terça-feira, 7 de agosto de 2018

ROMA- Papa Francisco altera o artigo 2267 do CIC, Catecismo da Igreja Católica, sobre a pena de morte


Papa Francisco Altera Parágrafo
 Do Catecismo da Igreja Católica
Sobre a Pena de Morte
"Inadmissível" a pena de morte em todas as circunstâncias”

“Não Matarás!” Ex20, 13  
Ouviste o que foi dito os antigos: “não matarás, todo aquele que matar será réu em juízo”. (Mt5, 21-18)

Alteração se dá a fim de reunir melhor o desenvolvimento da doutrina sobre a pena de morte nos últimos tempos
Da redação, com Boletim da Santa Sé

A Santa Sé anunciou nesta quinta-feira, 2, a nova redação do parágrafo 2267 do Catecismo da Igreja Católica, trecho que mostra a posição da Igreja sobre a pena de morte. A alteração foi aprovada pelo Papa Francisco. O objetivo da reformulação deste parágrafo é, segundo o Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luis Francisco Ladaria, tornar cada vez mais claro o posicionamento da Igreja acerca do respeito a toda a vida humana. (Confira a nova redação do parágrafo ao final do texto).

“Se, de fato, a situação política e social do passado tornava a pena de morte um instrumento aceitável para a proteção do bem comum, hoje a consciência cada vez maior de que a dignidade de uma pessoa não se perde nem mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos, a compreensão aprofundada do sentido das sanções penais aplicadas pelo Estado e o desenvolvimento dos sistemas de detenção mais eficazes que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, contribuíram para uma nova compreensão que reconhece a sua inadmissibilidade e, portanto, apela à sua abolição”, afirmou o cardeal Ladaria em carta aos bispos da Igreja Católica.

O ensinamento da Carta encíclica Evangelium vitae, de João Paulo II foi, segundo Cardeal Ladaria, um importante documento utilizado por Francisco no novo trecho sobre a pena de morte. “O Santo Padre incluiu entre os sinais de esperança de uma nova civilização da vida ‘a aversão cada vez mais difusa na opinião pública à pena de morte, mesmo vista só como instrumento de “legítima defesa” social, tendo em consideração as possibilidades que uma sociedade moderna dispõe para reprimir eficazmente o crime, de forma que, enquanto torna inofensivo aquele que o cometeu, não lhe tira definitivamente a possibilidade de se redimir’.”, afirmou.

Desde João Paulo II, o cardeal recordou que os esforços para a abolição da pena de morte e o apelo ao respeito à dignidade da pessoa são sucessivos entre os Pontífices. Dom Ladaria recordou Bento XVI, que teve seu pontificado marcado por pedidos voltados aos responsáveis da sociedade para a necessidade da eliminação da pena capital, e agora Francisco, que ao pedir a revisão da formulação do Catecismo da Igreja Católica, reafirmou que a pena de morte é inadmissível porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa.
A nova formulação do parágrafo 2267 do Catecismo, expressa, de acordo com o cardeal Ladaria, um autêntico desenvolvimento da doutrina, que não está em contradição com os ensinamentos anteriores do Magistério. A iniciativa impulsionará, segundo o cardeal, um firme compromisso e diálogo respeitoso com as autoridades políticas, uma mentalidade que reconheça a dignidade de toda vida humana e a criação de condições que permitam eliminar o instituto jurídico da pena de morte, em vigor em alguns países. “O Evangelho nos convida à misericórdia e à paciência do Senhor, que oferece a todos, tempo para se converterem”, reiterou.
Confira a nova redação do parágrafo 2267:
2267. Durante muito tempo, considerou-se o recurso à pena de morte por parte da autoridade legítima, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.
Hoje vai-se tornando cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não se perde, mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos. Além disso, difundiu-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Por fim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos sem, ao mesmo tempo, tirar definitivamente ao réu a possibilidade de se redimir.
Por isso a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que «a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa»[1], e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo.
[1] Francisco, Discurso aos participantes no encontro promovido pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, 11 de outubro de 2017: L’Osservatore Romano, 13 de outubro de 2017, 5 (ed. port. 19 de outubro de 2017, 13).

Papa Francisco aprovou a modificação do Catecismo da Igreja Católica para declarar "inadmissível" a pena de morte em todas as circunstâncias e indicou o compromisso da instituição em encorajar sua abolição no mundo todo, informou o Vaticano nesta quinta-feira (2). Até então, essa prática era aceita em casos raros.
O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luís Ladaria, encontrou-se com o pontífice, em maio, ocasião em que a nova redação do artigo 2267 do catecismo foi aprovada
“Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum”, diz o texto.
O artigo afirma que difundiu-se "uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado" e foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que "garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir".
No novo texto ressalta que "a Igreja mostra, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa, e se compromete com determinação para sua abolição no mundo todo".
Pena de morte no mundo
China é o país que mais aplica a pena de morte em todo o mundo, segundo levantamento anual da ONG Anistia Internacional (AI) divulgado em abril deste ano. Os números não são conhecidos, porque condenações do tipo são consideradas segredos de estado. Mas a instituição acredita que milhares foram executados ou condenados à morte na China em 2017.
Excluindo a China, a Anistia diz que 84% das execuções documentadas no mundo ocorreram no Irã, na Arábia Saudita, no Iraque e no Paquistão. Alguns países chegaram até mesmo a retomar a aplicação da pena de morte em 2017. Entre eles, estão Bahrein, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Jordânia.
Em abril deste ano, o Gabinete do Governo da Índia aprovou uma emenda para que os culpados de estupro de menores 12 anos possam ser condenados à morte, em meio à indignação no país pelo abuso e assassinato de uma menina de 8 anos.
Especialistas da Anistia Internacional dizem que não há provas de que a pena de morte funcione como elemento de dissuasão para o crime. Ao todo, 142 países já aboliram a pena de morte em suas leis ou na prática.

O PAPA FRANCISCO recebeu em audiência, no último dia 11 de maio, no Vaticano, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Luís Ladaria, durante a qual aprovou a nova redação do n.2267 do Catecismo da Igreja Católica, que trata sobre a pena de morte. 

Algumas fontes mal informadas e totalmente despreparadas para tratar de assuntos concernentes à Igreja, como é o caso da Folha e do portal UOL, estão noticiando equivocadamente que o Papa "mudou a doutrina"... Ora, tal coisa seria simplesmente impossível, já que Papa nenhum pode mudar a Doutrina imutável ou a dogmática da Igreja. A ação do Papa se define e resume como um ensinamento magisterial.

O novo rescrito do Papa, ou seja, a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado na manhã de hoje (2/8/0218), no Vaticano, com os seguintes dizeres: 


Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular, como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável, ainda que extremo, para a tutela do bem comum.
No entanto, hoje, torna-se cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não fica privada, apesar de cometer crimes gravíssimos. Além do mais, difunde-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por parte do Estado. Enfim, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir. Por isso, a Igreja ensina, no Novo Catecismo, à luz do Evangelho, que “a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e se compromete, com determinação, em prol da sua abolição no mundo inteiro.

O leigo Luiz Felipe Nanini elaborou uma lista bastante oportuna com respostas rápidas às principais perguntas que estão surgindo, neste primeiro momento, sobre a mudança que já provocou um grande rebuliço e uma enxurrada de discussões acirradas nas redes sociais. Adaptamos e ampliamos essa lista para republicar aqui e servir à elucidação de nossos leitores. Segue:



1. O atual ensinamento é vinculativo?

R.: Há divergência quanto a este ponto, e de fato é cedo para responder com um "sim" ou "não" definitivo. Geralmente, parece que a resposta é sim. Todavia, alguns argumentos partem do princípio de que esse novo ensinamento contraria o Magistério anterior. Certamente haverá ainda muita discussão quanto ao assunto. Lembra o advogado Luís Guilherme Netto Andrade que a decisão não partiu do Magistério Infalível, mas do Magistério Ordinário: "Por isso e pelo conflito com o Magistério anterior, não obriga absolutamente os fiéis. Pode haver, sim, um aprofundamento nessa questão, mormente pela mudança de certas condições; porém, a lei natural manda amputar o membro necrosado para preservar o corpo".

É fundamental saber o que dizia o ensinamento anterior: "O ensino tradicional da Igreja não exclui, depois de comprovadas cabalmente a identidade e a responsabilidade de culpado, o recurso à pena de morte, se essa for a única via praticável para defender eficazmente a vida humana contra o agressor injusto";  acrescentando que "se os meios incruentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, a autoridade se limitará a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum e estão mais conformes à dignidade da pessoa humana".

Assim vemos que, na prática, a mudança tão polêmica foi de fato sutilíssima, já que em praticamente 100% dos casos, nos nossos dias, há a possibilidade de defender as vidas humanas contra um agressor injusto fazendo uso exclusivo dos "meios incruentos" (a prisão perpétua para os casos mais extremos e considerados irrecuperáveis não é excluída).

2. Somente aquilo que o Papa declara Ex Cathedra (como regra infalível) obriga a aceitação dos católicos?

R.: Não. Todo ensinamento do Magistério Ordinário autêntico obriga, excluídas, é claro, as possibilidades de divergência com aquilo que já fora ensinado de modo dogmático anteriormente e que permaneça válido. Um texto oficial que detalha sobre esse assunto é o documento de explicação da Professio Fidei, escrito pelo Cardeal Ratzinger e aprovado por João Paulo II.

3. Isso quer dizer que tudo o que o Papa diz precisa ser acatado?

R.: Não. O Papa, em muitos casos, expressa-se somente como doutor privado, dando a sua opinião pessoal sobre algum assunto. Quando isto acontece (pode ser em homilias, entrevistas, livros, etc...), não estamos obrigados a assentir.
Nesse caso, o Papa em nome da Igreja fez uma alteração do Catecismo da Igreja Católica, sendo assim, essa modificação deve ser observada todo cristão católico apostólico romano.
Todas as orientações do Catecismo da Igreja católica estão inteiramente de acordo com a Sagrada Escritura... todavia, o fiel católico que não observa e põe em prática o Catecismo, como poderá dizer ser um bom cristão, antes de tudo, praticante do Evangelho de Nosso Senhor?     


4. Mas e se eu, de reta consciência, não conseguir de modo algum concordar com o Papa, o que devo fazer?

R.: Suspender o juízo e confiar na divina Providência e na Promessa de Cristo de que as portas do Inferno não prevalecerão sobre a sua Igreja. E redobrar as orações.
5. Posso votar em candidatos que apoiam a pena de morte?
Para alguns "católicos perfeitos da internet", sempre afobados e imprudentes, pareceu suspeito que essa mudança tenha vindo justamente no período pré-eleitoral brasileiro, momento-chave para um país que cresce em importância no cenário internacional e que tem um grande relevo no "mapa" da Cristandade nos nossos dias e cujo candidato à presidência da República que lidera as pesquisas é declaradamente favorável à pena de morte.

Deixando de lado a  imprudência gravíssima de se declarar tal coisa, por um lado, e o  fato concreto de que os adversários desse candidato fatalmente usarão a decisão do Papa contra ele, por outro, ainda será preciso escolher, entre todos os elegíveis, aquele que menos contraria a Doutrina católica.

Não há como negar que um candidato que defenda a pena de morte ainda pode ser bem melhor do que o outro candidato comprometido com a legalização do
aborto, da ideologia de gênero, da doutrinação ideológica dos nossos filhos nas escolas, a favor do controle social, que diga que quer acabar com "a ilusão moralista católica", etc., e que seja contrário à pena de morte.

Aliás, lembre-se que ser contra a pena de morte e a favor do aborto configura-se em uma contradição completa, já que legalizar o aborto é sem dúvida, na prática, implantar o pior tipo de pena de morte que pode existir – contra um ser humano totalmente inocente e indefeso no ventre daquela que deveria ser a primeira e a mais interessada em protegê-lo contra tudo e contra todos.

O SANTO PADRE ESTÁ CERTO EM MUDAR O ARTIGO DO CIC?
Sim, o Papa está certo; ele apenas corrigiu, digamos, uma “falha” no artigo 2267 do CIC, pois, Deus não permite a morte de uma pessoa de forma leviana, seja ela da pessoa humana ou de um animal. Todo ser humano merece e tem direito a um julgamento justo. “Porque Deus faz nascer o sol para os justos e os injustos” (Cf. Mt5,45); Jesus está dizendo que os viventes, pessoas e os animais tem o direito à vida. E não é porque a pessoa é um criminoso, ainda que seja de alto grau que deixará de ser nosso irmão e filho de Deus. Pois, Jesus morreu na Cruz para salvar todos os pecadores. Todos tem o direito de se arrepender e ter uma nova chance inclusive a conversão se assim o quiser. Não há pecado que não possa ser perdoado, e o pecado é um crime contra Nosso Senhor. Mas se Deus perdoa nossos pecados e nos convida a vida eterna, quem somos nós para negar a pessoa o direito à vida, se também somos nem melhor ou pior a quem nos ofendeu?
Jesus Cristo fundou sua Igreja e deu sua vida por ela, e disse na Cruz perdoando seus algozes: “Pai perdoai-lhes pois, eles não sabem o que fazem!” (Cf. Lc23, 34) ... “Porque se não perdoardes os pecados uns dos outros, tampouco vosso Pai os perdoará”. (Cf. Mc11, 26).
O cristão, cujo nome é seguidor ou discípulo de Jesus Cristo, não tem o direito de apenar ninguém a morte. Todos merecem viver ainda que for um criminoso cruel. Nós não somos senhores da vida, nem senhores da morte. A vida e a morte pertence a Deus Criador de todas as coisas.     
Deus dá a vida e somente ele tem o direito de tirá-la. Isso se aplica também ao aborto, pois, o aborto também é apenar o inocente e indefeso à morte. Qual crime um inocente fez para ter seu direito à vida interrompida de forma vil e covarde? A Igreja sendo promotora da paz e da vida defende o direito à vida do momento da concepção à morte.     

6. Há uma mudança considerável sobre a aplicação do tema? Ou, no fundo, o texto antigo já considerava mais ou menos a mesma coisa?

R.: Como visto, não se pode dizer que é uma mudança realmente "considerável" ou muito importante, mas há, sim, uma mudança. Antes de Francisco, todos os Papas ao menos admitiram a possibilidade de aplicação da pena capital. Desde S. João Paulo II, quando abordaram o tema, falaram mais sobre a sua inaplicabilidade na maioria dos lugares e casos, mas ainda havia a possibilidade, ainda que remota e desaconselhável, de que em uma nação onde um injusto agressor não pudesse ser parado sem a pena de morte, um governante católico recorrer a ela, e os fiéis católicos apoiarem essa decisão. A partir daqui, veda-se essa possibilidade.

7.  Isso mudou também o conceito de Legítima defesa ou em caso de “guerra justa?”

O Papa Francisco não tratou desse tema. Ele apenas se referiu à pena de morte, seja ela praticada pelo Estado de direito, seja por qualquer outra organização como, por exemplo, as milícias ou a quem fizer justiça com as próprias mãos impedindo à pessoa de ter um julgamento justo. Após a nossa morte Deus ainda nos oferece um julgamento justo na eternidade. Nem a morte eterna da alma é dada sem que ela passe pelo julgamento.
“Pois assim está escrito que o homem morra uma só vez, em seguida virá o juízo”. (Cf. Hb9, 27)
Nos casos de guerra, onde a pessoa não tem alternativa é matar ou morrer a Igreja entende e dá total absolvição a quem nesse caso (os soldados e oficiais) tem o preservar a própria vida agirem sob legítima defesa, e, nesses casos por cumprimento do dever da ordem militar o soldado não tem opção a não ser defender a sua Pátria e também a sua vida, se assim o puder fazer.     

           
R.: Em nenhum dos dois casos, o ensinamento foi alterado, permanecendo o mesmo. De fato, o que pertence ao Direito Natural jamais poderá ser mudado. A mudança se refere à execução sumária de uma pessoa capturada e julgada legalmente.

Ou seja, em caso de atentado, amaça e perigo real à vida de um católico, ou à vida (s) de pessoa (s) inocente (s) próxima (s) dele, então é lícito usar da legítima defesa, mesmo que para isso se mate o injusto agressor.

A mesma coisa se aplica ao conceito de Guerra justa. Ainda assim, fica uma "sombra" de precedência na decisão inédita de Francisco, especialmente pelo fato de o texto oficial falar ou insinuar a inviolabilidade da dignidade humana em qualquer situação (o que poderia vir a ser estendido e aplicado a outros casos?).

Outro termo pontual que suscita críticas razoáveis é o uso da palavra "inadmissível" no texto do Pontífice. Se refletirmos realmente a fundo, veremos que sempre poderiam haver circunstâncias e situações muito específicas – ainda que raras e extremas – em que a pena capital seria forçosamente admissível. 

De todo modo, a coisa toda é muito recente e certamente haverá ainda muita discussão; talvez até novos posicionamentos sejam tomados. Mesmo a mudança na redação do texto poderá ocorrer, a depender dos efeitos dessa decisão, ainda que tal seja realmente muito difícil.
                       
Fontes:
https://www.ofielcatolico.com.br/2008/08/papa-francisco-muda-o-catecismo-e.htmlhorário de Brasília
Vatican  News, em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-08/catecismo-novo-rescrito-papa-sobre-pena-morte.html - Acessado em: 02/08/2018 12:41
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A pena de morte é a solução para conter os crimes?

(Texto de Elmando V. Toledo) 

Quem sofre com a pena de morte são os menos abastados. Nos países de primeiro mundo em que a pena de morte é aplicada ainda acontece muitas injustiças mas, de uma forma mais branda que nos países de terceiro mundo, inclusive naqueles cujos quais o comunismo ainda impera.

No Brasil, por exemplo, na época do Governo Militar quantas pessoas inocentes foram perseguidas e mortas e tiveram seus corpos desaparecidos... Quantos foram torturados até a morte? E hoje temos aqueles que a história preservou para registrar a história, para escapar das perseguições, morte e das torturas tiveram que confessar crimes que não cometeram.

Assim, temos no registro da História as mais sangrentas mortes registradas desde o poder comunista da antiga URSS, até os dos nossos países latinos como o México, e os nossos vizinhos como Argentina e Venezuela.
Como se não bastasse, nas nossas metrópoles impera o mundo sei, a lei do tráfico de drogas as pessoas são condenadas a morrer vítimas senão das balas dos fuzis também morrerem condenados pelas drogas. 

A pena de morte é um pecado contra a vida e contra Deus.   Não é a solução, pois,  violência gera violência. O atentado contra a vida leva às guerras sejam elas institucionais ou por facções em busca de poder.

A pena de morte no Brasil, embora não não seja uma lei constitucional está presente em todo lugar, desde à política até no mais remotos cantos de uma favela, onde o pobre, o marginalizado, o vitimado pelas drogas acaba de um jeito ou de outro condenado a morrer. 

Também existe aquela pena de morte que está escondida nas filas dos hospitais e postos de saúde. Pessoas morrem condenadas, jogadas nos corredores dos hospitais e sem distinção, velhos, jovens crianças e adultos são condenadas a morrer pelo descaso do Governo e da corrupção. A fome, a miséria, a falta de políticas de promoção da vida e da pessoa humana já matam milhões em todo mundo.   

É isso que o Papa Francisco está dizendo "não é admissível matar". Em pleno século XXI, as pessoas ainda lutam por uma cultura de morte. É inadmicível a pena de morte porque se morre muito mais inocentes do que culpados. 

Lembrando que o próprio Senhor Jesus foi condenado à morte sendo inocente. Não teve o direito a um julgamento justo. 

Teve as testemunhas de acusação compradas pelo Sinédrio e as suas testemunhas de defesa não foram ouvidas;  Pilatos lavou as mãos entregando-o à morte por covardia.
Depois de mais de 2000 anos a mesma história se repete e nós, os chamados "cristãos" somos os culpados porque não aprendemos a olhar o Cristo Crucificado que foi morto em nosso lugar, e que pagou pelos nossos crimes. Hoje, fazemos a mesma coisa, desejamos a mesma coisa aos nossos irmãos,  que serem condenados sem a esperança de ter um julgamento justo.

Quantas vezes o EUA e também aqui no Brasil, depois de longos anos a Justiça teve que rever os processos de pessoas inocentes presas e condenadas injustamente.
A pena de morte, tira o direito que a pessoa tem de provar a própria inocência. 
Por mais que uma pessoa morra não vai consertar o estrago, as consequências. E às vezes depois que que o condenado paga com a vida, o que resta é uma desilusão por parte dos algozes e acusadores, pois, a morte não conserta os erros do passado.

Ela dá um fim no condenado, mas não traz nada e nem o passado de volta. Se de um lado sofre a família das vítimas, do outro lado sofre a família do condenado. E se for inocente morto onde fica a consciência de quem condenou? 

Muitas vezes a pessoa não tem como pagar um bom advogado. A família morre junto com ele ao vê-lo inocente, preso e maltratado. Uma vez morto, sendo inocente ou culpado não pode se defender. Não! o cristão não tem direito de condenar ninguém à morte. 

Muitas vezes o criminoso que ali está é tanto vítima como nós, vítima de uma sociedade cruel, onde não há oportunidades, vítimas dos preconceitos, da fome e da miséria. Pois, como cantava o Padre Zezinho em uma música: 

"Por um pedaço de pão, e por um pouco de vinho, eu já vi mais de um irmão se desviar do caminho". "Por um pedaço de pão e por um pouco de vinho, vi quem dizia ser crente perder de repente os valores morais, vi que o caminho da paz só se faz com justiça e direitos iguais"... E eu pergunto: O irmão e a irmã condenados à morte, que pão e que vinho deixamos faltar para ele(a)? Que oportunidades ele teve de ser outra pessoa? Será que se nós tivéssemos levado Jesus Cristo a eles não seriam diferentes?  
  
Por mais dolorido que seja, ninguém, absolutamente ninguém, tem o direito de condenar uma pessoa à morte, pois, a vida e a morte pertence a Deus.

O Santo Padre nos alerta contra esse perigo, pois, há um ditado certo que diz: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido". Foi o que Jesus disse a Pedro quando este para defender Jesus cortou a orelha do soldado Malco e foi repreendido porque se fere pela espada, pela espada será ferido.  
Aprendamos pois a não desejar a morte de ninguém.  

Diferente é aquele que por legítima defesa, em último caso é obrigado a matar para salvar a sua vida. Disso o Santo Padre não se referiu porque a legítima defesa é prevista na Sagrada Escritura. Mas, lembremos que mesmo assim devemos sempre ir até a último recurso antes de cometer tal ato.

Lembremos da passagem Evangelho quando Jesus impediu que uma mulher acusada de adultério fosse morta apedrejada.

"Aquele que não tiver pecado seja o primeiro a atirar a Pedra..." ... "Mulher onde estão os que te acusavam, ninguém te condenou? Não senhor, disse ela. Pois eu também não te condeno, vai e não tornes a pecar".   (Jo8, 7.10-11) 
Aplicando essa pergunta a nós... quem de nós não tem nenhum pecado para condenar alguém ao a morte?  

Lembremos do que Jesus disse antes da Santa Ceia:

 "Não há maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Já não vos chamo servos, mas, chamo-vos amigos, porque lhes dei a conhecer tudo que aprendi de meu pai..." ..."Um novo Mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!" (Jo15, 12.15.17)

Lembremos de Jesus e os dois ladrões:


Gestas, o "mau ladrão" blasfemava contra Jesus dizendo: "Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós!"
Dimas, o "bom ladrão", disse:"Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo castigo? Para nós isso é justo, recebemos o que mereceram os nossos delitos, mas, este não fez mal algum."- e acrescentou:  "Senhor lembra-te de mim quando estiveres no teu reino" - e Jesus disse: "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso". (Lc23, 39-42) 

São Lucas não disse que Jesus respondeu às ofensas do "mal ladrão", pelo contrário, mesmo com as blasfêmias Jesus salvou os dois, porque aquela hora era a hora da misericórdia. 
Jesus não veio para os santos, mas, para os pecadores e naquele momento seu sangue derramado não o podia condenar, mas o salvar, pois toda a humanidade receberia a salvação naquele momento. Jesus ama, perdoa, e pede pelos seus acusadores: "Pai, perdoai-lhes, pois, eles não sabem o que fazem!" 

São Lucas não fala que Jesus condenou Gestas. Ele não poderia condená-los porque naquele momento o amor estava sendo derramado a todos os pecadores inclusive Gestas. 

Na pessoa daqueles dois criminosos está o retrato de uma humanidade. Gestas representa toda humanidade perdida nas trevas erro. Ao invés de buscar se corrigir e de pedir perdão preferem blasfemar, condenar, acusar, matar e depois, culpar a Deus pelos seus próprios erros; estes se sujeitam a uma "massa de manobra".

Por outro lado, Dimas, representa todos nós pecadores que reconhecendo nossos erros e necessitados do amor de Deus necessitamos sua misericórdia. E porque somos seus seguidores não podemos espalhar outra coisa senão o amor em meio a tanta cultura de ódio e de mortes.      

Jesus  disse um dia: "são os enfermos que precisam de  cura e não os sãos".
Por que nós, que dizemos ser cristãos, ou de Cristo, agimos piores que os pagãos, se Jesus disse pra fazermos o contrário?     

Que nós possamos aprender com Jesus a sermos mais amor. A construir uma sociedade onde todo  tipo de morte seja inadmicível. Que possam os nos respeitarmos uns aos outros, sem violência. Para que Cristo seja um em todos. Amém.   

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