Primeira
Carta
São Clemente aos Coríntios
Papa Clemente I
Biografia
São Clemente I (Roma, c. 35 — Quersoneso, c. 100), também conhecido
como Clemente Romano (em latim, Clemens Romanus),
foi o quarto papa do Cristianismo da Igreja Romana, entre 88 e 97. Nascido em Roma, nos arredores
do Coliseu,
de família hebraica,
foi um dos primeiros a receber o batismo de São Pedro.
Foi sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente aos Coríntios (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes),
o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto. Ele
foi considerado posteriormente o primeiro Pai da Igreja
postólica Romana por ter defendido publicamente o sistema religioso através das
hierarquias sacerdotais e rituais dogmáticos.
Embora fosse
conhecido como discípulo de São Pedro,
após eleito bispo pela Igreja de Roma introduziu como costume dogmas e
preceitos religiosos que haviam anteriormente sido abolidos pelos apóstolos e
discípulos de Cristo entre os cristãos. Estabeleceu o uso da Crisma, deu inicio
ao rito papado sendo o primeiro Papa instituído e
iniciou o uso da palavra Amém nas cerimônias religiosas. É conhecido pela carta
que escreveu para a comunidade de Corinto,
na qual rezava uma convicta censura à igreja devida sobretudo, às discórdias
entre os fiéis (consta que os presbíteros mais
jovens teriam expulsado do meio dos cristãos os bispos nomeados pela Igreja de
Roma), estabeleceu normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica
(bispos, presbíteros, diáconos) e ao primado da Igreja de
Roma.
A única obra genuína de Clemente ainda existente é uma carta dele para
igreja de Corinto,
geralmente chamada de "Clemente I". A história de I Clemente
demonstra claramente - e continuamente - a autenticidade da autoria por
Clemente. Ela pode ser considerada o mais antigo documento cristão não incluído
no Novo Testamento.
Clemente escreveu
para a problemática congregação em Corinto, onde alguns "presbíteros"
ou "bispos" tinham sido depostos (na época, os clérigos acima do
posto de diácono eram tratados de forma indistinta). Nela, Clemente clama pela
restauração dos que foram depostos e pelo arrependimento dos faltosos, em linha
com a manutenção da ordem e obediência à autoridade da Igreja estabelecida
pelos doze apóstolos com criação dos
"diáconos e bispos". Ele menciona "oferecer os presentes" (referência
à Eucaristia)
como uma das funções do alto episcopado de então.
Clemente, o
bispo de Roma pede para que recebam os bispos que acreditava terem sido expulsos injustamente
dizendo: “Se algum homem desobedecer às palavras que Deus pronunciou através
de nós [ plural majestático ], saibam que esse tal terá cometido uma grave transgressão, e se terá
posto em grave perigo”. E São Clemente incita então os coríntios a “obedecer às coisas escritas
por nós através do Espírito Santo”
Clemente também foi retratado como o herói de um romance (ou novela) na Igreja antiga que
sobreviveu em pelo menos duas versões diferentes, conhecidas como
"Literatura Clementina", onde ele é identificado com o primo do imperador Domiciano, Titus Flavius Clemens. A Literatura Clementina retrata
Clemente como o meio que apóstolos encontraram de disseminar seus ensinamentos
para a igreja.
MORTE - Neste pontificado ocorreu uma segunda perseguição aos cristãos, na época
de Domiciano.
Com Nerva,
os cristãos viveram uma temporada de paz. Mais tarde, Clemente foi preso no
reinado de Trajano.
Após ser detido e condenado ao exílio, com trabalhos forçados nas minas
de cobre de Galípoli; no ano 97, decidiu que os
cristãos não podiam ficar sem um guia espiritual, renunciando em favor de Santo
Evaristo. Converteu muitos presos e por isso, no ano 100 foi atirado ao
mar com uma pedra amarrada ao pescoço, tornando-se num mártir cristão dos princípios da Cristandade.
Seu corpo foi recuperado da águas e sepultado em Quersoneso,
na Crimeia,
de onde, mais tarde, por ordem de Nicolau I,
seu corpo foi levado a Roma.
A Igreja Bizantina Grega celebra
Clemente como santo e mártir no dia 24 de novembro (assim como Pedro). Na Igreja Bizantina Russa, os dois são
lembrados no dia 25 de novembro. Na Igreja Romana, Clemente é venerado como santo
padroeiro dos marinheiros e sua festa é dada no dia 23 de novembro. Em sua
honra, foi erguida a Basílica de São Clemente. A sua atribuição é uma âncora.
INTRODUÇÃO
À Igreja de Deus estabelecida transitoriamente em
Roma à Igreja de Deus estabelecida transitoriamente em Corinto, aos eleitos
santificados na vontade de Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo: que a graça e a
paz vos sejam dadas em plenitude da parte de Deus todo-poderoso, por Jesus
Cristo.
CAPÍTULO I
1 - Por causa
das desgraças e calamidades que repentina e continuamente se abateram sobre
nós, talvez estejamos a tratar tardiamente dos acontecimentos que se deram
entre vós, meus caros, e daquele motim, não conveniente a eleitos de Deus,
iniciado por algumas pessoas irrefletidas e audaciosas, de uma forma sórdida e
ímpia, surgido de tal ponto de loucura, que o vosso nome, dantes estimado,
acatado e
celebrado por
todos, fosse seriamente denegrido.
2 - Ora, quem é
que esteve entre vós e não elogiou vossa fé extraordinária e firme? Quem não
admirou vossa piedade consciente e suave em Cristo? Quem não louvou a tradição
da vossa hospitalidade
generosa?
Ou quem não vos
felicitou por vossa doutrina perfeita e segura?
3 - Fazíeis tudo
sem distinguir as pessoas e andáveis dentro dos preceitos de Deus,
sujeitando-vos aos vossos guias e respeitando devidamente os vossos anciãos.
Aos jovens, transmitíeis conceitos prudentes e honrosos; às mulheres,
recomendáveis para que cumprissem todos os seus deveres com consciência
irrepreensível, de forma santa e pura, amando convenientemente seus maridos; e
ainda as ensináveis a administrar a vida doméstica dentro das normas de
obediência e da
mais absoluta discrição.
CAPÍTULO II
1 - Vós todos
ainda possuíeis sentimentos de humildade, isentos de qualquer vaidade, mais
dispostos a submeter-vos do que a submeter, dando com mais gosto do que
esperando receber.
Contentando-vos
com o que Cristo vos dava como alimento e meditando sobre suas palavras, vós as
guardáveis com tanto cuidado no coração mesmo enquanto tínheis sofrimentos
pairando diante dos vossos olhos.
2 - Assim, uma
paz profunda e abençoada comunicavas e a todos um desejo insaciável de praticar
o bem, assim como a plena efusão do Espírito Santo, eram produzidos em todos.
3 - Repletos de
uma santa vontade, em bom zelo, levantáveis as vossas mãos piedosamente para o
Deus onipotente, suplicando-lhe sua misericórdia quando cometíeis
involuntariamente alguma falta.
4 - Dia e noite
travavam-se entre vós uma luta em favor da total fraternidade, para conseguir,
pela misericórdia e conscienciosidade, a salvação de todos os seus eleitos.
5 - Autênticos e
incorruptos vós éreis, não possuíeis malícia uns para com os outros.
6 - Toda revolta
e todo cisma vos causavam horror. Ficáveis entristecidos ao ver as faltas dos
outros; o que os outros cometiam, tínheis como vossas próprias faltas.
7 - Não havia
por que vos arrepender de qualquer omissão de bondade, já que estáveis
dispostos a toda boa ação.
8 - Ornados por
uma conduta virtuosa e honrosa, cumpríeis todas as vossas ações em seu temor.
Os mandamentos e as justas normas do Senhor estavam escritos sobre as fibras
dos vossos corações.
CAPÍTULO III
1 - Plena
reputação e prosperidade vos foi concedida, cumprindo-se a palavra da
Escritura: "O bem amado comeu e bebeu, engordou e encheu-se de comida, e
tornou-se desobediente".
2 - Daí nasceram
o ciúme e a inveja, a discórdia e a revolta, a perseguição e a desordem, a
guerra e o cativeiro.
3 - Desta forma,
os desonrados levantaram-se contra os honrados, os desrespeitados contra os
respeitados, os insensatos contra os sensatos, os jovens contra os anciãos.
4 - Por isso,
afastou-se para longe a justiça e a paz no exato momento em que cada um
abandonou o temor de Deus e obscureceu o olhar em sua fé, não andando conforme
o que prescreve os seus mandamentos, não se conduzindo da maneira digna de
Cristo. Ao invés, cada qual anda segundo os desejos de seu coração perverso,
admitindo em si um ciúme injusto e ímpio, ciúme este que gerou a morte para o
mundo.
CAPÍTULO IV
1 - Porque assim
está escrito: "E aconteceu, após alguns dias, que Caim oferecesse a Deus
um sacrifício com os frutos da terra e também, por sua vez, Abel oferecesse das
primícias dos rebanhos e de suas gorduras”.
2 - E Deus olhou
para Abel e seus dons, não reparando, porém, em Caim e seus sacrifícios.
3 - Então Caim
se entristeceu muito e seu rosto se abateu.
4 - Então o
Senhor falou a Caim: 'Por que te tornaste sombrio e por que teu rosto anda
abatido? Acaso não pecaste? Ora, embora tua oferenda seja correta, tua escolha
não o foi.
5 - Acalma-te,
pois a oferenda voltará a ti e poderás dispor dela'.
6 - Então Caim
falou a Abel, seu irmão: 'Vamos para a planície'.
“E ocorreu que,
enquanto estavam na planície Caim se levantou contra Abel, seu irmão, e o
matou”.
7 - Vide,
irmãos: foram o ciúme e a inveja que produziram o fratricídio.
8 - Por causa do
ciúme, nosso pai Jacó teve que fugir da presença de Esaú, seu irmão.
9 - O ciúme fez
com que José fosse perseguido à morte e acabasse preso.
10 - Foi o ciúme
que obrigou Moisés a fugir da presença do faraó, rei do Egito, na hora de ouvir
um de seus compatriotas: quem é que te constituiu árbitro e juiz sobre nós? Não
queres matar-me, da mesma forma como ontem mataste o egípcio?
11 - Por causa
do ciúme, Aarão e Maria foram expulsos do acampamento.
12 - O ciúme
conduziu Datã e Abirão vivos para o Mundo dos Mortos, por se revoltarem contra
Moisés, servo de Deus.
13 - Por ciúme
Davi não apenas obteve inveja da parte dos estrangeiros, como também foi
perseguido por Saul, rei de Israel.
CAPÍTULO V
1 - Agora, para
colocarmos fim aos exemplos antigos, passemos aos atletas que nos tocam de
perto; verifiquemos os nobres exemplos da nossa geração.
2 - Por ciúme e
inveja foram perseguidos e lutaram até à morte as nossas colunas mais elevadas
e retas.
3 - Fixemos
nossos olhos sobre os valorosos apóstolos:
4 - Pedro, que
por ciúme injusto não suportou apenas uma ou duas, mas numerosas provas e,
depois de assim render testemunho, chegou ao merecido lugar da glória.
5 - Por ciúme e
discórdia, Paulo ostentou o preço da paciência.
6 - Sete vezes
acorrentado, exilado, apedrejado, missionário no Oriente e no Ocidente, recebeu
a ilustre glória por sua fé.
7 - Ensinou a
justiça no mundo todo e chegou até os confins do Ocidente, dando testemunho
diante das autoridades. Assim, deixou o mundo e foi buscar o lugar santo, ele,
que se tornou o mais ilustre exemplo da paciência.
CAPÍTULO VI
1 - A esses
homens de conduta santa, ajuntou-se grande multidão de eleitos que, por ciúme,
suportaram muitos insultos e torturas, transformando-se no mais belo exemplo
entre nós.
2 - Por ciúmes,
mulheres foram perseguidas, como Danaídes e Dircês, e sofreram afrontas cruéis
e sacrílegas, percorrendo a segura trajetória da fé e obtendo o nobre prêmio,
elas, que eram fracas de corpo.
3 - Foi o ciúme
que separou esposas e maridos, afrontando a palavra de nosso pai Adão:
"Ela é osso dos meus ossos e carne da minha carne".
4 - Ciúme e
intriga destruíram grandes cidades e eliminaram nações oderosas.
CAPÍTULO VII
1 – Caríssimos,
ao escrever-vos tais coisas, não apenas vos levamos a refletir, mas também
advertimos a nós mesmos, já que nos encontramos no mesmo campo de batalha, nos
esperando a mesma luta.
2 - Abandonemos,
assim, as opiniões vazias e tolas, voltando-nos para a gloriosa e santa regra
da tradição.
3 - Vejamos o
que é belo, agradável e aceito aos olhos daquele que nos criou.
4 - Fixemos a
vista no sangue de Cristo e compreendamos o quanto é precioso aos olhos do Pai pois,
derramando-o por nossa salvação, ofereceu-o ao mundo inteiro pela conversão.
5 - Percorramos
todas as gerações e aprendamos que de geração em geração o Senhor deu
possibilidade de conversão àqueles que a Ele quiseram retornar.
6 - Noé anunciou
a conversão e os que a aceitaram se salvaram.
7 - Jonas
anunciou a ruína aos ninivitas; os que fizeram penitência de seus pecados, por
suas súplicas, reconciliaram-se com Deus e alcançaram a salvação, ainda que
fossem estranhos a Deus.
CAPÍTULO VIII
1 - Sobre a
conversão falaram os ministros da graça de Deus, sob inspiração do Espírito
Santo.
2 - Sobre a
conversão também falou o próprio Senhor de tudo, ao jurar: "Tão certo como
vivo - diz o Senhor - não quero a morte do pecador, mas sua conversão". E acrescentou:
3 - “Convertei-vos
de vosso erro, casa de Israel”! Dize aos filhos do meu povo: 'ainda que os
vossos pecados se amontoassem da terra até o céu, ainda que estes fossem mais
vermelhos que a púrpura e mais negros que o saco, se
vos voltardes para mim de todo coração e disserdes: 'Pai!', “Eu vos atenderei
como se fosses um povo santo'".
4 - Em outra
parte, ainda fala: “Lavai e purificai-vos”. Afastai dos meus olhos as maldades
de vossas almas.
Deixai vossas
maldades e aprendei a praticar o bem; procurai a justiça, socorrei o oprimido,
fazei justiça ao órfão, defendei a viúva, e então vinde para colocarmos as
coisas em ordem - diz o Senhor. E se os vossos pecados forem como a púrpura, os
tornarei brancos como a neve; se forem escarlate como a lã, os farei alvos. “Se
vos dispuserdes a me escutar, comereis os bens desta terra; porém, se não
quiserdes me ouvir, a espada vos devorará - assim fala a boca do Senhor”.
5 - No desejo de
levar a todos os seus amados a participarem da conversão, fortaleceu-vos por
sua vontade todo-poderosa.
CAPÍTULO IX
1 - Por isso,
obedeçamos a sua vontade excelsa e gloriosa. Supliquemos, prostrados, pela
piedade e bondade. Recorramos à sua misericórdia.
Abandonemos a
vaidade, a discórdia e o ciúme que conduz à morte.
2 - Fixemos o
olhar naqueles que serviram com perfeição a sua magnífica glória.
3 - Tomemos, por
exemplo, Henoc, que, encontrado justo em sua submissão, foi arrebatado e não se
encontrou indício de sua morte.
4 - Noé,
reconhecido fiel, recebeu o encargo de anunciar o renascimento do mundo e o
Senhor salvou, por ele, os seres que entraram em harmonia na sua arca.
CAPÍTULO X
1 - Abraão,
proclamado "o amigo", se revelou fiel em sua submissão à palavra de
Deus.
2 - Por
obediência, ele saiu de sua terra, deixou seus parentes e a casa do pai, saindo
de uma terra pequenina, parentes sem importância, uma casa modesta, para herdar
as promessas de Deus. Pois é Ele quem lhe diz:
3 - "Deixa
tua terra, teus parentes e a casa de teu pai, para te dirigires à terra que te
mostrarei. Farei de ti um povo grande. Abençoar-te-ei e engrandecerei teu nome;
serás abençoado. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem. Em ti, todas as tribos da terra serão benditas".
4 - Outra vez,
ao se separar de Lot, falou-lhe Deus:
"Levanta
teus olhos e mede o espaço existente entre ti, entre o norte e o sul, leste e
mar: pois toda essa terra vos darei e à tua descendência para sempre.
5 – “Farei tua
descendência como o pó da terra: se alguém conseguir contar o pó da terra,
então saberá também contar a tua descendência”.
6 - E ainda diz:
“Conduziu Deus a Abraão para fora e lhe falou: ‘Levanta os olhos para o céu e
conta os astros, se é que consegues contá-los”. Assim será a tua descendência'.
Abraão acreditou em Deus e isso lhe foi imputado como
justificação".
7 - Por causa da
fé e da hospitalidade, foi-lhe dado um filho na velhice e, por obediência, ele
o ofereceu como sacrifício a Deus sobre um dos montes que Ele lhe mostrou.
CAPÍTULO XI
1 - Por causa da
hospitalidade e piedade, Lot salvou-se de Sodoma, quando a terra em redor foi
castigada com fogo e enxofre. Desta forma, Deus deixou claro que não abandona
aqueles que esperam nele, mas que entrega os ímpios ao castigo e ao suplício.
2 - Sua mulher
acompanhava-o na saída, no entanto, não compartilhava sua fé e crença,
transformando-se num sinal disso, a ponto de reduzir-se a mera estátua de sal
até os dias de hoje, para que todos, assim, possam se inteirar que Deus pune os
desconfiados e os de alma dupla para escárnio de todas as gerações.
CAPÍTULO XII
1 - Por causa da
fé e hospitalidade, Raabe, a prostituta, se salvou.
2 - Pois quando
Jesus, filho de Navé, mandou espiões para Jericó, o rei daquela nação ficou
sabendo que haviam chegado homens para explorar a terra; então mandou homens
para os prenderem e, depois de presos, atarem-nos.
3 - Raabe, a
hospitaleira, recebeu-os e os ocultou sob a palha do linho no andar superior.
4 - Quando os
emissários do rei se apresentaram e lhe falaram: "Aqui entraram os espiões
que vieram reconhecer nosso território. O rei manda que os entregueis",
ela respondeu-lhes: "De fato, os homens que procurais entraram em minha
casa, porém já se retiraram e continuam seu caminho". E ela apontou-lhes em
direção oposta.
5 - Então ela
falou aos espiões: "Disto sei e me convenci: o Senhor vos entregou esta
terra porque o medo e pânico se apossaram de seus habitantes. Quando a conquistardes,
salvai a mim e a casa de meu pai".
6 - Os espiões
responderam: “Será como falaste”!
Quando nos vires
aproximar, reúnam-se todos os teus parentes sob o teto da tua morada e todos
serão salvos; porém, aqueles que estiverem do lado de fora perecerão".
7 - Como outro
sinal, propuseram-lhe ainda que dependurasse algo vermelho na casa, tornando evidente
que, pelo sangue do Senhor, viria à redenção para todos aqueles que cressem e
esperassem em Deus.
8 - Vede amados:
nesta mulher não houve apenas fé, mas também o dom da profecia.
CAPÍTULO XIII
1 - Portanto,
tornemo-nos humildes, irmãos, deixando de lado toda a ostentação, o orgulho, o
excesso e a ira, e cumpramos o que está escrito. Pois assim diz o Espírito
Santo: "Não se orgulhe o sábio em sua
sabedoria, nem o
forte em sua força, nem o rico em sua riqueza, mas aquele que se gloriar,
glorie no Senhor, procurando-O e praticando o direito e a justiça". Antes
de mais nada, recordemos as palavras ditas por Jesus, mestre da equidade e grandiosidade.
2 - Pois foi ele
que disse isto: “Sede misericordiosos para obterdes misericórdia”. Perdoai para
que sejais perdoados. Assim como fizerdes, assim vos será feito.
Da forma como
derdes, assim vos será dado. Do modo como julgardes, assim sereis julgados.
Como fizerdes o bem, assim vos será feito. Com a medida que medirdes, também
vos será medido em troca".
3 - Com este
mandamento e estes preceitos, fortaleçamo-nos, para que possamos andar humildes
e submissos às suas santas palavras. Pois a sagrada palavra assim reza:
4 - "Para
quem hei de olhar senão para o manso e pacífico e para aquele que respeita os
meus oráculos?".
CAPÍTULO XIV
1 - É justo e
santo, irmãos, tornarmo-nos submissos a Deus do que seguirmos aqueles que se
deixam guiar pela arrogância e orgulho, aos promotores do ciúme.
2 - Estaremos
nos expondo não a um prejuízo qualquer, mas a um grande perigo, se nos
entregarmos aos caprichos dos homens, que buscam a discórdia e a revolta para
nos separar da boa conduta.
3 - Sejamos
bondosos uns para com os outros, seguindo a misericórdia e doçura do nosso
Criador.
4 - Pois assim
está escrito: "Os mansos habitarão a terra, os inocentes serão deixados
sobre ela enquanto os pecadores serão exterminados dela".
5 - E em outro
ponto: “Vi o ímpio gabar-se orgulhoso como os cedros do Líbano; passei e ele
não mais existia; então procurei seu lugar e não encontrei”.
Guarda a
inocência e observa a justiça pois se consagra a memória do homem que guarda a
paz".
CAPÍTULO XV
1 - Unamo-nos,
pois, àqueles que mantêm a paz na santidade e não aos que defendem a paz por
pura hipocrisia.
2 - Pois é dito
em algum lugar: "Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está
longe de mim".
3 - E novamente:
"Abençoavam com a boca, mas amaldiçoavam com o coração".
4 - E novamente:
“Amavam-no com os lábios, mas, mentiam-lhe com a língua; o coração não era
sincero para com Ele, nem se mantinham fiéis à sua aliança”.
5 – “Por isso,
tornem-se mudos os lábios ímpios que proferem maldades contra os justos".
E ainda: "Que o Senhor extermine todos os lábios ímpios, a língua arrogante
e todos os que dizem: 'Engrandecemos a nossa língua, em nossos lábios estão o
poder! Quem é o nosso Senhor?'.
6 - Por causa da
miséria dos pobres e dos gemidos dos desamparados, levantar-me-ei agora - diz o
Senhor – e os colocarei a salvo.
7 - “Julgarei
seu caso com isenção”.
CAPÍTULO XVI
1 - Porque
Cristo pertence aos humildes e não aos se elevam acima da comunidade.
2 - O cetro da
majestade de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, não veio com ares de arrogância e
orgulho, muito embora assim pudesse ter feito, mas com humildade, como, sobre
ele, o Espírito Santo anunciou.
Pois disse:
3 - “Senhor,
quem deu crédito à nossa palavra”? A quem se revelou o braço do Senhor? Nós
anunciamos na presença Dele: Ele é como o escravo, como a raiz numa terra
sedenta! Não possui beleza, nem brilho. Nós o vimos: não tinha beleza, nem
aparência agradável. Ao invés, sua beleza era desprezível e perdia para a
beleza dos homens. Um homem açoitado, trabalhado e acostumado a sofrer
fraquezas; menosprezado, afastou o rosto e não contou para nada.
4 - Ele carrega
nossos pecados e sofre por nós. Vimos nele um homem atormentado, açoitado e
humilhado.
5 - Foi coberto
de chagas por causa de nossos pecados; tornou-se debilitado por causa de nossos
crimes; o castigo que nos educa para a paz caiu sobre ele e nós fomos curados,
graças às suas chagas.
6 - Todos, como
ovelhas, andávamos desviados; o homem havia se desviado de sua rota.
7 - O Senhor o
entregou em resgate por nossos pecados e ele não abriu a boca diante dos maus
tratos.
Como cordeiro,
foi conduzido ao matadouro e, como ovelha, na frente do tosquiador permaneceu
calado, sem abrir a boca. Na humilhação foi levantada sua condenação.
8 - Quem pregava
sua geração já que sua vida será tirada da terra?
9 - Por causa
das iniquidades do meu povo, ele será levado à morte.
10 - E Eu
entregarei os ímpios como reféns de sua sepultura e os ricos em troca da sua
morte, pois não cometeu mal algum, nem culpa foi encontrada em sua boca. Mas o
Senhor quer purificá-lo de suas feridas.
11 - Se
oferecerdes um sacrifício por vosso pecado, vossa alma verá descendência pela
longa vida.
12 - O Senhor
quer arrancar o tormento de sua alma, mostrar-lhe a luz e formá-lo na
consciência, justificando o justo que bem serviu a muitos; ele próprio tomará
sobre si os pecados deles.
13 - Por isso
terá multidões como herança e distribuirá os troféus dos poderosos pelo fato de
sua alma ser entregue à morte e ele ter sido contado entre os ímpios.
14 - “E ele
próprio suportou os pecados de muitos e se entregou pelos pecados deles”.
15 - Ele próprio
ainda diz: “Eu, porém, não sou mais que um verme, não sou homem, mas último
entre os homens e escória do povo”.
16 - Todos os
que me viram, zombaram de mim, murmuraram com os lábios e moveram a cabeça em sinal
de negação. Confiou no Senhor, que o livre; se o
quiser bem, que
o salve".
17 - Vede,
amados, que exemplo nos foi dado! Se o Senhor assim se humilhou, o que faremos
nós que chegamos, por Ele, ao jugo de sua graça?
CAPÍTULO XVII
1 - Tornemo-nos
imitadores daqueles que em peles de carneiros e ovelhas percorriam a terra,
anunciando a chegada de Cristo: pensemos em Elias e Eliseu, também em Ezequiel,
nos profetas e, além destes, naqueles que receberam testemunho favorável.
2 - Abraão
recebeu magnífico testemunho, sendo proclamado 'amigo de Deus'. Mesmo assim, contemplando
a glória de Deus, confessou em sua humildade: "Eu, por mim, sou terra e
cinza".
3 - Também sobre
Jó se escreveu desta forma: "Jó, porém, era justo e irrepreensível;
verdadeiro, temente a Deus e afastado de todo o mal".
4 - Apesar
disso, ele próprio se acusa, dizendo: "Ninguém é isento de impureza, mesmo
que sua vida se resumisse a um só dia".
5 - Moisés foi
chamado de 'fiel servidor em toda a casa de Deus' e através de seu ministério,
Deus castigou o Egito com pragas e sofrimentos. Contudo, mesmo sendo tão
magnificamente exaltado, não se excedeu em palavras grandiloquentes, mas, ao
revelar-lhe o oráculo da sarça, falou apenas: "Quem sou eu para me enviares?
Tenho a voz fraca e dificuldade para falar".
6 - E novamente
assim fala: "Não passo de vapor que sai da panela quente".
CAPÍTULO XVIII
1 - O que dizer
de Davi e seu testemunho? A ele, Deus falou: "Descobri um homem segundo o
meu coração”: “Davi, filho de Jessé. Em eterna misericórdia eu o ungi".
2 - Mas também
ele falou para Deus: “Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a tua grande
piedade e, segundo a tua grande misericórdia, apaga o meu pecado”.
3 - Lava-me
sempre mais de minha iniquidade e purifica-me do meu pecado, pois reconheço a
minha injustiça e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 - Pequei
somente contra ti e pratiquei o que é mau perante os Vossos olhos; para que
estejas justificado em tuas palavras e venças, se te julgarem.
5 - Eis que fui
concebido na iniquidade e no pecado minha mãe me carregou em seu seio.
6 - Eis que
amaste a verdade e me revelaste os obscuros mistérios da tua sabedoria.
7 - Hás de me
aspergir com hissopo e serei purificado; hás de me lavar e tornar-me-ei mais
branco do que a neve.
8 - Hás de
fazer-me ouvir o som da alegria e da festa e os ossos humilhados se
rejubilarão.
9 - Afasta o
rosto de meus pecados e apaga todas as minhas iniquidades.
10 - Cria um
coração puro em mim, ó Deus, e forma um espírito firme em meu peito.
11 - Não me
afastes de tua presença e não retires de mim teu santo espírito.
12 - Restitui-me
a alegria da tua salvação e confirma-me com um espírito magnâmico.
13 - Ensinarei
teu caminho aos pecadores e os ímpios hão de converter-se para ti.
14 - Livra-me de
ações sanguinárias, ó Deus, Deus de minha salvação.
15 - Minha
língua exaltará a tua justiça. Senhor, hás de me abrir a boca e meus lábios
proclamarão o teu louvor.
16 - Se tivesses
desejado um sacrifício, te-lo-ia oferecido, porém, não te agradas com
holocaustos.
17 - Para Deus,
sacrifício é o espírito arrependido. “Deus não desprezará um coração contrito e
humilhado”.
CAPÍTULO XIX
1 - A humildade
e a modéstia de homens tão grandes e santos foram aprovados pela sua obediência.
Os que receberam as palavras Dele em temor e verdade não só
nos tornaram
melhores como também as gerações que nos precederam.
2 - Assim, após
participarmos de muitas grandes e gloriosas ações, corramos para a meta de paz
que nos foi proposta desde o início. Fixemos o nosso olhar sobre o Pai e
Criador de todo o mundo e agarremo-nos aos seus magníficos e excelsos dons de
paz e benefícios.
3 - Olhemos para
Ele em espírito e consideremos com os olhos da alma sua generosa vontade.
Reconheçamos o quanto é indulgente para com toda a sua criação.
CAPÍTULO XX
1 - Os céus
movem-se por Sua disposição e lhe submetem
na paz.
2 - O dia e a
noite percorrem o caminho por Ele demarcado, sem jamais se impedirem
mutuamente.
3 - Sol, lua e
demais astros giram conforme Sua determinação, em harmonia e sem desvio algum
pelas órbitas prescritas a cada um deles.
4 - A terra,
submissa à Sua vontade, fecunda nas estações próprias e provém sustento aos
homens, animais e todos os seres vivos, sem se rebelar nem se
afastar da ordem
por Ele desejada.
5 - As
profundezas insondáveis dos abismos e os subterrâneos inexplorados se mantêm
conforme as Suas leis.
6 - O mar
imenso, encerrado dentro da bacia que o contém, não ultrapassa os limites a ele
imposto mas, assim como lhe foi ordenado, o obedece.
7 - Pois foi Ele
quem disse: "Até aqui chegarás e tuas ondas se quebrarão em ti
mesmo".
8 - O oceano,
intransponível aos homens, bem como os mundos atrás dele, ordena-se pelas
mesmas leis do Senhor.
9 - As estações
da primavera, verão, outono e inverno se sucedem umas às outras em paz.
10 - A força dos
ventos cumpre, por sua vez, o serviço dele sem se desfalecer; as fontes
perenes, criadas para gozo e saúde, oferecem os peitos - sem interrupção - para
dar vida aos homens. Até os animais mais pequeninos fazem suas reuniões dentro
da paz e harmonia.
11 - O grande
Criador e Senhor de tudo ordenou todas essas coisas para que existissem em paz
e concórdia, já que deseja o bem de todas as criaturas, mostrando-se generoso
demais em relação a nós que nos refugiamos em sua misericórdia por nosso Senhor
Jesus Cristo.
12 - A Ele
glória e majestade pelos séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO XXI
1 - Amados,
cuidai para que vossos benefícios tão numerosos não se transformem em
condenação para nós, o que acontecerá se não formos dignos Dele e não realizarmos
em concórdia o que é bom e agradável a Seus olhos.
2 – Pois, está
dito em alguma parte: "O Espírito do Senhor é uma lanterna que penetra até
o fundo do coração".
3 - Consideremos
o quanto está próximo, de forma que nada do que pensamos, nada do que
calculamos permanece-Lhe oculto.
4 - Assim, é
justo que não nos afastemos da Sua vontade.
5 - Devemos
preferir chocar homens tolos e insensatos, exaltados e cheios da arrogância de
seus discursos, do que a Deus.
6 -
Reverenciemos o Senhor Jesus, cujo sangue foi derramado por nós. Respeitemos
nossos chefes.
Honremos os
anciãos. Eduquemos os jovens a temerem a Deus. Guiemos nossas mulheres para o
bem.
7 - Que elas
manifestem o desejo da pureza, a pura intenção na suavidade. Que, pelo
silêncio, demonstrem a moderação de sua linguagem. Que o amor não fique
dependente das
inclinações, mas que seja praticado de modo santo e igual entre todos aqueles
que temem a Deus.
8 - Que nossos
filhos participem da educação em Cristo, aprendendo o quanto pode a humildade perante
Deus, o quanto o amor consegue perante Deus, o quanto o temor Dele é bom e
excelso, salvando a todos os que nele vivem santamente em pura intenção.
9 - É Ele que
investiga nossos pensamentos e desejos. É o sopro Dele que está presente em nós
e que pode ser retirado por Ele quando quiser.
CAPÍTULO XXII
1 - A fé em
Cristo garante todas essas coisas, pois é Ele mesmo que assim nos convida, pelo
Espírito Santo: "Filhos, vinde e escutai-me: hei de ensinar-vos a temer a
Deus.
2 - Quem é o
homem que quer vida e aprecia ver dias bons?
3 - Guarda tua
língua do mal e teus lábios da traição.
4 - Afasta-te do
mal e faze o bem.
5 - Procura e
persegue a paz.
6 - Os olhos do
Senhor estão voltados para os justos e seus ouvidos para as suas súplicas. Mas
a face do Senhor se volta contra os que praticam o mal, destruindo a memória
deles sobre a terra.
7 - O justo
clama e o Senhor o atende, livrando-o de todas as tribulações.
8 - Muitos são
os flagelos do pecador, já a misericórdia cerca os que esperam no Senhor.
CAPÍTULO XXIII
1 - O Pai
todo-poderoso e misericordioso tem entranhas para os que O temem e, assim,
distribui de forma bondosa e amorosa Suas graças àqueles que se aproximam Dele
com o coração simples.
2 - Não hesitemos
por causa disso, nem se orgulhe nossa alma por causa dos Seus dons ricos e
magníficos.
3 - Que nunca se
aplique a nós a passagem da Escritura que diz: “Infelizes os que hesitam no
coração e desconfiam na alma; aqueles que dizem: ‘Tais promessas já escutamos
na época de nossos pais e eis que envelhecemos e nada disso aconteceu’”.
4 - Ó
insensatos, comparai-vos à uma árvore; reparai na videira que, primeiro perde
as folhas e então brota, a seguir vêm a folha, então a flor e, depois disso, a
uva verde é seguida da uva madura". Considerai como, em pouco tempo, o
fruto da árvore se torna maduro.
5 - É bem assim
que a vontade de Deus se cumpre, em ritmo veloz e inesperado, como a própria
Escritura nos atesta: "Virá logo e não tardará. Subitamente o Senhor entrará
no seu santuário, o Santo a quem esperais".
CAPÍTULO XXIV
1 - Amados,
observemos como o Senhor não cessa de dar-nos provas de que, no futuro, a
ressurreição se concretizará. Deu-nos prova dela primeiramente ressuscitando
Jesus Cristo dos mortos.
2 - Amados,
vejamos como se dá a ressurreição há seu tempo.
3 - O dia e a
noite nos manifestam a ressurreição:
dorme a noite,
ressuscita o dia; o dia se retira, chega a noite.
4 -
Exemplifiquemos com os frutos da terra: como e de que modo faz-se a semeadura?
5 - O semeador
sai e espalha, semente por semente, pela terra lavrada, que caem secas e nuas
sobre a terra e aí se desfazem; desta decomposição, a grandiosa providência do
Senhor as ressuscita, de forma que, de uma, aumentam para muitas e produzem
fruto.
CAPÍTULO XXV
1 - Consideremos
o sinal prodigioso que ocorre na região oriental, isto é, nas terras próximas
da Arábia.
2 - Aí existe um
pássaro chamado fênix, único na espécie e que vive quinhentos anos. Quando está
para morrer, ergue seu próprio sepulcro usando incenso, mirra e outras plantas
aromáticas e, ao completar seu tempo, aí se introduz e morre.
3 - De sua carne
em decomposição nasce uma larva que se alimenta da matéria putrefata do animal
morto e cria asas; quando se torna forte, levanta o sepulcro onde se encontram
os restos de seu ancestral e carrega-o, voando da terra da Arábia até a cidade
do Egito chamada Heliópolis.
4 - E, em plena
luz do dia, aos olhos de todos, transporta e depõe aqueles restos sobre o altar
do sol; a seguir, retoma o vôo de volta.
6 - Então os
sacerdotes examinam os calendários e percebem que ele chegou ao se completarem quinhentos
anos.
CAPÍTULO XXVI
1 - Devemos,
então, considerar grandioso e estranho o fato de o Criador operar a
ressurreição de todos aqueles que lhe serviram santamente na confiança de
uma boa fé, se
ele ilustra até por um pássaro a grandeza de sua promessa?
2 - Lê-se em
alguma parte: "Hás de me ressuscitar e eu te louvarei". E:
"Deitei-me e adormeci; levantei-me porque tu estás comigo".
3 - E Jó adverte
novamente: "Ressuscitarás minha carne que suportou todo esse
sofrimento".
CAPÍTULO XXVII
1 - Que nossas
almas se apeguem por uma esperança assim Àquele que é fiel em Suas promessas e
justo em Seus juízos.
2 - Aquele que
proibiu a mentira, tampouco haverá de mentir, pois nada junto a Deus é
impossível, exceto a mentira.
3 - Portanto,
que se acenda novamente dentro de nós a fé Nele e reconheçamos que todas as
coisas estão próximas Dele.
4 - Com apenas
uma palavra de sua grandeza, estabeleceu tudo e, com uma só palavra, pode
destruir tudo.
5 - Quem diria a
Ele: "O que fizeste?", e quem resistiria à força do seu poder? Fará
tudo quando e como quiser. Nada das coisas que ordenou haverá de passar.
6 - Tudo está
diante de Seus olhos, nada escapa de Sua determinação.
7 - Os céus
anunciam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de Suas mãos. O dia
comunica a façanha ao dia, a noite transmite seu conhecimento à noite.
Não há palavras
nem discursos em que suas vozes não são ouvidas.
CAPÍTULO XXVIII
1 - Já que vê
tudo e ouve tudo, temamos a Ele e abandonemos os maus desejos das ações
desonestas, para nos pouparmos por Sua piedade dos futuros juízos.
2 - Para onde
poderia algum de nós fugir de Sua mão forte? Qual mundo receberia alguém que
desertou Dele? Pois, em algum lugar, diz a Escritura:
3 - Para onde
fugirei e onde me esconderei de Tua face? Se subir ao céu, lá estás. Se me
retiro para as extremidades da terra, lá está a tua direita. Se me atiro
nos abismos, lá
está o Teu Espírito.
4 - Portanto,
para onde poderia alguém ir para escapar Daquele que tudo envolve?
CAPÍTULO XXIX
1 - Logo,
aproximemo-nos Dele com alma santa, levantando mãos puras e imaculadas para
Ele, amando nosso Pai bondoso e misericordioso, que nos admitiu
como herdeiros.
2 - Porque assim
está escrito: "Quando o Altíssimo distribuiu a herança aos povos, na hora
de disseminar os filhos de Adão, definiu territórios para os povos conforme a
multidão dos anjos de Deus. Tornou-se herança do Senhor o povo de Jacó e sua
partilha foi Israel".
3 - E em outra
parte se diz: "Eis que o Senhor toma para si um povo no meio dos povos,
assim como um homem toma as primícias de sua eira, e deste povo há de proceder
ao Santo dos santos".
CAPÍTULO XXX
1 - Uma vez que
formamos a porção santa, façamos tudo o que leva à santificação. Fujamos da maledicência,
abraços impuros e impudicos, bebedeiras, modismos temporários, cobiças abomináveis,
adultério detestável e soberba hedionda.
2 - Pois Deus,
como se lê, resiste aos soberbos, porém, concede graça aos humildes.
3 - Portanto,
unamo-nos àqueles a quem Deus concede a graça. Revistamo-nos de concórdia,
sejamos continentes humildes, mantendo-nos afastados de toda murmuração e
calúnia, justificando-nos mais pelas obras do que pelas palavras.
4 - Pois assim
se diz: "Quem muito fala, terá resposta. Qual homem eloquente imaginaria
que isso fosse justo?"
5 -
Bem-aventurado o homem, nascido de mulher, que vive pouco. Não te tornes
pródigo em palavras.
6 - Venha nosso
louvor de Deus e não de nós. Deus odeia aquele que louva a si próprio.
7 - O testemunho
de nossas boas ações seja dado pelos outros, como assim também aconteceu com
nossos pais, que foram justos.
8 - A
arrogância, a presunção e a audácia se assentam sobre aqueles que foram
malditos por Deus. A discrição, a humildade e a mansidão habitam junto
daqueles que
foram abençoados por Deus.
CAPÍTULO XXXI
1 - Dessa forma,
desejemos a bênção Dele e vejamos quais são os caminhos que levam à bênção.
Voltemos aos acontecimentos desde o princípio.
2 - Por que
nosso pai Abraão foi abençoado? Não seria porque ele praticou a justiça e a
verdade pela fé?
3 - Isaac,
conhecendo o porvir e cheio de confiança, deixou-se levar alegremente ao
sacrifício.
4 - Jacó,
humildemente, abandonou a terra por causa de seu irmão e foi para junto de
Labão, vivendo ali como seu servo, recebendo os doze cetros de Israel.
CAPÍTULO XXXII
1 - Se alguém
refletir com sinceridade sobre cada uma dessas coisas, reconhecerá a
magnificência dos dons de Deus a Jacó.
2 - É dele que
procederão todos os sacerdotes e levitas que servirão ao altar de Deus. Dele
[procede] o Senhor Jesus, segundo a carne. Dele [procede], através de Judas, os
reis, príncipes e chefes. Por sua vez, os outros cetros de Jacó também gozarão
de não pouca honra, uma vez que Deus anunciou: "Tua descendência será
numerosa como as
estrelas do céu".
3 - Assim, todos
atingiram à glória e à grandeza, não por
si mesmos, nem por suas obras ou pela justiça praticada, mas por vontade Dele.
4 - Também
igualmente entre nós, que fomos chamados por Sua vontade em Cristo Jesus, já
que não nos justificamos a nós mesmos, nem por nossa sabedoria ou inteligência,
ou pela piedade ou obras que tenhamos praticado na santidade do coração, mas através
da fé, pela qual o Deus todo-poderoso justificou a todos desde sempre: a Ele, a
glória pelos séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO XXXIII
1 - Então, o que
faremos, irmãos? Deveríamos renunciar à prática do bem e desertar de Seu amor?
Jamais permita o
Senhor que isso aconteça conosco. Ao contrário, devemos nos esforçar para
cumprir toda a obra boa com disponibilidade entusiástica,
2 - já que o
próprio Criador e Senhor de tudo se regozija de suas obras.
3 - Foi Ele que
firmou os céus com poder soberano e os ornamentou com inesgotável sabedoria.
Separou, também, a terra da água que a cerca, assentando-a
sobre a firmeza
de Sua própria vontade. Aos animais que povoam [a terra], chamou-os à
existência por sua ordem. Ele fez o mar e os seres que nele habitam,
encerrando-os aí
com seu poder.
4 - Além disso
tudo, com Suas mãos santas e puras, Ele modelou a mais excelente, a maior de
Suas obras: o homem. E imprimiu nele os traços de Sua própria
Imagem.
5 - pois assim
falou Deus: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. E Deus criou o
homem; varão e mulher os criou".
6 - E, enfim,
quando terminou todas essas obras, achou-as boas, abençoou-as e lhes disse:
"Crescei e multiplicai-vos".
7 - Reparemos
que todos os justos ornamentaram-se de boas obras e também o próprio Senhor
teve prazer em ornar-se com boas obras.
8 - Já que temos
tal exemplo, submetemo-nos sem demora à sua vontade e, com todas as forças, pratiquemos
as obras da justiça.
CAPÍTULO XXXIV
1 - O bom
trabalhador aceita desinibidamente o pão que ganhou com seu trabalho. Já o
preguiçoso e negligente foge do olhar de seu senhor.
2 - Portanto, é
necessário que estejamos dispostos a executar as boas obras, já que elas
derivam Dele.
3 - E foi assim
que nos preveniu: "Eis o Senhor! Sua recompensa está diante Dele, para
retribuir a cada um conforme suas obras".
4 - Assim nos
exorta a confiarmos Nele de todo o coração, para que não sejamos preguiçosos
nem indolentes para nenhuma boa obra.
5 - Nossa glória
e segurança estão Nele! Submetamo-nos à sua vontade! Pensemos no grande número
de anjos que estão prontos para servirem à Sua vontade.
6 - Assim diz a
Escritura: "Milhares e milhares estavam diante dele e centenas de milhares
o serviam e clamavam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”. “Toda a
criação está cheia de sua glória”.
7 - Também nós,
reunidos harmoniosamente com a mesma finalidade, conscientes de nosso dever, clamamos
a ele sem nos cansarmos, numa só voz, para nos tornarmos participantes das Suas
grandiosas e magníficas promessas.
8 - pois é Ele
quem diz: "Nenhum olho viu, nenhum ouvido escutou e nenhum coração humano
penetrou o que Deus de grande preparou para os que Nele confiam."
CAPÍTULO XXXV
1 - Meus amados,
como são ricos e admiráveis os presentes de Deus!
2 - Vida em
imortalidade, esplendor em justiça, verdade em liberdade, fé em confiança,
continência em santidade... e tudo isso chegou ao nosso conhecimento.
3 - Então, o que
não há de estar preparado para os que nele aguardam? O Criador e Pai dos
séculos, o próprio Santíssimo conhece a grandeza e a beleza de seus
dons.
4 - Lutemos,
assim, para sermos contados no número dos que Nele esperam, para nos tornarmos participantes
de Seus dons prometidos.
5 - Porém, como
dar-se-á isso, amados? Fixando nossa mente com confiança em Deus, procurando o
que Lhe é agradável e aceito, cumprindo o que convém à Sua
santa vontade,
seguindo o caminho da verdade, afastando de nós toda injustiça, maldade,
ambição, dissensões, malignidade, dolos, murmurações, difamações, recusas de
Deus, soberba, jactância, vaidade e falta de hospitalidade.
6 - Os
praticantes de tais obras são réus do ódio de Deus, [mas] não apenas os que as
praticam, como também quem as aprovam.
7 - Assim diz a
Escritura: "Porém Deus disse ao pecador: 'Para que explicas os meus
mandamentos e pronuncias sobre a minha aliança?
8 - Detestaste a
disciplina e abandonaste minhas palavras. Quando vias um ladrão, corrias com
ele;
combináveis com
os adúlteros. Tua boca estava cheia de malícia e tua língua provocava enganos.
Tranquilamente
difamavas teu irmão e entregavas ao escândalo o filho de tua mãe.
9 - Era o que
fazias enquanto Eu me calava.
Impiamente
supunhas que Sou semelhante a ti.
10 - Hei de
confundir e obrigar-te a ver-te de frente.
11 -
Compreendei, afinal, estas coisas, vós que vos esqueceis de Deus, para que não
vos arrebate como um leão e já não se encontre quem vos liberte.
12 - Um
sacrifício de louvor há de Me glorificar e aí está o caminho no qual lhe
mostrarei a salvação de Deus.
CAPÍTULO XXXVI
1 - Amados
irmãos, este é o caminho no qual encontramos a nossa salvação: Jesus Cristo, o
sumo sacerdote de nossas oferendas, o protetor e auxílio em nossa fraqueza.
2 - Por ele,
olhamos para o alto dos céus. Através dele, descobrimos a face imaculada e
soberana de Deus.
Através dele,
abriram-se os olhos do nosso coração. Através dele, nossa inteligência obtusa e
obscura se abre ao encontro da luz. Através dele, o Senhor quis que
saboreássemos do conhecimento imortal. Sendo Ele o esplendor de Sua grandeza, é
tanto maior que os anjos, tendo recebido em herança um nome superior ao deles.
3 - Pois assim
está escrito: "Aquele que fez os ventos serem seus anjos e as chamas do
fogo serem seus servos".
4 - Assim falou
o Senhor a respeito de seu Filho: "Meu Filho és tu. Hoje Eu te gerei:
pede-Me e Eu te darei as nações como herança e os confins da terra como possessão".
5 - E outra vez
Lhe diz: "Senta-te à minha direita, até que ponha teus inimigos como
escabelo de teus pés".
6 - Quem seriam
estes inimigos? [Certamente,] os maus e os que se opõem à Sua vontade.
CAPÍTULO XXXVII
1 - Irmãos,
militemos com todo entusiasmo sob Suas ordens indiscutíveis.
2 - Observemos
nos soldados que servem sob as bandeiras dos nossos imperadores, como cumprem
as ordens com disciplina, prontidão e submissão.
3 - Nem todos
são comandantes, nem todos são chefes de mil, nem chefes de cem, nem chefes de cinquenta
e assim por diante, mas cada qual cumpre, em seu próprio posto, as ordens
emanadas pelo chefe supremo e demais autoridades.
4 - Os grandes
nada podem sem os pequenos e os pequenos nada podem sem os grandes. Em tudo
existe alguma mistura e aí está a vantagem.
5 -
Exemplifiquemos com o nosso corpo: a cabeça sem os pés nada é; nem, tampouco,
os pés sem a cabeça.
Até os menores
membros do corpo são úteis e necessários ao resto do corpo. Todos convivem e atuam
em submissão unânime para salvarem todo o corpo.
CAPÍTULO XXXVIII
1 - Que se
conserve, portanto, por inteiro o corpo que formamos em Jesus Cristo e cada um
se submeta a seu próximo, conforme o carisma que lhe foi dado.
2 - O forte
cuide do fraco e o fraco, por sua vez, respeite o forte. O rico preste serviço
ao pobre e o pobre, por sua vez, renda graças a Deus, que lhe deu o
suficiente para
suprir sua falta. O sábio manifeste sua sabedoria não por palavras, mas por
obras. O humilde não dê testemunho de si mesmo, mas permita que o
outro o dê a seu
favor. O casto em sua carne não se envaideça pois sabe que é Outro quem lhe dá
a continência.
3 - Afinal
irmãos, analisemos de que matéria fomos feitos, como e quem fomos ao entrarmos
no mundo, de que sepulcro e escuridão nosso oleiro e criador nos tirou para nos
introduzir em Seu mundo, Ele que preparou para nós todos os Seus dons antes
mesmo que nascêssemos.
4 - Já que temos
tudo isso Dele, devemos render-Lhe graças por tudo. A Ele, a glória pelos
séculos. Amém.
CAPÍTULO XXXIX
1 – Ignorantes,
insensatos, loucos e incultos zombam e escarnecem de nós, querendo dar
importância às suas ideias.
2 - O quanto
pode um mortal, qual a força de alguém que nasceu da terra?
3 - Está
escrito: Não havia forma aos meus olhos, mas percebi um hálito e uma voz que
dizia:
4 - Como haveria
de ser puro um mortal diante do Senhor ou irrepreensível um homem por causa de
suas obras? Se nem Deus pode confiar em seus servos e se
junto a seus
anjos encontrou algo de errado?'
5 - Nem o céu é
puro diante Dele, como, então, poderiam ser [puros] os hóspedes dos ranchos de barro,
aos quais pertencemos, sendo nós do mesmo barro? Esmagou-os como vermes e entre
a manhã e a noite deixaram de existir. Pereceram porque não podem se ajudar por
si próprios.
6 - Soprou sobre
eles e morreram por não terem sabedoria.
7 - Grita!
Talvez alguém te escute ou vejas algum dos santos anjos. Realmente a cólera
consome o tolo e o ciúme mata aquele que se desviou.
8 - Tenho visto
alguns tolos deitando raízes, mas logo são consumidos como alimento.
9 - Que seus
filhos sejam mantidos longe da salvação, que sejam desprezados ao baterem à
porta dos humildes e não se encontre quem os liberte. Aquilo
que para eles
estava preparado seja alimento dos justos, não encontrando eles saídas para
seus males".
CAPÍTULO XL
1 - Sendo óbvias
todas essas coisas e tendo nós sondado as profundezas do conhecimento de Deus, devemos
fazer com ordem tudo aquilo que o Senhor
nos mandou
cumprir nos tempos determinados:
2 - Mandou-nos
oferecer os sacrifícios e celebrar o culto, não ao acaso ou desordenadamente,
mas com tempos e horas marcadas.
3 - Foi Ele quem
fixou, por sua decisão altíssima, onde e quais ministros deverão fazê-los, para
que tudo fosse feito de forma santa, sendo aceito por sua vontade.
4 - Aqueles que
fazem suas oferendas dentro dos tempos determinados, são-Lhe agradáveis e abençoados,
já que seguem as determinações do Senhor e não pecam.
5 - Pois ao sumo
sacerdote foram confiadas tarefas particulares, aos sacerdotes um lugar
próprio, aos levitas certos serviços e o leigo liga-se pelas ordenações exclusivas
dos leigos.
CAPÍTULO XLI
1 - Irmãos, cada
qual de nós agrade o Senhor em sua função, vivendo em boa consciência, não
transgredindo as regras de seu ofício e exercendo-o com toda a dignidade.
2 - Irmãos, nem
por toda parte são oferecidos sacrifícios perpétuos ou votivos, de expiação e remissão,
mas apenas em Jerusalém. E lá mesmo não se oferece em qualquer parte, mas
apenas na frente do santuário, sobre o altar, e só depois que o sumo sacerdote e
os seus auxiliares, acima mencionados, examinarem atenciosamente a oferenda.
3 - Aqueles que
praticam algo contra aquilo que agrada Sua vontade recebem a morte como
castigo.
4Irmãos, vede
que, quanto maior o conhecimento com que somos distinguidos, maior o perigo a
que nos expomos.
CAPÍTULO XLII
1 - Os apóstolos
receberam em nosso favor a boa-nova da parte do Senhor Jesus Cristo. E Jesus
Cristo foi enviado por Deus.
2 - Portanto,
Cristo vem de Deus e os apóstolos [vêm] de Cristo. Esta dupla missão
realizou-se em perfeita ordem por vontade de Deus.
3 - Munidos de
instruções e plenamente assegurados pela ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo, confiantes na Palavra de Deus, saíram a evangelizar a próxima vinda do
Reino de Deus na plenitude do Espírito Santo.
4 - Assim,
proclamando a palavra nos campos e nas cidades, estabeleceram suas primícias,
como bispos e diáconos, dos futuros fiéis, após prová-los pelo Espírito.
5 - E não se
trata de inovação... Há séculos que as Escrituras falam de bispos e diáconos,
pois assim se lê em algum lugar: "Quero estabelecer os bispos deles na justiça
e os seus diáconos na fé".
CAPÍTULO XLIII
1 - Por que
estranhar que os apóstolos, a quem Cristo confiou, da parte de Deus, tal obra,
tenham instituído os acima mencionados? Ora, até o bem-aventurado e servo fiel
em toda casa, Moisés, assinalou tudo o que lhe fora ordenado nos santos livros.
Seguiram-no os demais profetas, juntando os seus testemunhos às leis por ele
instituídas.
2 - No momento
de irromper o ciúme a respeito do sacerdócio e de se disputarem as tribos, isto
é, qual delas deveria ostentar esse título glorioso, ordenou ele aos doze
chefes de tribo que lhe trouxessem bastões com o nome de cada tribo gravado.
Tomando tais bastões, amarrou-os, assinalou-os com os anéis dos chefes e os
depositou sobre a mesa de Deus na tenda do testemunho.
3 - Então fechou
a tenda, selando as chaves da mesma forma que os bastões.
4 - Disse-lhes,
então: "Irmãos, a tribo cujo bastão brotar será a escolhida por Deus para
exercer o sacerdócio e ministrar seu culto".
5 - Ao
amanhecer, reuniu todo Israel, os seiscentos mil homens, mostrou os selos aos
chefes, abriu a tenda do testemunho e retirou os bastões. E ocorreu que o bastão
de Aarão não só germinara como também produzira fruto.
8 - Então, o que
lhes parece, irmãos? Acaso Moisés não sabia, previamente, que era isso o que
ocorreria? Sem dúvida sabia-o. Mas, para que não irrompesse uma revolta em
Israel, agiu dessa maneira, para que fosse glorificado o nome do verdadeiro e
único Deus. A Ele, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO XLIV
1 - Também os
apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a
respeito da dignidade episcopal.
2 - Por tal
motivo e como tivessem pleno conhecimento do porvir, estabeleceram os acima
mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte
deles, outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério.
3 - Os que assim
foram instituídos por eles ou, mais tarde, por outros eminentes homens com a
aprovação de toda a Igreja, servindo de modo irrepreensível ao rebanho de
Cristo, com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo o testemunho
favorável por longo tempo e da parte de todos, não é justo, em nossa opinião,
serem depostos de seus ministérios.
4 - E não será
pequena a nossa falta se depusermos do episcopado aqueles que ofereceram, de
maneira santa e irrepreensível, os sacrifícios.
5 -
Bem-aventurados os presbíteros que nos precederam na caminhada e terminaram sua
jornada carregados de frutos e perfeição. Não têm a temer que alguém os remova
do lugar para eles preparado.
6 - Vemos que
vós afastastes a alguns de boa índole de um ministério que eles honraram de
forma digna.
CAPÍTULO XLV
1 - Irmãos,
cheios de zelo, disputai pelas coisas que levam à salvação.
2 - Vós vos
aprofundastes nas verdadeiras Escrituras Sagradas, que nos vêm do Espírito
Santo.
3 - Sabeis que
elas não são injustas, nem contêm falsificação. Lá não encontrareis que homens
justos foram depostos por homens santos.
4 - Ao
contrário, os justos foram perseguidos por pecadores, foram encarcerados por
ímpios, foram apedrejados por transgressores da lei, foram assassinados por
homens cheios de ciúmes abomináveis e criminosos.
5 - Tais
sofrimentos eles suportam com glória.
6 - O que
diríamos então, irmãos? Acaso Daniel foi lançado à cova por homens tementes a
Deus?
7 - E quanto a
Ananias, Azarias e Misael: foram eles lançados à fornalha ardente por homens
que praticavam o culto excelso e glorioso do Altíssimo? De modo algum! Então,
quem praticou tais coisas? Foram indivíduos odiosos, cheios de maldade e que
nutriam tal fúria que mandavam à tortura todos aqueles que serviam a Deus com
santa e irrepreensível intenção, esquecendo-se que o Altíssimo é defensor e
escudo daqueles que servem a seu Santíssimo Nome com consciência pura. A Ele, a
glória pelos séculos dos séculos. Amém.
8 - Os que
perseveraram na paciência receberam glória e honra como herança foram exaltados
e inscritos no livro da memória de Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO XLVI
1 - Irmãos,
temos que nos apegar a tais exemplos,
2 - pois está
escrito: "Apegai-vos aos santos porque os que a eles se apegam serão
santificados".
3 - E, de novo,
em outra parte, se diz: "Junto ao homem puro serás puro. Junto ao eleito serás
eleito. Junto ao perverso serás perverso".
4 -
Apeguemo-nos, pois, aos puros e justos porque são esses os eleitos de Deus.
5 - Por que
entre vós existem disputas, ódios, contendas, cismas e guerras?
6 - Acaso não
temos um só Deus, um só Cristo e um só Espírito da graça derramado sobre nós e
uma só vocação em Cristo?
7 - Por que
insistimos em separar e despedaçar os membros de Cristo, nos revoltando contra
o próprio corpo, chegando a uma loucura tal que nos
esquecemos que
somos membros uns dos outros? Lembrai-vos das palavras de Nosso Senhor Jesus,
8 - porque foi
Ele quem disse: “Ai daquele homem”!
Melhor seria que
não tivesse nascido do que escandalizar um dos meus eleitos. “Mais lhe valeria
amarrar uma pedra em seu pescoço e afundar no mar do que perverter um dos meus
eleitos”.
9 - Vosso cisma
perverteu a muitos, atirou muitos no desânimo, colocou muitos na dúvida,
entristeceu-nos a todos. E vossa revolta se prolonga...
CAPÍTULO XLVII
1 - Tornai a ler
a epístola do bem-aventurado apóstolo Paulo.
2 - O que vos
escreveu primeiro, no início do evangelho?
3 - Na verdade,
estava ele inspirado pelo Espírito quando vos comunicou normas sobre si
próprio, sobre Cefas e Apolo, pois já então formáveis partidos.
4 - Mas o
partidarismo daquele tempo importou num pecado muito menor para vós já que vos
agrupáveis em torno dos apóstolos e de um homem aprovado por eles.
5 - Refleti,
porém: quem são os que vos pervertem neste momento e como enfraqueceram o
renome da vossa caridade tão celebrada por todos.
6 - Uma vergonha,
meus caros, uma vergonha muito grande e indigna de uma conduta em Cristo
ouvir-se que a Igreja dos coríntios, tão inabalável e antiga, se
rebele contra os
presbíteros por causa de uma ou duas pessoas.
7 - E tal rumor
não chegou apenas até nós, mas atingiu também a outros que possuem as mesmas
convicções que nós, a ponto de se proferirem blasfêmias ao nome do Senhor por
causa da vossa insensatez, por armar perigo para vós próprios.
CAPÍTULO XLVIII
1 - Arranquemos
esse mal o mais rápido possível. Lancemo-nos aos pés do Senhor e peçamos-lhe,
entre lágrimas, que se compadeça de nós, reconciliando-se conosco, trazendo-nos
de volta a uma prática santa e pura de nossa fraternidade.
2 - Porque é
esta a porta da justiça aberta para a vida, conforme está escrito: “Abri-me as
portas da justiça: por elas quero entrar e louvar o Senhor”.
3 - “É esta a
porta do Senhor: por ela entrarão os justos”.
4 - Entre as
muitas portas abertas, a porta da justiça é a porta de Cristo. Bem-aventurados
todos aqueles que entram por ela e guiam seus passos na santidade e justiça,
cumprindo todas as coisas impertubavelmente.
5 - Que alguém
tenha fé, que seja capaz de expor o conhecimento, que seja sábio em discernir
os discursos, que seja santo em suas ações.
6 - Quanto maior
parecer, mais se deve ser humilde, procurando o proveito de todos e não o
próprio.
CAPÍTULO XLIX
1 - Quem possui
a caridade em Cristo, cumpra os mandamentos de Cristo.
2 - Quem poderia
descrever o vínculo da caridade de Deus?
3 - Quem seria
capaz de exprimir a magnificência de sua beleza?
4 - É
indescritível a altura a que nos leva o amor.
5 - O amor nos
une a Deus, o amor cobre os pecados, o amor suporta tudo, o amor é grandioso em
tudo. Nada há de mesquinho e soberbo na caridade. A caridade
não conhece
cisma, a caridade não se revolta, a caridade realiza tudo com harmonia, na
caridade todos os eleitos de Deus atingiram a perfeição. Sem caridade, não há
nada que agrade a Deus.
6 - Na caridade
o Senhor nos acolheu. Pela caridade que teve conosco, Nosso Senhor Jesus Cristo
deu Seu sangue por nós, segundo a vontade de Deus; sua carne por nossa carne,
sua alma por nossas almas.
CAPÍTULO L
1 - Amigos, vede
como a caridade é grande e admirável e como não há como descrevê-la de forma
perfeita.
2 - Quem seria
capaz de chegar até ela a não ser aqueles a quem Deus os torna dignos. Peçamos
e supliquemos por Sua misericórdia, para vivermos irrepreensíveis na caridade
sem a parcialidade humana.
3Desde Adão,
passaram todas as gerações até o dia de hoje. Mas os que foram perfeitos no
amor segundo a graça de Deus tomaram posse da terra dos santos e
hão de
manifestar-se quando o Reino de Cristo estiver à vista.
4 - Pois está
escrito: “Entrai nos aposentos por um instante, até que passe minha ira e meu
furor”. “Então me lembrarei do dia favorável e hei de ressuscitar-vos de vossos
túmulos".
5 - Amigos,
somos felizes quando cumprimos os mandamentos de Deus na harmonia da caridade,
para que nossos pecados sejam perdoados pela caridade.
6 - Porque a
Escritura diz: "Bem-aventurados aqueles que tiveram perdoadas suas iniquidades
e encobertos seus pecados. Bem-aventurado o homem a quem Deus não imputa pecado
e em cuja boca não se encontra a fraude".
7 - Estas
bem-aventuranças dizem respeito aos que foram escolhidos por Deus, através de
Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem se dê a glória pelos séculos dos séculos.
Amém.
CAPÍTULO LI
1 - Peçamos
perdão de nossas quedas e faltas ocorridas pela sugestão do inimigo. Mas também
devem considerar nossa comum esperança aqueles que se tornaram os líderes dessa
revolta e cisão.
2 - Pois os que
vivem no temor e na caridade preferem ver-se a si mesmos atormentados do que os
seus irmãos. Preferem ser censurados a ver censurada a
concórdia que
nos foi transmitida por tão bela e santa tradição.
3 - Mais vale ao
homem confessar publicamente suas faltas do que endurecer o coração, da mesma
forma como endureceu o coração daqueles que se revoltaram contra Moisés, servo
de Deus, e que foram castigados mais tarde, 4 - pois desceram vivos para o
inferno, onde a morte os apascentará.
5 - O faraó, seu
exército, todos os chefes do Egito, os carros e os que neles estavam não foram
lançados ao Mar Vermelho por outro motivo. Aí pereceram porque endureceram seus
corações insensatos, após os sinais e milagres realizados por Moisés, servo de
Deus, no Egito.
CAPÍTULO LII
1 - Irmãos, o
Senhor não necessita de absolutamente nada. Não precisa de nada de ninguém,
exceto que o confessem.
2 - Pois assim
diz Davi, Seu eleito: "Hei de exaltar o Senhor e isso Lhe agradará mais do
que um novilho que possua chifres e patas. Que O vejam os pobres e se rejubilem".
3 - E novamente:
“Oferece a Deus um sacrifício de louvor”. Cumpre teus votos ao Altíssimo.
'Invoca-Me no dia da tua tribulação: Eu te livrarei e me renderás
glórias'.
4 - “Porque,
para Deus, sacrifício é o espírito humilhado.”
CAPÍTULO LIII
1 - Caríssimos,
conheceis - e como conheceis bem – as Sagradas Escrituras: vos aprofundastes
nos oráculos de Deus. Escrevemos isto para simplesmente vos recordar das
coisas.
2 - Quando
Moisés subiu a montanha e aí passou, humildemente, quarenta dias e quarenta
noites fazendo jejum, Deus lhe falou: "Desce depressa porque teu povo
pecou. Aqueles que conduziste para fora da terra do Egito pecaram e
afastaram-se do caminho que prescreveste pois fizeram para si ídolos de
metal".
3 - E o Senhor
ainda acrescentou: “‘Eu já te disse e volto a repetir: vi este povo e quão dura
é sua cabeça”.
Deixa-me
exterminá-lo, apagarei seu nome sob os céus e farei de ti uma nação grandiosa e
admirável, muito mais numerosa do que esta'.
4 - Mas Moisés
respondeu-lhe: 'Senhor, não faças isso!
“Perdoa o pecado
deste povo ou tira de mim o livro dos vivos’”.
5 - Ó grande
caridade! Ó perfeição insuperável! O servo fala com liberdade com o seu Senhor:
exige perdão para o povo ou implora que seja destruído junto com ele.
CAPÍTULO LIV
1 - Quem, dentre
vós, for nobre, compassivo e cheio de caridade,
2 - diga:
"se é por minha causa que há revolta, discórdia e cisma, eu me retiro,
parto para onde quiserdes e faço o que for pedido pela comunidade, desde que
apenas o rebanho de Cristo viva em paz com os presbíteros constituídos".
3 - Quem agir
dessa maneira obterá grande glória em Cristo e será recebido em toda a parte,
"pois do Senhor é a terra e sua plenitude".
4 - É isso o que
fizeram e ainda fazem os que trilham, sem remorsos, o caminho de Deus.
CAPÍTULO LV
1 - Porém,
tomemos também exemplos dentre os gentios: quando surge uma peste, muitos reis
e príncipes se entregam à morte por inspiração de algum oráculo, para salvar o
sangue de seus cidadãos. Muitos outros se retiram de suas cidades, para que a
revolta não se estenda.
2 - Conhecemos
muitos dentre os nossos que se entregaram à prisão para resgatarem outros.
Muitos se entregaram à escravidão para sustentar os demais com o dinheiro pago.
3 - Muitas
mulheres, fortalecidas pela graça de Deus, realizaram difíceis tarefas.
4 - A
bem-aventurada Judite, durante o cerco da cidade, pediu aos presbíteros a
permissão para se ausentar do acampamento dos estrangeiros.
5 - Expondo-se
ao perigo, saiu por amor à pátria e ao povo em cerco. E o Senhor entregou
Holofernes na mão de uma mulher.
6 - Perfeita na
fé, Ester expôs a si mesma num perigo não menor, para salvar da proximidade da
morte as doze tribos de Israel. Pelo jejum e humilhação, suplicou
ao Senhor que
tudo vê, o Deus dos séculos. E este, vendo a humildade de sua alma, salvou o
povo em favor daquela que se expusera ao perigo.
CAPÍTULO LVI
1 - Supliquemos
também nós pelos que vivem no pecado, para que recebam doçura e humildade, para
não cederem a nós, mas à vontade de Deus. Assim se tornará frutífera e perfeita
a lembrança misericordiosa que deles tivemos diante de Deus e dos santos.
2 - Aceitemos a
correção fraterna, a qual, amados, ninguém deve julgar mal. A exortação que
damos unsaos outros é boa e muito útil, pois nos une à vontade
de Deus.
3 - É isso que
testemunha a santa Escritura: “Castigou e tornou a me castigar o Senhor, mas
não me entregou à morte”.
4 - A quem o
Senhor ama, castiga e açoita como a seu filho."
5 - O texto
continua: "Há de me castigar, como justo em misericórdia, e há de me
corrigir. E enquanto isso, que nenhum óleo dos pecadores ungia a minha cabeça”.
6 - E novamente
diz: “Bem-aventurado o homem que o Senhor corrigiu”. Não recuses a repreensão
do Todo Poderoso, pois Ele faz sofrer e novamente restabelece.
7 - Bateu e suas
mãos curaram.
8 - Seis vezes
arrancar-te-á as dificuldades; na sétima, o mal não te atingirá.
9 - Na fome,
preservar-te-á da morte. Na guerra, [preservar-te-á] do fio da espada.
10 -
Proteger-te-á do açoite da língua, não temerás males vindouros.
11 - Rirás dos
injustos e maus, e não temerás os animais selvagens.
12 - Até os
animais selvagens viverão em paz contigo.
13 - Verás que
tua casa gozará de paz e não faltará comida na tua tenda.
14 - Verás que
tua descendência será grande e os teus filhos como a erva miúda do campo.
15 - “Descerás
ao túmulo como o trigo amadurecido, colhido no tempo certo, ou como feixe da
eira, recolhido na hora exata”.
16 - Caríssimos,
vede quão grande é a proteção para aqueles que aceitam a correção do Senhor,
pois Ele nos corrige como bom Pai, para encontrarmos misericórdia por sua santa
correção.
CAPÍTULO LVII
1 - Portanto,
vós que originastes a revolta, submetei-vos aos presbíteros e deixai-vos
corrigir até vos converterdes, dobrando os joelhos de vossos corações.
2 - Aprendei a
submeter-vos, depondo a arrogante e orgulhosa jactância da vossa língua, pois é
muito melhor para vós encontrar-vos no rebanho de Cristo, como pequenos e
escolhidos, do que serdes superestimados, mas excluídos da Sua esperança, 3 -
pois é assim que se exprime a santíssima sabedoria:
"Eis que
anunciar-vos-ei a palavra do meu Espírito. Dar-vos-ei a conhecer o meu
discurso.
4 - Já que
chamei e não escutastes, me estendi e não destes atenção, ao contrário,
negligenciastes os meus conselhos e fizestes pouco caso das minhas advertências,
por isso também rirei da vossa perda, zombarei na hora em que chegar a tua
ruína e quando o tumulto se abater sobre vós, catástrofe repentina como uma
tempestade, ou quando vos visitar a tribulação e a angústia.
5 - Então me
invocarás, porém, não vos escutarei. Pecadores me procurarão, mas não me
encontrarão, pois detestaram a sabedoria e não estimaram, acima de tudo, o
temor do Senhor, não deram atenção aos meus conselhos, zombaram das minhas
advertências.
6 - Por isso,
comerão os frutos dos seus erros e saciar-se-ão da sua própria impiedade.
7 - Serão mortos
em troca do mal que provocaram aos humildes e o julgamento aniquilará os
ímpios. “Porém, aquele que Me escuta, habitará sua tenda e, confiando na
esperança, viverá em paz sem temer qualquer mal.”
CAPÍTULO LVIII
1 - Assim,
obedeçamos a seu Nome, todo santo e glorioso. Fujamos das ameaças que a
sabedoria incute contra os insubmissos, para que possamos fixar nossas tendas
confiantes no Nome santíssimo de Sua Majestade.
2 - Acatai ao
nosso conselho e não vos arrependereis pois, Deus é vivo, assim como vivo
também são Jesus Cristo e o Espírito Santo, e vivas também são a fé e a esperança
dos eleitos no sentido daqueles que praticam os mandamentos e preceitos de Deus
com humildade, mansidão perseverante e sem hesitação, para serem relacionados e
se enfileirarem no número dos que serão salvos por Jesus Cristo, pelo qual rendemos
glória pelos séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO LIX
1 - Se, porém,
alguns não obedecerem ao que foi dito por nós, saibam que se envolverão em
pecado e perigo não pequeno.
2 - Contudo, nós
seremos inocentes deste pecado e pediremos em súplica e oração constante para
que o Criador de tudo conserve intacto o número dos que foram contados entre
Seus escolhidos em todo o mundo, por seu Filho mui amado, Nosso Senhor Jesus Cristo,
pelo qual nos chamou das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimento
da glória de seu nome.
3 - Ele nos
ensinou a esperar em Teu Nome, princípio de toda criatura. Tu que nos abriste
os olhos do coração para Te conhecermos, ao único Altíssimo nas alturas, Santo
que repousa entre os santos:
Tu que rebaixas
o orgulho dos soberbos, que desfazes as estratégias das nações, que exaltas os
humildes e humilhas os que se exaltam, que distribuis a riqueza e a
pobreza, que
fazes morrer e levas à vida, que és o único benfeitor dos espíritos e Deus de
toda carne, que vigias os abismos e controlas as obras dos homens, que
és socorro nos
perigos e Salvador no desespero, Criador e Bispo de todo espírito, tu que
multiplicas as raças sobre a terra e, dentre todas, escolhes os que te amam,
por Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual nos ensinaste, santificaste e
glorificaste.
4 - Mestre, nós
te pedimos: torna-te nosso socorro e nosso protetor; salva os oprimidos entre
nós; levanta os caídos; mostra-te aos que oram; cura os fracos; leva ao bom
caminho aqueles do teu povo que erram; sacia os que têm fome; liberta nossos
presos; consola os fracos; conheçam-Te todos os povos, porque Tu és o Deus
único, e Jesus Cristo é Teu Filho, e nós o Teu povo e ovelhas do Teu rebanho.
CAPÍTULO LX
1 - Pois Tu
fizeste aparecer a harmonia eterna do universo através das forças que nele
operam. Tu, Senhor, criaste a terra habitada. Tu te manténs fiel por todas as
gerações, justo nos julgamentos, admirável no poder e na majestade, sábio ao
criar e providente ao sustentar a criação, bom nos dons visíveis, benigno para
com os que em Ti confiam. Misericordioso e compassivo, perdoas nossas iniquidades,
pecados, faltas e negligências.
2 - Não leves em
conta todo pecado de teus servos e servas, purifica-nos, ao invés, com a
purificação da tua verdade. Dirige nossos passos para andarmos na santidade do
coração e para realizarmos o que é bom e agradável aos Teus olhos e aos olhos
dos que nos governam.
3 - Sim, Mestre,
mostra-nos a tua face para o bem na paz, para nos protegeres com Tua mão forte
e nos preservares de todo pecado por teu braço excelso e nos livrares de todos
quanto nos odeiam sem motivo.
4 - Concede-nos
harmonia e paz, a nós e a todos os habitantes da terra, assim como as
concedestes a nossos pais quando Te invocaram santamente na fé e
na verdade.
Torna-nos submissos a Teu Nome Todo Poderoso e todo santo, e aos que nos
governam e dirigem sobre a terra.
CAPÍTULO LXI
1 - Tu, Senhor,
lhes deste o poder da autoridade por tua força magnífica e inefável, para que
soubéssemos que por Ti lhes foi dada a glória e a honra, e a ele nos submetêssemos
em nada contrariando a Tua vontade. Dai-lhes, portanto, Senhor, saúde, paz,
concórdia e estabilidade a fim de que possam exercer sem obstáculos a soberania
que lhes confiaste.
2 - Pois Tu,
Senhor dos céus, Rei dos séculos, dás aos filhos do homem honra, glória e poder
sobre o que existe na terra. Tu, Senhor, dirige sua vontade no sentido do que é
bom e agradável a Teus olhos, em Tua presença, a fim de que exerçam a
autoridade que lhes deste na paz e mansidão, e obtenham Tua graça!
3 - Só Tu podes
realizar esses bens e outros maiores ainda entre nós. A Ti exaltamos pelo Sumo Sacerdote
e protetor de nossas almas, Jesus Cristo. Por Ele Te seja dada glória e
magnificência, agora e de geração em geração, pelos séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO LXII
1 - Amados
irmãos, escrevemo-lhes o suficiente a respeito das decisões mais acertadas para
nossa religião, como também a respeito da atitude mais favorável para as
pessoas que querem levar uma vida santa na piedade e justiça.
2 - Citamos
todos os aspectos que dizem respeito à fé, penitência, verdadeira caridade,
continência, prudência e paciência, recordando que vos é necessário agradar santamente
ao Deus poderoso em justiça, verdade e generosidade, mantendo a concórdia pelo esquecimento
da injúria, no amor e na paz, com
constante
modéstia, como também nossos pais que, como mencionamos, Lhe agradaram,
mantendo-se humildes na conduta para com o Pai, Deus e Criador, e
para com todos
os homens.
3 - Tivemos
tanto mais gosto em recordá-lo quanto mais sabíamos estar escrevendo a homens
de fé e consideração, que se aprofundaram nas máximas do ensinamento de Deus.
CAPÍTULO LXIII
1 - É certo,
assim, nos orientarmos por tais e tão grandes exemplos. Curvemos nossa cabeça e
ocupemos o lugar da obediência, para acalmarmos a vã revolta e atingirmos com
lisura a meta proposta dentro da verdade.
2 - Haveis de
nos proporcionar alegria e prazer se vos submeterdes ao que escrevemos pelo
Espírito Santo, cortando pela raiz a ira nascida do ciúme, conforme o pedido de
paz e concórdia que vos fazemos por esta carta.
3 - Enviamo-lhes
homens de confiança e prudentes que, desde a juventude até a idade mais
avançada, tiveram uma conduta irrepreensível entre nós, e que servirão de
testemunhas entre vós e nós.
4 - Assim
fizemos para que saibais que toda a nossa preocupação ia e continua indo ao
sentido de que se restabeleça imediatamente a paz entre vós.
CAPÍTULO LXIV
1 - No restante,
que Deus, que tudo enxerga, Senhor dos espíritos, Dono de toda carne e que
escolheu o Senhor Jesus Cristo e a nós por Ele, conceda a toda alma que tiver
invocado o Seu Nome magnífico e santo, fé, temor, paz, paciência, generosidade,
continência, pureza e prudência para agradar ao Seu Nome pelo Sumo Sacerdote e
nosso chefe, Jesus Cristo, pelo qual Lhe seja rendida glória, majestade, poder
e honra, agora e por todos os séculos dos séculos. Amém.
CAPÍTULO LXV
1 - Aos nossos
enviados, Cláudio Efebo e Valério Bito, junto com Fortunato, enviai-os
rapidamente de volta na paz e com alegria, para que logo nos tragam notícias sobre
a harmonia e paz, pela qual tanto rezamos e suplicamos e assim, mais depressa,
nos alegremos da boa ordem entre vós.
2 - A graça de
Nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco e com todos os eleitos de Deus,
através Dele por toda a parte. Por Jesus, seja dada a Deus glória, honra, poder
e majestade, o trono eterno, desde todos os séculos e para todos os séculos dos
séculos. Amém.
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