sexta-feira, 31 de maio de 2024

COMO UM PROTESTANTE ENXERGA A IGREJA CATÓLICA? REFUTAÇÃO ÀS ACUSAÇÕES DO PASTOR AUGUSTUS NICODEMUS

 

Como um protestante enxerga a Igreja Católica?

    O Pastor Augustus Nicodemus, que é pastor presbiteriano, postou um vídeo nas redes sociais, quem quiser pode procurar, mas, aqui vamos esclarecer os pontos que ele cita e fazer uma análise do   que ele fala, desmentindo ou até desconstruindo sua hermenêutica; inclusive, ele vai expor suas acusações  dentro do conceito da Sola Fide e da Sola Scriptura.     Ele tenta explicar alguns pontos entre os reformados e a Igreja católica, porém, no vídeo que está postado ele acaba  acusando a Igreja Católica com argumentos dúbios e falsos, mostrando  de quão desprovido de conhecimento é um protestante.   

    Ele não fala da diferença da crença entre evangélicos e católicos, ele fala da crença entre católicos e os reformados porque ele vem da ala protestante tradicional do teólogo João Calvino. A Igreja Luterana do Brasil é uma Igreja calvinista.

    Aqui tratarei de explicar ponto por ponto as acusações do pastor mostrando que em 99, 9%  do que ele falando, falta conhecimento da verdade sobre a Igreja Católica e sua doutrina. 

Diz o pastor Augustus Nicodemus: 

“A Igreja Católica acredita na Escritura que a Bíblia é a palavra de Deus, mas acredita que a palavra de Deus vem antes da Escritura, está Escritura e se segue a partir da Escritura que é a Tradição e o Magistério é quem interpreta a Escritura à luz da Tradição produzindo dogmas, produzindo bulas papais, declarações e criando documentos de fé. É por isso que você vai encontrar tantas doutrinas na Igreja Católica que não tem fundamento bíblico. Porque para eles não é somente a Bíblia, é a Bíblia de acordo com a Tradição interpretada pelo Magistério encabeçado pelo Papa infalível”.

    Note que o Pastor Nicodemus usa de um desconhecimento teológico com relação à Igreja Católica e a própria história do cristianismo. E aqui nota-se que ele já disse algumas inverdades.

    Primeiro ele fala que a Palavra de Deus precede a Bíblia, está na Bíblia e ultrapassa a Bíblia ao longo da história na Tradição. Por as bulas papais e os dogmas criados pela Igreja. Aqui ele confunde o conceito de Tradição. A palavra de Deus não é só escrita, existe em primeiro lugar a Palavra pregada que chamamos de Tradição Oral, existe a Palavra Encarnada que é o próprio Cristo, e a Palavra escrita que é a Bíblia.  

    Que a palavra de Deus precede a Bíblia é óbvio, mas dizer que a Bíblia precede a Igreja não é verdade porque foi a Igreja que copilou, organizou e fez o Cânon bíblico.

    A Igreja Católica acredita e tem por um dos seus pilares a Sagrada Tradição porque à ela foi o primeiro ensinamento; dado  pelos Apóstolos de forma oral.

O que é a Sagrada Tradição?

    Na Igreja dos primeiros séculos não existia a Bíblia. O Evangelho era anunciado oralmente corpo a corpo. Não existia templos, os cristãos reuniam escondidos nas casas, nas catacumbas ou até mesmo em algumas sinagogas. 

    O que existia era apenas o Antigo Testamento, a Torah. De que forma a Igreja preservou a doutrina? Ela a preservou pela Tradição. Tradição aqui não tem nada a ver com práticas ou costumes. Tradição neste sentido é a doutrina que os Apóstolos receberam oralmente de Nosso Senhor, foi transmitida e guardada através dos séculos pelos seus sucessores, os bispos. 

    Jesus quando viveu neste mundo não deixou nenhum escrito e nem mandou escrever nada. Foi por iniciativa própria dos Apóstolos que mais tarde talvez 40-60 anos depois é que foi escrito por São Paulo o primeiro escrito do NT, a Carta aos Tessalonicenses entre os Evangelhos o primeiro escrito foi o de São Marcos. Ora, nem Paulo, nem Marcos conviveram com Jesus, de onde é que eles aprenderam a doutrina, já que entre 40-60 anos não havia nada escrito? [...] A resposta só pode vir do ensinamento oral que já acontecia naquelas comunidades. 

    O ensinamento oral é chamado pela Igreja de Sagrada Tradição. Ela precede a Bíblia e foi através dela que a Bíblia surgiu e foi organizada 400 depois. Neste tempo [entre 40-400 d.C.], embora as comunidades cristãs já tivessem alguns escritos não havia a coleção dos livros como conhecemos hoje.

    A própria Bíblia vai nos ensinar que nem tudo que está nos evangelhos; e que Jesus fez e ensinou muitas coisas que não caberiam apenas em um livro; parte da Doutrina está na Tradição Oral e parte está registrada nos evangelhos. Veja o final Evangelho de São João o que ele diz:

(Jo20, 30-31: 21, 25) 👉“Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. Estes, porém, forma escritos para crerdes que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e para que crendo tenhais vida em seu nome.” [...] “Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez. Se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não caberia conter os livros que se escreveriam”.  

    Ou seja, muitas coisas Jesus fizeram e ensinaram que não está na Bíblia, está no ensinamento oral que foi transmitido pelos Apóstolos. Por esse motivo a Bíblia não é a única fonte de fé. A Igreja sempre manteve a Sagrada Tradição, que é o ensinamento oral deixado pelos Apóstolos. A Tradição se mantém viva até os nossos dias graças à sucessão apostólica, ou seja, aos bispos e os santos padres que receberam e guardaram esse ensinamento.        

    Logicamente até uma criança de quinta série entende que o protestantismo surgiu 1500 anos depois, antes do protestantismo somente a Igreja Católica. Quem organizou, quem declarou ser ou não inspirados os livros da Bíblia foi a Igreja Católica e seu Magistério.

    Quem guardou e ainda guarda o Depósito da Fé é o Magistério da Igreja Católica porque a doutrina de Jesus foi entregue a ela através dos Apóstolos e seus sucessores legitimamente constituídos; não foi entregue 1500 anos depois a Lutero e os demais reformadores.

    O pastor se esqueceu que a Igreja dele nasceu em 1483-1546 e foi fundada por João Calvino e não por Jesus Cristo e chegou ao Brasil pelo M. Ashbel Green Simonton (1833-1867).

A Igreja Católica nasceu no ano I, a Bíblia é propriedade da Igreja Católica porque foi ela que a copilou, escreveu a reorganizou.

    Santo Agostinho, que tanto os protestantes admiram era um bispo católico, ele disse: “Eu creio na Bíblia porque a Igreja diz para eu crer nela!” – Ou seja, se a Igreja católica, com sua autoridade não dissesse quais livros eram inspirados ou não, a bíblia não teria credibilidade e legitimidade alguma.

A própria Bíblia diz que devemos crer não nela, mas, na Tradição em primeiro lugar.

    O pastor Augustus Nicodemos não sabe ou parece ignorar o conceito do que é a palavra Tradição. 

    Que a palavra de Deus precede a Bíblia é obvio, está lá em Jo1, 1-28 “no princípio era a palavra” [...] (embora neste texto São João esteja se referindo à Palavra encarnada, ou seja, ao próprio Cristo) [...], mas, dizer que a Bíblia, que é a palavra de Deus escrita precede a Igreja, como defende os protestantes é de uma ignorância sem tamanho. Se a própria história o desmente. 

    


    O protestante parece aquele cavalo de charrete que só vê o que está na frente e não o que está atrás e do lado. Se o cânon bíblico foi definido 300 anos depois de Cristo, se ela começou a ser produzida em cadernos com a invenção da imprensa em 1450, até o séc. XV, onde estava a Bíblia antes disso? Estava nos mosteiros, nas grandes bibliotecas medievais porque eram rolos imensos de pergaminhos. E antes do séc. III? Não exista. Como é que foi ensinada a palavra de Deus? Pela Tradição Oral.  

           Então é um absurdo dizer que a Bíblia gera a Igreja. Não, pelo contrário, é Igreja que gerou a Bíblia. Não tem credibilidade histórica o que o pastor ensina.

    Ah! mas, a Bíblia diz “a palavra se fez carne” portanto, Jesus é a Palavra. Sim, mas, a Palavra, que é Jesus, se fez carne e não escreveu nenhum livro, antes fundou uma Igreja e deu a ela todos os meios necessários para entender, interpretar e escrever (Jo14, 26), não mandou escrever tais livros, pois, essa tarefa deveria ser uma atitude humana da Igreja sob a ação do Espírito Santo; e é esta mesma ação do Espírito que fez com que ao longo desses mais de 2000 anos a Igreja se mantém na mesma doutrina e conservando o Depositum Fidei.    

A IGREJA CATÓLICA    


    O primeiro documento escrito do Novo Testamento foi a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, esse documento é do ano 45 d.C. agora se São Paulo escreve uma carta para a Igreja de Tessalônica quer dizer que já existe uma Igreja lá. Quer dizer que a pregação oral precedeu a redação da Bíblia. 
    O livro do Apocalipse que é o último foi escrito por volta do ano 100 d.C. ou seja, entre Jesus morrer, ressuscitar e vir o Espírito Santo e o Apocalipse ser escrito quanto tempo já havia passado, a Igreja se espalhou pelo mundo muito antes do Novo Testamento ser escrito.

            Outro ponto que o pastor vai dizer e que é mais complicado é quando ele fala que para a Igreja Católica tem também a Tradição que se mostra nos documentos da Igreja, nos dogmas e nas bulas papais. E aqui ele está mentindo mais uma vez como já foi explicado não é isso que é a Tradição.

            Tradição da Igreja não é aquilo que ela produziu ao longo dos séculos. Tradição da Igreja é aquilo que os apóstolos ouviram de Jesus e transmitiram oralmente para seus sucessores. Documentos teológicos transmitidos pela Igreja é a interpretação do Magistério da Igreja tanto da Palavra Escrita como da Palavra falada.

            Jesus não instruiu os seus Apóstolos a escreverem livros, mas, mandou pregar, (anunciar) o evangelho (Mt28, 19-20). Tanto é que apenas alguns escreveram os evangelhos. E os outros Apóstolos que não escreveram deixaram de pregar? Eles levaram o Evangelho de que forma?

            Eles levaram o Evangelho de forma oral. É interessante porque se a gente falar que é só a Bíblia nem a historicamente se sustenta, pois, a Bíblia foi organizada 400 anos depois de Cristo. Os cristãos de antes não tinham Bíblia.

            E quando o pastor fala que é só a Bíblia, onde fica o que Jesus falou e que não está na Bíblia e que os apóstolos transmitiram aos seus sucessores? Ou alguém acha que isso não foi transmitido?

           A Tradição Oral é bíblica, São Paulo disse aos próprios tessalonicenses “guardai as tradições que de nós recebestes”.  Ao falar sobre a Eucaristia em 1Cr11, 23 ele disse: "Eu recebi do Senhor, vos transmiti" [...] São Paulo não diz "o que li na Bíblia vos transmiti" - ele disse "Eu recebi do Senhor e vos transmiti". Ora, todos nós sabemos que São Paulo após sua conversão foi ter com os Apóstolos e deles recebeu a Doutrina. E como ele recebeu a Doutrina se não havia nada escrito? E como ele afirma que a recebeu do Senhor? Logicamente Paulo está referindo à Tradição, que é o ensinamento Oral. Esse ensinamento que na verdade é do Senhor Jesus, foi ensinado por Ele e que lhe foi transmitido pelos Apóstolos. Por isso que São Paulo vai dizer aos seus irmãos de Corinto "O que eu recebi do Senhor e vos transmiti".             

    Quando o pastor Nicodemus vai falar do Magistério da Igreja. Ele fala como se fosse um absurdo teológico a gente ter um Magistério. Só que o Magistério da Igreja é o intérprete autorizado e a gente vê isso na Bíblia também. Em Atos 15 a Igreja com seus bispos e presbíteros se reuniu em concílio para discutir o problema da circuncisão. Os judeus recém-convertidos queriam obrigar os novos convertidos vindos do paganismo e de outras culturas se circuncidassem segundo a Lei de Moisés. Foi preciso que a Igreja discutisse o assunto em Concílio e tomasse uma posição; e tendo reunido todos, sob a palavra de São Pedro decidiram que o Batismo é que tornaria a pessoa membro da Comunidade. 

    Qual é dificuldade do pastor em compreender isto? A dificuldade é porque a igreja dele não tem sucessão apostólica, aliás nenhuma igreja protestante, evangélica, seja ela reformada ou pentecostal tem sucessão apostólica e, por isso mesmo, não tem autoridade e não é verdadeira.

    Então a gente percebe que a Bíblia é a palavra de Deus, mas a palavra de Deus está mantida na Tradição e o Magistério é o intérprete. É ele quem decide as questões de fé e doutrina. A Tradição está firmemente defendida na Bíblia, em 2Tm 2,2: “O que de mim ouvistes na presença de muitas testemunhas, confia a homens fiéis que por sua vez sejam capazes de instruir a outros”. – Então temos que ter cuidado com o que ele falou quando ele fala que a Tradição é a produção teológica da Igreja, não é verdade. A tradução teológica da Igreja é outra coisa.

    Depois, ele implica dizendo que a Igreja acredita que Deus continua trazendo novas revelações. Isso também não é verdade. 

Ele Continua:

“Na Igreja católica Cristo é o salvador, mas, para chegar até Cristo você tem que chegar através de Maria. Você tem que receber o dogma da co-mediação de Maria, de que ela auxilia os pecadores a receber a graça que o filho dá. Ela funciona como uma espécie de medianeira e recentemente dogmas a respeito da assunção de Maria e do seu nascimento virginal foram colocados pelos Papas como sendo obrigatório para todo católico acreditar. Então não é somente Cristo, mas é Cristo e Maria, em alguns lugares a Igreja Católica é muito mais mariana que cristocêntrica”.

    Quando alguém se propõe a falar alguma coisa, essa pessoa deve estudar, conhecer com um pouco de afinco o que está dizendo. E o pastor em questão mostra desconhecer a doutrina católica, falta-lhe um conhecimento profundo do que estar a dizer.

    Quando ele fala do "dogma da mediação de Maria", a mediação de maria não é dogma.         Por não ser dogma tem que se perguntar o que ele quer dizer com isso. Se fosse dogma seria mais fácil já estaria resolvido desse ou daquele jeito. Depois o pastor vai falar do dogma da Assunção de Maria, que está certo, é um dogma, mas, é um dogma que não fere em nada a fé protestante. Qual a dificuldade em aceitar o dogma da Assunção de Maria se os protestantes acreditam na assunção de Enoc e do profeta Elias?

    Ah! Mas a assunção de Maria não está na Bíblia. Está sim. Não da forma como eles querem, mas está é só ler Apocalipse 12, 1-18. 

    O nome Trindade também não está na Bíblia, mas, ela aparece de forma indireta e todos nós cristãos cremos nela - Mt28, 19.  

     O que diz o dogma da assunção de Maria? 

A Igreja proclama que Nossa Senhora após ter terminado todo seu curso terreno, pelos méritos de Cristo foi assunta (ou levada) de corpo e alma para o céu.

   Quando ele fala do dogma do nascimento virginal de Maria é espantoso a falta de conhecimento teológico sobre ao assunto. Muitos teólogos confundem o dogma da Imaculada conceição de Maria com o nascimento virginal. 

    O nascimento virginal nunca foi dogma. Ninguém disse que Ana mãe de Nossa Senhora era virgem. Ana e Joaquim eram casados. Maria foi concebida de forma natural, ou seja, de uma fecundação normal. Agora o que a Igreja proclama é que Maria no momento da concepção no seio de Ana, Deus pelos méritos de Cristo retirou dela a mancha do pecado original porque ela foi escolhida para ser a futura mãe do Salvador. Então ela foi preparada por Deus, sonhada por Deus para de seu ventre nascer o próprio Deus. Maria não foi uma barriga de aluguel. Ela gerou Jesus Cristo o filho de Deus conservando-se pura toda sua vida. Nasceu sem pecado, porque Deus antecipou nela toda a graça e a Salvação por meio de seu Filho. É isso que quer dizer o dogma da Imaculada Conceição.

Depois ele vai falar de Maria como medianeira:

“O católico vai dizer que você precisa de Maria, enquanto o reformado que você pode ir direto a Cristo” [...] é interessante porque isso é uma meia verdade, tanto do lado de lá, quanto do lado de cá. Por quê?

    Porque não é verdade que você precisa de Maria para chegar a Cristo no sentido que ele está falando, mas, também não é verdade que o reformado vai sozinho a Cristo. Ora, alguém nunca falou para ele que para se tornar cristão alguém tem que lhe anunciar Cristo? Não vai precisar da pessoa do amigo, do vizinho, de outro que conheça a fé primeiro? Se alguém vai a Cristo, vai por intermédio de alguém mediante o ministério da Igreja. 

       Os protestantes não entendem que Maria faz parte da Igreja - Atos1, 14 - Porque No AT, Eva que fazia parte da Antiga Criação estava o Paraíso e de lá foram expulsos pelo pecado da desobediência que cometeram. Na Nova Criação, onde Jesus Cristo, "O Novo Adão" restaura todas as coisas e tendo feito uma Nova Criação que se inicia na Cruz, devolve-nos a graça do Paraíso. Maria a "Nova Eva" está presente pela obediência. Não só estava presente aos pés da Cruz recebendo a adoção filial de ser nossa Mãe, mas também, estava com toda a Comunidade, a Igreja reunida e como parte dela iniciada na caminhada dessa Nova Criação, agora conquistada pelo seu Filho. Ela juntamente com os Apóstolos e os discípulos em oração aguardou a vinda do Espírito Santo que confirmou a missão da Igreja. É por isso que a Igreja começou sua caminhada com ela, não vai e não pode terminar sem ela. É por isso que nós a chamamos de "Mãe da Igreja".        

    A missão da Igreja neste mundo é levar às pessoas ao conhecimento de Cristo. Os evangélicos insistem muito nisso que Cristo é o único mediador, mas, se não fosse a Igreja Católica não teriam nem a Bíblia. A Igreja tem esse papel de ser este canal que leva as pessoas ao conhecimento de Cristo e consequentemente à salvação. Foi para isso que Jesus fundou a Igreja. 

    Ah, mas Jesus disse "ninguém vai ao pai senão por mim!", está certo, mas onde está Jesus? Está na sua Igreja. De modo que para ir até Cristo é necessário passar pela Igreja. Pois, o mesmo Jesus que disse: "ninguém chega ao pai senão por mim", diz também: "quem vos ouve a mim ouve, quem os rejeita a mim rejeita". Lc10, 16. A Igreja existe para conduzir as pessoas a Cristo. Essa é a missão da Igreja, ser a ponte. 

    O caminho é Cristo, a Igreja é a ponte, o elo que une o homem a Deus. E a Verdade que é Cristo é revelada pela Igreja, a qual tem todos os meios para conduzir-nos à salvação. A Igreja fundada por Cristo, foi deixada neste mundo para que ao mesmo tempo que anuncia o evangelho, também tem a missão de mãe e mestra levar-nos até Cristo em segurança. Ela como a Arca de Noé tem a missão de cuidar de todos, para que todos sejam salvos. Por isso São Cipriano de Cartago vai dizer:  "extra Ecclesiam nulla salus" - que significa 'fora da Igreja não há salvação'.  

    Ninguém vai a Cristo sozinho, porque precisa da mediação de alguém, isso é óbvio. Ou será que Cristo apareceu e se revelou? Talvez São Paulo possa dizer isso, já que ele foi o único homem que depois dos Apóstolos teve uma experiência pessoal com Jesus no caminho de Damasco. Tirando São Paulo os outros chegaram até Cristo pela mediação de alguém, da Igreja ou de algum ministro da reconciliação.

    E aí quando ele fala que a gente precisa de Maria para chegar até Cristo, ou para termos Cristo. Ora, como é que Cristo veio ao mundo? Caiu de paraquedas? Foi trazido pela cegonha? nasceu de chocadeira? [...] Qual foi o caminho que ele escolheu para vir ao mundo, não foi através de Maria?

    “E quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu filho nascido de uma mulher” (Gl4,4) – é óbvio que Nossa Senhora participa ativamente do mistério da Redenção.

    Quando ele diz cheio de razão “nós não precisamos de Maria, nós só precisamos de Cristo”, se isso fosse verdade não existiria Cristo. Isso é orgulho e prepotência da parte protestante. Porque o próprio Deus precisou de Maria e a escolheu para nascer dela.

    E o outro ponto teológico que ele deixa passar é a doutrina de Maria como a "Nova Eva". Na teologia de São Paulo Jesus é o Novo Adão:

     👉1Cor15, 45-48 – “Assim está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente"; o último Adão, espírito vivificante. Não foi o espiritual que veio antes, mas o natural; depois dele, o espiritual. O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, do céu. Os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem celestial”.

    São Paulo ensina-nos que dois homens estão na origem do gênero humano: Adão e Cristo. [...] O primeiro Adão, diz ele, foi criado como um ser humano que recebeu a vida; o segundo é um ser espiritual que dá a vida. O primeiro foi criado pelo segundo, de quem recebeu a alma que o faz viver. [...] O segundo Adão gravou a sua imagem no primeiro, quando o modelou. Por isso, veio a assumir a sua função e o seu nome, para que não se perdesse aquele que fizera à sua imagem. Primeiro e último Adão: o primeiro teve princípio; o último não terá fim. Por isso é que o último é verdadeiramente o primeiro, como Ele mesmo diz: "Eu sou o Primeiro e o Último"» (CIC 222)

"Se Jesus é o novo Adão, Maria é a Nova Eva".

    Assim como pela desobediência de um (Adão) entrou o pecado no mundo, pela obediência de um (Jesus Cristo) entrou a graça.

    Assim como pela desobediência de uma (Eva) entrou o pecado, pela obediência (de Maria) nos veio a graça.

    Pela desobediência de um homem (Adão) a humanidade foi destruída pelo pecado; pela obediência de um só homem (Jesus Cristo) veio refez a nova criação.

    Pela desobediência de uma mulher (Eva) a humanidade foi destruída pelo pecado; pela obediência de Maria a humanidade por ser redimida.

“Jesus se humilhou e fez obediente até a morte e morte de cruz” Fl2, 8-11

“Maria, desde a encarnação também se fez humilde, (Lc1, 38) e se fez obediente até os pés da cruz junto de seu filho para nossa salvação”.

    Isso é o significado de ser corredentora. Maria é, portanto, corredentora porque participou ativamente do plano de Salvação. Ela é a Nova Eva e Cristo o Novo Adão.

    Em 2Cor5, 18 “Tudo isso vem de Deus que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação”. Então, esse negócio de que há só um mediador, o que é o mediador senão o reconciliador?

    O mesmo Paulo que falou que há só um mediador é o mesmo Paulo que Deus nos deu o ministério da reconciliação.

    Aliás, o papel da mediação dos santos e de Nossa Senhora é diferente da mediação única de Cristo. 

    O papel de mediador de Cristo é exclusivo, é de caráter salvífico e só cabe a ele. O papel de mediação dos santos é de caráter de intercessão, ou seja, é diferente. 

    Essa mediação dos santos é algo que já fazemos aqui na terra. Nós intercedemos, pedimos a Deus uns pelos outros. Se já aqui na terra fazemos isso uns pelos outros quem dirá no céu os santos e Nossa Senhora. Veja, por exemplo, o caso do centurião romano que intercedeu a Jesus pela saúde de seu criado; Maria que intercede pelos noivos em Caná da Galileia, isto é intercessão. Nós que acreditamos na comunhão de santos acreditamos nesta mesma intercessão prefigurada aqui na terra e concretizada no Céu.      

    Eles podem podem interceder e o fazem porque a Igreja continua na eternidade; os santos participam da glória juntamente com Jesus. Na eternidade participam de uma só comunhão banhados na glória de Cristo Ressuscitado e vencedor; ela continua sua missão, mas, agora de maneira beatífica em unidade com Cristo.

    Basta ler o Apocalipse a oração dos santos, a fumaça do incenso que sobe até Deus com nossas orações, os anciãos louvando a Deus, a oração dos mártires - Ap 9-10:14, 4-5 [...] E isso só é possível porque através do único mediador que é Cristo está a mediação dos santos. Os santos no céu tem esse papel. 

    👉A mediação dos santos e da Virgem Maria não é salvífica, mas, é dentro dessa mediação única de Cristo que ela acontece. Caso contrário não poderíamos orar uns pelos outros. Mas, é por causa da mediação única de Cristo que nos faz partícipes com ele dessa mediação única.

    Quanto ao papel de Maria como corredentora temos que entender esse termo no verdadeiro sentido teológico dele:

    Cristo convida toda sua Igreja redimida por ele. São Paulo escrevendo aos Colossenses (Cl1, 24) “Completo na minha carne o que resta do sofrimento de Cristo”.  Ou seja, toda a Igreja remida por Ele é chamada a unir-se a Ele. Maria  remida por Cristo desde o ventre de sua mãe; é sem pecado não pelos seus próprios méritos, mas pelos méritos de Cristo, chamada a participar de forma mais íntima, muito mais especial por ser a Mãe do Filho de Deus e chamada a participar desta redenção. Por ser a mãe do filho de Deus ela se dispôs a levar até o fim a missão de colaborar para que o plano de Salvação acontecesse.

    Às vezes a gente esquece que Jesus foi um ser humano normal exceto no pecado, teve fome, sede, sentiu tristeza, alegria, chorou, riu, brincou, teve que aprender a falar e a andar. Ele quis experimentar a beleza de ter uma mãe (Gl4,4). Então, ela participa de forma mais íntima desse grande amor. Tanto que o profeta Simeão vai dizer que uma espada lhe transpassaria alma.  O que Jesus sofreu por nós fisicamente, Maria sofreu tudo na alma conforme tinha dito a profecia.

    Sim, Maria é corredentora de uma forma especial, mas, porque ela foi redimida por Cristo, é corredentora na medida que une suas dores às dores do seu Filho.

    Quando o pastor disse que “em alguns lugares as igrejas católicas são mais marianas que cristocêntricas é mera conjectura, pois, toda devoção mariana é cristocêntrica. Maria não ofusca a luz que é Cristo, pelo contrário ela aponta em direção a ele: “fazei tudo o que ele vos disser” – Jo2, 5 – ela não é deusa, mas, ela é a escolhida de Deus, a Mãe de Jesus e, depois de Cristo ninguém é maior. Maria não quer nada para si, não quer atrair nada para si, ela é serva obediente (Lc1, 38), ela é a mulher do silêncio, da obediência. Então, dizer o que ele disse é falta de responsabilidade.

Ele continua seus ataques dizendo:

“Os católicos falam que a salvação é pela fé, mas, os homens tem que praticar as obras, eles têm que contribuir com suas obras, com sua obediência, com sua ida à igreja, com sua participação nos sacramentos para que aquela fé seja de fato uma fé salvadora. Os católicos falam da graça, a graça o favor de Deus.”

    E aqui o pastor Nicodemus comete mais um erro teológico. A Igreja Católica não fala que a salvação é pela fé. A Igreja ensina que a salvação é pela graça mediante a fé e uma fé completa. Qual é o problema aqui? É que estamos falando de termos distintos; quando ele fala a palavra fé, ele está falando de uma fé fideísta e fiduciária.

    Nós não falamos de uma fé fideísta e fiduciária apenas, nós falamos de uma fé que significa obediência. Então a nossa fé não é simplesmente crer, crer e crer ... porque neste sentido de crer até diabo acredita, mas, o diabo não tem fé. Crer simplesmente e não fazer nada é como um carro sem gasolina. A fé é o carro as obras o combustível, se não tiver as obras o carro não anda. Em outras palavras Jesus disse: “Bem aventurado não é o que me diz senhor, senhor, mas, o que faz a vontade do meu Pai que está no céu”. (Mt7, 21) – aqui eu pergunto: Fazer a vontade do Pai não é uma obra?

    Jesus também disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama”.

        São Paulo vai disse: 👉Nem a circuncisão, nem a insircuncisão é coisa alguma, mas o que importa a fé que opera em nós pela caridade” Gl 5,6. 

    E a caridade é uma obra. De modo dizer que somente a fé entendida como uma fé fideísta está errado. Agora se por meio de nossas obras nós estamos manifestando a graça de Deus em nossa vida isto é testemunho bíblico. Por exemplo, Rm2, 6-7.8 “Deus retribuirá a cada um segundo suas obras” [...] “A vida eterna aos que perseverando em fazer o bem busquem a glória, a honra e a imortalidade, mas a ira e indignação aos contumazes rebeldes da verdade e seguidores do mal.”

    Percebam que as obras desempenham o papel sim na nossa salvação; não somos salvos pelas obras, somos salvos pela graça, mas a graça produz em nós as obras e a fé; e a fé também é uma obra. Jesus disse: “Essa é a obra de Deus que acreditem naquele que ele enviou” – Jo6, 29 – De fato essa confusão sobre a fé e as obras que o pastor Nicodemus e com ele todos os protestantes faz não é producente.  

    Mas, poderá alguém dizer: “As obras não são causadoras da salvação, as obras são uma consequência da graça que opera em nós”; mas, a fé não é a mesma coisa? A fé não é causadora da salvação? A Fé é uma consequência da graça que nos salva. 

    Mas, essas coisas estão tão ligadas entre si que podemos dizer sou salvo pela fé e obras; lembre-se somos salvos pela graça, mas a graça produz em nós a fé e frutos tão belos que evidencia o agir de Deus em nossa vida de modo que a gente pode dizer que somos salvos pela fé e obras quando a gente entende bem corretamente estes termos.

Continua o pastor:

“Mas, eles dizem que a graça vem a través da natureza. Essa relação entre natureza e graça que originária da teologia de São Tomás de Aquino e diz que Deus concede a graça através da natureza ou das coisas sólidas que pertencem ao mundo sólido. Por isso a água benta do batismo, por isso o pão que se transforma n corpo de Cristo e o cálice que se transforma em vinho, (aqui ele parece nem saber que não é o cálice que se transforma em vinho, é o vinho que se transforma no sangue de Cristo); por isso o óleo d unção dos enfermos. Então a graça não é dada diretamente ao pecador, mas, ela é dada através dos 7 sacramentos da Igreja católica dentre eles os mais conhecidos, (só para ele né gente porque todo católico conhece os 7 sacramentos e sabe que nenhum é mais ou menos conhecidos que os outros), batismo, confirmação, ordem, casamento, extrema unção e confissão a um padre para o perdão dos pecados. Os sacramentos da Igreja Católica são canais pelos quais a graça de Deus é ministrada e o pecador recebe a salvação.”

    Veja, que ele faz uma salada de frutas entre sacramental e sacramento. Não e até transforma o cálice em vinho, e ao falar dos 7 sacramentos não cita nem a Eucaristia o principal deles. É de lascar né gente!

    Ele falou de 2 assuntos aqui: A graça provém da natureza, a salvação provém dos sacramentos. Quando ele fala que os sacramentos são canais da graça de Deus e pode levar à pessoa a salvação ele está certo, mas, há que separar sacramento e sacramental.

    No sacramento a ação do Espírito Santo é de forma invisível diretamente sobre a pessoa. É graça santificante. Os sacramentais são meios materiais aos quais a graça de Deus age em nós. 

        O sacramental é um objeto e não age diretamente depende da crença da pessoa. Por exemplo:  A água benta só tem poder de benzer a casa se a pessoa acreditar.; Enquanto que o sacramental não te salva, mas, traz a graça da salvação na sua vida e o sacramento tem o poder de força santificante. O sacramental traz as bênçãos e serve para recordar o amor que Deus tem por cada um de nós.   

    Já quando ele cita a teologia de Sto. Tomás de Aquino “Natureza e graça” é de doer porque ele distorce todo o ensinamento do santo. O que é que santo Tomás queria dizer?

    Que nós não precisamos da graça sobrenatural de Deus para saber que por exemplo o adultério é pecado. Embora esteja na Sagrada Escritura a gente tem a inteligência para saber que adulterar é errado, roubar é errado, etc.

    Mas, se eu disser “Jesus é o filho de Deus”, então nesse caso eu preciso da graça sobrenatural. Se digo “Deus é uma Trindade”, eu preciso da graça sobrenatural para dizer isto. Então natureza é aquilo que está no nível natural e a graça no nível sobrenatural.

    Aí ele fala que a graça vem da natureza. Não! A graça vem de Deus, mas, objetos podem trazer a benção de Deus na medida em que Deus infunde neles sua graça; e vamos provar isso na Bíblia.

    O pastor fez uma confusão entre sacramental e sacramentos; A diferença entre o sacramento é que o sacramental não confere a graça do Espírito Santo como acontece no sacramento, mas pela oração da Igreja, eles preparam a pessoa para o recebimento da graça (cf. CIC 1670).

 Podemos entender os sacramentais como bondade da criação. Mas, o que o Pastor Nicodemus disse a respeito dos sacramentais beira o gnosticismo. Porque está mais do que claro, e isso vamos ver várias vezes na Bíblia que Deus utiliza da matéria criada para mostra-nos sua bondade.

    O gnosticismo que era uma seita herética dos primeiros séculos negava a bondade da Matéria. Pregava que a matéria era má e o extremo do gnosticismo era justamente negar a Encarnação de Cristo, porque como pode cristo assumir um corpo material se a matéria é má? E quando o pastor nega que Deus não pode agir por meio da matéria ele está sob o mesmo pensamento dos hereges gnósticos. Deus tanto age na matéria que Jesus usa barro com saliva para curar o cego, e usa o madeiro da cruz para nos salvar. Deus tanto age na matéria que os reis e profetas do antigo testamento foram ungidos com óleo; e o próprio Deus utilizou do barro para fazer Adão; escreveu os Mandamentos em tábuas de pedra. Logo, os sacramentos tem os seus sinais materiais característicos como a água, o óleo, o pão, o vinho, etc. chamados de sacramentais.     

    Aí ele continua dizendo “a gente precisa do sacramento para a benção chegar até nós e isso não seria necessário, a benção chega direto em nossa vida. Mentira! Porque os sacramentos estão visíveis de forma clara Bíblia. Se levarmos em conta esse raciocínio do pastor às últimas consequências vamos chegar ao mesmo pensamento herético do gnosticismo de dizer que Jesus não pode ter sido encarnado.

       O Senhor Jesus instituiu os sacramentos e é fácil provar na Bíblia.

    Deus que criou o mundo material se fez corpo material. Santo Ambrósio vai ensinar que Cristo nos toca através de seus sacramentos. Assim como a gente podia tocar n'Ele enquanto estava neste mundo, agora Ele nos toca pelos Sacramentos.

     O pastor disse “E os sacramentos são canais da graça de Deus...” sim, o que ele falou está certo. Mas, aí tem uma coisa muito grave. O Cristo conquistou para nós na cruz chega até nós pelos sacramentos ordinariamente e extraordinariamente. O que isso quer dizer? Que eu posso receber o sacramento de forma direta ou indiretamente. Por exemplo: Se uma pessoa deseja receber o batismo, mas, por algum motivo ele morre, receberá o sacramento por intenção, pois o amor a Cristo aliado ao seu profundo desejo já provocou nele a graça da salvação. É o caso de muitos cristãos mártires que foram batizados não pela água, mas pelo sangue que derramaram em testemunho de Cristo e do Evangelho.  

     A graça da Cruz, aquilo que Cristo conquistou para nós na cruz vem à nossa vida por meio dos sacramentos.           

Qual é a definição e a eficácia do Sacramento?

A definição que o Catecismo da Igreja Católica (CIC) apresenta sobre sacramento é este: “Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina” (1131). Ou seja, são os meios pelos quais a graça de Deus nos alcança, sendo os sacramentos perceptíveis aos sentidos. A exemplo temos: o sacramento do Batismo, que acontece com o uso da água e das palavras batismais: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Temos também a Eucaristia, que acontece por meio do pão e do vinho que, pelas palavras do sacerdote, são transformadas em Corpo e Sangue de Cristo. Assim, a Igreja Católica professa a existência de sete sacramentos, e além dos dois já falados, temos: a Crisma, a Penitência, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimônio. 

É importante saber que os sacramentos são eficazes porque neles age o próprio Cristo; é Cristo que batiza, atua nos sacramentos. Quando o sacramento é celebrado conforme a intenção da Igreja, o poder de Deus atua nele, e a eficácia independe da santidade do ministro que o confere. Porém, os frutos irão depender da disposição de quem os recebe (cf. CIC 1129).

Os sacramentos são destinados à santificação do homem, à edificação do Corpo de Cristo e ao culto prestado a Deus. E como fim último, a Páscoa do Filho de Deus, aquela que pela morte O fez entrar no Reino, realizando-se na vida do cristão, o que Ele mesmo professa: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir” (cf. CIC 1680).

  

Os sacramentais e sua missão

O Catecismo vai definir sacramentos como: “Os sinais sagrados instituídos pela Igreja, cujo objetivo é preparar os homens para receber o fruto dos sacramentos e santificar as diferentes circunstâncias da vida” (1677). Os sacramentais servem para a santificação de certos ministérios, assim como de estados de vida e de momentos variados no dia a dia do cristão, como o uso das coisas que são úteis ao homem.

A diferença entre o sacramento é que o sacramental não confere a graça do Espírito Santo como acontece no sacramento, mas pela oração da Igreja, eles preparam para o recebimento da graça (cf. CIC 1670). Entre os vários sacramentais, em primeiro lugar estão as bênçãos, que podem ser de pessoas, da mesa, de objetos e lugares. O número de sacramentais é enorme! Por exemplo, alguns objetos, desde que sejam abençoados: cruzes, imagens e estampas de santos, água, sal, óleo, lenço dentre tantas outras coisas. Atos 19:12 - “de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados das suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles”.  A própria sombra de São Pedro era um sacramental veja, At5, 15-16; “De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camas para que a sombra de Pedro, quando passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas afluía a multidão a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados.”

Os sacramentais são instituídos como dito antes pela Igreja. São realizados sempre pela imposição das mãos, uma oração, o sinal da cruz ou aspersão com água benta que relembra o Batismo (cf. CIC 1668).

Por fim, é importante lembrar que os sacramentais são instrumentos que auxiliam o cristão na vida espiritual. Não devem ser usados erroneamente como superstição ou algo mágico, não! Eles são “extensões” dos sete sacramentos e podem nos acompanhar literalmente em todas as horas do nosso dia.

Os sacramentos não são coisas materiais, os sacramentos são santos sinais que realizam o que significam. Os sacramentos utilizam-se dos sinais, os sacramentais e são eficazes no que significam.

São Leão Magno disse: “O que era visível em Cristo passou aos sacramentos da Igreja”, ele dizia que os sacramentos da Igreja passaram a ser aquilo que a gente via em Cristo e passou à Igreja, por exemplo: Assim como a mulher com fluxo de sangue tocou na orla das vestes de Cristo (Lc8, 43-45), assim como o lenço de Paulo curava os doentes (At19, 11-12), assim como a sombra Pedro curava os doentes (At5, 15-16), assim como o ossos do profeta Eliseu ressuscita morto (2Rs3, 21percebe-se aqui a utilização dos sacramentais, ou seja, a materialidade, a veste, o lenço, a sombra e até os ossos de um morto. Então nota-se claramente que Deus opera sua graça através da matéria sim. O que era sensível em Cristo passou à Igreja por meio dos sacramentos. Santo Ambrósio dizia: “Tu ó Cristo te revelastes a mim face a face, te encontro em teus sacramentos” – Segundo Sto. Ambrósio, que era um padre do século IV, ele vai dizer que ele encontra Cristo face a face nos sacramentos. Aquilo que Jesus conquistou por nós na Cruz vem até nós por meio dos sacramentos e como vemos não é difícil provar isto nas Escrituras. São Paulo vai dizer: “O batismo que hoje nos salva (...) “Por meio do batismo vós morrestes e ressuscitastes”.

Quando são Paulo fala da santa ceia em 1Cr11, ele fala que “se comermos do Corpo do Senhor indignamente, sem discernimento estará comungando a própria condenação”. É só fazer uma leitura contrária “se comungarmos discernindo o Corpo do Senhor comungamos bênção”.

São Tiago falando da Unção dos enfermos diz: “Chama os presbíteros e a oração da fé com a unção do óleo salvará o enfermo”. Ou seja, os sacramentos estão claramente descritos na Bíblia, são sim, os meios pelos quais a benção de Deus chega até nós.

    Agora, porque o pastor Augustus Nicodemus recusa os sacramentos? A fala dele no seu vídeo é tão estranha...

   Ele nega aquilo que a própria instituição que ele pertence acredita. Os reformados (que vem de João Calvino), acreditam que os sacramentos são meios de graça também; quem não acredita são os batistas, os assembleianos, os pentecostais, as igrejas de parede preta moderninhas, etc.           

Onde encontramos os sacramentos na Bíblia?

1.     Batismo – O primeiro rito do Batismo está em Lc3, 19-20. Jesus foi batizado por João. O Batismo de João era de conversão. Depois Jesus manda em Mt28 os apóstolos batizarem em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. O Batismo instituído por Cristo é um sacramento que além do perdão dos pecados torna a pessoa, filho de Deus e membro da Igreja. O catecúmeno morre para o mundo e nasce para Deus.

2.     Crisma – Trata-se de um rito em que o ministro impõe as mãos sobre os crismandos, invocando o Espírito Santo, e os unge com óleo. A prática de unção com óleo remete ao A.T quando os sacerdotes e reis eram ungidos. Pelo batismo e pela crisma somos inseridos no sacerdócio real de cristo, participando desse sacerdócio comum dos fiéis pela Crisma somos chamados a ser sacerdotes, profetas e reis.     

    O sacramento do Crisma consiste na Confirmação do Batismo pelo Espírito Santo, por meio da qual o fiel é enviado ao mundo para testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo em atos e palavras.  Com esse sacramento, o fiel torna-se soldado para testemunhar a Cristo no mundo.

    Nos textos bíblicos encontramos diversas passagens que remetem ao Sacramento da Crisma, elas estão em: Jo 14, 25-26; Lc 12, 12; At 8, 14-17; At 19, 1-6 e 2 Cor 1, 21-22.

    O sacramento do Crisma também é chamado de "Confirmação" - quando criança quem confirma a Fé da Igreja por nós são nossos pais e padrinhos, na Crisma, já adultos nós conformamos essa Fé que recebemos. Essa é a missão do bispo confirmar os irmãos na fé. Jesus ao instituir o sacerdócio, dando suas últimas instruções disse a Pedro: "Mas, eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E, quando você se converter, confirme os seus irmãos" Lc22, 32. 

3.     Eucaristia - Na Eucaristia está a presença real de Jesus Cristo, conforme nos ensinaram o próprio Senhor. Em João 6,56-57 Jesus disse: “Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. E como o Pai, que é vivo, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim aquele que comer de mim viverá por mim”. a noite que antecedeu à Sua Crucificação, Jesus Cristo reuniu Seus Apóstolos e instituiu o sacramento (ver Lucas 22:19–20). Após Sua Ressurreição, Ele instituiu o sacramento onde o pão é o seu Corpo e o Vinho seu Sangue.

(1Cr10, 16-17).Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?

Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão”.

4.     Confissão: pelo sacramento da Confissão, Jesus deu autoridade aos Apóstolos e seus sucessores para conceder o perdão dos pecados.

Jo20, 20-23 Jesus apareceu aos Apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Dizendo isso soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes dos pecados ser-lhes-ão perdoados. Aqueles aos quais os retiverdes ser-lhes-ão retidos”. Note: Que Jesus instituiu o sacramento da confissão. Os protestantes dizem que pode se confessar diretamente com Deus, porém, Jesus é bem claro ao dar aos discípulos o poder de perdoar (em seu nome) os pecados. Não existe confissão direta com Deus. Somente o bispo e o sacerdote que “in persona Christi”, ou seja, na pessoa de Cristo perdoa os pecados. Por isso o sacramento da confissão é inviolável e não pode ser revelado. Quem perdoa os pecados é Cristo por meio do sacerdote que lhe representa.

 O que o Catecismo da Igreja Católica fala sobre o Sacramento da Confissão?

CIC. 1424. É chamado sacramento da confissão, porque o reconhecimento, a confissão dos pecados perante o sacerdote é um elemento essencial deste sacramento. Num sentido profundo, este sacramento é também uma «confissão», reconhecimento e louvor da santidade de Deus e da sua misericórdia para com o homem pecador.   

5.     Unção dos enfermos - Unção dos enfermos é um rito cristão que consiste em ungir os enfermos com um óleo sagrado. Na Igreja Católica, o ritual é também denominado “Santa Unção” ou “Último sacramento”. A unção dos enfermos tem o objetivo de confortar o doente, perdoar os seus pecados e transmitir um sentimento de alívio espiritual e físico. O Sacerdote unge o doente com o óleo dos enfermos que é a matéria do Sacramento da Unção dos Enfermos. Esta unção deve ser feita seis vezes: nos olhos, nas narinas, nos ouvidos, na boca, nas mãos e nos pés. Para cada unção o Padre repete a forma do Sacramento da Unção dos Enfermos.

Tg5,13-15 - “Sofre alguém dentre vós algum contratempo? Recorra à oração. Está alguém alegre? Cante. Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros (padres) da Igreja para que orem sobre ele, e ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé; e se estiver cometido pecados, estes lhes serão perdoados. Confessai, pois, uns aos outros vossos pecados e orai uns pelos outros para que sejam curados.

6.     Ordem - O sacramento da Ordem é conferido pela imposição das mãos, seguida duma solene oração consecratória, que pede a Deus para o ordinando as graças do Espírito Santo, requeridas para o seu ministério. A ordenação imprime um carácter sacramental indelével.

CIC. 536. A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos Apóstolos continua a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos: é, portanto, o sacramento do ministério apostólico. E compreende três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconato.

[Sobre a instituição e a missão do ministério apostólico por Cristo ver os números 874-896. Aqui apenas se trata da via sacramental pela qual se transmite este ministério].

 I. Porquê este nome de sacramento da Ordem?

CIC. 1537. A palavra Ordem, na antiguidade romana, designava corpos constituídos no sentido civil, sobretudo o corpo dos que governavam, Ordinatio designa a integração num ordo. Na Igreja existem corpos constituídos, que a Tradição, não sem fundamento na Sagrada Escritura (4), designa, desde tempos antigos, com o nome de táxeis (em grego), ordines (em latim): a liturgia fala assim do ordo episcoporum – ordem dos bispos –,do ordo presbyterorum - ordem dos presbíteros – e do ordo diaconorum –ordem dos diáconos. Há outros grupos que também recebem este nome de ordo: os catecúmenos, as virgens, os esposos, as viúvas...

CIC. 1538. A integração num destes corpos da Igreja fazia-se através dum rito chamado ordinatio, acto religioso e litúrgico que era uma consagração, uma bênção ou um sacramento. Hoje, a palavra ordinatio é reservada ao acto sacramental que integra na ordem dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos, e que ultrapassa a simples eleição, designação, delegação ou instituição pela comunidade, pois confere um dom do Espírito Santo que permite o exercício dum «poder sagrado» (sacra potestas) (5) que só pode vir do próprio Cristo, pela sua Igreja. A ordenação também é chamada consecratio consagração –, porque é um pôr à parte e uma investidura feita pelo próprio Cristo para a sua Igreja. A imposição das mãos do bispo, com a oração consecratória, constituem o sinal visível desta consagração.

1575. Foi Cristo quem escolheu os Apóstolos e lhes deu parte na sua missão e autoridade. Depois de ter subido à direita do Pai, Cristo não abandona o seu rebanho, antes continuamente o guarda por meio dos Apóstolos com a sua proteção e continua a dirigi-lo através destes mesmos pastores que hoje prosseguem a sua obra. É, pois, Cristo «quem dá», a uns serem apóstolos, a outros serem pastores (64). E continua agindo por meio dos bispos.

CIC. 1576. Uma vez que o sacramento da Ordem é o sacramento do ministério apostólico, pertence aos bispos, enquanto sucessores dos Apóstolos, transmitir «o dom espiritual», «a semente apostólica»

 Os bispos validamente ordenados, isto é, que estão na linha da sucessão apostólica, conferem validamente os três graus do sacramento da Ordem.

7.     Matrimônio - O sacramento do Matrimônio significa a união de Cristo com a Igreja. Confere aos esposos a graça de se amarem com o amor com que Cristo amou a sua Igreja; a graça do sacramento aperfeiçoa assim o amor humano dos esposos, dá firmeza à sua unidade indissolúvel e santifica-os no caminho da vida eterna.

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

CIC.  1601. «O pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre os batizados foi elevado por Cristo Senhor à dignidade de sacramento».

I. O matrimônio no desígnio de Deus

1602. A Sagrada Escritura começa pela criação do homem e da mulher, à imagem e semelhança de Deus, e termina com a visão das «núpcias do Cordeiro» (Ap 19, 9). Do princípio ao fim, a Escritura fala do matrimónio e do seu «mistério», da sua instituição e do sentido que Deus lhe deu, da sua origem e da sua finalidade, das suas diversas realizações ao longo da história da salvação, das suas dificuldades nascidas do pecado e da sua renovação «no Senhor» (1 Cor 7, 39), na Nova Aliança de Cristo e da Igreja.

O MATRIMÔNIO NA ORDEM DA CRIAÇÃO   

  1603. «A íntima comunidade da vida e do amor conjugal foi fundada pelo Criador e dotada de leis próprias [...]. O próprio Deus é o autor do matrimônio». A vocação para o matrimónio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, tais como saíram das mãos do Criador. O matrimônio não é uma instituição puramente humana, apesar das numerosas variações a que esteve sujeito no decorrer dos séculos, nas diferentes culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais. Tais diversidades não devem fazer esquecer os traços comuns e permanentes. Muito embora a dignidade desta instituição nem sempre e nem por toda a parte transpareça com a mesma clareza, existe, no entanto, em todas as culturas, um certo sentido da grandeza da união matrimonial. Porque «a saúde da pessoa e da sociedade está estreitamente ligada a uma situação feliz da comunidade conjugal e familiar».

CIC. 1604. Deus, que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus que é amor (1 Jo 4, 8.16). Tendo-os Deus criado homem e mulher, com amor mútuo dos dois torna-se imagem do amor absoluto e indefectível com que Deus ama o homem. É bom, muito bom, aos olhos do Criador. E este amor, que Deus abençoa, está destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum do cuidado da criação: «Deus abençoou-os e disse-lhes: "Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a"»(Gn 1, 28).

CIC. 1605. Que o homem e a mulher tenham sido criados um para o outro, afirma-o a Sagrada Escritura: «Não é bom que o homem esteja só» (Gn 2, 18). A mulher, «carne da sua carne», isto é, sua igual, a criatura mais parecidos com ele, é-lhe dada por Deus como uma, auxiliar», representando assim aquele «Deus que é o nosso auxílio». «Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher: e os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24). Que isto significa uma unidade indefectível das duas vidas, o próprio Senhor o mostra, ao lembrar qual foi, «no princípio», o desígnio do Criador: «Portanto, já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6).

Note que para cada sacramento são utilizados os sacramentais que são bíblicos. Os sacramentais são materiais que se tornam sinais visíveis da ação de Deus.

Batismo - a água (sinal de regeneração), o óleo dos catecúmenos e do Crisma (sinal da força do Espírito Santo), a vela (símbolo de nossa fé e representa Cristo ressuscitado).

Crisma – a unção com o óleo do Crisma (sinal da força do Espírito santo).

Eucaristia – o Pão e o Vinho

Para a Unção dos enfermos – o óleo da Unção (força de Deus para o doente).

Ordem – óleo do crisma. Este óleo também usado no sacramento da ordem, (Sacerdotes) para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos.

Matrimônio – as alianças. É o símbolo de amor e devoção, da concordância de um casal em amar e respeitar um ao outro. Sendo assim, sua forma circular representa que não tem começo nem fim, é constante como o amor deve ser. Como Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela assim deve ser o amor dos conjugues e dos filhos. A aliança representa um pacto entre o casal, um pacto de amor entre o casal que deve durar para toda a vida. A aliança nos recorda o pacto de Deus com seu povo, com Abraão se sua descendência. Recorda-nos o amor de Deus por cada um de nós. E que o amor entre marido e mulher também deve perpetuar na vida dos filhos.  

Creio que você já entendeu que significa Sacramento e Sacramental são coisas totalmente diferentes, o sacramento é o sinal visível da graça de Deus e o sacramental são objetos sagrados que se tornam símbolos da ação de Deus em nossa vida. Percebeu que o que o referido pastor é bastante desconhecedor da doutrina católica e é pobre em suas colocações. Percebeu também que os 7 Sacramentos estão na Bíblia e foram criados por Cristo. Os Sacramentos não são invenção da Igreja Católica, mas, foi criado e dado aos seus ministros por Cristo para nos ajudar no processo da salvação.

Continua o pastor:

“Eles (os católicos) falam que a glória deve ser dada a Deus, mas como a Igreja é a extensão de Deus nesse mundo toda glória é para a Igreja também”.

    Veja, que o que ele disse é uma bobagem sem fundamento, de quem não sabe nem mesmo o que estar a dizer e desconhece a Bíblia. Porque se a Igreja, conforme ensina São Paulo é o corpo de Cristo, Cristo é a cabeça desse corpo e o Espírito Santo é a Alma desse corpo, como ela pode dar glória de si mesma? Se a Igreja dá glória a Deus ela faz sob ação do Espírito Santo. A Igreja é o corpo de Cristo na terra conforme o São Paulo ensinou. Santo Agostinho disse que “a Igreja é o próprio Cristo” [...] “O que dizemos de Cristo pode-se dizer da Igreja”, mas, dizer que por causa disso a gente vai adorar a Igreja é descabido – quem vai glorificar a Igreja é o próprio Cristo no fim dos tempos.

Essa é a promessa: “Cristo em vós é a esperança da glória” – Cl1, 27 – mas, daí dizer que nós exaltamos a Igreja da mesma forma que exaltamos a Cristo é falácia. Nós exaltamos a Cristo e Cristo exalta a Igreja.

Continua o pastor:

“Os pilares do catolicismo são primeiro a natureza e graça com base na qual você tem os sacramentos e a salvação, Cristo e a Igreja, que eles veem como uma só extensão de Cristo nesse mundo, então, tudo que você puder dizer a respeito de Cristo você pode dizer a respeito da Igreja.”

    Essa citação dele é de Santo Agostinho. Ele fala isso como se fosse errado, mas, isso é certo. Foi para isso que Jesus fundou a sua Igreja para ser seu braço direito na tarefa de levar as pessoas ao conhecimento da verdade e à salvação – “Ide por todo mundo e pregai o evangelho!” (Mt28).

    São Paulo diz que o Corpo Místico de Cristo é a Igreja. Ele é a cabeça, nós os membros e o Espírito Santo a alma desse Corpo.

    Saulo (Paulo) estava a caminho de Damasco para prender os cristãos; Jesus aparece para ele e diz: “Saulo, Saulo porque me persegues?”

    Ora, Saulo não estava perseguindo Jesus fisicamente, logo, quando Jesus disse “porque me persegues” é porque Ele como cabeça está sendo perseguido junto com seus membros.

    O problema aqui é filosófico porque para o protestante não pode haver ente. É nominalismo, não tem como não haver uma comunicação entre Cristo e a Igreja. Cristo é um ente e a Igreja é outro. Ora pode a cabeça viver sem o corpo?

Por isso que não pode haver comunicação com Cristo, com os santos, com a Virgem Maria, com fé e obas. Não pode ter comunicação entre Tradição e Escritura. Porque para o protestantismo não há a real comunicação entre entes. E nós católicos não cremos nisso, nós estamos intimamente ligados a Cristo.

Continua o pastor:

“Cristo salva, a Igreja salva também, Cristo é divino, a Igreja é divina também, Cristo é santo a Igreja é santa também”.

Ele fala como se isso fosse errado, mas, o que há de errado nisso? Cristo é Deus, é divino, é o fundador da Igreja. A Igreja acolhe pecadores para torna-los santos, - “Sede santos como vosso Pai do Céu é santo!” (Lev19, 2 – Mt5, 48). “Sede perfeitos, como vosso Pai Celeste é perfeito!” – É lógico que se Cristo é perfeito, sua Igreja deve ser perfeita, se Cristo é santo, sua Igreja deve ser santa, se Cristo é divino sua Igreja participa dessa divindade.

    Aliás, a Igreja é uma realidade teantrópica, ou seja, ela é humana e divina. Será que essa não é a natureza de Cristo. Cristo é totalmente homem e totalmente Deus. Não no sentido de que a Igreja é Deus, mas ela como o corpo Místico de Cristo participa da divindade de Cristo conforme 2Pd1, 3-4.

    Cristo salva a Igreja? Salva. Nós somos chamados a unirmos nossos sofrimentos aos de Cristo; a unir-nos no mistério redentor de Cristo. Cristo é Santo, a Igreja é santa, isto está claro. A Igreja é a eleita de Deus, isto está nas Escrituras não precisa de provas.

Continua o pastor:

“Então é esse o pensamento católico muito abreviadamente, é claro, tentei resumir rapidamente com os famosos 5 pontos da reforma protestante. Somente a Escritura. É só na Bíblia que nós vamos encontrar a revelação de Deus e somente ela é a fonte de autoridade para tudo aquilo que nós praticamos e que nós cremos”

A pergunta é: Onde está isso na Bíblia? sendo que a própria Bíblia o desmente quando ela diz em 2Ts2, 15 “Guardai as tradições que vos foram ensinadas” [...] nem a bíblia fala para guardar a própria Bíblia, nem ela afirma que é a única autoridade, mas diz para guardar aquilo que lhe foi ensinado, ou seja, a Tradição.

    Precisamos perguntar ao pastor de onde ele tirou que a Bíblia é a única autoridade de Deus? Ou se Deus é pequeno e se rotula em um livro.

    Não tem um lugar da Bíblia que dizendo que a Bíblia é a única fonte de autoridade. Aliás, em 👉1Tm3, 15 diz que A Igreja do Deus vivo é a coluna e sustentáculo da verdade.  Bíblia dá a resposta, quem é essa autoridade: É a Igreja e não a Bíblia. Se fosse a Bíblia porque São Paulo escreveria que é a Igreja? Porque ela sempre foi a testemunha fiel da verdade muito antes da Bíblia surgir, não teria Bíblia se não tivesse a autoridade Igreja. A própria Bíblia diz 👉“quem sustenta a verdade é a Igreja”.

    Então o que o pastor falou não tem lógica, nem tem base na própria história do cristianismo. Porque a Bíblia é um produto da Igreja Católica e não caiu do céu como muitos pensam.

    A Igreja começou a espalhar-se pelo mundo afora e, aí os bispos para orientarem suas comunidades começaram a escrever cartas de umas para outras para orientarem suas comunidades. Neste contexto surgiu a Bíblia.

   Note que nem todos os Apóstolos escreveram. Dos doze, apenas Mateus, João, Tiago, Judas Tadeu. E os outros que não escreveram, deixaram de pregar? Se a autoridade da Igreja dependesse de escritos a Igreja não se sustentaria, mas, foi através da Tradição que ela pode chegar até os dias de hoje. Então percebam que isso é uma Tradição protestante não tem fundamento bíblico.  

   Ah, diria... Mas, depois boa parte dos escritos já eram aceitos na maioria das comunidades. Sim, mas isso foi muito tempo depois. Como disse a Carta aos Tessalonicenses foi escrita por volta de 40 d.C. antes não tinha nada. Mesmo assim, até a conclusão do Cânon foram muitos anos de debates, foram realizados vários concílios. Uns queriam as cartas de Paulo, outros não, outros não aceitavam nem o Apocalipse, outros queriam que colocasse tudo e a Igreja disse não. Sem contar a Epístola de Judas.

    Ou seja, é muito fácil depois que a Igreja Católica escreveu a Bíblia e a organizou seu Cânon e preservou-o por 1500 anos alguém chegar e dizer que agora é só a Bíblia a única fonte de autoridade. Se não fosse a Igreja a Bíblia não existiria e se existisse sem a autoridade dela seria um livro qualquer. Como o próprio santo Agostinho vai dizer “Só creio na Bíblia porque a Igreja diz para eu crer nela”. E quando o pastor Nicodemus diz que a Bíblia é a única fonte de autoridade, isto não existe em nenhum lugar. Aliás os protestantes utilizam da Bíblia que é um livro católico para pregar aquilo que eles julgam ser a verdade absoluta sem levar em conta que a Bíblia é objeto fruto da Igreja e que se não fosse a Igreja nem eles existiriam, pois, o primeiro protestante que foi Martinho Lutero era um católico. Se eles não aceitam a Igreja Católica, seu Magistério e sua Tradição como pode aceitar a Bíblia que foi escrita, copilada e preservada por homens católicos? Se eles dizem que a Igreja Católica é idólatra e que não prega a verdade como pode garantir que a Bíblia nascida dentro dela também é verdade. Então se a Igreja Católica é falsa se tudo que ela prega é falso o protestantismo também é falso porque até 1600 só existia a Igreja Católica e o Evangelho que eles receberam, receberam da Igreja Católica.      

E para terminar ele conclui:

“Toda Escritura é inspirada por Deus”, sim ele está correto.

“Não a tradição, não ao Magistério, não às novas revelações, não ao Papa infalível, mas, liberdade para leitura e investigação sob a orientação do Espírito Santo, mas, a única coisa é a Bíblia Sagrada e a única inspiração é a do Espírito Santo”. “Quem garante que a Bíblia é a Palavra de Deus não é a Igreja, mas, é o próprio Espírito Santo falando na Escritura e assegurando isso em nosso coração”.

Isto é uma falácia do pastor, a Igreja Católica não crê em novas revelações.

    Essa colocação do pastor Augustus Nicodemus é subjetivista e é uma besteira a gente sabe que não foi assim que a Bíblia foi formada. Além do que o pastor precisa então explicar, se é o Espírito Santo que é a única inspiração, o por quê que as igrejas protestantes tem cada uma doutrina diferente. Pois, o Espírito não é o mesmo? E porque cada igreja tem uma doutrina mais estranha que a outra?

    Então o Espírito revela uma coisa numa determinada denominação e muda de ideia na outra? [...] Os presbiterianos aceitam o batismo de crianças, os batistas não aceitam. Os metodistas aceitam ter bispos, os assembleianos não aceitam.  Na Igreja luterana se crê que Jesus está presente na Eucaristia, para os presbiterianos Jesus não está presente na Eucaristia. Ora que Espírito Santo volátil é esse? Como pode o Espírito Santo falar coisas diferentes se ele é União. 

    A liberdade de interpretação hoje, no meio evangélico, gera muito mais confusão do que união. Cada denominação interpreta a Bíblia do seu jeito e tira dela as coisas absurdas e estranhas. A Sola Scriptura e a Sola Fide defendida por Martinho Lutero não tem base histórica e teológica. A própria Bíblia não autoriza a interpretação particular. Em determinadas denominações Jesus está fora do centro. Os protestantes dizem que a Bíblia é a única fonte de fé, mas, por exemplo na Igreja Adventista, os escritos de Ellen G. White são considerados um "complemento da Bíblia" - Na Igreja dos santos dos Últimos Dias - Os Mórmons, existe o Livro dos Mórmons que é considerado uma segunda Bíblia. Se a Bíblia é a única fonte de fé, porque essas denominações possuem livros além da Bíblia ou para complementar a Escritura? Se a salvação é somente pela fé sem as obras, porque os protestantes fazem caridade? Se a salvação é somente pela fé, porque então eles passam pelo batismo, que é uma obra, uma ação e uma condição de Deus para ser salvo?  

    Na Igreja Católica nós temos o Catecismo, o catecismo não é um complemento da Sagrada Escritura. O Catecismo são diretrizes espirituais pelos quais os cristãos devem seguir para melhor viver a graça, participar da Igreja e compreender a Sagrada Escritura. Ele não ensina nada que já não está definido pela Tradição, pelo Magistério e pela Escritura.            Não é uma doutrina nova, nem um complemento da Bíblia. Ele reúne o ensinamento da Igreja desde o princípio até os dias de hoje dentro da única verdade que é a Palavra de Deus. Por isso o Catecismo não é de A, B ou C, mas, da Igreja Católica porque é a Igreja a coluna e o sustentáculo da verdade.        

    Não há nenhuma base teológica e nem base histórica que sustente essa afirmação do pastor Nicodemus. Aliás São Pedro vai dizer em 2Pd1, 20-21 que “nenhuma profecia é particular interpretação”. A interpretação da Escritura cabe apenas ao Magistério da Igreja Católica.  Essas falas do pastor só mostra a fragilidade do protestantismo. 

{Este conteúdo não é contra a pessoa do pastor Augustus Nicodemus, mas, trata-se de refutar aos inúmeros ataques e ensinamentos errados que ele tem feito nas redes sociais contra a Igreja Católica. O pastor utiliza de boa hermenêutica e artimanhas teológicas sem sentido, falseando a verdade. Nas suas colocações mostra despreparo de conhecimento teológico sobretudo quando vai explicar sobre uma Doutrina católica, que pouco sabe e não crê;  ou 'acha' que conhece. Mostrando só o ponto de vista dele como pastor protestante que é, usando muitas vezes de uma certa 'desonestidade teológica'  somente para um lado sem mostrar a real verdade da Doutrina Católica tal como ela é e como está no Catecismo. O dever de todo formador de opinião e de um evangelizador católico é anunciar o Evangelho,  apontar os erros teológicos e ensinar a doutrina. Por outro lado, nós católicos não julgamos, mas, refutamos aquilo que não condiz com a verdade de nossa Fé que é única - que é Católica.}          

(Texto de Elmando Toledo)

[Fonte: complementações do texto, explicações do Prof. Eduardo Faria, teólogo e ex pastor protestante - vídeo: A Igreja Católica é falsa? youtube.com.br - Catecismo da Igreja Católica] 

     

 

  

 

    

         

         

     

         

             

      

    

           

 

 

    

 

   

    

 

   

   

               

    

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