terça-feira, 7 de agosto de 2018

ROMA- Papa Francisco altera o artigo 2267 do CIC, Catecismo da Igreja Católica, sobre a pena de morte


Papa Francisco Altera Parágrafo
 Do Catecismo da Igreja Católica
Sobre a Pena de Morte
"Inadmissível" a pena de morte em todas as circunstâncias”

“Não Matarás!” Ex20, 13  
Ouviste o que foi dito os antigos: “não matarás, todo aquele que matar será réu em juízo”. (Mt5, 21-18)

Alteração se dá a fim de reunir melhor o desenvolvimento da doutrina sobre a pena de morte nos últimos tempos
Da redação, com Boletim da Santa Sé

A Santa Sé anunciou nesta quinta-feira, 2, a nova redação do parágrafo 2267 do Catecismo da Igreja Católica, trecho que mostra a posição da Igreja sobre a pena de morte. A alteração foi aprovada pelo Papa Francisco. O objetivo da reformulação deste parágrafo é, segundo o Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luis Francisco Ladaria, tornar cada vez mais claro o posicionamento da Igreja acerca do respeito a toda a vida humana. (Confira a nova redação do parágrafo ao final do texto).

“Se, de fato, a situação política e social do passado tornava a pena de morte um instrumento aceitável para a proteção do bem comum, hoje a consciência cada vez maior de que a dignidade de uma pessoa não se perde nem mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos, a compreensão aprofundada do sentido das sanções penais aplicadas pelo Estado e o desenvolvimento dos sistemas de detenção mais eficazes que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, contribuíram para uma nova compreensão que reconhece a sua inadmissibilidade e, portanto, apela à sua abolição”, afirmou o cardeal Ladaria em carta aos bispos da Igreja Católica.

O ensinamento da Carta encíclica Evangelium vitae, de João Paulo II foi, segundo Cardeal Ladaria, um importante documento utilizado por Francisco no novo trecho sobre a pena de morte. “O Santo Padre incluiu entre os sinais de esperança de uma nova civilização da vida ‘a aversão cada vez mais difusa na opinião pública à pena de morte, mesmo vista só como instrumento de “legítima defesa” social, tendo em consideração as possibilidades que uma sociedade moderna dispõe para reprimir eficazmente o crime, de forma que, enquanto torna inofensivo aquele que o cometeu, não lhe tira definitivamente a possibilidade de se redimir’.”, afirmou.

Desde João Paulo II, o cardeal recordou que os esforços para a abolição da pena de morte e o apelo ao respeito à dignidade da pessoa são sucessivos entre os Pontífices. Dom Ladaria recordou Bento XVI, que teve seu pontificado marcado por pedidos voltados aos responsáveis da sociedade para a necessidade da eliminação da pena capital, e agora Francisco, que ao pedir a revisão da formulação do Catecismo da Igreja Católica, reafirmou que a pena de morte é inadmissível porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa.
A nova formulação do parágrafo 2267 do Catecismo, expressa, de acordo com o cardeal Ladaria, um autêntico desenvolvimento da doutrina, que não está em contradição com os ensinamentos anteriores do Magistério. A iniciativa impulsionará, segundo o cardeal, um firme compromisso e diálogo respeitoso com as autoridades políticas, uma mentalidade que reconheça a dignidade de toda vida humana e a criação de condições que permitam eliminar o instituto jurídico da pena de morte, em vigor em alguns países. “O Evangelho nos convida à misericórdia e à paciência do Senhor, que oferece a todos, tempo para se converterem”, reiterou.
Confira a nova redação do parágrafo 2267:
2267. Durante muito tempo, considerou-se o recurso à pena de morte por parte da autoridade legítima, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.
Hoje vai-se tornando cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não se perde, mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos. Além disso, difundiu-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Por fim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos sem, ao mesmo tempo, tirar definitivamente ao réu a possibilidade de se redimir.
Por isso a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que «a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa»[1], e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo.
[1] Francisco, Discurso aos participantes no encontro promovido pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, 11 de outubro de 2017: L’Osservatore Romano, 13 de outubro de 2017, 5 (ed. port. 19 de outubro de 2017, 13).

Papa Francisco aprovou a modificação do Catecismo da Igreja Católica para declarar "inadmissível" a pena de morte em todas as circunstâncias e indicou o compromisso da instituição em encorajar sua abolição no mundo todo, informou o Vaticano nesta quinta-feira (2). Até então, essa prática era aceita em casos raros.
O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luís Ladaria, encontrou-se com o pontífice, em maio, ocasião em que a nova redação do artigo 2267 do catecismo foi aprovada
“Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum”, diz o texto.
O artigo afirma que difundiu-se "uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado" e foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que "garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir".
No novo texto ressalta que "a Igreja mostra, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa, e se compromete com determinação para sua abolição no mundo todo".
Pena de morte no mundo
China é o país que mais aplica a pena de morte em todo o mundo, segundo levantamento anual da ONG Anistia Internacional (AI) divulgado em abril deste ano. Os números não são conhecidos, porque condenações do tipo são consideradas segredos de estado. Mas a instituição acredita que milhares foram executados ou condenados à morte na China em 2017.
Excluindo a China, a Anistia diz que 84% das execuções documentadas no mundo ocorreram no Irã, na Arábia Saudita, no Iraque e no Paquistão. Alguns países chegaram até mesmo a retomar a aplicação da pena de morte em 2017. Entre eles, estão Bahrein, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Jordânia.
Em abril deste ano, o Gabinete do Governo da Índia aprovou uma emenda para que os culpados de estupro de menores 12 anos possam ser condenados à morte, em meio à indignação no país pelo abuso e assassinato de uma menina de 8 anos.
Especialistas da Anistia Internacional dizem que não há provas de que a pena de morte funcione como elemento de dissuasão para o crime. Ao todo, 142 países já aboliram a pena de morte em suas leis ou na prática.

O PAPA FRANCISCO recebeu em audiência, no último dia 11 de maio, no Vaticano, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luís Ladaria, durante a qual aprovou a nova redação do n.2267 do Catecismo da Igreja Católica, que trata sobre a pena de morte. 

Algumas fontes mal informadas e totalmente despreparadas para tratar de assuntos concernentes à Igreja, como é o caso da Folha e do portal UOL, estão noticiando equivocadamente que o Papa "mudou a doutrina"... Ora, tal coisa seria simplesmente impossível, já que Papa nenhum pode mudar a Doutrina imutável ou a dogmática da Igreja. A ação do Papa se define e resume como um ensinamento magisterial.

O novo rescrito do Papa, ou seja, a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado na manhã de hoje (2/8/0218), no Vaticano, com os seguintes dizeres: 


Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.
No entanto, hoje, torna-se cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não fica privada, apesar de cometer crimes gravíssimos. Além do mais, difunde-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Enfim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir. Por isso, a Igreja ensina, no Novo Catecismo, à luz do Evangelho, que “a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e se compromete, com determinação, em prol da sua abolição no mundo inteiro.

O leigo Luiz Felipe Nanini elaborou uma lista bastante oportuna com respostas rápidas às principais perguntas que estão surgindo, neste primeiro momento, sobre a mudança que já provocou um grande rebuliço e uma enxurrada de discussões acirradas nas redes sociais. Adaptamos e ampliamos essa lista para republicar aqui e servir à elucidação de nossos leitores. Segue:



1. O atual ensinamento é vinculativo?

R.: Há divergência quanto a este ponto, e de fato é cedo para responder com um "sim" ou "não" definitivo. Geralmente, parece que a resposta é sim. Todavia, alguns argumentos partem do princípio de que esse novo ensinamento contraria o Magistério anterior. Certamente haverá ainda muita discussão quanto ao assunto. Lembra o advogado Luís Guilherme Netto Andrade que a decisão não partiu do Magistério Infalível, mas do Magistério Ordinário: "Por isso e pelo conflito com o Magistério anterior, não obriga absolutamente os fiéis. Pode haver, sim, um aprofundamento nessa questão, mormente pela mudança de certas condições; porém, a lei natural manda amputar o membro necrosado para preservar o corpo".

É fundamental saber o que dizia o ensinamento anterior: "O ensino tradicional da Igreja não exclui, depois de comprovadas cabalmente a identidade e a responsabilidade de culpado, o recurso à pena de morte, se essa for a única via praticável para defender eficazmente a vida humana contra o agressor injusto";  acrescentando que "se os meios incruentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, a autoridade se limitará a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum e estão mais conformes à dignidade da pessoa humana".

Assim vemos que, na prática, a mudança tão polêmica foi de fato sutilíssima, já que em praticamente 100% dos casos, nos nossos dias, há a possibilidade de defender as vidas humanas contra um agressor injusto fazendo uso exclusivo dos "meios incruentos" (a prisão perpétua para os casos mais extremos e considerados irrecuperáveis não é excluída).

2. Somente aquilo que o Papa declara Ex Cathedra (como regra infalível) obriga a aceitação dos católicos?

R.: Não. Todo ensinamento do Magistério Ordinário autêntico obriga, excluídas, é claro, as possibilidades de divergência com aquilo que já fora ensinado de modo dogmático anteriormente e que permaneça válido. Um texto oficial que detalha sobre esse assunto é o documento de explicação da Professio Fidei, escrito pelo Cardeal Ratzinger e aprovado por João Paulo II.

3. Isso quer dizer que tudo o que o Papa diz precisa ser acatado?

R.: Não. O Papa, em muitos casos, expressa-se somente como doutor privado, dando a sua opinião pessoal sobre algum assunto. Quando isto acontece (pode ser em homilias, entrevistas, livros, etc...), não estamos obrigados a assentir.
Nesse caso, o Papa em nome da Igreja fez uma alteração do Catecismo da Igreja Católica, sendo assim, essa modificação deve ser observada todo cristão católico apostólico romano.
Todas as orientações do Catecismo da Igreja católica estão inteiramente de acordo com a Sagrada Escritura... todavia, o fiel católico que não observa e põe em prática o Catecismo, como poderá dizer ser um bom cristão, antes de tudo, praticante do Evangelho de Nosso Senhor?     


4. Mas e se eu, de reta consciência, não conseguir de modo algum concordar com o Papa, o que devo fazer?

R.: Suspender o juízo e confiar na divina Providência e na Promessa de Cristo de que as portas do Inferno não prevalecerão sobre a sua Igreja. E redobrar as orações.
5. Posso votar em candidatos que apoiam a pena de morte?
Para alguns "católicos perfeitos da internet", sempre afobados e imprudentes, pareceu suspeito que essa mudança tenha vindo justamente no período pré-eleitoral brasileiro, momento-chave para um país que cresce em importância no cenário internacional e que tem um grande relevo no "mapa" da Cristandade nos nossos dias e cujo candidato à presidência da República que lidera as pesquisas é declaradamente favorável à pena de morte.

Deixando de lado a  imprudência gravíssima de se declarar tal coisa, por um lado, e o  fato concreto de que os adversários desse candidato fatalmente usarão a decisão do Papa contra ele, por outro, ainda será preciso escolher, entre todos os elegíveis, aquele que menos contraria a Doutrina católica.

Não há como negar que um candidato que defenda a pena de morte ainda pode ser bem melhor do que o outro candidato comprometido com a legalização do
aborto, da ideologia de gênero, da doutrinação ideológica dos nossos filhos nas escolas, a favor do controle social, que diga que quer acabar com "a ilusão moralista católica", etc., e que seja contrário à pena de morte.

Aliás, lembre-se que ser contra a pena de morte e a favor do aborto configura-se em uma contradição completa, já que legalizar o aborto é sem dúvida, na prática, implantar o pior tipo de pena de morte que pode existir – contra um ser humano totalmente inocente e indefeso no ventre daquela que deveria ser a primeira e a mais interessada em protegê-lo contra tudo e contra todos.

O SANTO PADRE ESTÁ CERTO EM MUDAR O ARTIGO DO CIC?
Sim, o Papa está certo; ele apenas corrigiu, digamos, uma “falha” no artigo 2267 do CIC, pois, Deus não permite a morte de uma pessoa de forma leviana, seja ela da pessoa humana ou de um animal. Todo ser humano merece e tem direito a um julgamento justo. “Porque Deus faz nascer o sol para os justos e os injustos” (Cf. Mt5,45); Jesus está dizendo que os viventes, pessoas e os animais tem o direito à vida. E não é porque a pessoa é um criminoso, ainda que seja de alto grau que deixará de ser nosso irmão e filho de Deus. Pois, Jesus morreu na Cruz para salvar todos os pecadores. Todos tem o direito de se arrepender e ter uma nova chance inclusive a conversão se assim o quiser. Não há pecado que não possa ser perdoado, e o pecado é um crime contra Nosso Senhor. Mas se Deus perdoa nossos pecados e nos convida a vida eterna, quem somos nós para negar a pessoa o direito à vida, se também somos nem melhor ou pior a quem nos ofendeu?
Jesus Cristo fundou sua Igreja e deu sua vida por ela, e disse na Cruz perdoando seus algozes: “Pai perdoai-lhes pois, eles não sabem o que fazem!” (Cf. Lc23, 34) ... “Porque se não perdoardes os pecados uns dos outros, tampouco vosso Pai os perdoará”. (Cf. Mc11, 26).
O cristão, cujo nome é seguidor ou discípulo de Jesus Cristo, não tem o direito de apenar ninguém a morte. Todos merecem viver ainda que for um criminoso cruel. Nós não somos senhores da vida, nem senhores da morte. A vida e a morte pertence a Deus Criador de todas as coisas.     
Deus dá a vida e somente ele tem o direito de tirá-la. Isso se aplica também ao aborto, pois, o aborto também é apenar o inocente e indefeso à morte. Qual crime um inocente fez para ter seu direito à vida interrompida de forma vil e covarde? A Igreja sendo promotora da paz e da vida defende o direito à vida do momento da concepção à morte.     

6. Há uma mudança considerável sobre a aplicação do tema? Ou, no fundo, o texto antigo já considerava mais ou menos a mesma coisa?

R.: Como visto, não se pode dizer que é uma mudança realmente "considerável" ou muito importante, mas há, sim, uma mudança. Antes de Francisco, todos os Papas ao menos admitiram a possibilidade de aplicação da pena capital. Desde S. João Paulo II, quando abordaram o tema, falaram mais sobre a sua inaplicabilidade na maioria dos lugares e casos, mas ainda havia a possibilidade, ainda que remota e desaconselhável, de que em uma nação onde um injusto agressor não pudesse ser parado sem a pena de morte, um governante católico recorrer a ela, e os fiéis católicos apoiarem essa decisão. A partir daqui, veda-se essa possibilidade.

7.  Isso mudou também o conceito de Legítima defesa ou em caso de “guerra justa?”

O Papa Francisco não tratou desse tema. Ele apenas se referiu à pena de morte, seja ela praticada pelo Estado de direito, seja por qualquer outra organização como, por exemplo, as milícias ou a quem fizer justiça com as próprias mãos impedindo à pessoa de ter um julgamento justo. Após a nossa morte Deus ainda nos oferece um julgamento justo na eternidade. Nem a morte eterna da alma é dada sem que ela passe pelo julgamento.
“Pois assim está escrito que o homem morra uma só vez, em seguida virá o juízo”. (Cf. Hb9, 27)
Nos casos de guerra, onde a pessoa não tem alternativa é matar ou morrer a Igreja entende e dá total absolvição a quem nesse caso (os soldados e oficiais) tem o preservar a própria vida agirem sob legítima defesa, e, nesses casos por cumprimento do dever da ordem militar o soldado não tem opção a não ser defender a sua Pátria e também a sua vida, se assim o puder fazer.     

           
R.: Em nenhum dos dois casos, o ensinamento foi alterado, permanecendo o mesmo. De fato, o que pertence ao Direito Natural jamais poderá ser mudado. A mudança se refere à execução sumária de uma pessoa capturada e julgada legalmente.

Ou seja, em caso de atentado, amaça e perigo real à vida de um católico, ou à vida (s) de pessoa (s) inocente (s) próxima (s) dele, então é lícito usar da legítima defesa, mesmo que para isso se mate o injusto agressor.

A mesma coisa se aplica ao conceito de Guerra justa. Ainda assim, fica uma "sombra" de precedência na decisão inédita de Francisco, especialmente pelo fato de o texto oficial falar ou insinuar a inviolabilidade da dignidade humana em qualquer situação (o que poderia vir a ser estendido e aplicado a outros casos?).

Outro termo pontual que suscita críticas razoáveis é o uso da palavra "inadmissível" no texto do Pontífice. Se refletirmos realmente a fundo, veremos que sempre poderiam haver circunstâncias e situações muito específicas – ainda que raras e extremas – em que a pena capital seria forçosamente admissível. 

De todo modo, a coisa toda é muito recente e certamente haverá ainda muita discussão; talvez até novos posicionamentos sejam tomados. Mesmo a mudança na redação do texto poderá ocorrer, a depender dos efeitos dessa decisão, ainda que tal seja realmente muito difícil.
                       
Fontes:
https://www.ofielcatolico.com.br/2008/08/papa-francisco-muda-o-catecismo-e.htmlhorário de Brasília
Vatican  News, em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-08/catecismo-novo-rescrito-papa-sobre-pena-morte.html - Acessado em: 02/08/2018 12:41
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A pena de morte é a solução para conter os crimes?

(Texto de Elmando V. Toledo) 

Quem sofre com a pena de morte são os menos abastados. Nos países de primeiro mundo em que a pena de morte é aplicada ainda acontece muitas injustiças mas, de uma forma mais branda que nos países de terceiro mundo, inclusive naqueles cujos quais o comunismo ainda impera.

No Brasil, por exemplo, na época do Governo Militar quantas pessoas inocentes foram perseguidas e mortas e tiveram seus corpos desaparecidos... Quantos foram torturados até a morte? E hoje temos aqueles que a história preservou para registrar a história, para escapar das perseguições, morte e das torturas tiveram que confessar crimes que não cometeram.

Assim, temos no registro da História as mais sangrentas mortes registradas desde o poder comunista da antiga URSS, até os dos nossos países latinos como o México, e os nossos vizinhos como Argentina e Venezuela.
Como se não bastasse, nas nossas metrópoles impera o mundo sei, a lei do tráfico de drogas as pessoas são condenadas a morrer vítimas senão das balas dos fuzis também morrerem condenados pelas drogas. 

A pena de morte é um pecado contra a vida e contra Deus.   Não é a solução, pois,  violência gera violência. O atentado contra a vida leva às guerras sejam elas institucionais ou por facções em busca de poder.

A pena de morte no Brasil, embora não não seja uma lei constitucional está presente em todo lugar, desde à política até no mais remotos cantos de uma favela, onde o pobre, o marginalizado, o vitimado pelas drogas acaba de um jeito ou de outro condenado a morrer. 

Também existe aquela pena de morte que está escondida nas filas dos hospitais e postos de saúde. Pessoas morrem condenadas, jogadas nos corredores dos hospitais e sem distinção, velhos, jovens crianças e adultos são condenadas a morrer pelo descaso do Governo e da corrupção. A fome, a miséria, a falta de políticas de promoção da vida e da pessoa humana já matam milhões em todo mundo.   

É isso que o Papa Francisco está dizendo "não é admissível matar". Em pleno século XXI, as pessoas ainda lutam por uma cultura de morte. É inadmicível a pena de morte porque se morre muito mais inocentes do que culpados. 

Lembrando que o próprio Senhor Jesus foi condenado à morte sendo inocente. Não teve o direito a um julgamento justo. 

Teve as testemunhas de acusação compradas pelo Sinédrio e as suas testemunhas de defesa não foram ouvidas;  Pilatos lavou as mãos entregando-o à morte por covardia.
Depois de mais de 2000 anos a mesma história se repete e nós, os chamados "cristãos" somos os culpados porque não aprendemos a olhar o Cristo Crucificado que foi morto em nosso lugar, e que pagou pelos nossos crimes. Hoje, fazemos a mesma coisa, desejamos a mesma coisa aos nossos irmãos,  que serem condenados sem a esperança de ter um julgamento justo.

Quantas vezes o EUA e também aqui no Brasil, depois de longos anos a Justiça teve que rever os processos de pessoas inocentes presas e condenadas injustamente.
A pena de morte, tira o direito que a pessoa tem de provar a própria inocência. 
Por mais que uma pessoa morra não vai consertar o estrago, as consequências. E às vezes depois que que o condenado paga com a vida, o que resta é uma desilusão por parte dos algozes e acusadores, pois, a morte não conserta os erros do passado.

Ela dá um fim no condenado, mas não traz nada e nem o passado de volta. Se de um lado sofre a família das vítimas, do outro lado sofre a família do condenado. E se for inocente morto onde fica a consciência de quem condenou? 

Muitas vezes a pessoa não tem como pagar um bom advogado. A família morre junto com ele ao vê-lo inocente, preso e maltratado. Uma vez morto, sendo inocente ou culpado não pode se defender. Não! o cristão não tem direito de condenar ninguém à morte. 

Muitas vezes o criminoso que ali está é tanto vítima como nós, vítima de uma sociedade cruel, onde não há oportunidades, vítimas dos preconceitos, da fome e da miséria. Pois, como cantava o Padre Zezinho em uma música: 

"Por um pedaço de pão, e por um pouco de vinho, eu já vi mais de um irmão se desviar do caminho". "Por um pedaço de pão e por um pouco de vinho, vi quem dizia ser crente perder de repente os valores morais, vi que o caminho da paz só se faz com justiça e direitos iguais"... E eu pergunto: O irmão e a irmã condenados à morte, que pão e que vinho deixamos faltar para ele(a)? Que oportunidades ele teve de ser outra pessoa? Será que se nós tivéssemos levado Jesus Cristo a eles não seriam diferentes?  
  
Por mais dolorido que seja, ninguém, absolutamente ninguém, tem o direito de condenar uma pessoa à morte, pois, a vida e a morte pertence a Deus.

O Santo Padre nos alerta contra esse perigo, pois, há um ditado certo que diz: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido". Foi o que Jesus disse a Pedro quando este para defender Jesus cortou a orelha do soldado Malco e foi repreendido porque se fere pela espada, pela espada será ferido.  
Aprendamos pois a não desejar a morte de ninguém.  

Diferente é aquele que por legítima defesa, em último caso é obrigado a matar para salvar a sua vida. Disso o Santo Padre não se referiu porque a legítima defesa é prevista na Sagrada Escritura. Mas, lembremos que mesmo assim devemos sempre ir até a último recurso antes de cometer tal ato.

Lembremos da passagem Evangelho quando Jesus impediu que uma mulher acusada de adultério fosse morta apedrejada.

"Aquele que não tiver pecado seja o primeiro a atirar a Pedra..." ... "Mulher onde estão os que te acusavam, ninguém te condenou? Não senhor, disse ela. Pois eu também não te condeno, vai e não tornes a pecar".   (Jo8, 7.10-11) 
Aplicando essa pergunta a nós... quem de nós não tem nenhum pecado para condenar alguém ao a morte?  

Lembremos do que Jesus disse antes da Santa Ceia:

 "Não há maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Já não vos chamo servos, mas, chamo-vos amigos, porque lhes dei a conhecer tudo que aprendi de meu pai..." ..."Um novo Mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!" (Jo15, 12.15.17)

Lembremos de Jesus e os dois ladrões:


Gestas, o "mau ladrão" blasfemava contra Jesus dizendo: "Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós!"
Dimas, o "bom ladrão", disse:"Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo castigo? Para nós isso é justo, recebemos o que mereceram os nossos delitos, mas, este não fez mal algum."- e acrescentou:  "Senhor lembra-te de mim quando estiveres no teu reino" - e Jesus disse: "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso". (Lc23, 39-42) 

São Lucas não disse que Jesus respondeu às ofensas do "mal ladrão", pelo contrário, mesmo com as blasfêmias Jesus salvou os dois, porque aquela hora era a hora da misericórdia. 
Jesus não veio para os santos, mas, para os pecadores e naquele momento seu sangue derramado não o podia condenar, mas o salvar, pois toda a humanidade receberia a salvação naquele momento. Jesus ama, perdoa, e pede pelos seus acusadores: "Pai, perdoai-lhes, pois, eles não sabem o que fazem!" 

São Lucas não fala que Jesus condenou Gestas. Ele não poderia condená-los porque naquele momento o amor estava sendo derramado a todos os pecadores inclusive Gestas. 

Na pessoa daqueles dois criminosos está o retrato de uma humanidade. Gestas representa toda humanidade perdida nas trevas erro. Ao invés de buscar se corrigir e de pedir perdão preferem blasfemar, condenar, acusar, matar e depois, culpar a Deus pelos seus próprios erros; estes se sujeitam a uma "massa de manobra".

Por outro lado, Dimas, representa todos nós pecadores que reconhecendo nossos erros e necessitados do amor de Deus necessitamos sua misericórdia. E porque somos seus seguidores não podemos espalhar outra coisa senão o amor em meio a tanta cultura de ódio e de mortes.      

Jesus  disse um dia: "são os enfermos que precisam de  cura e não os sãos".
Por que nós, que dizemos ser cristãos, ou de Cristo, agimos piores que os pagãos, se Jesus disse pra fazermos o contrário?     

Que nós possamos aprender com Jesus a sermos mais amor. A construir uma sociedade onde todo  tipo de morte seja inadmicível. Que possam os nos respeitarmos uns aos outros, sem violência. Para que Cristo seja um em todos. Amém.   

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

HISTÓRIA DE SANTO ANTÓNIO DE PÁDUA. Grande Taumaturgo, Doutor da Igreja.




Santo António nasceu no ano de 1195. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões. Filho de Martinho de Bulhões e Teresa Taveira. Uma das famílias ilustres de Portugal. Viviam em Lisboa – Portugal.
Seus pais lhes deram uma formação espiritual forte desde o início era inclinado à vida religiosa.
Aos 15 anos entrou para o Convento dos Cônegos de Santo Agostinho, em Lisboa e lá ficou por alguns meses. Depois, pediu transferência para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. De lá entrou em contato com os frades franciscanos que se hospedavam no mesmo convento.
Conta-se que mais tarde esses frades foram martirizados no Marrocos e seus restos mortais vieram para Coimbra – Portugal.

Fernando contemplou o corpo daqueles heróis mortos pela causa de Cristo e ficou tocado profundamente sentindo um grande desejo de ser um franciscano.
Foi para o convento de Olivais e adotou o nome de António. Tinha o desejo de pregar nos lugares. Depois de passar por um curto noviciado, foi para o Marrocos, mas, teve que voltar em pouco tempo à Portugal por causa de uma enfermidade.

 No ano de 1221 aconteceu o Capítulo Geral da Ordem Franciscana. Nesta assembleia estiveram aproximadamente três mil frades dentre eles António.
Nessa época esteve pessoalmente com São Francisco de Assis, o fundador da Ordem.
De lá foi trabalhar num pequeno eremitério de Portugal, ficando lá nove meses.
Em certa ocasião houve na cidade de Forli ordenações sacerdotais e António foi convidado a fazer um discurso. As pessoas que o ouviram pregar ficaram admiradas. Logo, a fama de pregador do frade António se espalhou. Era o início de sua missão de pregador pela França e Itália.

Foi em Montpellier que aconteceu um fato, cujo, fez Santo António ser invocado o “protetor das causas perdidas”.  

Um noviço que resolvera sair da Ordem Franciscana levou consigo um livro de salmos com alguns comentários escritos por  António. Este rezou para que o noviço se arrependesse. Pouco tempo depois o rapaz arrependido devolveu o livro.

Na frança, ficou famoso, sendo chamado de grande taumaturgo e martelo dos hereges, terror dos demônios e trombeta do Evangelho.
Estabeleceu em Pádua, na Itália, em 1227, cidade de onde mais tarde seu nome viera a ser conhecido. Após 04 anos de missão em Pádua morreu no dia 13 de junho. Foi canonizado 11 meses depois de sua morte pelo Papa Gregório IX.
  
Durante sua caminhada neste mundo o santo já fazia milagres. E muitos foram os grandes milagres desde a ressurreição de um morto, até o da abilocação, (estar em dois lugares ao mesmo tempo).  Depois de morto também fez muitos milagres. Tanto em vida como após a morte, tais milagres foram testemunhados por muitas pessoas. Isso facilitou para que seu processo de canonização dispensasse os parâmetros legais e fosse declarado santo em pouco tempo.

Uma virtude que Santo António teve em vida era não pecar pela língua. Ele usava sua língua a oração, para proclamar o amor, a caridade, o Evangelho. Como prova dessa virtude no ano de 1263, quando exumaram seu corpo, sua língua foi achada intacta e, até hoje se encontra assim. Foi colocada numa redoma de vidro.     

O fato de Santo Antônio ser invocado como santo casamenteiro se deve a uma ocasião em que intercedeu por uma jovem ter conseguido fazer um ótimo casamento deu a Santo Antônio a fama de casamenteiro.
Em 1946 o papa Pio XII o proclamou Confessor e Doutor da Igreja.
Santo António era devoto de “Jesus Menino”.  A devoção de Santo Antônio a Jesus Infante e cumpre repetir sempre:

Menino Jesus por nós encarnado, livrai-nos da mancha de todo pecado. Como Santo Antônio foi sepultado numa terça-feira este dia da semana lhe é consagrado. Uma senhora de Toulon na França, por ter alcançado uma grande graça por intercessão de Santo Antônio, resolveu distribuir pães aos pobres em sua homenagem, daí a benção do pão de Santo Antônio, lembrando a caridade que se deve ter para com os mais necessitados. Este pão tem restituído a saúde a muitos doentes. Santo, realmente, extraordinário que merece todos os louvores. Que ele leve sempre seus devotos a um grande amor a Jesus, nosso único Salvador.

Referência: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana (MG)

Os milagres de Santo Antônio
Os santos sendo verdadeiros imitadores de Cristo, e, em nome de Cristo fazem milagres. Uns durante a vida e depois da morte, outros depois da morte.
Encarnando em si mesmos a figura do Cristo Salvador e libertador das almas.   
Santo é uma pessoa próxima de Deus. A santidade é alcançada por aqueles que, ao se aproximarem do Senhor, vivem o Evangelho e agem como o próprio Cristo, refletindo-O em suas ações. Portanto, um Santo não atrai a atenção para si, mas sim, para Deus.
Nossa vocação é para a Santidade, pois, é para a santidade que Cristo nos salvou sendo ele o Santo dos Santos. Está escrito: “Sede Santos como eu sou santo” – ( Lev. 11, 44) – Disse Jesus: “Se crerdes fareis obras maiores que eu faço” – (Jo14, 12-14)
O Santo que celebramos liturgicamente, cuja festa é 13 de Junho, é de grande devoção não só no Brasil, mas, em todo o mundo. Santo Antônio de Pádua, ou de Lisboa, é doutor da Igreja e levou uma vida itinerante na santa pobreza. Foi um homem de fé, de profunda intimidade com Deus e amor ao próximo. Ele não só encarnou a vida franciscana, mas, procurou viver de maneira absoluta o Cristo sofredor na pessoa dos pobres e necessitados. Santo António não negou sua mão amiga a mínguem. A todos que o procuravam teve amor, carinho e uma palavra amiga para dar.
Vamos conhecer alguns dos muitos milagres de Santo António:  
Os Pássaros e a Plantação
O pai de Santo Antonio, Martinho de Bulhões, gostava de ir a uma fazenda que possuía nos arredores de Lisboa. Um dia, levou o filho com ele. Ocorre que insaciáveis bandos de pássaros desciam continuamente para bicar os grãos de trigo. Era necessário espantá-los para impedir grave dano à colheita. Martinho encarregou o garoto de manter longe os pequenos ladrões. O pai se foi e Fernando permaneceu correndo de cá para lá no campo. Em pouco tempo, começou a se aborrecer com aquela ocupação. Não muito longe, uma capelinha rústica o convidava à oração. Mas o pai o mandara enxotar os passarinhos. Gritou então aos pássaros, convidando-os a segui-lo para dentro de uma sala da fazenda. Obedientes os pássaros entraram. Quando todos estavam dentro, Fernando fechou as janelas e as portas, e foi tranquilamente fazer sua visita ao Senhor. Retornando o pai veio procurá-lo. Andou pelo campo, chamando-o, mas não o encontrou. Preocupado, dirigiu-se à capela e o descobriu, todo absorto na prece. Fernando tomou o pai pelas mãos e o conduziu ao salão repleto dos voos e dos cantos dos graciosos prisioneiros. Abriu a porta e, a um sinal seu, os pássaros, em bando, retornaram os livres caminhos do espaço.

Um Jumento se Curva Diante da Eucaristia
Durante uma pregação, cujo tema era a Eucaristia, levantou-se um homem dizendo: “Eu acreditarei que Cristo está realmente presente na Hóstia Consagrada quando vir o meu jumento ajoelhar-se diante da custódia com o Santíssimo. Sacramento”. O Santo aceitou o desafio. Deixaram o pobre jumento três dias sem comer. No momento e lugar pré-estabelecido, apresentou-se Antônio com a custódia e o herege com o seu jumento que já não aguentava manter-se em pé devido ao forçado jejum. Mesmo meio-morto de fome, deixou de lado a apetitosa pastagem que lhe era oferecida pelo seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento.

O Livro Roubado
Um dia, o frei descobriu que um noviço havia fugido do mosteiro e levado com ele seus comentários sobre o Livro dos Salmos. Então, rezou para o retorno de ambos. Em pouco tempo, o jovem arrependido voltou para a vida religiosa, acompanhado, é claro, dos manuscritos.

O Sermão feito aos Peixes
Santo Antônio foi pregar na cidade de Rimini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi-lo em hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o resultado parcial Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que toda a cidade se convertesse.
Saindo do retiro, foi direto às praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não queriam fazê-lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo tempo imóveis, a ouvi-lo.
A Comida Envenenada
Alguns hereges resolveram matar Santo Antônio, envenenando-o. Convidaram-no para comer com eles, dando como pretexto debater sobre alguns pontos da Fé. Santo Antônio sempre aceitava comparecer a esses debates e polêmicas. Os hereges puseram diante dele, entre outros pratos, um que continha veneno mortal. Antes que o tocasse, Deus revelou-lhe a cilada e o Santo, conservando toda a calma, repreendeu os hereges pela traição.
Vendo revelado o intento perverso, os hereges não se abalaram e responderam cinicamente: "É verdade que esse prato tem veneno, mas nós o colocamos aí porque desejamos fazer uma experiência: no Evangelho está escrito que Jesus Cristo disse aos seus discípulos que ainda que tomassem veneno mortal nenhum mal sofreriam e estamos querendo saber se és de fato discípulo de Cristo". Santo Antônio fez o sinal da Cruz sobre aquele prato e o comeu com apetite, saboreando a comida envenenada como se fosse alimento saudável, e nada sofreu, deixando mais uma vez os hereges confusos e assombrados.

O Milagre da Bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo)
No domingo de Páscoa enquanto pregava na Catedral, Santo Antônio lembrou-se de que fora designado para entoar a Aleluia na Missa que se celebrava naquele momento na Igreja do Convento franciscano. Não querendo faltar com a obediência e não podendo descer do púlpito, parou um pouco, calou-se como se estivesse retomando a respiração e, nesse momento, foi milagrosamente visto no Coro de seu convento, entoando a Aleluia. Esse prodigioso milagre de bilocação foi assistido e certificado por muitas testemunhas, espalhando-se a notícia em todos os locais.

Controle sobre o Tempo
Num dia festivo, em Limoges, Santo Antônio pediu licença para pregar numa igreja paroquial. Como era imensa a sua fama, o povo deslocou-se para o local, mas o recinto era pequeno para acolher toda aquela gente e foi obrigado a pregar em praça pública. Mal havia começado o sermão, o céu escureceu e muitos relâmpagos e trovões anunciavam uma grande tempestade.
O povo, atemorizado, começou a murmurar e já se dispunham a sair dali em busca de abrigo. Mas Santo Antônio pediu silêncio e, em nome de Deus, assegurou que não choveria naquele local, recomendando a todos que ficassem atentos à pregação. Tranquilizados, os fiéis ouviram o sermão até o fim. Quando se retiravam para suas casas, verificaram com muita admiração, que embora estivesse perfeitamente seco o local da pregação, toda a redondeza estava completamente alagada pela chuva da forte tempestade.

A Cura do Louco
No meio de um sermão de Santo Antônio, entrou um louco e, com voz alterada e gestos desordenados, perturbava os ouvintes que não conseguiam prestar atenção nas palavras do pregador. De repente, o louco disse: "Não sossegarei enquanto aquele homem (e apontou para Santo Antônio) não me der o cordão que usa na cintura". O Santo retirou o cordão e com ele envolveu o louco que foi imediatamente curado.

Menino Salvo pela Fé
Santo Antonio pregava em Briba, quando uma senhora, apressada para assistir seu sermão, deixou sobre o fogo um caldeirão com água, sem se lembrar de que seu filho pequeno ficara só em casa.
 Ao chegar da pregação, viu com horror que o menino havia caído dentro do caldeirão e que a água estava fervendo. Bem se pode imaginar os gritos de desespero que deu a pobre mãe! Não ousava aproximar-se, certa de que encontraria a inocente vítima horrivelmente queimada e morta. Mas, cheia de fé em Santo Antônio, invocou-o e quando aproximou-se seu filho estava são e salvo, brincando e pulando na água fervente, sem que esta lhe queimasse.

Criada Caminha sob Forte Chuva sem Molhar as Roupas
Certo dia, faltando alimentos no convento de Briba, Frei Antônio mandou que fossem pedir a uma senhora devota, dona de uma grande propriedade, a esmola de algumas verduras. Apesar de estar chovendo fortemente, a piedosa senhora ordenou a uma criada que fosse apanhar as verduras na horta distante da casa.
A criada obedeceu contrariada pois chovia muito. Foi quando se deu conta de que, apesar da chuva torrencial que caía, não estava molhando nem os pés, nem as roupas que vestia. Chegou à horta, colheu as verduras, foi entregá-las no convento e retornou à casa completamente seca. Tanto ela, quanto sua senhora, ficaram assombradas diante daquele prodígio e não cessaram de contar a todos, os altos merecimentos do Santo.

 Santo Antonio Ressuscita um Morto
Vinha Frei Antônio e um companheiro pelo caminho, voltavam de uma aldeia carregando grande peso às costas, quando encontraram um carroceiro que carregava um homem adormecido. O Santo, muito cansado, pediu-lhe por amor de Deus que levasse alguns víveres que ele e seu companheiro haviam recebido de esmola para o sustento da comunidade.
O carroceiro respondeu rudemente que não podia fazê-lo porque estava conduzindo um defunto. O Santo acreditou, rezou pelo descanso eterno da alma do falecido e continuou seu caminho. Qual não foi o espanto do carroceiro quando, mais tarde, foi acordar o amigo que supunha adormecido e o encontrou realmente morto!
Confuso e arrependido foi em busca de Santo Antônio e prostrou-se aos seus pés, pedindo-lhe humildemente perdão. Frei Antônio se compadeceu do homem, aproximou-se da carroça e depois de uma curta oração, fez o sinal da Cruz sobre o cadáver e o ressuscitou.

Santo António salvou um Homem da Morte por Esmagamento
Durante a construção do convento de Leontino, aconteceu o seguinte milagre: Estava sendo transportada uma grande pedra para o portal da igreja em uma carroça. Ao ser retirada, caiu sobre o carroceiro esmagando-o, deixando-o quase morto. Frei Antônio, querendo por humildade ocultar seu dom de fazer milagres, disse aos presentes que invocassem o auxílio de São Francisco. Imediatamente o homem ferido levantou-se perfeitamente são, como se nenhum acidente tivesse ocorrido.

 A Cura de um Menino Paralítico
Aproximou-se de Santo Antonio uma mulher trazendo nos braços um filho paralítico de nascença e rogava em altos brados que o curasse. O Santo manifestou certo desagrado por aquela forma ruidosa de pedir, mas a mulher continuou a implorar.
Tanto ela pediu e suplicou, que este, afinal, fez sobre o menino paralítico o "sinal da cruz", curando-o imediatamente. Com modéstia, atribuiu o milagre à fé da boa mulher e recomendou-lhe que não contasse o ocorrido à ninguém enquanto ele fosse vivo.

 O Menino Jesus Aparece para o Santo
Certa vez, Santo Antônio precisou de alojamento em Pádua e um senhor nobre, da família dos Condes de Camposampiero, teve a honra de o acolher em sua casa. Uma noite, vendo do lado de fora do quarto de Frei Antônio alguns raios de luz, aproximou-se e viu o Santo segurando nos braços um gracioso Menino que suavemente o acariciava.
Ficou cheio de espanto por tão extraordinária maravilha. Compreendeu que se tratava do Menino Jesus que se tornara visível ao Santo para recompensá-lo com celestes consolações pelas fadigas sofridas. Enquanto ainda observava, o Menino desapareceu. Saindo do êxtase, Frei Antônio deixou o quarto e dirigiu-se ao dono da casa, dizendo que sabia que ele o havia observado durante a aparição. Pediu então com insistência que não revelasse o que tinha visto. O senhor cumpriu a palavra, somente revelando o fato depois da morte do Santo. A história o tocara profundamente e todas as vezes que a relatava, não conseguia reter as lágrimas.

Cura um Pé Decepado
Um jovem chamado Leonardo confessou-se com o Santo e contou-lhe que, levado pela cólera, havia dado um pontapé em sua mãe. Frei Antônio, para fazê-lo compreender a gravidade do pecado que cometera, disse-lhe: "Teu pé bem que merecia ser cortado". Essas palavras impressionaram tão fortemente o jovem, que este, chegando em casa, aterrorizado com o que fizera, cortou fora o pé. Na hora em que caiu ao chão, fez um ruído tão grande que sua mãe correu para ver o que estava acontecendo. Horrorizada com a cena e por saber as razões pelas quais o filho assim procedera, correu em busca de Frei Antônio, que foi apressadamente à casa do rapaz. Comovido pelo estado em que o encontrou, quase à beira da morte pelo sangue perdido, animou-o a ter confiança em Deus. O rapaz e o Santo pegaram o pé cortado, recolocaram-no e imediatamente foi restaurado. Ficou tão perfeito como se nunca houvesse sido cortado, com apenas pequena cicatriz no lugar do golpe para testemunho do grande milagre realizado.

Morto Falou em  Defesa do Pai de Santo António acusado de homicídio.
Um rapaz foi assassinado perto da casa de Martinho de Bulhões, pai de Santo Antonio. Os assassinos levaram o corpo para o quintal de Martinho e ali o enterraram, sem que o proprietário do terreno soubesse. Mais tarde, foi descoberto pela Justiça o corpo na casa do infeliz fidalgo e este foi acusado pelo crime. Diante dos gravíssimos indícios de sua culpa, permaneceu quinze meses preso e, finalmente, estava sendo julgado e seria com certeza condenado à morte.
Frei Antônio foi misteriosamente avisado do perigo que ameaçava seu pai. Santo Antonio foi imediatamente pedir ao Guardião do convento que o deixasse ausentar-se de Pádua por pouco tempo. Assim que foi autorizado, viu-se transportado num instante à Lisboa, indo direto ao tribunal e, depois de beijar a mão de seu pai em sinal de respeito, tomou a sua defesa. Os juízes ficaram impressionados com o aparecimento daquele inesperado advogado e com a segurança com que ele falava, mas não se convenceram da inocência do réu, tantas eram as provas que tinham de sua culpa.
Faltando testemunhas de defesa, Santo Antônio apelou para o depoimento da vítima. Os assistentes, surpresos com a estranha proposta, começaram a rir. Mas Frei Antônio insistiu e os juízes levados pela curiosidade, consentiram que ele chamasse o morto como testemunha da defesa. Chegados à sepultura do falecido, o Santo ordenou que a abrissem e chamou o frio cadáver em voz alta, ordenando-lhe em nome de Deus que dissesse aos juízes a verdade sobre o seu assassinato.
Imediatamente o morto levantou-se como se estivesse vivo e respondeu com voz sonora que Martinho de Bulhões era inocente e não estava manchado pelo seu sangue. Em seguida, deitou-se na sepultura. Santo Antonio, depois de se despedir do pai, desapareceu. Ficaram os juízes e a assistência assombrados com o milagre que acabavam de presenciar. O nobre Martinho de Bulhões, graças ao seu santo filho, teve sua vida salva. Os verdadeiros culpados foram descobertos.

Recupera os Cabelos Arrancados de uma Mulher
Em Arezzo vivia um homem nobre, mas tão colérico que quando se irritava parecia perder o juízo. A esposa, senhora de muito siso e prudência, teve um dia a infelicidade de proferir umas palavras que irritaram o marido a tal ponto que ele se atirou sobre ela espancando-a cruelmente, chegando a lhe arrancar os cabelos.
Com os gritos da infeliz, os vizinhos correram para acudi-la, encontrando-a quase morta na cama. O marido, depois de serenar, envergonhou-se do que tinha feito e lembrando-se da fama de Santo Antônio, foi procurá-lo arrependido, pedindo que o ajudasse.
O piedoso Santo foi logo procurar a senhora, abençoando-a e, fazendo o sinal da Cruz sobre ela, começou a rezar. Pouco a pouco ela foi recuperando o antigo vigor e, milagrosamente, quando se ajoelhou aos pés do Santo, renasceu todo o cabelo.

Conserva um Copo Intacto; e Faz Nascer Uvas numa Videira sem Frutos
Um soldado espanhol chamado Aleardino, que havia perdido a Fé, chegou à Pádua no dia do enterro de Santo Antônio. Vangloriando-se de sua incredulidade, segurou um grande copo de vidro e disse a muitas pessoas que o censuravam: "Se este copo ficar inteiro depois que eu o atirar àquelas pedras, acreditarei que esse padre faz milagres". E atirou o copo com toda a força, mas ele não se partiu. Renunciou então seus erros publicamente e quis converter a um amigo também incrédulo. Chegou, pois, ao amigo e lhe contou todo o acontecido, mostrando-lhe o copo objeto do prodígio.
O amigo ouviu-o com risadas e sinais de desprezo e respondeu: "Não acredito no que dizes. O que estás dizendo é tão impossível como aquela videira sem frutos, de repente, ficar carregada de ramos e cachos, e nós, com suas uvas, fazermos vinho para encher teu copo milagroso!" Mal acabara de falar, a videira se encheu prodigiosamente de folhas e belos cachos de saborosas uvas, as quais, espremidas por Aleardino, encheram o copo com seu licor maravilhoso. Esse copo ainda hoje se conserva no relicário da Basílica de Santo Antônio, em Pádua.

Anel Desaparecido do Bispo de Córdoba é Reencontrado
Muito devoto de Santo Antônio, o Bispo possuía um anel de estimação. Certo dia notou a falta dele: ou o tinha perdido, ou o tinham furtado. Passou-se muito tempo sem que o anel aparecesse. Um dia, o Bispo estava à mesa com alguns senhores seus parentes, quando casualmente falaram no poder de Santo Antônio para encontrar bens perdidos.
Disse então o Bispo: "Tenho recebido grandes favores do Santo, mas ele ainda não ouviu as súplicas que lhe tenho feito para achar um anel que perdi". Mal tinha acabado de proferir essas palavras quando o anel desaparecido caiu no meio da mesa, à vista de todos, sem que ninguém soubesse explicar de onde veio.

Ajuda um Bispo a Recuperar Papéis Perdidos
O Bispo D. Frei Ambrósio Catarino, grande escritor, estava saindo de Tolosa e levava na bagagem muitos papéis e apontamentos particulares e também um livro intitulado "A Glória dos Santos", para discutir com os hereges. Depois de caminhar muitos quilômetros, percebeu que haviam caído pelo caminho três escritos preciosos, frutos de muito trabalho.
Com enorme tristeza, refez o caminho para os encontrar. Procurou-os em vão. Lembrou-se então de Santo Antônio, dirigiu-lhe uma prece fervorosa, prometendo que se encontrasse os papéis, acrescentaria ao livro "A Glória dos Santos" a narração daquela graça de Santo Antônio. Nesse mesmo instante, aproxima-se dele um desconhecido que lhe pergunta se não havia perdido uns papéis e, ante a reposta afirmativa do Bispo, entrega-lhe os papéis tão desejados!

 Santo António ajuda uma Jovem se casar
Conta-se que uma jovem muito linda, mas cansada de esperar por um noivo, já desesperada de encontrar marido, pediu ajuda a Santo Antônio. Adquiriu uma imagem do santo, benzeu-a e todos os dias enfeitava-a com flores que colhia no jardim. Além disso, orava com regularidade para que Santo Antônio lhe arranjasse um noivo. Mas, passou-se muito tempo e o noivo não aparecia.
Certa vez, pôs-se a lamentar a ingratidão do santo, chegando mesmo a ser repreendida pela mãe. E, desapontada, pegou a imagem e, no auge do desespero, atirou-a pela janela afora. Passava na rua, naquele momento, um jovem cavaleiro e a imagem o acertou na cabeça. Apanhou-a intacta e subiu a escada para devolvê-la. Quem o recebeu foi a formosa donzela. O cavaleiro apaixonou-se por ela e algum tempo depois casaram-se, naturalmente por milagre do santo.


A FÉ DO CRISTIANISMO DE ONTEM E A FÉ RELATIVISTA EVANGÉLICA DE HOJE

           “Eu vos dou um novo mandamento: Que vos ameis uns aos outros assim como eu vos tenho amado!” – João 13, 34.             É com...