O Documento final do
Sínodo da Amazônia, nos seus 120 pontos defendia a ordenação de homens casados
e instituía o ‘pecado ecológico’. Outros assuntos defendidos pelo documento do Sínodo como internacionalização da Amazônia e o "rito amazônico próprio" também foram rejeitados pelo Papa Francisco em sua Exortação Pós-sinodal.
O que é uma Exortação
Apostólica Pós-Sinodal?
Ela é um documento de exortação. Portanto, é de caráter apostólico; e pós-sinodal
porque foi escrito depois do Sínodo. Quer dizer que o Papa deu sua palavra final
sobre tudo o que foi discutido no Sínodo pelos bispos.
Com
esse documento o Papa deixa claro que o Documento do Sínodo pode ser consultado
em seus aspectos, mas, não é um Magistério. O papa não aprovou o documento
final do Sínodo.
Sobre
o Documento ele disse: “Leiam o
Documento, mas, não estou aprovando, nem sequer citando o documento final”.
Isso significa que o Documento conclusivo do Sínodo da Amazônia não pode ser
seguido, pois, não é Magistério da Igreja.
Todas
aquelas propostas nefastas, propostas pelo Documento do Sínodo são nulas. Significa que: o que valendo é a Exortação do Papa e não o Documento conclusivo do
Sínodo da Amazônia.
O papa Francisco, nesta
quarta feira 12/02/2020, concluiu seu parecer em no Documento “Exortação
Apostólica Pós-sinodal”, sob o título “Querida Amazônia” rejeitou a ordenação
de homens casados (“viri probati”) e a ordenação de mulheres como diaconisas.
A possibilidade de ordenar
homens casados havia sido aprovada, por 128 votos a 41, durante o encontro, mas,
não agradou a alguns membros da Igreja, chamados de ‘ultraconservadores’ que
temiam que isso pudesse levar um racha na Igreja Católica Apostólica Romana.
O papa com essa decisão
tenta apaziguar os dois lados da Igreja Católica. Não podemos descartar também
a pressão dos fiéis que contribuíram para que essas propostas não fossem
aprovadas.
No texto de 32 páginas publicado
pelo Papa Francisco sequer mencionou a proposta.
Em disso o texto diz que
novas maneiras devem ser encontradas para incentivar mais os padres a
trabalharem na região remota e permitir papéis maiores para leigos e diáconos
permanentes, assim como para mulheres. O Papa Francisco pediu aos bispos para trabalharem
mais para conseguir mais vocações sacerdotais e novos missionários para a
região Amazônica.
Homens casados podem se
tornar diáconos podem pregar ensinar, batizar e administrar paróquias, mas não
rezar a missa. Por causa disso, em ao menos 85% das aldeias amazônicas as
pessoas não podem participar da liturgia todas as semanas.
"Essa
necessidade urgente me leva a exortar todos os bispos, especialmente os da
América Latina (...), a serem mais generosos em incentivar aqueles que demonstram
uma vocação missionária a optar pela região amazônica". (Papa
Francisco)
O livro do cardeal
guineense Robert Sarah sobre o celibato clerical trouxe o assunto mais uma vez
à tona, dessa vez envolvendo o Papa Emérito Bento XVI. A obra é defende a
manutenção do celibato pelo clero. Embora o papa emérito Bento XVI afirmasse
que não era coautor do livro, ele traz documentos escritos por ele defendendo o
celibato clerical.
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Alessandro
Gisotti
“A
Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o
seu drama e o seu mistério.” Assim tem início a Exortação apostólica
pós-sinodal, Querida Amazônia. O Pontífice, nos primeiros pontos, (2-4) explica
“o sentido desta Exortação”, rica de referências a documentos das Conferências
episcopais dos países amazônicos, mas também a poesias de autores ligados à
Amazônia. Francisco destaca que deseja “expressar as ressonâncias” que o Sínodo
provocou nele. E esclarece que não pretende substituir nem repetir o Documento
final, que convida a ler “integralmente”, fazendo votos de que toda a Igreja se
deixe “enriquecer e interpelar” por este trabalho e que a Igreja na Amazônia se
empenhe “na sua aplicação”. O Papa compartilha os seus “Sonhos para a Amazônia”
(5-7), cujo destino deve preocupar a todos, porque esta terra também é “nossa”.
Assim, formula “quatro grandes sonhos”: que a Amazônia “que lute pelos direitos
dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, que “que guarde
zelosamente a sedutora beleza natural”, que, por fim, as comunidades cristãs
sejam “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”.
O
sonho social: a Igreja ao lado dos oprimidos
O
primeiro capítulo de Querida Amazônia é centralizado no “Sonho social” (8).
Destaca que “uma verdadeira abordagem ecológica” é também “abordagem social” e,
mesmo apreciando o “bem viver” dos indígenas, adverte para o
“conservacionismo”, que se preocupa somente com o meio ambiente. Com tons vibrantes,
fala de “injustiça e crime” (9-14). Recorda que já Bento XVI havia denunciado
“a devastação ambiental da Amazônia”. Os povos originários, afirma, sofrem uma
“sujeição” seja por parte dos poderes locais, seja por parte dos poderes
externos. Para o Papa, as operações econômicas que alimentam devastação,
assassinato e corrupção merecem o nome de “injustiça e crime”. E com João Paulo
II, reitera que a globalização não deve se tornar um novo colonialismo.
Os
pobres sejam ouvidos sobre o futuro da Amazônia
Diante
de tanta injustiça, o Pontífice fala que é preciso “indignar-se e pedir perdão”
(15-19). Para Francisco, são necessárias “redes de solidariedade e de
desenvolvimento” e pede o comprometimento de todos, inclusive dos líderes
políticos. O Papa ressalta o tema do “sentido comunitário” (20-22), recordando
que, para os povos amazônicos, as relações humanas “estão impregnadas pela
natureza circundante”. Por isso, escreve, vivem como um verdadeiro
“desenraizamento” quando são “forçados a emigrar para a cidade”. A última parte
do primeiro capítulo é dedicado às “Instituições degradadas” (23-25) e ao
“Diálogo social” (26-27). O Papa denuncia o mal da corrupção, que envenena o
Estado e as suas instituições. E faz votos de que a Amazônia se torne “um local
de diálogo social” antes de tudo “com os últimos. A voz dos pobres, exorta,
deve ser “a voz mais forte” sobre a Amazônia.
O
sonho cultural: cuidar do poliedro amazônico
O
segundo capítulo é dedicado ao “sonho cultural”. Francisco esclarece que
“promover a Amazônia” não significa “colonizá-la culturalmente” (28). E recorre
a uma imagem que lhe é cara: “o poliedro amazônico” (29-32). É preciso combater
a “colonização pós-moderna”. Para Francisco, é urgente “cuidar das raízes”
(33-35). Citando Laudato si’ e Christus vivit, destaca que a “visão consumista
do ser humano” tende a “a homogeneizar as culturas” e isso afeta sobretudo os
jovens. A eles, o Papa pede que assumam as raízes, que recuperem “a memória
danificada”.
Não
a um indigenismo fechado, é preciso um encontro intercultural.
A
Exortação se concentra depois sobre o “encontro intercultural” (36-38). Mesmo
as “culturas aparentemente mais evoluídas”, observa, podem aprender com os
povos que “desenvolveram um tesouro cultural em conexão com a natureza”. A
diversidade, portanto, não deve ser “uma fronteira”, mas “uma ponte”, e diz não
a “um indigenismo completamente fechado”. A última parte do segundo capítulo é
dedicada ao tema “culturas ameaçadas, povos em risco” (39-40). Em qualquer
projeto para a Amazônia, esta é a recomendação do Papa, “é preciso assumir a
perspectiva dos direitos dos povos”. Estes, acrescenta, dificilmente podem
ficar ilesos se o ambiente em que nasceram e se desenvolveram “se deteriora”.
O
sonho ecológico: unir cuidado com o meio ambiente e cuidado com as pessoas
O
terceiro capítulo, “Um sonho ecológico”, é o mais relacionado com a Encíclica
Laudato si’. Na introdução (41-42), destaca-se que na Amazônia existe uma
relação estreita do ser humano com a natureza. Cuidar dos irmãos como o Senhor
cuida de nós, reitera, “é a primeira ecologia que precisamos”. Cuidar do meio
ambiente e cuidar dos pobres são “inseparáveis”. Francisco dirige depois a
atenção ao “sonho feito de água” (43-46). Cita Pablo Neruda e outros poetas
locais sobre a força e a beleza do Rio Amazonas. Com suas poesias, escreve,
“ajudam a libertar-nos do paradigma tecnocrático e consumista que sufoca a
natureza”.
Ouvir
o grito da Amazônia, o desenvolvimento seja sustentável
Para
o Papa, é urgente ouvir o “grito da Amazônia” (47-52). Recorda que o equilíbrio
planetário depende da sua saúde. Escreve que existem fortes interesses não
somente locais, mas também internacionais. A solução, portanto, não é “a
internacionalização” da Amazônia; ao invés, deve crescer “a responsabilidade dos
governos nacionais”. O desenvolvimento sustentável, prossegue, requer que os
habitantes sejam sempre informados sobre os projetos que dizem respeito a eles
e auspicia a criação de “um sistema normativo” com “limites invioláveis”.
Assim, Francisco convida à “profecia da contemplação” (53-57). Ouvindo os povos
originários, destaca, podemos amar a Amazônia “e não apenas usá-la”; podemos
encontrar nela “um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta
e chama os seus filhos”. A última parte do terceiro capítulo é centralizada na
“educação e hábitos ecológicos” (58-60). O Papa ressalta que a ecologia não é
uma questão técnica, mas compreende sempre “um aspecto educativo”.
O
sonho eclesial: desenvolver uma Igreja com rosto amazônico.
O
último capítulo, o mais denso, é dedicado “mais diretamente” aos pastores e aos
fiéis católicos e se concentra no “sonho eclesial”. O Papa convida a
“desenvolver uma Igreja com rosto amazônico” através de um “grande anúncio
missionário” (61), um “anúncio indispensável na Amazônia” (62-65). Para o Santo
Padre, não é suficiente levar uma “mensagem social”. Esses povos têm “direito
ao anúncio do Evangelho”; do contrário, “cada estrutura eclesial
transformar-se-á em mais uma ONG”. Uma parte consistente é dedicada ainda à inculturação.
Retomando a Gaudium et spes, fala de “inculturação (66-69) como um processo que
leva “à plenitude à luz do Evangelho” aquilo que de bom existe nas culturas
amazônicas.
Uma
renovada inculturação do Evangelho na Amazônia.
O
Papa dirige o seu olhar mais profundamente, indicando os “Caminhos de
inculturação na Amazônia”. (70-74). Os valores presentes nas comunidades
originárias, escreve, devem ser valorizados na evangelização. E nos dois
parágrafos sucessivos se detém sobre a “inculturação social e espiritual”
(75-76). O Pontífice evidencia que, diante da condição de pobreza de muitos
habitantes da Amazônia, a inculturação deve ter um “timbre marcadamente
social”. Ao mesmo tempo, porém, a dimensão social deve ser integrada com aquela
“espiritual”.
Os
Sacramentos devem ser acessíveis a todos, especialmente aos pobres.
Na
sequência, a Exortação indica “pontos de partida para uma santidade amazônica”
(77-80), que não devem copiar “modelos doutros lugares”. Destaca que “é
possível receber, de alguma forma, um símbolo indígena sem o qualificar
necessariamente como idolátrico”. Pode-se valorizar, acrescenta, um mito “denso
de sentido espiritual” sem necessariamente considerá-lo “um extravio pagão”. O
mesmo vale para algumas festas religiosas que, não obstante necessitem de um
“processo de purificação”, “contêm um significado sagrado”.
Outra
passagem significativa de Querida Amazônia é sobre a inculturação da liturgia
(81-84). O Pontífice constata que já o Concílio Vaticano II havia solicitado um
esforço de “inculturação da liturgia nos povos indígenas”. Além disso, recorda
numa nota do texto que, no Sínodo, “surgiu a proposta de se elaborar um «rito
amazônico»”. Os Sacramentos, exorta, “devem ser acessíveis, sobretudo aos
pobres”. A Igreja, afirma evocando a Amoris laetitia, não pode se transformar
numa “alfândega”.
Bispos
latino-americanos devem enviar missionários à Amazônia
Relacionado
a este tema, está a “inculturação do ministério” (85-90) sobre a qual a Igreja
deve dar uma resposta “corajosa”. Para o Papa, deve ser garantida “maior
frequência da celebração da Eucaristia”. A propósito, reitera, é importante
“determinar o que é mais específico do sacerdote”. A resposta, lê-se, está no
sacramento da Ordem sacra, que habilita somente o sacerdote a presidir a
Eucaristia. Portanto, como “assegurar este ministério sacerdotal” nas zonas
mais remotas? Francisco exorta todos os bispos, especialmente os
latino-americanos, “a ser mais generosos”, orientando os que “demonstram
vocação missionária” a escolher a Amazônia e os convida a rever a formação dos
presbíteros.
Favorecer
um protagonismo dos leigos nas comunidades.
Depois
dos Sacramentos, Querida Amazonía fala das “comunidades cheias de vida”
(91-98), nas quais os leigos devem assumir “responsabilidades importantes”.
Para o Papa, com efeito, não se trata “apenas de facilitar uma presença maior
de ministros ordenados”. Um objetivo “limitado” se não suscitar “uma nova vida
nas comunidades”. São necessários, portanto, novos “serviços laicais”. Somente
através de “um incisivo protagonismo dos leigos”, reitera, a Igreja poderá
responder aos “desafios da Amazônia”. Para o Pontífice, os consagrados têm um
lugar especial e não deixa de recordar o papel das comunidades de base, que
defenderam os direitos sociais, e encoraja em especial a atividade da REPAM e
dos “grupos missionários itinerantes”.
Novos
espaços às mulheres, mas sem clericalizações.
Francisco
dedica um espaço à força e ao dom das mulheres (99-103). Reconhece que, na
Amazônia, algumas comunidades se mantiveram somente “graças à presença de
mulheres fortes e generosas”. Porém, adverte que não se deve reduzir a Igreja a
“estruturas funcionais”. Se assim fosse, com efeito, teriam um papel somente se
fosse concedido a elas acesso à Ordem sacra. Para o Pontífice, deve ser
rejeitada a clericalização das mulheres, acolhendo, ao invés, a contribuição
segundo o modo feminino, que prolonga “a força e a ternura de Maria”. Francisco
encoraja o surgimento de novos serviços femininos, que – com um reconhecimento
público dos bispos – incidam nas decisões para as comunidades.
Os
cristãos devem lutar juntos para defender os pobres da Amazônia.
Para
o Papa, é preciso “ampliar horizontes para além dos conflitos” (104-105) e
deixar-se desafiar pela Amazônia a “superar perspectivas limitadas” que
“permanecem enclausuradas em aspetos parciais”. O quarto capítulo termina com o
tema da “convivência ecumênica e inter-religiosa” (106-110), “encontrar espaços
para dialogar e atuar juntos pelo bem comum”. “Como não lutar juntos? –
questiona Francisco – Como não rezar juntos e trabalhar lado a lado para
defender os pobres da Amazônia”?
Confiemos
a Amazônia e os seus povos a Maria.
Francisco
conclui a Querida Amazônia com uma oração à Mãe da Amazônia (111). “Mãe, olhai
para os pobres da Amazônia – é um trecho da sua oração –, porque o seu lar está
a ser destruído por interesses mesquinhos (…) Tocai a sensibilidade dos poderosos
porque, apesar de sentirmos que já é tarde, Vós nos chamais a salvar o que
ainda vive”.
Fonte:
Site Oficial: Vaticam News
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