que as almas expiravam e sofriam corrupção com o
corpo, e que na ressurreição geral ambos seriam revividos juntos”. (WRIGHT, Early Christianity in Arabia Pg. 74)
Foi então que reuniu-se na cidade de
Bostra na Arábia um concílio com os bispos da região, os quais solicitaram a
presença de Orígenes. Eusébio de Cesaréia nos fala desta heresia, e mostra que
até então ninguém acreditava nela, e ainda sinaliza que Orígenes conseguiu
convencer os hereges de seus erros:
“Apareceram ainda, na Arábia, no tempo a
que nos referimos, introdutores de uma doutrina alheia à verdade.
Asseveravam que a alma humana neste mundo, no momento final provisoriamente
morre com o corpo, e com ele se corrompe, mas no futuro, por ocasião da
ressurreição, com ele reviverá.Então, foi convocado um importante
concílio. Orígenes novamente foi chamado, e após ter discursado perante
a assembléia sobre a questão disputada, saiu-se de tal forma que alterou o modo
de pensar dos que primeiramente haviam sido iludidos.” (História Eclesiástica Livro VI, 37)
Alguns autores sugerem que o grupo
herético não acreditava que a alma morria ou era aniquilada, mas somente que
ficava em estado inconsciente e de sono, uma morte temporária entre a morte
corporal e o julgamento final, quando então seriam ressuscitadas, o que também
é crido por aniquilacionistas, com a diferença que depois da ressurreição pra
os últimos a alma dos maus desaparece. Esta heresia é bem comum entre alguns
grupos protestantes atuais, que apesar de não acreditarem que a alma morre como
os aniquilacionaistas, acreditam na inconsciência temporária ou “sono da
alma”.
A enciclopédia Católica também nos fala
sobre o ocorrido:
“Em 246 e 247 dois concílios foram
realizados em Bostra na Arábia contra Beryllus, Bispo da Sé, e outros que
mantinham com ele que a alma perececia e ressuscitava novamente com o corpo.
Orígenes estava presente nestes sínodos, e convenceu estes hereges de seus
erros.” (Enciclopédia Católica – Concílios da Arábia)
Também o famoso historiador protestante
Adolf Harnack em seu livro “Mission und Ausbreitung des Christentums” de
1902 nos conta sobre esta heresia. Outra referência é Baronius nos Anais
Eclesiásticos seção 6-8.
TACIANO (175 D.C)
Taciano foi um escritor cristão do
século II, um ex-discípulo de São Justino e fundador da seita do encratismo.
Sua vida e doutrina são conhecidas por escritores posteriores a ele como
Irineu, Clemente de Alexandria e Eusébio. Estes denunciam-no como um discípulo
do gnóstico Marcião e fundador e inspirador do encratismo. Esta doutrina
fundada por Taciano, rejeitava o casamento, condenava o uso da carne de todas
as formas e chegou a substituir o vinho pela água na eucaristia. Por isso seus
seguidores foram chamados Aquarii.
Mesmo Taciano não podendo ser usado
para provar nenhuma doutrina cristã, visto que era declaradamente herege,
muitos aniquilacionaistas, também usam seus escritos para “provarem” sua
heresia. Não nos importa muito o testemunho de Taciano, porém suas duas obras “Discurso
contra os Gregos” e o “Diatessaron”servem para conhecer um pouco da
Igreja primitiva. Assim sendo mostraremos qual a doutrina de Taciano e que nem
mesmo um herege serve de base para provar a doutrina herética da mortalidade da
alma.
O pensamento básico de Taciano pode-se
resumir da seguinte maneira:
1 - A alma do homem não é feita mortal
nem imortal por natureza.
2 - O termo “morte” não é utilizado
para significar “desaparecimento”
3 - Quando o corpo morre a alma também
entra em uma espécie de “sono”, tal qual a seita árabe.
4 - Na ressurreição tanto os maus
quanto os bons ressuscitarão e receberão a imortalidade para gozo ou punição,
isto aqui é o que mata os aniquilacionaistas ao usarem suas obras.
Passemos então a demonstração nas obras
de Taciano.
1 – Tanto a alma dos bons quanto a dos
maus receberão a imortalidade depois da ressurreição:
“É fato que eles não morrem facilmente, pois não têm
carne; mas, vivendo, praticam ações de morte, e também eles morrem tantas vezes
quantas ensinam a pecar aqueles que os seguem. Portanto, a vantagem que agora
têm sobre os homens, isto é, não morrer de modo semelhante a eles, esse
mesmo fato lhes será mais amargo quando chegar a hora do castigo, pois
não terão parte na vida eterna participando dela, em lugar da morte na
imortalidade. E como nós, para quem morrer é agora um acidente tão
fácil, receberemos depois a imortalidade junto com o gozo, ou a
pena junto com a imortalidade, também os demônios que abusam da vida
presente para pecar a todo momento, e que durante a vida estão
morrendo, terão depois a mesma imortalidade que os homens que deliberadamente
realizaram tudo o que eles lhes impuseram como lei durante o tempo em que
viveram. Não digamos nada sobre o fato de que, entre os homens que os
seguem, aconteceu menos espécies de pecados por não viverem longo tempo,
enquanto nos citados demônios o pecado se prolonga muito mais, em razão do
tempo indefinido da sua vida.” (“Discurso contra os Gregos", XIV)
2 – Para Taciano quando o homem morre a
tanto a alma quanto o corpo entram em uma espécie de “sono”, ou melhor se
“dissolvem” como ele usa o termo, mas tanto a alma dos bons quanto dos maus
ressuscitarão e receberão a imortalidade:
“Gregos, a nossa alma não é imortal por si mesma,
mas mortal; ela, porém, é também capaz de não morrer. Com efeito, ela morre e
se dissolve com o corpo se não conhece a verdade; ressuscita, porém,
novamente com o corpo na consumação do tempo, para receber, como castigo, a
morte na imortalidade. Por outro lado, não morre, por mais que se dissolva com o
corpo, se adquiriu conhecimento de Deus.” (Taciano, o sírio; “Discurso contra os
Gregos", XIII, começo)
Aniquilacionistas costumam citar apenas
a primeira frase da citação, que parece apoiar seu ponto de vista, mas ignoram
todo o resto onde ele mostra que a alma dos maus receberá imortalidade para
“morrer” que é em sua linguagem “sofrer eternamente”
Assim como São Justino, mostra que os
gregos também criam na mortalidade da alma, portanto se uma é adotada dos
gregos, a outra também o é:
“Queres ordenar tua conduta de acordo com
Aristóteles, e um discípulo de Demócrito te cobre de injúrias. Pitágoras afirma
ter sido Euforbo e é herdeiro da doutrina de Ferecides, enquanto
Aristóteles nega a imortalidade da alma.” (“Discurso contra os Gregos",
XXV)
Mostra que a alma se separa do corpo:
“Os demônios que dominam os homens não são as almas
dos mortos. Com efeito, como podem ser capazes de agir depois de mortos? A não
ser que creiamos que, enquanto vive, um homem é ignorante e impotente e, depois
que morre, recebe daí para a frente um poder mais eficaz. Isso, porém, não é
assim,como já demonstramos em outro lugar, nem é fácil compreender como a
alma imortal, impedida pelos membros do corpo, se torne mais inteligente quando
se separa dele. Não. São os demônios aqueles que, por sua maldade, se
enfurecem contra os homens e, com variadas e enganosas representações, desviam
os pensamentos dos homens, já por si inclinados para baixo, a fim de torna-los
incapazes de empreender a sua marcha de ascensão para os céus. Mas nem a nós
ficam ocultas as coisas do mundo nem a vós será difícil compreender as divinas,
contanto que chegue até vós a potência do Verbo que imortaliza a alma.” ( “Discurso contra os Gregos",
XVI)
Embora Taciano pareça dar suporte aos
aniquilacionaistas ao falar que “Com efeito, ela morre e se dissolve com o
corpo se não conhece a verdade”, isto não é verdade, uma vez que ele
mesmo mostra que tanto as almas dos bons quanto dos maus ressuscitarão e
receberão imortalidade, tanto para gozo, quanto para punição. Com isso, e em
todas as citações apresentadas, nem mesmo o herege Taciano dá qualquer suporte
as doutrinas aniquilacionistas.
ATENÁGORAS (180 D.C)
A teologia de Atenágoras é que o homem
é composto de corpo mortal e alma imortal, embora criada. Na ressurreição, o
corpo se conjuga novamente com a alma, que no período que vai entre a morte e a
ressurreição, estivera num estado de torpor. A ressurreição reconstrói,
portanto, aquela unidade que constitui o verdadeiro homem.
“Sei que com o que eu disse estou defendido diante
de vós. De fato, superando a todos por vossa inteligência, sabeis que aqueles
que tomam a Deus como regra de vida, para que cada um de nós esteja sem culpa e
sem mancha em sua presença, não podem ter, em pensamento, o mais leve pecado, e
acreditássemos que nada existe além desta vida presente, poder-se-ia suspeitar
que pecássemos, submetendo-nos à servidão da carne e do sangue ou sendo dominados
pelo lucro e pelo desejo. Sabendo, porém, como sabemos, que Deus vigia nossos
pensamentos e nossas palavras, tanto de dia como de noite, e que ele é todo luz
e vê até dentro do nosso coração; acreditando, como cremos, que, ao sair desta
vida, viveremos outra melhor, contando que permaneçamos com Deus e por Deus
inquebrantáveis e superiores às paixões, com alma não carnal, mas com espírito
celeste, embora na carne; ou acreditando que, se cairmos como os demais, espera-nos
uma vida pior no fogo (porque Deus não nos criou como rebanhos ou bestas de
carga, de passagem, só para morrer e desaparecer); crendo nisso,
dizíamos, não é lógico que nos entreguemos voluntariamente ao mal e nos
joguemos a nós mesmos nas mãos do grande juiz para sermos castigados.” (Atenágoras, Petição a favor dos Cristãos, 31)
“Esses movimentos irracionais e fantásticos da alma
geram imagens de frenética idolatria; e quando a alma, delicada e fácil de
conduzir, que não ouviu nem tem experiência de sólidas doutrinas, que não
contemplou a verdade nem compreendeu o Pai e Criador do universo, se imprime em
si essas falsas opiniões sobre si mesma, os demônios que rondam a matéria,
gulosos como são de gordura e sangue das vítimas e enganadores dos homens,
apoderando-se desses movimentos de falsa opinião das almas do vulgo, fazem
que fantasias se infiltrem neles, como se viessem das imagens cujos nomes
usurpam, e são eles que colhem a glória do que a alma por si mesma,
imortal como é, e se move racionalmente, ora para predizer o futuro, ora para
curar o presente.” (Petição a Favor dos Cristãos XXVII)
“E esta não a tomamos de modo vão, da fantasia dos
homens, iludindo-nos com esperanças mentirosas, mas cremos em quem nô-la
garante de modo absolutamente infalível no desígnio de nosso Criador, segundo
o qual fez o homem de alma imortal e de corpo, dotou-o de inteligência e lei
ingênita para a sua salvação e para a guarda dos preceitos que ele lhe
dera, convenientes com uma vida moderada e razoável.” (A ressurreição dos mortos - Capítulo
XIII)
“Antes de tudo, a natureza dos homens, que nos leva
à mesma conclusão e tem a mesma força para esta estabelecer a fé na
ressurreição. Agora, como universalmente toda a natureza consta de alma
imortal e de corpo que foi adaptado a essa alma no momento da criação; como
Deus não destinou tal criação, tal vida e toda a existência à alma por si só ou
ao corpo separadamente, mas aos homens, compostos de alma e corpo, a fim de que
pelos mesmos elementos dos quais se geram e vivem, cheguem, terminada a sua
vida, a um só e comum termo;” (A ressurreição dos mortos - Capítulo XV)
“Portanto, nem aquela famosa insensibilidade à dor
pode ser fim próprio do homem, pois participariam dela até os que não sentem
absolutamente nada, tampouco o gozo daquilo que alimenta ou deleita o corpo com
toda a multidão dos prazeres, a não ser que demos a primazia à vida dos animais
e sintamos que a virtude não tem nenhum fim. Com efeito, penso que este
é o fim próprio dos animais e rebanhos, não, porém, de homens dotados de alma
imortal e juízo racional.” (A ressurreição dos mortos - Capítulo XX)
Essa antropologia de Atenágoras é
independente e diferente do platonismo, então como poderia os padres terem
herdado a imortalidade dos Gregos? Platão acreditava que a alma era imortal e
incriada e não dependia de Deus para nada.
IRINEU DE LION (180 d.C)
Santo Ireneu, bispo e mártir. Foi
discípulo de São Policarpo que, por sua vez, foi discípulo do Apóstolo São
João. Célebre por seu tratado "Contra as Heresias", onde combate as
heresias de seu tempo, em especial as dos gnósticos. Nasceu por volta do ano
130 d.C. e morreu no ano 202 d.C.
Inferno Eterno
“a fim de que, segundo o beneplácito do Pai
invisível, diante do Cristo Jesus, nosso Senhor, Deus, Salvador e Rei, todo
joelho se dobre nos céus, na terra e nos infernos e toda língua o
confesse; e execute o justo juízo de todos: enviando para o fogo eterno
os espíritos do mal, os anjos prevaricadores e apóstatas, assim como os homens
ímpios, injustos, iníquos e blasfemadores;” (Contra As Heresias Livro I, 10, 1).
“E devem dizer de qual dos Éões é imagem
aquele fogo eterno que o Pai preparou para o diabo e os seus
anjos, porque ele também pertence às coisas criadas.” (Contra as Heresias – Livro II, 7,3)
“Para os pecadores está preparado o
fogo eterno: Deus o diz expressamente e todas as Escrituras o demonstram. Como
demonstram que Deus sabia que isso aconteceria e que desde o princípio o
preparou para os transgressores.” (Contra as Heresias Livro II 28, 7)
“Se não existissem o mal e o bem, mas fosse somente
opinião humana que algumas coisas são justas e outras injustas, nunca teria
declarado no seu ensinamento: “Os justos brilharão como o sol no reino de seu
Pai”; e os injustos e os que não fazem obras de justiça enviá-los-á ao
fogo eterno “onde o seu verme nunca morrerá e o fogo não se apagará”.” (Contra as Heresias Livro II, 31, 1)
“Aquele rico que estava no inferno
disse que tinha cinco irmãos e pedia que alguém ressuscitado dos
mortos fosse avisá-los.” (Contra as Heresias Livro II, 24, 4)
“No Novo Testamento, cresceu fé dos homens em Deus,
ao receberem o Filho de Deus como um bem adicionado a fim de que os homens
tivessem a participação de Deus. Da mesma forma aumentou a perfeição do
comportamento humano, pois somos instruídos a abster-se não só d e más ações,
mas também dos maus pensamentos (Mt 15,19) de palavras ociosas, expressões vãs
(Mt 12, 36) e licenciosos discursos (Ef 5, 04): deste modo também
ampliou a punição daqueles que não acreditam na Palavra de Deus, que desprezam
sua vinda e recusam, porque não vai ser mais temporária, mas
eterna. Para tais pessoas, o Senhor dirá: ‘Apartai-vos de mim, malditos, para o
fogo eterno’ (Mateus 25:41), e será para sempre condenado. Mas aos outros vai dizer: ‘Vinde,
benditos de meu Pai, recebam por herança o reino preparado para vós desde
sempre’(Mt 25, 34), e receberão o reino onde eles terão um progresso perpétuo.
Isso mostra que um e o mesmo Deus, o Pai, e que a Sua Palavra está sempre do
lado da humanidade, com economias diferentes, realizando vários trabalhos,
poupando aqueles que foram salvos desde o início, isto é, para aqueles que amam
a Deus e de acordo coma sua capacidade de seguir a sua palavra e, a julgar
aqueles que estão condenados, ou que se esquecem de Deus, blasfema me violam a
sua palavra.” (Santo Ireneu, contra as heresias IV, 28,2)
Imortalidade da Alma
“Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos
mortos habita em vós, aquele que ressuscitou o Cristo dos mortos vivificará os
vossos corpos mortais". O que são os corpos mortais? Serão as almas? Mas
as almas são incorporais em comparação aos corpos mortais. Com efeito, Deus
soprou no rosto do homem "o sopro da vida e o homem se tornou uma alma
vivente": o sopro de vida é incorporal. Assim como não podem dizer
que a alma é mortal porque o sopro de vida permanece - com efeito, Davi diz:
"E a minha alma viverá para ele", visto ser a sua substância imortal
-, assim não podem dizer que o Espírito é corpo mortal. O que fica
então para ser denominado corpo mortal a não ser a obra modelada por Deus, isto
é, a carne, aquilo que o Apóstolo declara que Deus vivificará? É esta que morre
e se decompõe e não a alma ou o Espírito.” (Contra as Heresias, 5,7:1)
“O Senhor ensinou clarissimamente que
as almas não só perduram sem passar de corpo em corpo, mas conservam imutadas
as características dos corpos em que foram colocadas e se lembram das ações que
fizeram aqui na terra e das que deixaram de fazer. É o que está escrito na história do
rico e de Lázaro que repousava no seio de Abraão. Nela se diz que o rico,
depois da morte, conhecia tanto Lázaro como Abraão e que cada um estava no
lugar a ele destinado. O rico pedia a Lázaro, ao qual tinha recusado até as
migalhas que caíam de sua mesa, que o socorresse; com a sua resposta, Abraão
mostrava conhecer não somente Lázaro, mas também o rico e ordenava que os que
não quisessem ir para aquele lugar de tormentos escutassem Moisés e os profetas
antes de esperar o anúncio de alguém ressuscitado dos mortos. Tudo isso
supõe clarissimamente que as almas permanecem, sem passar de corpo em corpo,
que possuem as características do ser humano, de sorte que podem ser
reconhecidas e que se recordam das coisas daqui de baixo; que também Abraão
possuía o dom da profecia e que cada alma recebe o lugar merecido mesmo antes do
dia do juízo.” (Contra as Heresias Livro II, 34,1)
“Aqui alguns poderão dizer que as
almas que tiveram há pouco tempo o início da sua existência não podem durar
indefinidamente e que, ou devem ser incriadas para ser imortais, ou se
receberam o início da existência necessariamente morrem com o seu corpo. Ora, estes devem saber que
somente Deus, o Senhor de todas as coisas, é sem princípio e sem fim, e se
mantém verdadeiramente e sempre idêntico a si mesmo. Que todas as
coisas por ele criadas no passado e no presente, sejam quais forem, recebem o
princípio da existência e por isso são inferiores ao seu criador, justamente
por serem criadas. Que, não obstante isso, perduram e prolongam a sua
existência na amplidão dos séculos, segundo a vontade de Deus Criador, o qual
lhes dá, inicialmente, o devir e depois o ser.”(Contra as Heresias Livro II, 34,2)
“Como o corpo animado pela alma não é a alma, mas
comunica com a alma até que Deus quiser, assim a alma não é ela própria a vida,
mas participa da vida que Deus lhe deu. Por isso a palavra inspirada diz do
primeiro homem: “Ele foi feito alma vivente”, ensinando-nos que a alma é
vivente por participação da vida, de forma que uma coisa é a alma e outra é a
vida que está nela. Se, portanto, é Deus que dá a vida e a sua duração
perpétua, não é impossível que as almas que antes não existiam, depois que Deus
quis que existissem, perdurem nesta existência. O que deve mandar e
dominar em tudo é a vontade de Deus; tudo o resto deve ceder diante dela,
subordinar-se e pôr-se a seu serviço. Quanto à criação e à perpetuidade da alma
é suficiente o que foi dito até aqui.” (Contra as Heresias Livro II, 34,4)
PADRES PRÉ NICENOS
CLEMENTE DE ALEXANDRIA (210 D.C)
Nasceu em torno do ano 150,
provavelmente em Atenas, de pais pagãos. Após tornar-se cristão, viajou pelo
sul da Itália e pela Síria e Palestina em busca de mestres cristãos, até que
chegou em Alexandria. Os ensinamentos de Panteno (chefe da escola catequética
de Alexandria, no Egito) fizeram com que se estabelecesse ali até o ano 202,
quando a perseguição de Sétimo Severo o obrigou a deixar o Egito e se refugiar
na Capadócia, onde faleceu pouco antes do ano 215.
Seu conhecimento dos escritos pagãos e
da literatura cristã é notável. Segundo Quasten, encontram-se em suas obras
cerca de 360 citações dos clássicos, 1500 do Antigo Testamento e 2000 do Novo;
portanto, é considerado cronologicamente como o primeiro sábio cristão
conhecedor não apenas da Sagrada Escritura como ainda das obras cristãs
anteriores a ele e, inclusive, de obras de literatura pagã. Clemente
considerava o Cristianismo como a realização mais bela e o coroamento de todos
os elementos de verdade dispersos na filosofia.
“Sendo batizado, somos iluminados; iluminados,
tornamo-nos filhos; sendo feitos filhos, somos aperfeiçoados; Tendo chegado à
perfeição, somos feitos imortais. "Eu", diz ele, "ter dito que
sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo." Este trabalho é variadamente
chamado graça e iluminação, e perfeição, e lavagem: lavar roupa, porque nos
limpamos os nossos pecados; graça, pela qual as penalidades resultantes, para
transgressões sejam remetidas; e iluminação, porque aquela santa luz da
salvação é contemplada, ou seja, pelo qual vemos Deus claramente. Agora
chamamos isso perfeito que não quer nada.” (O Instrutor livro I Cap. 6)
“Todas as almas são imortais, mesmo aquelas dos
ímpios, para os quais seria melhor que elas não fossem imortais. Pois, punidas
com a vingança infinita no fogo inextinguível, e não morrerão, é impossível
para eles ter um período colocado a sua miséria.” (Fragmentos VI - Do livro sobre a Alma -. O Barocc ms.).
TERTULIANO (212 D.C)
“Se, portanto, alguém supor violentamente que a
destruição da alma e da carne no inferno leva uma aniquilação final das duas
substâncias, e não ao seu tratamento penal (como se fossem para ser consumidos,
não castigados), que lembrar-se de que o fogo do inferno é eterno -
expressamente anunciado como uma pena eterna; e que ele admita que é a partir
dessa circunstância que esta “morte” interminável é mais formidável do que um
assassinato meramente humano, que é apenas temporal.” (Sobre a ressurreição da carne - Capítulo 35)
“A alma, então, definimos a ser suspensa a
partir do sopro de Deus, imortal...” (Tratado
sobre a Alma 22, 2)
“Mas se este for o caso, elas devem
precisar ser também mortal, de acordo com a condição da natureza animada;
pois, embora a alma seja imortal, evidentemente, esse atributo é
limitado exclusivamente a ela: não é estendido para aquilo, com o qual está
associada, ou seja, o corpo.” (Ad
Nationes - Livro 2. Cap 3)
GREGÓRIO TAUMATURGO
“Segue-se, na minha opinião, como consequência
necessária, de que o que é simples é imortal. E quanto à forma que segue, ouça
a minha explicação: Nada que existe é o seu próprio corruptor, senão ele nunca
poderia ter tido qualquer consistência profunda, mesmo desde o início. Pois as
coisas que estão sujeitas a corrupção são corrompidas por contrários: por isso
tudo o que está corrompido está sujeito à dissolução; e que está sujeito à
dissolução é composto; e o que é o composto é composto de muitas partes; e o que
é feito de partes manifestamente é composto de diversas partes; e o
diversificado não é o idêntico: consequentemente, a alma, é
simples, e não sendo constituída por diversas partes, mas sendo incomposta e
indissolúvel, deve ser, em virtude disso, incorruptível e imortal.
Além disso, tudo o que é colocado
em ação por outra coisa, e que não possui o princípio da vida em si, mas
recebe-a do que o que o coloca em ação, dura apenas enquanto ele é mantido pelo
poder que opera nele; e sempre que o poder operativo cessa, isso também vai
para uma posição que tem a sua capacidade de ação a partir dele. Mas a
alma, sendo auto-ativa, não tem cessação do seu ser. Pois segue-se que o que é
auto-agir é sempre agir; e o que é sempre ativo é incessante; e o que é
incessante é sem fim; e o que é sem fim é incorruptível; e o que é
incorruptível é imortal. Por conseguinte, se a alma é a auto-ativa, como foi
mostrado acima, conclui-se que é incorruptível e imortal, de acordo com o modo
de raciocínio já expresso.
E, além disso, tudo o que não é
corrompido pelo mal adequado a si mesmo, é incorruptível; e o mal se opõe ao
bem, e é, por conseguinte, a seu corruptor. Pois o mal do corpo nada mais é do
que o sofrimento e doença, e morte; assim como, por outro lado, sua excelência
é a beleza, vida, saúde e vigor. Se, portanto, a alma não é corrompida
pelo mal adequado a si mesmo, e o mal da alma é covardia, a intemperança, a
inveja, e assim por diante, e todas estas coisas não depõe-a dos seus poderes
de vida e de ação, segue-se que ela é imortal.” (Sobre
a Alma, VI)
CIPRIANO DE CARTAGO
São Cipriano nasceu em torno do ano
200, provavelmente em Cartago, de família rica e culta. Dedicou-se em sua
juventude à retórica. O desgosto que sentia diante da imoralidade dos ambientes
pagãos contrastado com a pureza de costumes dos cristãos, o induziu a abraçar o
Cristianismo por volta do ano 246. Pouco depois, em 248, foi eleito bispo de
Cartago. Ao iniciar a perseguição de Décio, em 250, julgou melhor retirar-se
para um lugar à parte, para poder continuar a se ocupar com seu rebanho.
“Que glória para os fiéis haverá então,
que castigo para os não crentes, que dor para os infiéis por não haver querido
crer em outro tempo neste mundo e não poder agora voltar atrás e crer. A
gena sempre em chamas e um fogo devorador abrasará aos que ali irem, e não
terão descanso seus tormentos nem fim em nenhum momento. Serão conservadas as
almas com os corpos para sofrer com inacabáveis suplícios. Ali veremos
sempre ao que aqui não olhamos por um tempo, e o breve prazer que tiveram os
olhos cruéis nas perseguições será contrapesado pelo espetáculo sem fim,
segundo o testemunho da Sagrada Escritura, quando disse “Seu verme não morrerá,
e seu fogo não se extinguirá, e servirão de espetáculo a todos os homens...
Então será em vazio o arrependimento, vãos os gemidos e sem eficácia os rogos.
Tarde crêem na pena eterna os que não quiseram crer na vida eterna.” (Carta A Demetriano, 24)
“Acredite n’ Ele que dará a todos os que acreditam a
recompensa da vida eterna. Acredite n’Ele, que irá chamar para os que não
acreditam, punições eternas no fogo do inferno. ... Um
inferno sempre-ardente vai queimar o condenado, e uma punição com chamas
devorando-o vivo; nem haverá qualquer fonte de onde a qualquer
momento para eles possam ter qualquer pausa ou fim de seus tormentos.Almas com
seus corpos serão colocadas em torturas infinitas para o sofrimento... A
dor da punição será sem o fruto de arrependimento; choro será inútil, e oração
ineficaz. Demasiado tarde eles vão acreditar no castigo eterno, que
não acreditou na vida eterna. ... Quando você tiver partido para lá, já não há
qualquer lugar de arrependimento, e não há possibilidade de fazer penitência.
Aqui a vida é perdida ou salva [....]”. (Tratado 5 Secções 23,24,25)
HIPÓLITO DE ROMA (236 d.C)
O lugar e a data do seu nascimento são
desconhecidos, embora saiba-se que foi discípulo de Santo Ireneu de Lião. Seu
grande conhecimento da filosofia e dos mistérios gregos, e sua própria
psicologia, indicam que procedia do Oriente. Até o ano 212 era presbítero em
Roma, onde Orígenes - durante sua viagem à capital do Império - o ouviu
pronunciar um sermão.
Santo Hipólito, da mesma maneira que os
demais Padres, reconhece que a alma do homem mal vai ser punida por toda a
eternidade:
“Aos amantes da iniqüidade será dado o
castigo eterno. E o fogo que é insaciável e sem fim aguarda estes últimos, e um
certo verme de fogo, que não morre, e o que não acaba o corpo, mas continua
explodindo o corpo com a dor sem fim. Nenhum sono lhes dará descanso; nenhuma
noite vai acalmá-los; nenhuma morte irá livrá-los da punição; nenhuma voz de
amigos intercedendo vai beneficiá-los.” (Contra
Platão, sobre a causa do Universo – Sessão 3)
Também nos fala como o corpo dos bons
será tornado imortal igual a alma já é imortal por natureza:
“E tu deve possuir um corpo imortal, até
mesmo um colocado além da possibilidade de corrupção, assim como a
alma.” (Refutação de todas as heresias livro 10 Cap. 30)
EUSÉBIO DE CESARÉIA (340 d.C)
Eusébio foi bispo de Cesaéria e é um
dos mais importantes historiadores dentro do cristianismo primitivo. Segundo
Eusébio a doutrina do "sono da alma" foi um heresia surgida na
Arábia, a qual foi refutada por um concílio, no qual Orígenes estava presente:
"Apareceram ainda, na Arábia, no tempo a
que nos referimos, introdutores de uma doutrina alheia à verdade.
Asseveravam que a alma humana neste mundo, no momento final provisoriamente
morre com o corpo, e com ele se corrompe, mas no futuro, por ocasião da
ressurreição, com ele reviverá.Então, foi convocado um importante concílio.
Orígenes novamente foi chamado, e após ter discursado perante a assembléia sobre
a questão disputada, saiu-se de tal forma que alterou o modo de pensar dos que
primeiramente haviam sido iludidos." (História Eclesiástica - Livro VI, 37)
Da mesma forma atesta que em sua época
a doutrina da imortalidade da Alma já era um dogma:
“Ação diabólica era, certamente, aquele empenho em
caluniar por meio desses mágicos, encobertos com o nome de cristãos, o grande
mistério da piedade (1Tm 3,16), declarando-o magia, e dilacerar, por
meio deles, os dogmas da Igreja sobre a imortalidade da alma e a ressurreição
dos mortos. Mas, subscrever os ditos desses salvadores é decair, perder a
verdadeira esperança.” (História Eclesiástica - Livro III, 26, 4)
É bastante interessante como um
historiador da Igreja primitiva, que viveu pouco tempo depois da "doutrina
pagã" suspostamente ter entrado na Igreja, não fazer qualquer ideia de que
esta era um doutrina pagã, nem saber de qualquer relato histórico que esta
doutrina não era aceita pelos primeiros padres e que foi advinda de Platão, e
ainda assim relatar que o aniquilacionismo foi condenado por um concílio já no
terceiro século.
Em outros escritos também relata sobre
a alma imortal:
“Quem tem bárbaros instruídos e camponeses, sim, as
mulheres fracas, escravos e crianças, em suma, inumeráveis multidões de homens
de todas as nações, a viver no desprezo da morte; persuadidos da imortalidade
de suas almas.” (Oração no Louvor de Constantino)
“Todos estes realmente são perecíveis, e consumidos
pelo lapso de tempo, sendo representações do corpo corruptível, e não expressam
a imagem da alma imortal”. (Vida de Constantino Livro I, Cap. 3)
CONSTITUIÇÕES APOSTÓLICAS
“Pois mesmo a nação judaica tinha
heresias perversas; porque eles eram os saduceus, os quais não confessam a
ressurreição dos mortos; e os fariseus, que atribuem a prática de pecadores a
fortuna e destino; e os Basmoteanos, que negam a providência, e dizem que o
mundo é feito pelo movimento espontâneo, e tiram a imortalidade da
alma.” (Constituições Apostólicas VI)
“Agora, todos eles tinham uma única e mesma
concepção de ateísmo, blasfemar contra Deus Todo-Poderoso, para
espalhar a sua doutrina de que Ele é um ser desconhecido, e não o Pai de
Cristo, nem o Criador do mundo; mas aquele que não pode ser falado, inefável,
não identificado, e gerado por ele mesmo; que não estamos a fazer uso da lei e
os profetas; que não há nenhuma providência e não há ressurreição a ser
acreditada; que não há julgamento nem retribuição; que a alma
não é imortal; que só deve gozer de nossos prazeres, e voltar-se
para qualquer tipo de culto, sem distinção.” (Constituições
Apostólicas X)
“Nós reconhecemos com nós uma alma que é
incorpórea e imortal, não corruptível como os corpos são, mas imortal, sendo
racional e livre.” (Constituições
Apostólicas, XI)
PADRES NICENOS E PÓS NICÉIA
SANTO ATANÁSIO
Nascido no final do século III ou
início do IV. Por volta do ano 320, quando foi ordenado diácono, assistiu ao
Concílio de Nicéia. Em 328 foi ordenado bispo antes de atingir os 30 anos. É reconhecido
como doutor da Igreja e campeão da ortodoxia por sua defesa à fé nicena.
“A alma imortal. Provada por (I) que é
distinta do corpo, (2) que é a fonte de movimento, (3) o seu poder de ir além
do corpo na imaginação e pensamento. Mas que a alma é feita imortal é
mais um ponto a doutrina da Igreja que você deve saber, para mostrar como os
ídolos devem ser derrubados. Mas vamos chegar mais diretamente a um
conhecimento disto, pelo que sabemos do corpo, e da diferença
entre o corpo e a alma. Pois, se o nosso argumento provou que
ela é distinta do corpo, enquanto o corpo é, por natureza mortal, segue-se que
a alma é imortal, porque não é como o corpo.” (Contra
os Pagãos – Parte 33)
AFRAATES
“Pois no primeiro nascimento nascem com as almas de
animais que é criado dentro do homem e não é posteriormente sujeito à morte...” (Demonstrações
Seletas 6, 14)
ARNOBIO DE SICCA
O único escritor primitivo que temos
conhecimento que adotou como doutrina do destino da alma, o aniquilacionismo,
foi Arnóbio de Sicca, este autor é comumente citado por aniquilacionistas para
tentarem rastrear sua heresia dentro da Igreja primitiva. Anóbio de Sica não é
Pai da Igreja.
Sabemos por São Jerônimo (Chron.
ad ann. 253-257) que Arnóbio foi professor de retórica em Sicca
(África) e teve Lactancio entre os seus discípulos (De vir ill.'SQ;. Epistola
70. 5.). Foi pagão e por muito tempo foi forte adversário do cristianismo, até
que, finalmente, foi advertido em um sonho, e converteu-se a nova religião
(Cron., 1.c). Ele, no entanto, não mencionou o motivo de sua conversão, quando
ele fala dela (Contra os Pagãos 1,39, 3, 24). Seu trabalho, em sete livros, tem
o título de “Adversus nationes” ou “Contra os Pagãos”.
Uma das passagens comumente usadas de
Arnóbio para justificar a mortalidade da alma é:
“Não há motivo, portanto, que nos engane, não há
motivo que nos faça conceber esperanças infundadas aquele que se diz por
alguns pensadores recentes e fanáticos pela excessiva estima
de si mesmos que, as almas são imortais” (Contra os Pagãos Livro II, 14-15)
Apesar disso, Arnóbio não diz em nenhum
lugar de sua obra que a doutrina da imortalidade da alma é de origem pagã,
mesmo ele falando sobre diversas seitas pagãs de sua época, não atribui isso a
algo adotado do paganismo para dentro da Igreja. No máximo questiona Platão por
acreditar nisto também.
Quando Arnóbio escreveu esta obra, ele
não tinha qualquer conhecimento das doutrinas cristãs, escreveu por impulso e
de forma pobre, assim diz Johannes Quasten, especialista em Patrística:
“Jerônimo (Os Homens Ilustres 79) intitula o tratado
como Adversus fienles, enquanto o único manuscrito (Codex Paris. 1661 SAEC. IX)
chama de Adversus nationes. Este parece ser o título correto. Todas as
indicações são de que o autor escreveu às pressas, quando ele ainda tinha pouco
conhecimento das coisas da fé. McCracken definido com confiança “o
contra-ataque mais vivo e nítidas que permanece contra cultos pagãos
contemporâneos” (p.4). Como fonte para o conhecimento da doutrina
cristã é de péssimo valor, mas é uma rica mina de informações sobre as
religiões pagãs contemporâneas.” (Johannes Quasten – Patrologia Volume II Pg. 67)
Também o historiador protestante Philip
Schaff, mostra que Arnóbio era completamente ignorante das Escrituras:
"Frágil
e insatisfatório. Arnóbio parece ser tão ignorante sobre
a Bíblia quanto Minucius Felix. Ele nunca cita o Antigo Testamento
e o Novo Testamento apenas uma vez. Ele não sabe nada sobre a
história dos judeus e o culto Mosaico e confunde os fariseus e
saduceus ....
Quanto
ao homem, Arnóbio .... nega a sua imortalidade. A alma sobrevive ao corpo, mas
depende unicamente a Deus pelo dom de duração eterna. Os ímpios vão
para o fogo do inferno, e acabarão porserem consumidos
ou aniquiladas." (Philip Schaff
- History of the Christian Church - Volume 2, page 858ff)
Ao contrário do que alguns pensam, ele
mesmo acreditava em doutrinas platônicas que contrariavam as doutrinas cristãs.
Ele sustentava que a verdadeira doutrina de Cristo é que as almas são obras de
um ser inferior, por isso cria que elas “morriam”.
“Ouvir e aprender com quem sabe e tem pregado a
todo o mundo, de Cristo, isto é, que as almas não são filhas do
Grande Rei, e, embora ele diz que Ele se engendrou não ter dito a verdade sobre
si mesmo ou ter falado de si mesmo em termos de sua origem essencial. Tem
algum outro criador, abaixo do Ser Supremo em dignidade e poder, mas
pertence à sua corte e é enobrecido pela glória do lugar elevado que ocupa” (Contra os Pagãos Livro II, 36).
Arnóbio já acreditava que alma era
aniquilada desde quando ainda era pagão, esse foi o motivo da sua “conversão”
ao Cristianismo, o medo de ser “aniquilado”, como ele mesmo atesta:
“A medida que o medo da morte, ou a
destruição de nossas almas, que nos persegue, não é verdade que agimos
movidos pelo instinto do que é bom para nós ..., abraçando as promessas
que nos livre de tal perigo?” (Contra os Pagãos Livro II, 33).
Não existe qualquer consciência
doutrinária lógica nos escritos de Arnóbio para que alguém possa usá-lo como
testemunha de alguma doutrina Cristã primitiva.
Como pode alguém ignorante das
Escrituras e nunca citar as Escrituras em seus Escritos ser usado como suposta
testemunha de uma doutrina supostamente "bíblica"?
Arnóbio também implicitamente rejeita a
crença bíblica na criação e adota como ensinamento de Cristo, o mito do Timeu
de Platão. Se por acaso, como alguns dizem, Arnóbio estivesse se esquivando das
doutrinas platônicas e pagãs gregas ao ir contra a imortalidade da alma, por
que não foi contra as doutrinas pagãs ao adotar que as almas não são criadas
por Deus e adotar o Mito de Timeu de Platão como doutrina da existência do
universo?
A total inconsistência argumentativa
das opiniões dos aniquilacionaistas frente as obras de Arnóbio depõem muito
mais contra eles, do que a favor.
METÓDIO
“Mas é a carne que morre; a alma é imortal.” (Discurso
sobre a Ressurreição - XII)
CIRÍLO DE JERUSALÉM (350 d.C)
Nasceu em Jerusalém ou em suas
proximidades, por volta do ano 313 ou 315; em 348 já era bispo. Morreu
aproximadamente no ano 386.
“Avançar para o conhecimento desta venerável e
gloriosa e toda santa Fé, aprenda ainda mais o que tu mesmo é: que como
homem tu és de uma natureza dupla, composta de corpo e alma, e que, como foi
dito um curto espaço de tempo atrás, o mesmo Deus é o Criador tanto da alma
quanto do corpo. Saiba também que tens uma alma auto-governada, a obra mais
nobre de Deus, feita à imagem do seu Criador:imortal por causa de Deus que
lhe dá a imortalidade; a vida sendo, racional, imperecível, por causa Dele que
concedeu esses dons: ter poder livre para fazer o que o quer.” ( Leituras Catequéticas 4, 18)
SÃO GREGÓRIO DE NISSA
Nascido entre 331 e 335 d.C. Foi
consagrado bispo em 371 e faleceu em 394.
“De fato, afirmei que as palavras divinas
assemelhavam-se às injunções, nos impelindo a acreditar que a alma deve
subsistir para sempre” (Sobre a Alma e a Ressurreição - Prólogo)
SÃO JOÃO CRISÓSTOMO
Considerado um dos quatro grandes
Padres da Igreja oriental, nasceu na Síria por volta do ano 347. Foi Patriarca
de Constantinopla e morreu em 404 d.C.
“Esse tipo de soberania Deus derramou sobre nós
desde o início, e nos colocou sobre todas as coisas. E não só a este respeito
que Ele confere honra a nossa natureza, mas também, pela própria eminência do
local em que fomos colocados, fixando-nos no Paraíso como a nossa habitação de
escolha, e conferiu o dom da razão, e uma alma imortal.” (Sobre as Estátuas, 7, 3)
“As coisas irracionais só são úteis para a vida
presente; mas nós temos uma alma imortal, para que possamos usar todos os meios
para nos prepararmos para essa outra vida.” (Homilia 31 sobre o evangelho de
João)
“(...) Deviam aprender, de certo modo
retirando de grande profundidade, que apenas o Senhor do universo é Deus, que
somente a ele importa adorar, que constitui coisa excelente um admirável estilo
de vida, QUE A MORTE CORPORAL NÃO É PROPRIAMENTE MORTE, que a vida corporal não
é propriamente vida. (...)” (São João Crisóstomo - Comentário à Carta aos Colossenses 1,28).
“(...) Assim sucede aqui na terra. Quando, porém,
PARTIMOS DAQUI, ouve o que pede o rico, dono de imensas riquezas, na tua
opinião; quanto a mim, não consigo denominá-las um bem, mas considero-as
indiferentes. Escuta o que diz este dono de inúmeras riquezas, e em que
necessidade se encontra. Pede: "Pai Abraão, manda que Lázaro molhe a ponta
do dedo para me refrescar a língua, pois estou torturado nesta chama" (Lc
16,24). Se, portanto, aquele rico nada sofreu do que referi, se passou sem
temores nem cuidados toda a vida - por que toda a vida? -, digo melhor, aquele
único momento - na realidade é um momento, pois não passa de um momento o tempo
todo em comparação COM OS SÉCULOS INFINITOS -, se tudo correu de acordo com os
seus desejos, não merecem compaixão suas palavras ou antes seu estado? O vinho
não correu em abundância em tua mesa? Agora, contudo, não és dono nem de uma
gota d'água, e dela tanto precisas! (...)” (São João Crisóstomo - Comentário Sobre
a Carta aos Filipenses 1,19)
SÃO JERÔNIMO
Reconhecido como um dos quatros
doutores originais da Igreja latina. Padre das ciências bíblicas e tradutor da
Bíblia para o latim. Presbítero, homem de vida ascética, eminente literato.
Nasceu no ano 347 e morreu no ano 420.
“A imortalidade da alma e sua continuidade após a
dissolução do corpo - as verdades de que Pitágoras sonhou...” (Carta a Heliodoro, Epístola 60, 4)
SANTO AGOSTINHO
Bispo de Hipona e doutor da Igreja, é
reconhecido como um dos quatro doutores mais distintos da Igreja latina. Nasceu
em 354 e chegou a ser bispo de Hipona durante 34 anos. Combateu duramente todas
as heresias de sua época e morreu no ano 430.
“Mas porque a alma de sua própria
natureza, sendo criada imortal, não pode ficar sem algum tipo de vida, a sua
extrema morte é a alienação da vida de Deus em uma eternidade de castigo. Assim, então, Ele só quem dá a
verdadeira felicidade dá eterna vida, isto é, uma vida infinitamente feliz.” (Cidade de Deus, 6, 12)
SÃO JOÃO DAMASCENO
“A alma, portanto, é uma essência viva, simples, incorpórea, invisível em
sua própria natureza paraolhos corporais, imortal, racional e
inteligente, sem forma, fazendo uso de um corpo organizado, e sendo a fonte
de seus poderes de vida, crescimento, sensação, geração, a mente sendo somente
seu lado mais puro e não em qualquer estranho sábio para ela; (pois como os
olhos são para o corpo, assim é a mente para a alma); ainda goza de liberdade,
vontade e energia, e é mutável, isto é, é dado a mudar, porque é criada.” (Fé Ortodoxa, 2, 12)
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