Santo António nasceu no ano de
1195. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões. Filho de Martinho de Bulhões
e Teresa Taveira. Uma das famílias ilustres de Portugal. Viviam em Lisboa –
Portugal.
Seus pais lhes deram uma
formação espiritual forte desde o início era inclinado à vida religiosa.
Aos 15 anos entrou para o
Convento dos Cônegos de Santo Agostinho, em Lisboa e lá ficou por alguns meses.
Depois, pediu transferência para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. De lá
entrou em contato com os frades franciscanos que se hospedavam no mesmo
convento.
Conta-se que mais tarde esses
frades foram martirizados no Marrocos e seus restos mortais vieram para Coimbra
– Portugal.
Fernando
contemplou o corpo daqueles heróis mortos pela causa de Cristo e ficou tocado profundamente
sentindo um grande desejo de ser um franciscano.
Foi
para o convento de Olivais e adotou o nome de António. Tinha o desejo de pregar
nos lugares. Depois de passar por um curto noviciado, foi para o Marrocos, mas,
teve que voltar em pouco tempo à Portugal por causa de uma enfermidade.
No ano de 1221 aconteceu o Capítulo Geral da
Ordem Franciscana. Nesta assembleia estiveram aproximadamente três mil frades dentre
eles António.
Nessa
época esteve pessoalmente com São Francisco de Assis, o fundador da Ordem.
De
lá foi trabalhar num pequeno eremitério de Portugal, ficando lá nove meses.
Em
certa ocasião houve na cidade de Forli ordenações sacerdotais e António foi
convidado a fazer um discurso. As pessoas que o ouviram pregar ficaram
admiradas. Logo, a fama de pregador do frade António se espalhou. Era o início
de sua missão de pregador pela França e Itália.
Foi
em Montpellier que aconteceu um fato, cujo, fez Santo António ser invocado o “protetor
das causas perdidas”.
Um
noviço que resolvera sair da Ordem Franciscana levou consigo um livro de salmos
com alguns comentários escritos por António. Este rezou para que o noviço se
arrependesse. Pouco tempo depois o rapaz arrependido devolveu o livro.
Na
frança, ficou famoso, sendo chamado de grande taumaturgo e martelo dos hereges,
terror dos demônios e trombeta do Evangelho.
Estabeleceu
em Pádua, na Itália, em 1227, cidade de onde mais tarde seu nome viera a ser
conhecido. Após 04 anos de missão em Pádua morreu no dia 13 de junho. Foi
canonizado 11 meses depois de sua morte pelo Papa Gregório IX.
Durante
sua caminhada neste mundo o santo já fazia milagres. E muitos foram os grandes
milagres desde a ressurreição de um morto, até o da abilocação, (estar em dois
lugares ao mesmo tempo). Depois de morto
também fez muitos milagres. Tanto em vida como após a morte, tais milagres foram
testemunhados por muitas pessoas. Isso facilitou para que seu processo de
canonização dispensasse os parâmetros legais e fosse declarado santo em pouco
tempo.
Uma
virtude que Santo António teve em vida era não pecar pela língua. Ele usava sua
língua a oração, para proclamar o amor, a caridade, o Evangelho. Como prova
dessa virtude no ano de 1263, quando exumaram seu corpo, sua língua foi achada intacta
e, até hoje se encontra assim. Foi colocada numa redoma de vidro.
O fato de Santo Antônio ser
invocado como santo casamenteiro se deve a uma ocasião em que intercedeu por uma
jovem ter conseguido fazer um ótimo casamento deu a Santo Antônio a fama de
casamenteiro.
Em 1946 o papa Pio XII o proclamou
Confessor e Doutor da Igreja.
Santo António era devoto de “Jesus
Menino”. A devoção de Santo Antônio a
Jesus Infante e cumpre repetir sempre:
Menino
Jesus por nós
encarnado, livrai-nos da mancha de todo pecado. Como Santo Antônio foi sepultado numa terça-feira este dia da semana lhe é consagrado. Uma senhora de Toulon na França, por ter alcançado uma grande graça por intercessão de Santo Antônio, resolveu distribuir pães aos pobres em sua homenagem, daí a
benção do pão de Santo Antônio, lembrando a caridade que se deve ter para com
os mais necessitados. Este pão tem restituído a saúde a muitos doentes. Santo,
realmente, extraordinário que merece todos os louvores. Que ele leve sempre
seus devotos a um grande amor a Jesus, nosso único Salvador.
Referência: Côn. José Geraldo
Vidigal de Carvalho
Os milagres de Santo Antônio
Os santos sendo verdadeiros
imitadores de Cristo, e, em nome de Cristo fazem milagres. Uns durante a vida e
depois da morte, outros depois da morte.
Encarnando em si mesmos a
figura do Cristo Salvador e libertador das almas.
Santo é uma pessoa próxima de
Deus. A santidade é alcançada por aqueles que, ao se aproximarem do Senhor,
vivem o Evangelho e agem como o próprio Cristo, refletindo-O em suas ações.
Portanto, um Santo não atrai a atenção para si, mas sim, para Deus.
Nossa vocação é para a
Santidade, pois, é para a santidade que Cristo nos salvou sendo ele o Santo dos
Santos. Está escrito: “Sede Santos como eu sou santo” – ( Lev. 11, 44) – Disse
Jesus: “Se crerdes fareis obras maiores que eu faço” – (Jo14, 12-14)
O Santo que celebramos
liturgicamente, cuja festa é 13 de Junho, é de grande devoção não só no Brasil,
mas, em todo o mundo. Santo Antônio de Pádua, ou de Lisboa, é doutor da Igreja
e levou uma vida itinerante na santa pobreza. Foi um homem de fé, de profunda
intimidade com Deus e amor ao próximo. Ele não só encarnou a vida franciscana,
mas, procurou viver de maneira absoluta o Cristo sofredor na pessoa dos pobres
e necessitados. Santo António não negou sua mão amiga a mínguem. A todos que o
procuravam teve amor, carinho e uma palavra amiga para dar.
Vamos conhecer alguns dos muitos
milagres de Santo António:
Os
Pássaros e a Plantação
O pai de Santo Antonio,
Martinho de Bulhões, gostava de ir a uma fazenda que possuía nos arredores de
Lisboa. Um dia, levou o filho com ele. Ocorre que insaciáveis bandos de
pássaros desciam continuamente para bicar os grãos de trigo. Era necessário
espantá-los para impedir grave dano à colheita. Martinho encarregou o garoto de
manter longe os pequenos ladrões. O pai se foi e Fernando permaneceu correndo
de cá para lá no campo. Em pouco tempo, começou a se aborrecer com aquela
ocupação. Não muito longe, uma capelinha rústica o convidava à oração. Mas o
pai o mandara enxotar os passarinhos. Gritou então aos pássaros, convidando-os
a segui-lo para dentro de uma sala da fazenda. Obedientes os pássaros entraram.
Quando todos estavam dentro, Fernando fechou as janelas e as portas, e foi
tranquilamente fazer sua visita ao Senhor. Retornando o pai veio procurá-lo.
Andou pelo campo, chamando-o, mas não o encontrou. Preocupado, dirigiu-se à
capela e o descobriu, todo absorto na prece. Fernando tomou o pai pelas mãos e
o conduziu ao salão repleto dos voos e dos cantos dos graciosos prisioneiros.
Abriu a porta e, a um sinal seu, os pássaros, em bando, retornaram os livres
caminhos do espaço.
Um
Jumento se Curva Diante da Eucaristia
Durante uma pregação, cujo tema
era a Eucaristia, levantou-se um homem dizendo: “Eu acreditarei que Cristo está
realmente presente na Hóstia Consagrada quando vir o meu jumento ajoelhar-se
diante da custódia com o Santíssimo. Sacramento”. O Santo aceitou o desafio.
Deixaram o pobre jumento três dias sem comer. No momento e lugar
pré-estabelecido, apresentou-se Antônio com a custódia e o herege com o seu
jumento que já não aguentava manter-se em pé devido ao forçado jejum. Mesmo
meio-morto de fome, deixou de lado a apetitosa pastagem que lhe era oferecida
pelo seu dono, para se ajoelhar diante do Santíssimo Sacramento.
O
Livro Roubado
Um dia, o frei descobriu que um
noviço havia fugido do mosteiro e levado com ele seus comentários sobre o Livro
dos Salmos. Então, rezou para o retorno de ambos. Em pouco tempo, o jovem
arrependido voltou para a vida religiosa, acompanhado, é claro, dos
manuscritos.
O
Sermão feito aos Peixes
Santo Antônio foi pregar na
cidade de Rimini, onde dominavam os hereges que resolveram não ouvi-lo em
hipótese alguma. Frei Antônio subiu ao púlpito e quase todos se retiraram e
fugiram. Não esmoreceu e pregou aos que tinham ficado. Inflamado pela
inspiração Divina, falou com tal energia que os hereges presentes, reconheceram
seus erros e resolveram mudar de vida. Mas o Santo não estava contente com o
resultado parcial Retirou-se para orar em solidão, pedindo ao Altíssimo que
toda a cidade se convertesse.
Saindo do retiro, foi direto às
praias do Mar Adriático e, em altos brados clamou aos peixes que o ouvissem e
celebrassem com louvores ao seu supremo Criador, já que os homens ingratos não
queriam fazê-lo. Diante daquela voz imperiosa, apareceram logo os incontáveis
habitantes das águas, e se distribuíram ordenadamente, cada qual com os de sua
espécie e tamanho. Os peixes ergueram suas cabeças da água e ficaram longo
tempo imóveis, a ouvi-lo.
A
Comida Envenenada
Alguns hereges resolveram matar
Santo Antônio, envenenando-o. Convidaram-no para comer com eles, dando como
pretexto debater sobre alguns pontos da Fé. Santo Antônio sempre aceitava
comparecer a esses debates e polêmicas. Os hereges puseram diante dele, entre
outros pratos, um que continha veneno mortal. Antes que o tocasse, Deus
revelou-lhe a cilada e o Santo, conservando toda a calma, repreendeu os hereges
pela traição.
Vendo revelado o intento
perverso, os hereges não se abalaram e responderam cinicamente: "É verdade
que esse prato tem veneno, mas nós o colocamos aí porque desejamos fazer uma
experiência: no Evangelho está escrito que Jesus Cristo disse aos seus discípulos
que ainda que tomassem veneno mortal nenhum mal sofreriam e estamos querendo
saber se és de fato discípulo de Cristo". Santo Antônio fez o sinal da
Cruz sobre aquele prato e o comeu com apetite, saboreando a comida envenenada
como se fosse alimento saudável, e nada sofreu, deixando mais uma vez os
hereges confusos e assombrados.
O
Milagre da Bilocação (estar em dois lugares ao mesmo tempo)
No domingo de Páscoa enquanto
pregava na Catedral, Santo Antônio lembrou-se de que fora designado para entoar
a Aleluia na Missa que se celebrava naquele momento na Igreja do Convento
franciscano. Não querendo faltar com a obediência e não podendo descer do
púlpito, parou um pouco, calou-se como se estivesse retomando a respiração e,
nesse momento, foi milagrosamente visto no Coro de seu convento, entoando a
Aleluia. Esse prodigioso milagre de bilocação foi assistido e certificado por
muitas testemunhas, espalhando-se a notícia em todos os locais.
Controle
sobre o Tempo
Num dia festivo, em Limoges,
Santo Antônio pediu licença para pregar numa igreja paroquial. Como era imensa
a sua fama, o povo deslocou-se para o local, mas o recinto era pequeno para
acolher toda aquela gente e foi obrigado a pregar em praça pública. Mal havia
começado o sermão, o céu escureceu e muitos relâmpagos e trovões anunciavam uma
grande tempestade.
O povo, atemorizado, começou a
murmurar e já se dispunham a sair dali em busca de abrigo. Mas Santo Antônio
pediu silêncio e, em nome de Deus, assegurou que não choveria naquele local,
recomendando a todos que ficassem atentos à pregação. Tranquilizados, os fiéis
ouviram o sermão até o fim. Quando se retiravam para suas casas, verificaram
com muita admiração, que embora estivesse perfeitamente seco o local da
pregação, toda a redondeza estava completamente alagada pela chuva da forte
tempestade.
A
Cura do Louco
No meio de um sermão de Santo
Antônio, entrou um louco e, com voz alterada e gestos desordenados, perturbava
os ouvintes que não conseguiam prestar atenção nas palavras do pregador. De
repente, o louco disse: "Não sossegarei enquanto aquele homem (e apontou
para Santo Antônio) não me der o cordão que usa na cintura". O Santo
retirou o cordão e com ele envolveu o louco que foi imediatamente curado.
Menino
Salvo pela Fé
Santo Antonio pregava em Briba,
quando uma senhora, apressada para assistir seu sermão, deixou sobre o fogo um
caldeirão com água, sem se lembrar de que seu filho pequeno ficara só em casa.
Ao chegar da pregação, viu com horror que o
menino havia caído dentro do caldeirão e que a água estava fervendo. Bem se
pode imaginar os gritos de desespero que deu a pobre mãe! Não ousava
aproximar-se, certa de que encontraria a inocente vítima horrivelmente queimada
e morta. Mas, cheia de fé em Santo Antônio, invocou-o e quando aproximou-se seu
filho estava são e salvo, brincando e pulando na água fervente, sem que esta
lhe queimasse.
Criada
Caminha sob Forte Chuva sem Molhar as Roupas
Certo dia, faltando alimentos
no convento de Briba, Frei Antônio mandou que fossem pedir a uma senhora
devota, dona de uma grande propriedade, a esmola de algumas verduras. Apesar de
estar chovendo fortemente, a piedosa senhora ordenou a uma criada que fosse
apanhar as verduras na horta distante da casa.
A criada obedeceu contrariada
pois chovia muito. Foi quando se deu conta de que, apesar da chuva torrencial
que caía, não estava molhando nem os pés, nem as roupas que vestia. Chegou à
horta, colheu as verduras, foi entregá-las no convento e retornou à casa
completamente seca. Tanto ela, quanto sua senhora, ficaram assombradas diante
daquele prodígio e não cessaram de contar a todos, os altos merecimentos do
Santo.
Santo Antonio Ressuscita um Morto
Vinha Frei Antônio e um
companheiro pelo caminho, voltavam de uma aldeia carregando grande peso às
costas, quando encontraram um carroceiro que carregava um homem adormecido. O
Santo, muito cansado, pediu-lhe por amor de Deus que levasse alguns víveres que
ele e seu companheiro haviam recebido de esmola para o sustento da comunidade.
O carroceiro respondeu
rudemente que não podia fazê-lo porque estava conduzindo um defunto. O Santo
acreditou, rezou pelo descanso eterno da alma do falecido e continuou seu
caminho. Qual não foi o espanto do carroceiro quando, mais tarde, foi acordar o
amigo que supunha adormecido e o encontrou realmente morto!
Confuso e arrependido foi em
busca de Santo Antônio e prostrou-se aos seus pés, pedindo-lhe humildemente
perdão. Frei Antônio se compadeceu do homem, aproximou-se da carroça e depois
de uma curta oração, fez o sinal da Cruz sobre o cadáver e o ressuscitou.
Santo
António salvou um Homem da Morte por Esmagamento
Durante a construção do
convento de Leontino, aconteceu o seguinte milagre: Estava sendo transportada
uma grande pedra para o portal da igreja em uma carroça. Ao ser retirada, caiu
sobre o carroceiro esmagando-o, deixando-o quase morto. Frei Antônio, querendo
por humildade ocultar seu dom de fazer milagres, disse aos presentes que
invocassem o auxílio de São Francisco. Imediatamente o homem ferido levantou-se
perfeitamente são, como se nenhum acidente tivesse ocorrido.
A Cura
de um Menino Paralítico
Aproximou-se de Santo Antonio
uma mulher trazendo nos braços um filho paralítico de nascença e rogava em
altos brados que o curasse. O Santo manifestou certo desagrado por aquela forma
ruidosa de pedir, mas a mulher continuou a implorar.
Tanto ela pediu e suplicou, que
este, afinal, fez sobre o menino paralítico o "sinal da cruz",
curando-o imediatamente. Com modéstia, atribuiu o milagre à fé da boa mulher e
recomendou-lhe que não contasse o ocorrido à ninguém enquanto ele fosse vivo.
O Menino Jesus Aparece para o Santo
Certa vez, Santo Antônio
precisou de alojamento em Pádua e um senhor nobre, da família dos Condes de
Camposampiero, teve a honra de o acolher em sua casa. Uma noite, vendo do lado
de fora do quarto de Frei Antônio alguns raios de luz, aproximou-se e viu o
Santo segurando nos braços um gracioso Menino que suavemente o acariciava.
Ficou cheio de espanto por tão
extraordinária maravilha. Compreendeu que se tratava do Menino Jesus que se
tornara visível ao Santo para recompensá-lo com celestes consolações pelas
fadigas sofridas. Enquanto ainda observava, o Menino desapareceu. Saindo do
êxtase, Frei Antônio deixou o quarto e dirigiu-se ao dono da casa, dizendo que
sabia que ele o havia observado durante a aparição. Pediu então com insistência
que não revelasse o que tinha visto. O senhor cumpriu a palavra, somente
revelando o fato depois da morte do Santo. A história o tocara profundamente e
todas as vezes que a relatava, não conseguia reter as lágrimas.
Cura
um Pé Decepado
Um jovem chamado Leonardo
confessou-se com o Santo e contou-lhe que, levado pela cólera, havia dado um
pontapé em sua mãe. Frei Antônio, para fazê-lo compreender a gravidade do
pecado que cometera, disse-lhe: "Teu pé bem que merecia ser cortado".
Essas palavras impressionaram tão fortemente o jovem, que este, chegando em
casa, aterrorizado com o que fizera, cortou fora o pé. Na hora em que caiu ao
chão, fez um ruído tão grande que sua mãe correu para ver o que estava
acontecendo. Horrorizada com a cena e por saber as razões pelas quais o filho
assim procedera, correu em busca de Frei Antônio, que foi apressadamente à casa
do rapaz. Comovido pelo estado em que o encontrou, quase à beira da morte pelo
sangue perdido, animou-o a ter confiança em Deus. O rapaz e o Santo pegaram o
pé cortado, recolocaram-no e imediatamente foi restaurado. Ficou tão perfeito
como se nunca houvesse sido cortado, com apenas pequena cicatriz no lugar do
golpe para testemunho do grande milagre realizado.
Morto
Falou em Defesa do Pai de Santo António
acusado de homicídio.
Um rapaz foi assassinado perto
da casa de Martinho de Bulhões, pai de Santo Antonio. Os assassinos levaram o
corpo para o quintal de Martinho e ali o enterraram, sem que o proprietário do
terreno soubesse. Mais tarde, foi descoberto pela Justiça o corpo na casa do
infeliz fidalgo e este foi acusado pelo crime. Diante dos gravíssimos indícios
de sua culpa, permaneceu quinze meses preso e, finalmente, estava sendo julgado
e seria com certeza condenado à morte.
Frei Antônio foi
misteriosamente avisado do perigo que ameaçava seu pai. Santo Antonio foi
imediatamente pedir ao Guardião do convento que o deixasse ausentar-se de Pádua
por pouco tempo. Assim que foi autorizado, viu-se transportado num instante à
Lisboa, indo direto ao tribunal e, depois de beijar a mão de seu pai em sinal
de respeito, tomou a sua defesa. Os juízes ficaram impressionados com o aparecimento
daquele inesperado advogado e com a segurança com que ele falava, mas não se
convenceram da inocência do réu, tantas eram as provas que tinham de sua culpa.
Faltando testemunhas de defesa,
Santo Antônio apelou para o depoimento da vítima. Os assistentes, surpresos com
a estranha proposta, começaram a rir. Mas Frei Antônio insistiu e os juízes
levados pela curiosidade, consentiram que ele chamasse o morto como testemunha
da defesa. Chegados à sepultura do falecido, o Santo ordenou que a abrissem e chamou
o frio cadáver em voz alta, ordenando-lhe em nome de Deus que dissesse aos
juízes a verdade sobre o seu assassinato.
Imediatamente o morto
levantou-se como se estivesse vivo e respondeu com voz sonora que Martinho de
Bulhões era inocente e não estava manchado pelo seu sangue. Em seguida,
deitou-se na sepultura. Santo Antonio, depois de se despedir do pai,
desapareceu. Ficaram os juízes e a assistência assombrados com o milagre que
acabavam de presenciar. O nobre Martinho de Bulhões, graças ao seu santo filho,
teve sua vida salva. Os verdadeiros culpados foram descobertos.
Recupera
os Cabelos Arrancados de uma Mulher
Em Arezzo vivia um homem nobre,
mas tão colérico que quando se irritava parecia perder o juízo. A esposa,
senhora de muito siso e prudência, teve um dia a infelicidade de proferir umas
palavras que irritaram o marido a tal ponto que ele se atirou sobre ela
espancando-a cruelmente, chegando a lhe arrancar os cabelos.
Com os gritos da infeliz, os
vizinhos correram para acudi-la, encontrando-a quase morta na cama. O marido,
depois de serenar, envergonhou-se do que tinha feito e lembrando-se da fama de
Santo Antônio, foi procurá-lo arrependido, pedindo que o ajudasse.
O piedoso Santo foi logo
procurar a senhora, abençoando-a e, fazendo o sinal da Cruz sobre ela, começou
a rezar. Pouco a pouco ela foi recuperando o antigo vigor e, milagrosamente,
quando se ajoelhou aos pés do Santo, renasceu todo o cabelo.
Conserva
um Copo Intacto; e Faz Nascer Uvas numa Videira sem Frutos
Um soldado espanhol chamado
Aleardino, que havia perdido a Fé, chegou à Pádua no dia do enterro de Santo
Antônio. Vangloriando-se de sua incredulidade, segurou um grande copo de vidro
e disse a muitas pessoas que o censuravam: "Se este copo ficar inteiro
depois que eu o atirar àquelas pedras, acreditarei que esse padre faz
milagres". E atirou o copo com toda a força, mas ele não se partiu.
Renunciou então seus erros publicamente e quis converter a um amigo também
incrédulo. Chegou, pois, ao amigo e lhe contou todo o acontecido, mostrando-lhe
o copo objeto do prodígio.
O amigo ouviu-o com risadas e
sinais de desprezo e respondeu: "Não acredito no que dizes. O que estás
dizendo é tão impossível como aquela videira sem frutos, de repente, ficar
carregada de ramos e cachos, e nós, com suas uvas, fazermos vinho para encher
teu copo milagroso!" Mal acabara de falar, a videira se encheu
prodigiosamente de folhas e belos cachos de saborosas uvas, as quais,
espremidas por Aleardino, encheram o copo com seu licor maravilhoso. Esse copo
ainda hoje se conserva no relicário da Basílica de Santo Antônio, em Pádua.
Anel
Desaparecido do Bispo de Córdoba é Reencontrado
Muito devoto de Santo Antônio,
o Bispo possuía um anel de estimação. Certo dia notou a falta dele: ou o tinha
perdido, ou o tinham furtado. Passou-se muito tempo sem que o anel aparecesse.
Um dia, o Bispo estava à mesa com alguns senhores seus parentes, quando
casualmente falaram no poder de Santo Antônio para encontrar bens perdidos.
Disse então o Bispo:
"Tenho recebido grandes favores do Santo, mas ele ainda não ouviu as
súplicas que lhe tenho feito para achar um anel que perdi". Mal tinha
acabado de proferir essas palavras quando o anel desaparecido caiu no meio da
mesa, à vista de todos, sem que ninguém soubesse explicar de onde veio.
Ajuda
um Bispo a Recuperar Papéis Perdidos
O Bispo D. Frei Ambrósio
Catarino, grande escritor, estava saindo de Tolosa e levava na bagagem muitos
papéis e apontamentos particulares e também um livro intitulado "A Glória
dos Santos", para discutir com os hereges. Depois de caminhar muitos
quilômetros, percebeu que haviam caído pelo caminho três escritos preciosos,
frutos de muito trabalho.
Com enorme tristeza, refez o
caminho para os encontrar. Procurou-os em vão. Lembrou-se então de Santo
Antônio, dirigiu-lhe uma prece fervorosa, prometendo que se encontrasse os
papéis, acrescentaria ao livro "A Glória dos Santos" a narração
daquela graça de Santo Antônio. Nesse mesmo instante, aproxima-se dele um
desconhecido que lhe pergunta se não havia perdido uns papéis e, ante a reposta
afirmativa do Bispo, entrega-lhe os papéis tão desejados!
Santo António ajuda uma Jovem se casar
Conta-se que uma jovem muito
linda, mas cansada de esperar por um noivo, já desesperada de encontrar marido,
pediu ajuda a Santo Antônio. Adquiriu uma imagem do santo, benzeu-a e todos os
dias enfeitava-a com flores que colhia no jardim. Além disso, orava com
regularidade para que Santo Antônio lhe arranjasse um noivo. Mas, passou-se
muito tempo e o noivo não aparecia.
Certa vez, pôs-se a lamentar a
ingratidão do santo, chegando mesmo a ser repreendida pela mãe. E, desapontada,
pegou a imagem e, no auge do desespero, atirou-a pela janela afora. Passava na
rua, naquele momento, um jovem cavaleiro e a imagem o acertou na cabeça.
Apanhou-a intacta e subiu a escada para devolvê-la. Quem o recebeu foi a
formosa donzela. O cavaleiro apaixonou-se por ela e algum tempo depois
casaram-se, naturalmente por milagre do santo.
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